quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Minha liberdade de ser livre

As vezes me perco voando no tempo em idas e vindas
Buscando saudades antigas ... ou do que não vivi ainda...
As vezes, lá de detrás do tempo trago beijos esquecidos
Ou de amanhãs distantes momentos que não foram vividos

Me perco em volteios entre os mais distantes horizontes
Onde chego voando fazendo do pensamento um pássaro
Livre, alegre e solto, voando por sobre as tantas ribanceiras 
Que surgem de repente como se a vida fosse uma feiticeira

Vou por estradas mágicas, sem chão mas... margens floridas
Com o eco do pensamento despertando flores adormecidas 
E com elas converso, falo da vida como velhas conhecidas

Outras vezes, sento na beira do rio, converso com as estrelas
As que se banham na água como se fosse um pedaço do céu
Parecem tão perto nem preciso levantar os olhos par vê-las.

José João
27/10/2.022

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

A loucura dos sonhos que faço

Ah! Meus sonhos! Sonhos que faço, que crio e conto
Se parecem loucuras, não importa, são todas minhas
Essas delirantes loucuras mágicas que sonho na poesia
Com olhos abertos, fechados desenho minhas fantasias

Tenho um pé de flamboyant no meio do meu jardim
Todo florido, com lírios, açucenas, antúrios, jasmins,
Lindo, cheio de cores e... os mais diversos perfumes
Parece que foi plantado por um excêntrico querubim

Os sonhos loucos que faço vão muito além de mim
Faço sonhos em que converso horas com as flores
Teço cestos em fios de nuvens douradas do por do sol
Colo com lágrimas alegres de uma alegria sem fim

As vezes, nos sonhos, voo com gaivotas sobre o mar
Brincando de conferir as ondas, banhando com o sol
Refletido na água que canta uma canção com o vento
Num dueto celeste como se ao mundo fosse um alento

Na loucura dos meus sonhos faço aviãozinho de papel
Todo colorido, cor de orquídeas, begônias e camélias
Peço que a meiga brisa o leve para bem pertinho do céu
E ele vai em delicados volteios como se fosse ao léu

Dentro dele vão ladainhas, orações, rezas que inventei
São meus sonhos malucos, sonhos que eu mesmo faço
E nele vão só saudades alegres, saudades que não chorei
E vai ele, leve, pelas estrelas no roteiro mágico que tracei

Esses meus sonhos loucos! Malucos! Mas sem tristezas...
Sonhos mágicos desses que somente palavras não contaria
E na loucura da fantasia que desperta meus loucos sonhos
Nada seria dito não fosse a magia, o milagre divino da poesia

José João
20/10/2.022

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Sonhar a dois é ir muito além do... "nós"

Como são tristes os sonhos que se sonha sozinho!!
Parecem pedaços de angustias alinhavados no tempo,
Se fazem pesadelos calcando na alma uma dor infinda
Como se cavalgasse sonhos que nem se sonhou ainda

Sonhar sozinho! É ver estrelas sem ver a beleza da noite
É como plantar lírios sem o prazer de sentir seu perfume,
Não ter horizontes, não ter estradas para ir...não se sentir
É ser uma primavera sem flores chorando em queixumes

Sonhar a dois é brincar de fazer do sol sua luz perene
É pegar o tempo, nele costurar sorrisos e deixa-lo ir
Volteando com a brisa num esvoaçar sutil de ir e vir

Sonhar a dois é fazer da vida um mar que toca o céu
É, de mãos dadas e corações gritando em uma só voz,
Uma canção divina que vai muito, muito além do "nós"

José João
18/10/2.022

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O sabor salgado do pranto...

Ontem, noite enluarada, sentados  na beira do tempo,
A solidão e eu conversamos coisas que só eu sabia
Ela perguntou sobre saudades, histórias acontecidas,
Sobre lágrimas, as vezes calava, minha voz emudecia

Na noite, a solidão parece que grita dentro da gente,
Provoca prantos... prantos que  nem se queria chorar,
Traz coisas descabidas que nem cabem no momento
Como instantes alegres que agora se fazem tormentos

As vezes as lágrimas vêm tão devagar, tão lentamente
Que parecem horas a sair dos olhos e chegar aos lábios
Como se quisessem calcar no rosto a dor que se sente.

A dor fica com gosto de dor no sabor salgado do pranto
Mas se era para consolar... porque o pranto não é doce?
Aí enganaria a dor e seria, talvez, menor o desencanto

José João
17/10/2.022

domingo, 9 de outubro de 2022

Tu és a página... eu! As entrelinhas

Estás como deves estar. És o centro das atenções,
São teus os aplausos. Lá atrás, escondido, rio discreto,
Fico orgulhoso de ti, e só eu sei. És aquela que vai
Lá dentro dos corações, sem pedir licença,
Faz que pulsem ao som da melodia embalados por tua voz,
Serena, diria... divina. Eu? Eu sou aquele anônimo que ouve,
Sonha e vai lentamente, caminhando nas ruas de pedras,
Buscando, sofregamente, beber da ternura de teu canto.
Tu és a que leva a sonoridade entre olhares e corações,
A que faz desabrochar entre os amantes a força da paixão,
Tua voz se faz ouvir pelas almas apaixonadas, que alegres,
Se entregam ao doce prazer de amar. Eu? Eu sou aquele
Que vai andando entre tantos sem ser percebido...diria até,
Mais um entre a multidão que se deleita com teu canto,
Eu sou aquele que a alma suspira entre cada nota musical
Que cantas, na ilusão de que cada uma seja pra ele.
Eu? Eu sou aquele que ninguém percebe, sou o leitor,
Tu és a notícia, eu sou as entrelinhas, tu és a página.
Tu és a atenção de todos, és a poesia completa 
Eu? Eu sou o anônimo...o sonhador, como é todo poeta.
Aquele a quem emprestas a voz para dizer
O que sua alma sente.

José João
09/10/2.022

A dor que a alma canta

Quantas cicatrizes não saradas me machucam a alma? 
Como meu olhar se perde em horizontes tão distantes!
Como meus olhos vazios e tristes contam minha história
Em risos sem alegria, pela angustia de dor tão constante!

Não posso esquecer o que nunca foi embora, está aqui
Na saudade que sempre chega quando o pranto chama
Nas palavras que foram ditas com gosto de lágrimas,
Enquanto a alma, em ladainha, sua tanta dor reclama

Parece que o tempo parou como se fizesse meu algoz
Deixando recentes, como de ontem, todas as dores
E mandou o silêncio, como cumplice, me tomar a voz

Assim, sem palavras, e o som travado na garganta
Um sorriso mais triste que qualquer outra tristeza
Implora que os olhos chorem a dor que a alma canta.

José João
09/10/2.022

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A menina sem tempo

Ela nunca tinha tempo, sempre apressada...
Sempre sem tempo. Se convidavam: Vamos a praia...
Ô colega, desculpa mas não tenho tempo - dizia ela -
Era sempre assim. Pela manhã ...trabalho, à tarde...
Faculdade, à noite...cursos, fins de semana...estudar.
Viver...ah! Isso é outra história, o futuro é muito tempo,
Sempre dizia quando questionavam tantos afazeres.
Acho que ela nunca viu um pôr-do-sol, aqueles
Que fazem a gente sonhar sonhos coloridos...
Que faz nossos pensamentos voarem ao tempo
Em busca da beleza que nossa vida precisa tanto.
Será que ela já brincou de mal me quer sentada
Em um banco de jardim vivendo a criança,
Que ela nem sabe mais se ainda está dentro dela?
Sentar na areia e ver a noite...as estrelas cadentes,
Brincar de criança, fazer pedidos inocentes.
        ................     ...............     ...............
O tempo foi passando, como sempre passa
E a menina sem tempo, olhou para trás,
Viu  diplomas, títulos, certificados, mas todos calados,
Não diziam nada, não lhe afagavam os cabelos,
Não lhe botavam no colo, não lhes davam um sorriso.
Um dia se disse: Tantas coisas que pude fazer...
E não quis... Deus o que foi que eu fiz?


José João
06/10/2.022

Contando estrelas

Essa noite não quis chorar... nem sentir saudade,
Quis apenas contar estrelas e passei a noite assim.
Contei estrelas amarelas, azuis, até estrelas cadentes,
Me confundi com algumas as que pareciam ausentes

As estrelas cadentes, corriam loucas a se esconderem
Dobravam num canto do céu e se perdiam na escuridão
Não sei se por timidez... mas desapareciam rapidamente
Sem deixar rastros, seria medo que lhes pedissem perdão?

Um sutil raio de luar, preguiçosamente se deitou no chão
Parecia conversar com as flores que o vento embalava
E ficava se perfumando com a relva verde sem nada dizer

De repente... o alvoroço das estrelas com o alvor do dia
Aí não pude mais conta-las, iam ficando mais distantes
Todas corriam para o horizonte sem mais nada pra fazer

José João
06/10/2.022

Hoje... o sentir é diferente

Que a saudade não me chame outra vez para chorar
Já secaram as lágrimas, de muito já se foi o pranto
Hoje corro entre sonhos novos cheios de coloridos
Com a alma eufórica, cantando livre divinos cantos

Hoje escrevo versos que me chegam tão sorridentes!
Rimas que se fazem perfeitas no fim de cada verso
Até aprendi falar com os olhos sem precisar de palavras
Eles se fazem vivos, brilhantes não são mais carentes

Esqueci lágrimas, prantos, e brinco de bem me quer
Corro entre jardins, entre flores, até sei o nome delas
Aprendi a ver o mundo colorido, em perfeitas aquarelas

Não me ponho mais a buscar saudades dentro da noite
Vivendo angustias que a tristeza me fazia sentir e chorar
Hoje minha alma amante não sente mais esses tantos açoites.

José João
06/10/2.022

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Ah! Meus tantos sonhos!!

As vezes, meus sonhos se parecem com jardins floridos
Como se as flores fossem suas histórias, lindas e inocentes
Outras vezes  parecem  o outono,  com folhas secas, caídas
Indo com o vento, sem saber por onde... no tempo perdidas

Assim também são as saudades ... algumas se fazem belas,
Se fazem risos como se fossem palavras contando histórias
Outras vezes se fazem contos contando tristes desencantos
Que nenhuma palavra traduz, é contada apenas pelos prantos

Mas quando os sonhos vêm contando tantas tristezas vividas!?
Se pondo no torpor da noite como um grito estridente e vazio!?
E  se reproduzindo com a solidão como se estivessem no cio?

Aí o que era jardim com flores inocentes, belas e coloridas
Se faz um espantalho, murcham as flores, o perfume se vai
E os risos jazem moribundos chorados por lágrimas sofridas.

José João
03/10/2.022