quinta-feira, 21 de abril de 2022

Soneto do encanto de amar

Deixa-me que te guarde dentro do meu pensar
Que te faça afagos como fosse a brisa a cariciar-te
Deixa que entre, em nostálgica alegria, na tua alma
E dentro dela acomodar-me com única forma de amar-te

Deixa que meus suspiros rezem teu nome em clamor
Que meu silêncio se faça divino como oração a ser rezada
E se houver o que falar que minha voz se faça doce canto
Em te louvar, te fazer de terna poesia, verdadeiro encanto

Deixa, que pra te seja festa, o gorjeio alegre do alvorecer
Como fossem anjos cantando hinos alegrando teu despertar
E o sol, vindo de mansinho, para um beijo teu ele roubar

Deixa que agrade tua alma com carícias de divinal prazer
Que me permita te enfeitar com estrelas e pedaços de luar
Para que se possa mostrar ao mundo o que realmente é amar

José João
21/04/2.022

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Ah! Se pudesse voltar a ser criança


Vou brincar um pouquinho de ser outra vez criança!
Brincar de ser feliz como todas as crianças brincam.
De colorir o amanhã sem medo, cheio de sorrisos
De pintar os dias com todas as cores da esperança

Vou brincar de ser criança, me lambuzar de beijos
Beijos inocentes, abraçar por abraçar, sem carência
Sorrir apenas por sorrir, brincar de correr no tempo
Soltar pipa bem pertinho do céu levada pelo vento

Por ela mandar um recado pra Deus, recado de criança
Desses recados inocentes que só mesmo Deus entende
Esses recados de criança que  Ele, sempre sorrindo atende

Mas... não deixei marcas no tempo que me façam voltar
Nem as pedrinhas no chão marcando o caminho de volta
Me perdi num lugar estranho onde só brincam de chorar

José João
20/04/2.022

Será que a tarde é triste ou... triste sou eu?

Outro dia, sentado na janela do tempo sem nada pra fazer,
Via a tarde, colorida, passar lentamente por precisar ir..
Indo como se estivesse carregada, talvez de sorriso e lágrimas,
De quantos olhares tristes que nem repararam sua beleza!
E ia a tarde, caminhando no tempo, talvez levando saudades,
Levando histórias que terminaram num triste aceno de adeus
Em que os olhos teimavam em ficar sem lágrimas, silenciosos,
Como se essas fossem o grito que a alma insistia em gritar.
Eu, brincando de nada sentir, de ver apenas a tarde ir-se,
E enfeitar outro horizonte qualquer, saí do marasmo e perguntei...
A mim mesmo, Porque será que as tardes se parecem tristes,
Mesmo lindas, quando o sol começa a entrar na noite?
Parece que se vai nostálgica, como se estivesse com saudade
E o amanhã custasse a chegar, pra ela outra vez se fazer bela!?
Não entendo o que as tardes sentem! Ou será que sou eu?
Sentado na porta da tempo, costurando retalhos de sonhos
Que se rasgaram e que, agora rotos, são apenas restos...?
Mas... será mesmo que a tarde é nostálgica e triste ou...
Triste sou eu?

José João
20/04/2.022



Eu... o Palhaço Sorriso.

Eu!!? Eu sou o dono do riso. Espanto tristezas e lágrimas
Canto ao tempo a beleza de sorrir, está triste? Então venha...
Olha eu aqui! O Palhaço Sorriso, só o que sei é fazer sorrir
Não há tristeza, que eu, o Palhaço Sorriso, não afaste de te.

Também sou mágico, da lapela tiro belas flores perfumadas
Brinco de dar cambalhotas no tempo, transformo lágrimas
Em sorrisos que os olhos gargalham alegres e brilhantes
Sou alegria pura, sou a alma que brinca com os amantes

Quer sorrir? Venha! Brinco de bem me quer com as flores
Brinco de cantar, brinco de enfeitar o mundo com alegrias
Não deixo que perto de mim ninguém chore suas dores

Porque sei o que é sentir dor... meus sorrisos... são lagrimas
Minha alegria está tão distante, pinto o rosto para enganar
Na verdade, dentro de mim ... o que sei mesmo é chorar.

José João
22/04/2.022

Prantos e cantos se confundem em mim

Talvez, nem eu sei, ainda tenha me restado um sonho 
Mas que sonho esquecido haveria de ainda me restar?
Pelas tantas angustias vividas, são tantos os receios
Que, por medo, não me permito mais nem poder sonhar

Em vazio espaço, tão vazio que nem saudade tem para sentir
Sigo rastros quase apagados que a vida, por pena, me deixou
Se por destino, infinda busca, a vida exigir a sozinho procurar
Levo prantos para chorar e aliviar essa minha tão insana dor

Quantos sonhos sonhei para um dia dentro deles poder estar!
E devaneios?! Tantos quantos foram os sonhos por mim sonhados
Mas talvez, por punição, cruel pena a mim me impuseram
Deixa-los mortos, pelo simples "crime" de um dia ter amado

Assim, meus passos por perdidas rotas se fizeram escombros
Sem rumo, buscam horizontes que nem sei se ainda existem
Fazendo que nem precise de outra dor para chorar meu pranto
Porque  soluços tristes e os "ais" me enganam e se fazem canto

José João
20/04/2.022


terça-feira, 19 de abril de 2022

Então... vou inventar sonhos

Ei! Você. Você tem algumas lágrimas para emprestar?
Não!! Nem uma saudade? Nem um pedacinho de saudade?
Quero escrever uma poesia e estou sem prantos, sem saudade...
Ninguém aí tem um pouquinho de tristeza para eu chorar?

Não que não tenha prantos ou lágrimas, já os tive, e muito.
Ah! Quantas saudades! Também já as tive, e foram tantas!!
Envelheceram, ficaram caducas, não sabem mais porque choram
Agora se dizem beatas e, por tanto, em silêncio apenas oram.

Outro dia vi alguém chorando mas, egoísta, nem me ouviu
E olha que pedi como pede um pássaro gorjeando tristezas
Ela disse que o pranto era só dela, porque a dor foi ela que sentiu

Que fazer se ninguém tem uma saudade, uma lágrima, um pranto!?
Nem você não tem?! Está bem, então vou por aí inventando sonhos,
Costurando letras, sussurrando palavras e a alma imitando um canto

José João
19/04/2.022

Minha alma e eu

Minha alma triste chora os prantos que não chorei,
Tão forte dor minha alma amiga preferiu senti-la
E eu aflito, por minha tanta culpa e covarde medo
Não deixei em mim toda essa dor como um segredo

Minha alma triste me põe no colo e me diz baixinho
Não te aflijas se choro a dor de tão grande amigo
E depois, a mim tu não enganas, te conheço tanto
Que esse pranto que choro agora... choras comigo

E assim, nós dois no tempo, vamos buscando histórias
Até sonhos de mim perdidos, vencidos ou esquecidos
Sonhos deixados dentro das perdas que já tivemos
Ou até fragmentos das tantas dores que já vivemos

Minha alma amigo quase em sussurro balbucia um canto
Dizendo que sempre, para qualquer dor, há um depois
E se por castigo o destino a nós imposto é estarmos só
Que seja, pois para chorar, prantos é o que temos os dois

José João
19/04/2.022

sábado, 16 de abril de 2022

Essa doce e terna loucura de amar.

 Loucura, loucura, loucura, gritou minha alma!
Como pude entregar-me assim? Fui além de mim...
Muito além de mim, me vesti toda com teu sorriso,
Me perfumei com teu perfume, cantei teu nome
Em poesias que até a brisa invejou e imitou.
Com teu nome inventei orações falando de amor
Parei o tempo nos versos para neles te eternizar!
Loucura, loucura, até a razão ficou em silêncio
Dentro de mim, como se a loucura de te amar
Fosse maior que viver, e viver fosse apenas te amar.
Mandei todas as lágrimas embora, mas a saudade...
Essa deixei ficar, se não o fizesse o que sentiria
Cada segundo que não estás aqui, dentro de mim?
Ah! Esse amor! Tão terno, tão belo, tão divino!
Quem diria que a loucura se faz santificada 
Quando a razão se perde dentro dela e o amor
Explode como se fosse um grito de prazer da alma!
Loucura... doce e terna loucura! A liberdade
De prazerosamente me prender no teu sentir.


José João
16/04/2.022

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Amar, loucura de um começo certo e... fim incerto

Amar é bom, da vida amar é a essênciA
Mesmo quando se está só, amar é boM
Ando sempre, em estradas ou veredA
Ruas, ou jardins, procurando um amoR

É assim o amor, faz da gente o que se É

Louco fica o tempo, até se pinta de azuL
O amor por tanta perfeição se faz afetO
Uma dádiva divina como nunca se viU
Carinho, que como começo tem um C
Um  c que faz o mundo gritar ... valeU
Rompendo a frieza da alma e fazendo riR
Ah! Como é bom amar!! Entregar-se... amA

José João
15/04/2,022


quarta-feira, 13 de abril de 2022

Me fiz amante da poesia.

Gosto de escrever versos... longos, curtos, incompletos.
Os versos, as poesias, as saudades, sempre me fascinaram
Sem elas como seria o mundo? Sem beleza, surdo e mudo
Tanto que não se teria como contar a beleza das flores...
O belo gorjear dos pássaros, sua doce e desencontrada sinfonia 

Dar cores para a saudade, para o pranto, só a poesia faz isso
E ainda, como só a poesia sabe, embalar corações carentes

Sou um escrevedor de versos e, com eles, colorir o pranto
E até mesmo adoçar as lágrimas que a tristeza salgou
Reunir dor e saudade nos sorrisos tristes que ninguém sabe rir

Amo quando as palavras se atropelam para se fazerem versos,
Misturam-se entre as linhas e entrelinhas, carentes do poeta,
Atiram-se feito loucas nos versos como fossem lágrimas
Nos olhos que só sabem chorar, perderam o prazer de sorrir,
Tudo se transforma na poesia, ela para até o tempo no fim do verso
E no outro verso faz que corra para o amanhã não se fazer hoje

De onde vem a beleza da poesia? Uma dama sempre elegante...
Adora vestir-se em rimas e de fazer-se bela num final feliz!

Pura, como fosse inocente, mas promiscua por natureza
Ousa fazer-se ingênua, divina, no coração de quem lhe acolhe
E, sem pedir licença, entra e nele habita cômoda e livremente,
Se faz chorar, se faz sorrir, se fala de saudade de pranto, tanto faz
Isso não importa, ela é livre para o que lhe fizeram, ela é poesia
Assim, eu,  um escrevedor de versos, me fiz também seu amante.

José João
13/04/2.022




 

Até dos detalhes faço histórias... isso é amar

Assim é a vida... cheia de sorrisos e lágrimas...
Mas... que se há de fazer? Chorar ou sorrir, é viver.
E se os sorrisos se fizerem mais que os prantos?
Isso é viver ...ainda que os prantos sejam mais

E quando a lágrima enfeitar os olhos... se for por amar...

Vou sempre amar, sentir saudade é viver uma história
Ou seria melhor viver sem ter uma história pra sentir?
Uma que você possa lembrar e sorrir ou até mesmo chorar...

A quem importa o prazer ou a dor que a vida me faz sentir?
Mesmo estando na multidão a quem interessa meu pranto?
Ah! se eu gritar por tanto amar? Vão dizer que é loucura...
Razão para amar!!? Não precisa, basta que a alma queira


Sempre é bom uma saudade para a alma, mesmo triste, sorrir 
E se entregar ao prazer das lembranças, dos detalhes vividos
Mesmo porque os detalhes se fazem história quando se ama
Por isso, nunca deixei de amar, de me entregar sem medo  e inteiro,
Recortar meus momentos como pedaços completos de mim
E nunca estar só, sempre tem um sorriso ou uma lágrima comigo

José João
13/04/2.022

 

Saudade, do começo ao fim da poesia

Sou o que ninguém sabe, as vezes nem eu...
Ando, vou... apenas porque ir é melhor que ficar,
Uma vez, por isso, percorri caminhos perdidos
Dando em horizontes sem cor, horizontes mudos
Assim com se fosse o vazio do pior silêncio.
Dei voltas e volteios perdi meus passos no chão
E quase não voltava, o pranto não me permitia ver

Dei-me ao tempo, enxuguei as lágrimas, tentei sorri
E o sorriso não se fez completo, ainda tinha pranto na alma

Mas ... que fazer? Deixar a angustia tomar conta de mim?
Isso seria pior, talvez nunca mais me encontrasse
Melhor chorar e... sentir saudade... de mim mesmo.

José João 
13/04/2.022


Não me permito parar

Tenho muito o que fazer... tenho muito aonde ir,
Por vezes mergulho dentro do silêncio do tempo 
Outras vezes vou correndo para dentro de ilusões
Até percorro saudades em volteios do pensamento

Voo como leve brisa os mais distantes horizontes
Ando sobre o caminho que o sol deixa sobre a água
Quando o por do sol convida a alma para sonhar
Volto caminhando no tempo quando preciso chorar

Sigo por estradas que acho... foi a vida que traçou
Ouço ecos de gritos tristes que talvez eu mesmo gritei
Quantos deles foram gritados em lágrimas perdidas
Mas quantos gritados em prantos que sei porque chorei!!

São tantos os lugares percorridos e ainda a percorrer
Tenho ainda prantos presos que ainda não pude chorar
Tenho saudades distantes para sentir e dentro delas viver
Tenho até pensamentos escondidos, muitos ainda por pensar

José João
13/04/2.022

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Acho que é o perfume do amor

Ah! Que perfume! Como fosse o perfume de um sonho,
Desses sonhos com cheiro de flores que se abrem na primavera
Beijadas com o orvalho do alvor do dia, da madrugada colorida
Em que as rosas, antúrios, lírios e jasmins se abrem cheios de vida.

Talvez sejam o antúrios perfumando o tempo para serem vistos!!
Ou as rosas, sempre vaidosas, se espreguiçando no alvorecer
E se for o lírio!? Belo, arrogante com seu perfume requintado
Querendo se mostrar para a violeta com seu aroma amadeirado?

Mas que doce e divina fragância vem vindo do meu jardim!!
É um cheiro de poesia, de uma saudade gostosa de sentir..
É o gosto de um beijo que faz sonhar sem se dormir

Até o vento perfumado dá voltas e volteios e não quer ir
Fica fingido ser uma brisa brincando no meu jardim
Mas acho que é o amor... só ele pode ser perfumado assim

José João
10/04/2.022

domingo, 10 de abril de 2022

Meus anjos poetas

 Hoje... parece que as poesias se esconderam no tempo,
Mas meu anjos poetas estão por aí... de plantão
Procurando poesias perdidas no espaço, palavras soltas,
Versos inacabados, histórias não lidas ainda não escritas, 
Histórias passadas que esqueceram de contar.
Meus anjos poetas devem estar entre jardins, em raios de luar,
Volteando com a brisa que acabou de passar, brincando com o mar, 
Provocando as ondas que beijam e se deitam na areia...
Procurando saudades que ainda não foram sentidas,
Beijos que ainda nem foram trocados...ah esses meus anjos!!
Meus anjos poetas!! Estão por aí de plantão buscando poesias...
Que sejam alegres, que sejam tristes, até mesmo inacabadas,
Que sejam poesias sem rimas mas  ainda não escritas.
Cada poeta tem um anjo que lhe trás poesias,
As poesias escolhem seus poetas e dizem ao anjo poeta
Que estão prontas e se entregam mansas e dadivosas
Como fossem a amante mais pura, o canto mais inocente,
A amante mais doce, a mais fiel... até mesmo angelical.
Meus anjos poetas estão por aí de plantão
Buscando a poesia que ainda não me encontrou, mas ela vem...
Meus anjos poetas sempre me trazem poesias... desde muito.

José João
10/04/2.022

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Insistir é nunca desistir, é ...

Se te sangraram a alma e te cortaram a carne
Se te puseram em lágrimas, grita mas INSISTE
Olha em volta, olha o tempo, busca um sorriso
Não deixe que nada te derrube, NÃO DESISTE

Se te insultam, te ironizam, se riem de te, grita
Mas...vamos, olha pra frente, não para, INSISTE
Olha as árvores no outono... todas desfolhadas
Faz como elas espera a primavera só NÃO DESISTE

Quantas lágrimas derramaste, quanto pranto choraste!
Quantos 'nãos'  já ouviste! Mas e daí? Vai, INSISTE
Com certeza haverá muitos 'sims" te esperando no tempo
Não para, vai, estão te esperando mas... NÃO DESISTE

Se tropeçares e caíres, se a dor ao levantar é muita
Espera, tem paciência, levanta devagar mas... INSISTE
Não te deixa abater por qualquer dor, mesmo chorando
Uma hora ela passa, mas para isso, luta, NÃO DESISTE

Se virem fraqueza em te... sorri contigo mesmo e vai
Só você sabe a força tem, você é forte, portanto, INSISTE
Não deixa que ninguém te tire nem a força nem o brilho,
Seja humilde e mostre quem você é..; só NÃO DESISTE

Vai entre o vagar e a pressa, dá voltas se preciso for
Mas nunca desanime, quem sabe do amanhã? INSISTE
E se amanhã a felicidade vier de mansinho bater na porta?
Se não vier, não desespera vai atrás dela, só NÃO DESISTE

Amanhã quando tiveres vencido todos os obstáculos
Se orgulha de te, grita alto, cantando: EU INSISTI
E os fracos te perguntarão: como você está assim?
E você dirá com orgulho: EU VENCI...NUNCA DESISTI.

José João
06/04/2.022

O pranto é um grito

Esses meus versos!! Não se importam em serem longos ou curtos
E a poesia se preocupa apenas em dizer o que a alma chora e sente
Se as rimas gritam no meio ou no fim do verso, nada disso importa
Querem somente dizer ao mundo palavras que à alma conforta  

Meus gritos de angústia... as saudades não cabem num verso curto
Nem  mesmo as lágrimas que saem gritando ao tempo não caberiam
As palavras, coitadas, se fazem tão poucas para dizer o tanto sentir
No verso longo, lágrima e saudade juntas, mesmo tristes, podem sorrir

Ainda tem o silêncio, espreitando taciturno, esperando qualquer dizer,
Até um pensamento que a alma insista pensar ele faz questão de calar
Se meus versos fossem curtos, como ao silêncio eu poderia enganar?

Ah! Um grito, desses gritos doloridos, quem dera a alma pudesse gritar!
Um grito que o silêncio não pudesse escutar, será que grito assim existe?
Existe. O pranto, é um grito que faz o silêncio nunca calar uma alma triste.

José João
06/04/2.022

terça-feira, 5 de abril de 2022

Essa angústia da falta de mim

                                                        Mesmo que fosse um sorriso triste...
Desses que ninguém quer sorrir... me serviria.
Queria ter menos segredos escondidos...
Queria partilhar alegrias, cantar, brincar...
Fazer poesias com a primavera, pincelar nos versos
A beleza das flores, fazer do meu lápis um cinzel
E esculpir sorrisos, pássaros gorjeando trinados
Que só sei ouvir. Ah! Como gostaria!!
Gostaria de sentir a beleza do alvor do dia...
Declamar para o sol criança uma poesia alegre,
De sentir a brisa passar inocente entre as cercas,
Passear nos quintais, fazer dançar, suavemente,
As flores do pé de flamboyant! Mas lágrimas...
É só o que sei fazer, prantos que chegam,
Se fazem veredas em meu rosto por onde
a saudade, pálida, por também sentir a dor
Que sinto, passeia em passos lentos, carregada
Por um lágrima triste que insiste em não cair
Do rosto, pendura-se tenazmente na esperança
De que um sorriso lhe faça atirar-se sorrindo
Ao Tempo. Mas nada! Só mesmo essa angustia
... Da falta de mim.

José João
05/04/2.022
                                        

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Viver é assim...

Não importam mais as lágrimas que me fazem chorar,
Nem as apostas de que nunca mais vou outra vez sorrir
Deixo que pensem e, mesmo triste, canto, a vida ensina
E me ensinou a ser eu em qualquer momento que existir

Deixo quem pensem que posso sucumbir a qualquer dor
Até rio, coitados, não sabem as tantas aflições que vivi...
Aprendi que um dia a  dor se vai e sem deixar rastros.
A vida dá tantas lições e essa, foi uma das que aprendi

Acham que na poda a planta não sente dor? Sente e não chora.
Acham que no outono a planta não sente falta das folhas caídas?
Sentem, mas não choram, é preciso que o passado vá embora

As plantas me ensinaram, que se podarem meus sonhos,
Que se mutilarem a alma que, antes, de amor era repleta
Volto ainda mais forte, bem mais bela e ainda mais completa

José João
04/04/2.022

sábado, 2 de abril de 2022

Nem o silêncio cala uma alma triste

Em minha alma, palavras e silêncio se conflitam,
A alma insiste em gritar as dores que tanto sente
O silêncio insiste em calar a voz para a dor ser maior
Para que a angústia da mudez se faça dor ainda pior

O silêncio sufoca a voz, que se faz apenas murmúrio
E as palavras que deveriam sair soltas e irem ao mundo
Ficam sem serem ditas, perdidas dentro do vazio
Mas a alma, por tanta dor, busca um grito profundo

Tão forte que o silêncio se espanta, e o grito vai,
Fazendo eco e indo como fosse um triste canto
O mais alto que a alma pode gritar, o grito do pranto

Que o olhar molhado, brilhante, leva até o infinito
E com ele, ela vai, solta, livre, volteando no tempo.
Quantas maneiras tem a alma de gritar seu lamento!!!?

José João
12/04/2.022

sexta-feira, 1 de abril de 2022

As flores também choram

 - Oh bela flor no caule adormecida...
Que é de o luzente brilho de tua cor?
Que é de o perfume que exalavas e o prazer
Que sentias ao despertar no alvorecer?

Que é de a borboleta que te vinha visitar
E o beija flor... que tuas pétalas vinha beijar?
E teu sutil sussurro de vaidade ao se mirar
No orvalho que nas folhas a noite deixa ficar?

Que fazes agora nessa tão profunda tristeza
Como se tua beleza ao mundo fosse queixume
Como se tivesses perdido a alegria de viver
Na irreparável perda  do perder o teu perfume?

- Não. Não perdi a beleza e nem perdi o perfume
Melhor tivesse sido, juro, que não choraria agora
A dor que choro é tão doída que só eu mesma sei
É a dor por terem levado meu alvo lírio embora

Queria tanto gritar essa angústia e desespero
Mas não posso... desculpa mas agora vou chorar
Vá embora, por favor, me deixe só, eu preciso...
Ficar só para lembrar... ficar só para sonhar.

José João
01/04/2.022

Vai, meu grito... vai

 Vai meu grito, voa e vai... que o silêncio se fez mudo,
Fecunda as pedras que elas parirão teu eco,
Estupra o vento, se for preciso, mas vai...
Voa, meu grito, que o espaço é todo teu
E está aberto, são tantos os caminhos...
E tu, meu grito, antes de longe estiveste perto
Eu até ouvi quando do meu peito saíste.
Vai, meu grito, como o pranto que te fiz ser,
Como a dor que me faz chorar, vai... não para...
Vá até o infinito... se for preciso.
Vai, meu grito, gritando a angústia 
Que se faz verdade dentro de mim e da alma
Como se as tantas perdas estivessem vencendo
A vontade de não chorar... mas os olhos...
Esses em límpidos clarões reluzentes
Se enchem de um brilho demente... de tão carente
E, as lágrimas já tanto choradas,
Neles se fazem presentes, como presentes da dor,
Dessa dor que faz meu peito gritar,
Se prendendo na alma e querendo ficar,
Como fosse parte de mim.
Não sei se tenho outro grito para gritar
Talvez o silêncio desperte e só me faça chorar
Buscando lembranças ou sonhos distantes
Que o tempo, por displicência, esqueceu de apagar.
Vai, meu grito, que o espaço é infinito
E o tempo é eterno. Talvez algum dia possas chegar...
Onde... sinceramente, não sei mas... sei que estás por aí


José João
01/04/2.022


Quero ser um poeta assim

Quero ser um singelo poeta de rua,
Fazer poesias com palavras simples
                           Deixa-las soltas, deixa-las livres,                            
Deixa-las inocentes, puras e nuas.
Quero ser aquele poeta de esquina,
Fácil de ser lido, fácil de ser lembrado,
Ser um poeta tão gente
Que nunca precise ser estudado.
Quero ser aquele poeta de bar
Que entre uma pinga e outra
Alguém se lembre de declamar
Uma poesia que faça cantar, chorar,
Ou até mesmo que faça sorrir,
Mas ao amor que se tem ou que se perdeu
Que  uma poesia sempre faça lembrar.
Quero ser aquele poeta simples
Que escreve sentado no chão
Coisas que sempre vêm ditadas do coração.
Não quero ser poeta intelectual
Constrangendo a poesia 
Declamando no vazio
Como se ela fosse apenas 
Palavras sedentas ... correndo
Pela vontade do cio

José João
01/04/2.022