quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Hoje

Hoje já não conto mais histórias divertidas
Mesmo porque minha voz reticente é triste
Quase um silêncio que se perde no murmúrio
Tentando contar o que talvez nem mais existe

Hoje me perdi no tempo sem saber dos anos
Me perdi nas estradas e nos tantos caminhos
Ouço minha voz reticente talvez chorando
Um sussurro da alma fingindo estar cantando

Hoje, com passos lentos vou buscando horizontes
Vistos ao longe na penumbra de desgastado olhar
Ombros curvos, mãos trêmulas segurando o tempo
Que agora passa e vai como se imitando o vento

Hoje, saudades se perdem em lamurioso pranto
Como se cada uma quisesse uma lágrima pra chorar
Como se cada uma fosse a história mais perfeita
Que a vida, em prantos, quisesse ao mudo contar

Hoje imito pássaros presos no seu triste gorjear
Em notas baixas por não ter mais força de cantar
O céu ficou tão distante já nem mais pode alcançar
Coitado, lhe atrofiaram as asas e não pode mais voar

Hoje, na insônia da vida, procuro sonhos pra sonhar
E a alma de olhos abertos não se cansa de procurar
E não vale buscar momentos que a muito já se foram
Sento no tempo e... paciente, ainda espero... amar

José João
14/09/2.022

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