quarta-feira, 30 de novembro de 2022

As coisas que já não se sabe dizer

Olha aí o mundo! Cheio de beijos murchos,
De olhares vazios, tristes e perdidos no nada
Palavras gritadas onde o silêncio diria mais
Pobre mundo triste, onde a paz sofre calada!

Perderam-se nos corações a alegria de amar
Os olhos marejados de lágrimas de emoção
Se fazem apenas saudade, velhos sonhos...
Não existe mais quem chore por uma paixão

Fizeram do amar um mero sentimento sem cor
Velho, e até ridículo se alguém disser,...te amo
Os corações congelaram mataram a inocência
E todos gritamos essa tanta e triste carência

Os jardins já não são vistos, ninguém os vê
Quem ainda se lembra dos nomes das flores?
Será que ainda param para ver um por do sol?
Todos estão sem tempo chorando suas dores.

Quem ainda deita na relva para contar estrelas?
Quem entende o grito do silêncio de um olhar?
Quem zela para fazer o outro dormir e sonhar
E diz baixinho, com doçura: vivo pra te amar?

José João
30/11/2.022

Quando digo que amo

Quando eu digo que amo... grito para o mundo
E meu grito vai desde a alma até pertinho do céu
Vai entre os quintais, jardins, vai até o horizonte
Vai fazendo eco nos corações de cada amante

As vezes sussurro baixinho, num silêncio divino
Mas ainda assim o coração explode num cantar
Que faz de cada oração ou ladainha um belo hino
Indo com a brisa leve num doce e inocente valsar

Quando digo que amo... o coração grita num pulsar
Tão forte que esconde a voz e então os olhos gritam,
Brilhantes, como se as lágrimas fossem pedaços de luz
A se fazerem palavras num terno e inocente confessar

Meus prantos alegres! Eufóricos por serem de amor
Contam poesias sem rimas com versos molhados
Pelo pranto delirante e risonho a que nem chamo
Mas ele vem ao me ouvir quando digo... Amo

José João
30/11/2.022

sábado, 19 de novembro de 2022

Seja aquela voz!

O mundo, que pena, perdeu-se nos seus próprios pecados!
As vozes, gritam impropérios por tantos homens bonecos
Não existe mais verdade nos corações, duros por tão frios
E a poesia, coitada, moribunda, neles não faz mais eco

Não há mais amor... os sonhos se perderam entre sombras
O canto de paz foi trocado por gritos tristes de quase pavor
Orações deixaram de ser rezadas e heresias se fizeram lei
Talvez agora, só na voz dos anjos se ouça a palavra amor.

Os olhares deixaram de admirar os campos, ficaram vazios,
Perdidos num árido deserto povoado por uma inerte multidão
Que vai gritando, vai perdida, como se não tivessem direção

De repente uma voz grita bem alto: Deus onde é que estou?
Todos riem, zombam... falam de Deus com bravo rancor
E se enfurecem... quando a voz diz: Deus, dá-me teu amor.

José João
19/10/2.022

Minhas sombras e eu

As sombras que me seguem, são todos do que um dia fui
Me seguem como fossem pedaços de mim que existiram,
Mas continuam sendo eu e vão comigo por onde eu for,
Algumas, presas nos meus passos, outras presas na alma,
Na noite elas estão ali como se pensando com meu pensar
Se desenhando na saudade, na solidão, em risos tristes...
Algumas, em contraste, me espantam em sonoras gargalhadas, 
Me perco ao saber-me assim, um rio de tantas contradições!
Elas, minhas sombras, por vezes me acusam do que sentem,
Uma diz que a dor que ela sente é toda por culpa minha,
Outra, que perdeu um sorriso alegre também por minha culpa,
Uma outra diz que brinquei de amar e ela não sente saudade.
A outra, com fúria nos olhos, me olha e me culpa da tristeza
Dizendo que pra ela deixei a saudade mais doída que existe
E me culpa pelo pranto que minha alma as vezes chora...
Apenas uma sombra minha sorri e pra compensar, gargalha...
Fala mais alto que as outras, numa tentativa de me dizer
Que valeu a pena, que afinal, viver é isso e diz séria;
Um sorriso, apenas um sorriso, espanta qualquer dor.

José João
19/11/2.022

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Viver sozinho não é viver

Percorri muitas estradas, algumas cheias de pedras
Sem margens para descansar, os espinhos era tantos!
Pedras pontiagudas, machucavam e cortavam os pés
Estradas perdidas, sem cor, tristes, cheias de desencantos

Andei muito pelo tempo, em longos e áridos desertos 
Caminhei com multidões por tantos caminhos baldios
Perdidas do mundo, indo sem rumo com passos incertos
Sonâmbulos, como se alma e coração estivessem vazios

Como dói a solidão no deserto! O silêncio que se faz!
Olhar vago procurando dentro do nada o que não existe
Mas na multidão a dor da solidão dói ainda muito mais

Aprendi que devo ser de mim, minha melhor companhia
Saber-me desperto para o que meio mudo está dormindo
Mas não ser só, viver sozinho é apenas viver uma fantasia

José João
15/10/2.022

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Faça da vida um sonho... ame

 Amei como amam os poetas, amar por apenas amar
Buscar dentro da alma sua melhor parte e ... doar...
Entregar sem pedir nada e se um dia houver prantos
Que sejam os mais belos, como se fossem um canto

Desses que os olhos brilham e se perdem ao tempo
Esperando chegar a saudade para contar sua história
Amei sem medo e do amor fiz uma oração perfeita
Entregue a alma como fosse uma festiva dedicatória

Amar! O doce prazer de viver entre tantas incertezas
O doce cantar do pensamento declamando sonhos
Seguir sorrindo até desdenhando de qualquer tristeza

Amar é sempre ouvir uma canção divina de ninar
É costurar o tempo para que os dias não passem
É viver a vida como se viver fosse um belo sonhar

José João
11/11/2.022


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

O jovem, a criança e eu

Não deixo a juventude se perder nas rugas do meu rosto
Nem a criança que habita em mim envelhecer comigo
Que vivam a liberdade de serem jovens, alegres e francos
Até permito brincarem zombando meus cabelos brancos
 
E vamos os três, a criança me faz sonhar os amanhãs,
Brinca de criar a cada dia uma esperança toda colorida
A juventude corre comigo em busca de novos horizontes
Me fazem esquecer rotas que no tempo foram perdidas

Para a criança conto histórias que até parecem minhas
Ao jovem conto histórias de amor que ele ainda não viveu
Assim vamos indo, a criança o jovem, eles que ... sou eu

E vou vivendo com a impulsividade da criança, alegre e solta,
Com a ansiedade do jovem que faz da vida um eterno sonhar
E me diz, lá de dentro da alma, que sempre é tempo de amar

José João
10/11/2.022

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Minha história contada pelo tempo

Meus cabelos brancos, ombros curvos, voz  reticente...
Minhas lembranças antigas guardadas como relíquias!
Saudades que ainda gritam na alma, e os tantos sonhos!?
Desde quando os cabelos ainda não tinham o alvor do tempo
Eram sonhados como fossem desenhos coloridos de mim.
Hoje, os pensamentos se confundem, até trocam de nome...
As palavras se embaralham, as lágrimas se perdem no rosto
Saem avulsas chorando dores que não eram pra ser choradas,
Chorando saudades que não são minhas... foram contadas...
Mas ... ah esses cabelos brancos e pensamentos caducos!! 
Detalhes que se romperam em pedaços e se perderam...
As lágrimas que chorei de alegria não sei onde as coloquei...
Nem os sorrisos, outro dia até os procurei... mas o rosto...
O rosto não os guardava mais, eram outras as marcas
Pareciam vincos, traços esculpidos por mãos trêmulas
Que pareciam inseguras ao desenhar no rosto minha história


José João
01/11/2.022


quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Minha liberdade de ser livre

As vezes me perco voando no tempo em idas e vindas
Buscando saudades antigas ... ou do que não vivi ainda...
As vezes, lá de detrás do tempo trago beijos esquecidos
Ou de amanhãs distantes momentos que não foram vividos

Me perco em volteios entre os mais distantes horizontes
Onde chego voando fazendo do pensamento um pássaro
Livre, alegre e solto, voando por sobre as tantas ribanceiras 
Que surgem de repente como se a vida fosse uma feiticeira

Vou por estradas mágicas, sem chão mas... margens floridas
Com o eco do pensamento despertando flores adormecidas 
E com elas converso, falo da vida como velhas conhecidas

Outras vezes, sento na beira do rio, converso com as estrelas
As que se banham na água como se fosse um pedaço do céu
Parecem tão perto nem preciso levantar os olhos par vê-las.

José João
27/10/2.022

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

A loucura dos sonhos que faço

Ah! Meus sonhos! Sonhos que faço, que crio e conto
Se parecem loucuras, não importa, são todas minhas
Essas delirantes loucuras mágicas que sonho na poesia
Com olhos abertos, fechados desenho minhas fantasias

Tenho um pé de flamboyant no meio do meu jardim
Todo florido, com lírios, açucenas, antúrios, jasmins,
Lindo, cheio de cores e... os mais diversos perfumes
Parece que foi plantado por um excêntrico querubim

Os sonhos loucos que faço vão muito além de mim
Faço sonhos em que converso horas com as flores
Teço cestos em fios de nuvens douradas do por do sol
Colo com lágrimas alegres de uma alegria sem fim

As vezes, nos sonhos, voo com gaivotas sobre o mar
Brincando de conferir as ondas, banhando com o sol
Refletido na água que canta uma canção com o vento
Num dueto celeste como se ao mundo fosse um alento

Na loucura dos meus sonhos faço aviãozinho de papel
Todo colorido, cor de orquídeas, begônias e camélias
Peço que a meiga brisa o leve para bem pertinho do céu
E ele vai em delicados volteios como se fosse ao léu

Dentro dele vão ladainhas, orações, rezas que inventei
São meus sonhos malucos, sonhos que eu mesmo faço
E nele vão só saudades alegres, saudades que não chorei
E vai ele, leve, pelas estrelas no roteiro mágico que tracei

Esses meus sonhos loucos! Malucos! Mas sem tristezas...
Sonhos mágicos desses que somente palavras não contaria
E na loucura da fantasia que desperta meus loucos sonhos
Nada seria dito não fosse a magia, o milagre divino da poesia

José João
20/10/2.022

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Sonhar a dois é ir muito além do... "nós"

Como são tristes os sonhos que se sonha sozinho!!
Parecem pedaços de angustias alinhavados no tempo,
Se fazem pesadelos calcando na alma uma dor infinda
Como se cavalgasse sonhos que nem se sonhou ainda

Sonhar sozinho! É ver estrelas sem ver a beleza da noite
É como plantar lírios sem o prazer de sentir seu perfume,
Não ter horizontes, não ter estradas para ir...não se sentir
É ser uma primavera sem flores chorando em queixumes

Sonhar a dois é brincar de fazer do sol sua luz perene
É pegar o tempo, nele costurar sorrisos e deixa-lo ir
Volteando com a brisa num esvoaçar sutil de ir e vir

Sonhar a dois é fazer da vida um mar que toca o céu
É, de mãos dadas e corações gritando em uma só voz,
Uma canção divina que vai muito, muito além do "nós"

José João
18/10/2.022

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O sabor salgado do pranto...

Ontem, noite enluarada, sentados  na beira do tempo,
A solidão e eu conversamos coisas que só eu sabia
Ela perguntou sobre saudades, histórias acontecidas,
Sobre lágrimas, as vezes calava, minha voz emudecia

Na noite, a solidão parece que grita dentro da gente,
Provoca prantos... prantos que  nem se queria chorar,
Traz coisas descabidas que nem cabem no momento
Como instantes alegres que agora se fazem tormentos

As vezes as lágrimas vêm tão devagar, tão lentamente
Que parecem horas a sair dos olhos e chegar aos lábios
Como se quisessem calcar no rosto a dor que se sente.

A dor fica com gosto de dor no sabor salgado do pranto
Mas se era para consolar... porque o pranto não é doce?
Aí enganaria a dor e seria, talvez, menor o desencanto

José João
17/10/2.022

domingo, 9 de outubro de 2022

Tu és a página... eu! As entrelinhas

Estás como deves estar. És o centro das atenções,
São teus os aplausos. Lá atrás, escondido, rio discreto,
Fico orgulhoso de ti, e só eu sei. És aquela que vai
Lá dentro dos corações, sem pedir licença,
Faz que pulsem ao som da melodia embalados por tua voz,
Serena, diria... divina. Eu? Eu sou aquele anônimo que ouve,
Sonha e vai lentamente, caminhando nas ruas de pedras,
Buscando, sofregamente, beber da ternura de teu canto.
Tu és a que leva a sonoridade entre olhares e corações,
A que faz desabrochar entre os amantes a força da paixão,
Tua voz se faz ouvir pelas almas apaixonadas, que alegres,
Se entregam ao doce prazer de amar. Eu? Eu sou aquele
Que vai andando entre tantos sem ser percebido...diria até,
Mais um entre a multidão que se deleita com teu canto,
Eu sou aquele que a alma suspira entre cada nota musical
Que cantas, na ilusão de que cada uma seja pra ele.
Eu? Eu sou aquele que ninguém percebe, sou o leitor,
Tu és a notícia, eu sou as entrelinhas, tu és a página.
Tu és a atenção de todos, és a poesia completa 
Eu? Eu sou o anônimo...o sonhador, como é todo poeta.
Aquele a quem emprestas a voz para dizer
O que sua alma sente.

José João
09/10/2.022

A dor que a alma canta

Quantas cicatrizes não saradas me machucam a alma? 
Como meu olhar se perde em horizontes tão distantes!
Como meus olhos vazios e tristes contam minha história
Em risos sem alegria, pela angustia de dor tão constante!

Não posso esquecer o que nunca foi embora, está aqui
Na saudade que sempre chega quando o pranto chama
Nas palavras que foram ditas com gosto de lágrimas,
Enquanto a alma, em ladainha, sua tanta dor reclama

Parece que o tempo parou como se fizesse meu algoz
Deixando recentes, como de ontem, todas as dores
E mandou o silêncio, como cumplice, me tomar a voz

Assim, sem palavras, e o som travado na garganta
Um sorriso mais triste que qualquer outra tristeza
Implora que os olhos chorem a dor que a alma canta.

José João
09/10/2.022

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A menina sem tempo

Ela nunca tinha tempo, sempre apressada...
Sempre sem tempo. Se convidavam: Vamos a praia...
Ô colega, desculpa mas não tenho tempo - dizia ela -
Era sempre assim. Pela manhã ...trabalho, à tarde...
Faculdade, à noite...cursos, fins de semana...estudar.
Viver...ah! Isso é outra história, o futuro é muito tempo,
Sempre dizia quando questionavam tantos afazeres.
Acho que ela nunca viu um pôr-do-sol, aqueles
Que fazem a gente sonhar sonhos coloridos...
Que faz nossos pensamentos voarem ao tempo
Em busca da beleza que nossa vida precisa tanto.
Será que ela já brincou de mal me quer sentada
Em um banco de jardim vivendo a criança,
Que ela nem sabe mais se ainda está dentro dela?
Sentar na areia e ver a noite...as estrelas cadentes,
Brincar de criança, fazer pedidos inocentes.
        ................     ...............     ...............
O tempo foi passando, como sempre passa
E a menina sem tempo, olhou para trás,
Viu  diplomas, títulos, certificados, mas todos calados,
Não diziam nada, não lhe afagavam os cabelos,
Não lhe botavam no colo, não lhes davam um sorriso.
Um dia se disse: Tantas coisas que pude fazer...
E não quis... Deus o que foi que eu fiz?


José João
06/10/2.022

Contando estrelas

Essa noite não quis chorar... nem sentir saudade,
Quis apenas contar estrelas e passei a noite assim.
Contei estrelas amarelas, azuis, até estrelas cadentes,
Me confundi com algumas as que pareciam ausentes

As estrelas cadentes, corriam loucas a se esconderem
Dobravam num canto do céu e se perdiam na escuridão
Não sei se por timidez... mas desapareciam rapidamente
Sem deixar rastros, seria medo que lhes pedissem perdão?

Um sutil raio de luar, preguiçosamente se deitou no chão
Parecia conversar com as flores que o vento embalava
E ficava se perfumando com a relva verde sem nada dizer

De repente... o alvoroço das estrelas com o alvor do dia
Aí não pude mais conta-las, iam ficando mais distantes
Todas corriam para o horizonte sem mais nada pra fazer

José João
06/10/2.022

Hoje... o sentir é diferente

Que a saudade não me chame outra vez para chorar
Já secaram as lágrimas, de muito já se foi o pranto
Hoje corro entre sonhos novos cheios de coloridos
Com a alma eufórica, cantando livre divinos cantos

Hoje escrevo versos que me chegam tão sorridentes!
Rimas que se fazem perfeitas no fim de cada verso
Até aprendi falar com os olhos sem precisar de palavras
Eles se fazem vivos, brilhantes não são mais carentes

Esqueci lágrimas, prantos, e brinco de bem me quer
Corro entre jardins, entre flores, até sei o nome delas
Aprendi a ver o mundo colorido, em perfeitas aquarelas

Não me ponho mais a buscar saudades dentro da noite
Vivendo angustias que a tristeza me fazia sentir e chorar
Hoje minha alma amante não sente mais esses tantos açoites.

José João
06/10/2.022

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Ah! Meus tantos sonhos!!

As vezes, meus sonhos se parecem com jardins floridos
Como se as flores fossem suas histórias, lindas e inocentes
Outras vezes  parecem  o outono,  com folhas secas, caídas
Indo com o vento, sem saber por onde... no tempo perdidas

Assim também são as saudades ... algumas se fazem belas,
Se fazem risos como se fossem palavras contando histórias
Outras vezes se fazem contos contando tristes desencantos
Que nenhuma palavra traduz, é contada apenas pelos prantos

Mas quando os sonhos vêm contando tantas tristezas vividas!?
Se pondo no torpor da noite como um grito estridente e vazio!?
E  se reproduzindo com a solidão como se estivessem no cio?

Aí o que era jardim com flores inocentes, belas e coloridas
Se faz um espantalho, murcham as flores, o perfume se vai
E os risos jazem moribundos chorados por lágrimas sofridas.

José João
03/10/2.022

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Minha amiga... a saudade

Deixa, saudade, que me sente em teu colo
Me abraça forte, não olha para meu pranto
Apenas afaga minha alma e a ela dá alento
Fala que as lágrimas são pedaços de encanto

Fala-me dos anos, de  todo esse tempo já ido
Dos sonhos, alguns sonhados, outros perdidos,
Dos olhares que se perderam fitando o nada
Conta dos momentos que se fizeram esquecidos

Saudade, afaga o pensar trazendo boas lembranças
Diz-me o que já não sei... será que um dia eu vivi?
Por favor, saudade, conta, se belos momentos sorri.

Tanto tempo sozinho! Se não fosses tu, saudade...
Nem sei mais o que seria de mim, dos meus dias
Sentado em teu colo, minhas noites não são vazias.

José João
29/09/2.022

domingo, 25 de setembro de 2022

As vezes... não precisa lágrimas para chorar

Quando qualquer tristeza em euforia invade minha alma
São meus olhos que se atormentam para fabricar prantos
Quanto maior a euforia da tristeza, bem maior o tormento
De fabricar lágrimas e chorar tamanha tristeza a contento

E, se com essa eufórica tristeza, a solidão se fizer presente
Maior o tormento dos olhos, usam até lágrimas criança
Se põem gritando em desespero, buscando na alma alento.
E esta, coitada, gastou o pranto chorando tanto tormento

Assim, os olhos, em busca incessante, se fitam no tempo
Na distância de alguns momentos já há muito acontecidos
Então fazem de ontem, instantes de a muito tempo vividos

E como fosse poesia, onde se finge chorar a dor que se sente,
E olhos e alma se põem sentindo a mesma eufórica tristeza
Se fazem só um e choram, mesmo com as lágrimas ausentes.

José João
25/09/2.022


quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Eu agora ... sou assim.

 Não sou mais o que fui um dia, eu agora sou 
Essa tristeza infinda vagando triste por onde eu vou
Cantando cantos de mim saídos... de onde não sei
Mas como tristeza, rezo orações que nunca rezei

São cantos tristes, orações perdidas que nunca ouvi
A mim me vêm, voando ao tempo, em volteios leves
Como se fosse o vento a voz a me despertar o pranto
Em acordes longos, acordes tristes de soluços leves

Pingos de lágrimas em meu rosto brincam sem esconder
Que a tristeza brinca e se faz eterna por se querer fazer
Como se lhe fosse o melhor vazo que ela pudesse ter

E se calo o canto porque de longe me chega o pranto
Enchendo a alma de tantas dores que se fazem vivas
Até ontem, até hoje, até sempre, em mim se farão cativas

José João
22/09/2.022

sábado, 17 de setembro de 2022

Para amar... é preciso não ter medo

O tempo me fez perder os meus tantos e sombrios medos,
Medos que me fizeram perder momentos que não vivi
Poderiam ser repletos de sorrisos, de sonhos verdadeiros
Mas por medo, o tempo foi passando e a tudo isso perdi

Hoje, venci meus medos por tudo que vida me fez sentir,
Prantos desvairados, angustias incontidas, torpes pesadelos,
Senti tantas saudades que alma chorava por pena de mim
Hoje me dou ao prazer de ver essa aflição chegar ao fim

Aprendi que saudades doídas passam e se vão ao tempo
Que as aflições são como a noite, amanhã é um novo dia
Que as dores também se vão, se perdem no esquecimento

Assim aprendi: viver é não ter medo de sofrer, de chorar
É saber que tudo isso é preciso para alma se fazer grande
Quando se aprende não se tem mais medo de viver... amar ...

José João
17/09/2.022

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Minha caixa de poesias

Minha caixa de poesias fica solta no tempo, sem trancas...
Guarda poesias completas, por fazer, guarda palavras soltas,
Lágrimas, sorrisos, pensamentos, olhares... até de saudades
Guarda versos perdidos, de frases rasgadas, tristes e rotas

Dizem que é mágica, mas é apenas uma caixa de ... poesias
E de tudo que a ela precisa para se fazer viva e ir ao tempo
Nela estão guardados sonhos antigos que falam de amar
Acham-na mágica por guardar sonhos que ainda vou sonhar

Nela guardo cordas trançadas de nuvens amarrando o vento
Flores em profusão, tem até pássaros em liberdade perene
Borboletas voando soltas, acreditem, até anjos ela guarda
Outro dia fugiu um para consolar uma alma amargurada

As vezes, e muitas, mesmo sem tranca, ela não quer abrir
Ponho-a em minha frente, pego uma taça cheia de solidão
(ela não gosta de guardar solidão) imploro que ela se abra
E nada. Mesmo com lágrimas nos olhos lápis e papel na mão

Ela, minha caixa de poesia, que muitos dizem ser mágica,
Impassível, se fecha toda, como se me desse um sonoro não
Aí tenho que buscar saudades, as mais doidas, prantos tristes
Ela só se abre efusiva e sem segredos com um toque de coração

Aí voam flores prantos, lágrimas, saudades, tudo de uma vez
E lá vou eu buscando o lugar de cada uma, as rimas... essas então!!
Se põem, como loucas, no fim de um verso que nem é o seu
Depois da poesia pronta, me pergunto: será que o poeta sou eu?

José João
16/09/2.022

Soneto da lembrança

De quantos beijos já senti o sabor... a doçura, o calor!!
Quantas vezes olhares efusivos e afoitos me desnudaram!
Quantos olhares cheios de ternura me iluminaram a vida!
Quantas mãos ternas, suaves, o meu rosto acariciaram!

Hoje são tatuagens perfeitas, desenhadas em minha alma
São os tantos momentos que zombam do que seja esquecer
Ficam perenes como se costurados eternamente no tempo
Se fizeram saudades, histórias que me dizem o que é viver

Por vezes, até acho que sinto a doçura, o sabor de um beijo,
Outras vezes parece que me visto com a ternura de um olhar
As vezes sinto as carícias, mas aí já é dentro do meu sonhar.

Das saudades... são tantas, que de todas não posso lembrar
Mas algumas me vêm tão vivas que parecem até de ontem
Essas, não sei porque, mas fazem ainda meu pranto prantear

José João
16/09/2.022

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

A primavera

Dou-me à beleza do abrir-se das flores na primavera
Como fosse um cativo servo a admirar o insondável
Entrego-me servil a ouvir o cochichar das açucenas 
O canto sutil do perfume dos lírios, doce e infindável

Encanta-me a delicadeza da brisa ninando as flores
A leveza das borboletas com se pedissem licença
Como se respeitosamente lhes pedisse para pousar
E os irrequietos beija-flores a docemente lhes beijar

Ah! A primavera! Pintando o mundo em cores singelas,
Vestindo-o com harmonioso colorido, até mesmo divino
Tanto que os passarinhos nos gorjeios rezam sacros hinos

Primavera! Se deita nos campos, nos jardins ... quintais
Como se cada flor, da própria beleza, fizesse uma oração
Uma oração alegre para fazer morada em cada um coração

José João
14/09/2.022

Hoje

Hoje já não conto mais histórias divertidas
Mesmo porque minha voz reticente é triste
Quase um silêncio que se perde no murmúrio
Tentando contar o que talvez nem mais existe

Hoje me perdi no tempo sem saber dos anos
Me perdi nas estradas e nos tantos caminhos
Ouço minha voz reticente talvez chorando
Um sussurro da alma fingindo estar cantando

Hoje, com passos lentos vou buscando horizontes
Vistos ao longe na penumbra de desgastado olhar
Ombros curvos, mãos trêmulas segurando o tempo
Que agora passa e vai como se imitando o vento

Hoje, saudades se perdem em lamurioso pranto
Como se cada uma quisesse uma lágrima pra chorar
Como se cada uma fosse a história mais perfeita
Que a vida, em prantos, quisesse ao mudo contar

Hoje imito pássaros presos no seu triste gorjear
Em notas baixas por não ter mais força de cantar
O céu ficou tão distante já nem mais pode alcançar
Coitado, lhe atrofiaram as asas e não pode mais voar

Hoje, na insônia da vida, procuro sonhos pra sonhar
E a alma de olhos abertos não se cansa de procurar
E não vale buscar momentos que a muito já se foram
Sento no tempo e... paciente, ainda espero... amar

José João
14/09/2.022

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Vamos sonhar juntos!

Quero gritar, quero sonhar, quero ainda poder ser...
... ser o melhor de mim, fazer o que ainda posso fazer 
Correr entre meus próprios pensamentos e ... voar...
Voar nos poemas que ainda não fiz e ao mundo entregar

Como se cada verso fosse uma flor, um pedaço de beleza
Ou o pedaço mais belo de mim mostrado na poesia
Escrita com as lágrimas tão alegres quanto inocentes
Com saudades coloridas mas todas elas diferentes

Fazer os sentimentos invadirem corações e alegrar almas
Cantar com o tempo canções que iluminem a vida
E fazer que a vontade de dizer: te amo, seja preferida

Entrar, ficar e fazer morada nos corações mais sofridos
Mostrar aos descrentes que após a chuva o sol reaparece
E que a todos, aos alegres, aos tristes ele sempre aquece.

José João
09/09/2.022

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Viver... nem sempre é escolher

O depois, começou com uma saudade...doída...
Depois, com o tempo, virou uma tênue lembrança,
Depois, detalhes, como sútil nuvem que esvaece 
Depois, momentos distantes, aqueles que se esquece 

Ah! Quem dera fosse assim! Mas a saudade se faz viva
A lembrança, ajuda a saudade triste ser sempre sentida
Aos  detalhes, a alma chorando prantos, deles se faz cativa
E ao olhar vazio, apenas a euforia das lágrimas é permitida

É isso... esse adeus que se diz sem querer, vendo o outro ir
As vezes nem se diz, tanto é a dor que a voz emudece,
Aí o silêncio se faz forte do tamanho da dor que se padece

Mas o tempo... continua passando e deixando a dor ficar
Indo como se numa estrada reta sem margens pra descansar
E a saudade, aquela do começo do depois, só sabe fazer chorar

José João
07?09/2.022

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Os retalhos do tempo

Hoje me procuro e não sei onde me deixei
Caminho sobre o que não sei mais de mim
Os sonhos se foram, ficaram apenas saudades
E não sei porque ainda estão tão vivas assim

Olho os momentos que ficaram dentro do que fui
Choro dores que já deveriam ter ido com o tempo
Grito ladainhas que só sei rezar com meus prantos
E as verdades... são apenas mentiras que invento

Perdi o caminho, as marcas dos passos são sombras
Meu grito não é mais um grito é o eco de um gemido
Que por medo de ser ouvido se fez assim... tímido

Quase silencioso alinhavado entre lágrima e solidão
Em pespontos desencontrados como se feitos a mão
Mas são apenas pedaços incompletos de minha ilusão

José João
05/09/2.022

sábado, 3 de setembro de 2022

Minhas poesias são todas ... eu mesmo.

A mim, sempre perguntam: porque não corriges tuas poesias?
Porque não sou poeta, sou gente... tenho o direito de errar
Se o fizesse, não seria todo eu, seria apenas uma parte de mim,
Nos versos que escrevo sou completo, gosto de me mostrar assim.

Fingir! Isso eu sei, e muito bem, mas todos dizem: é errado fingir
Como corrigir um verso se nele me ponho a fingir... sem mentir!!!
Mas... e se errar entre fingir e mentir corrijo o mentir ou o fingir?
Ou deixo incompleta a história completa de tudo que já dia vivi?

Porque não devo me mostrar na poesia e os meus tantos defeitos?
Quantas palavras não conheço! Quantas histórias não sei contar!
Quantos pontos perdidos, quantos acentos voando e... o verbo!!!
Chorar,  trovejar,  um conjugo como os olhos o outro só sei escutar 

Ora, se não sei nem viver sem errar, imagine escrever  sem errar!!
Corrigir poesias!! Não me sentiria bem, aos outros, eu, enganar?!
Nas minhas poesias cheias de erros, nelas acredite... sou todo eu
Aquele que se preocupa em contar o que sente e não como escreveu

Eu. Um "poeta" mortal, também imperfeito como são todos os mortais
Os erros que aqui fazem parte de mim, não tenho vergonha de mostrar
São verdades minhas, daquilo que sou, humano como somos todos nós
Quem escreve com o coração poder errar mas ... ainda assim "poemar"

José João
03/09/2.022

Por apenas uma lágrima alegre

Um dia meus olhos já sorriram, até brincaram,
Minhas lágrimas alegres tinham um outro brilho,
Aos pulos, corriam inocentes, a me enfeitar o rosto
E o olhar a correr entre horizontes como andarilho

Desses que veem apenas beleza, mesmo entre pedras
Que voam com o vento entre os quintais e jardins.
Meus olhos, cheios de sonhos, já se fizeram assim
Poesias perfumadas e completas falando de mim

Mas o tempo! Impassivo na sua viagem de apenas ir
Sisudo, empertigado sabendo que nada pode para-lo
Nem se importa se belezas secam e deixam de existir

Assim foi o olhar de sonhos, o olhar para os amanhãs
Ficaram tristes, as lágrimas sorridentes apenas choram
E os olhos, por só uma lágrima alegre, agora imploram

José João
03/09/2.022


sábado, 27 de agosto de 2022

O poeta... é só quem pode mentir sem pecar

Ah! Os poetas!! Os magos! Quem me dera fosse um deles...
Desses poetas, loucos, que fazem suas casas sobre o vento,
Colhem flores nas nuvens, conversam livres com a tristeza
E com maestria, fazem do pranto poemas de estranha beleza

Quem dera fosse um poeta para neste verso falar de saudade
Nesse, falar de ontem e da cor da flor que vai nascer amanhã,
O poeta faz isso, no meio de um verso bem alegre... ele chora
Depois pinta o tempo, esculpe um sorriso e manda a tristeza embora

Contam, chorando, até saudades antigas que nunca sentiram
Contam, gargalhando, saudades doídas que se fazem de pranto
Plantam, pacientes, sementes em pedras, regam com lágrimas
E antes que nasçam veem a beleza da flor e todo seu encanto

São os poetas que enfeitam o mundo com suas belas loucuras
Escritas em versos rasgados, as vezes inocentes, outras devassos
Num verso, no meio da noite inventa um sol e ilumina o tempo
Já vi um poeta que, apenas com uma flor, perfumou o vento.

Quem dera eu fosse um poeta, desses que o próprio Deus ilumina
Que lhe dá toda liberdade de fazer o que bem quiser no pensar
Andar nas nuvens, voar com os pássaros e até com eles cantar
Ah Esses poetas! Esses loucos que Deus permitiu mentir sem pecar

José João
27/08/2.022

A solidão está dormindo...não a desperte

Chuva e vento declamam, lá fora, poesias incompreensíveis
Como se a noite com gritos e gemidos contasse uma história,
De repente trovões e relâmpagos como gritos da alma da noite
Se fazem ver e ouvir raivosos como se ao mundo fossem açoite

Mas dentro de um vazio intransponível a solidão se acomoda,
Não se importa com chuva, vento, relâmpagos e nem trovões
Escondida na noite, espera impassível, imóvel, sem pressa
Apenas entrar na alma a qualquer hora é o que lhe interessa

Quase manhã, cessam chuva, vento, trovões  e relâmpagos
E ela, a solidão, de olhos fitos no nada, atentos e bem abertos
Vê com calma irritante, flores, pássaros, todos bem despertos

Aí pensariam... ela foi embora, a solidão se foi com a noite
Ledo engano! Ela não tem hora para tomar, invadir um coração
Ela é mais plena, dói mais, quando está no meio da multidão

José João
27/08/2.022

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Aprendi assim...

 As vezes, vou sim, buscar coisas já passadas, quase perdidas,
Trago-as como fossem relíquias quer sejam risos ou prantos,
Saudades a muito sentidas, até que já tenham sido choradas
Vou busca-las, lhes dou uma nova cor e faço delas encantos

Quantas estradas de pedras, cheias de espinhos já percorri...
Vou busca-las no pensamento e vejo o quanto me ajudaram!
Me ensinaram a escolher outros caminhos e... se não houver 
A pisar sobre pontiagudas pedras e espinhos eu... já aprendi.

Lembro de algumas lágrimas que nem precisavam ser choradas
Mas... chorei, assim aprendi os verdadeiros motivos pra chorar
Hoje, bem poucas coisas podem fazer meu pranto derramar

Quantas noites perdidas com o pensamento vagando na escuridão!
Ah! Mas aprendi, essas tantas noites serviram para me ensinar
Que vale muito mais... muito mais, abrir a alma, deitar e sonhar.

José João
26/08/2.022

A beleza de viver é ...

Talvez tenham sido ilusões os tantos sonhos que sonhei,
Mas, foram muitos! Sonhei beijando lábios desconhecidos,
Sonhei com vozes, como fossem anjos, me jurando amor,
Senti carícias de mãos ternas cheias de ternura... de calor

Sonhei sonhos coloridos, com cor de uma saudade alegre
Só uma vez, eu acho, me veio um com diferente encanto
Mas esse, com certeza, não era ilusão, não tenho duvida
Ele veio da alma aos olhos gritando que era um pranto

Ah! meus sonhos! Brincava em volteios ao por do sol...
De adivinhar o caminho que ele deixava sobre o mar
Não sei se eram sonhos ou ilusões perdidas no pensar

Mas um dia, senti na alma, a leveza de um doce afagar
Como fosse um sonho, nem abri os olhos ... e nem queria
E assim aprendi que a beleza de viver é... apenas amar

José João
26/08/2.022

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Amar é... até loucura a dois

Já fiz loucuras por amar!! Mas o que é loucura?
Para quem ama loucura é uma razão diferente
É o que faz alma e coração pulsarem juntos
É um sonhar acordado que toma conta da gente.

Amar é colorir a vida sem se importar com a cor
É desenhar sorrisos nos olhos e até mudar seu brilho
É brincar de mal me quer e sempre dar bem me quer 
É carregar o outro mesmo caminhando sobre espinho.

Amar é um milagre, é a loucura inocente da razão
É fazer de cada momento um pedaço da eternidade
É como se para viver não precisasse mais de idade

Amar é a dor infinda quando se precisa dizer "não".
É inventar histórias que sempre tenham final feliz
Amar...  amar ...faz do amante um perfeito aprendiz

José João
18/08/2.022

sábado, 13 de agosto de 2022

Alma e coração chorando juntos

Vozes silenciosas... como se tivessem medo
De acordar o silêncio, ficam mudas, sem nada dizer,
Como se não quisessem mandar a solidão embora.
Um grito que a alma aflita, tenta gritar... fica mudo,
As lágrimas se alvoroçam correndo nos olhos tristes,
Perdidos em visões distantes que só trazem saudades,
Até  que já foram choradas, mas se fazem de ontem.
As lembranças se agitam num brigar com o esquecer,
Os detalhes de momentos se fazem tão fortes que...
Parecem ser histórias completas de hoje ou de sempre.
Um acorde distante, parece um pedaço de tempo
Que virou uma nota musical, fica solto no espaço,
Parece querer fazer lembrar, não sei se um pensamento
Ou um momento que ficou distante, mas... machuca,
Traz tão ferozmente um lembrar que até o coração
Se assusta e, num reclamar em pulsos descompassados,
Grita como se apenas assim pudesse dizer o que sente, 
E a alma, sentindo-o solidário lhe faz que chegue
Um sentir ainda maior... um adeus que não queria dizer.

José João
13/08/2.022

Confissão

Não importam mais, nem as saudades
Doloridas que tanto me marcaram.
Mas foi preciso senti-las, chora-las
Como se fosse a alma em contrição,
Expurgando os pecados para fazer-se
Limpa e permitir que o amor chegasse
Na plenitude de toda sua beleza,
E lá, bem dentro de mim,
Uma luz a acender-se grita teu nome
Como fosse oração a ser rezada,
Indo desde a alma até a própria vida,
Assim, te fazendo do que mais preciso.
Percorri caminhos perdidos, por anos,
Andei pelo tempo à tua procura,
Refiz estradas que me levassem a te,
Vaguei por veredas vazias, cheias de solidão.
E minha alma sangrava por tua falta,
Declamava versos vazios de poesias inacabadas,
Hoje, ainda faltam palavras, mas agora digo 
Olha... de muito minha alma grita: te amo

José João
13/08/2.022