sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Com cada um dos olhos, uma saudade vou chorar

Essas minhas poesias!!! Como elas sabem fingir!!!
Choram dores que a alma nem sente!! Mas choram.
Choram com prantos que nem deviam ser chorados
Choram de momentos que nem deviam ser lembrados

Minhas poesias! choram sempre e choram por tudo
Se alguém lhes conta uma saudade qualquer, choram!
As vezes choram gritando como se o mundo fosse surdo
Mas as minhas elas choram sem voz, num cantar mudo

As vezes não estou alegre, nem triste, apenas sonhando
Buscando histórias que, na verdade, nem são minhas
Talvez até sejam, mas verdades de a muito esquecidas
E lá vem a poesia, ávida, alinhavando histórias parecidas 

Até já acostumei, se não é minha é a história de alguém
Por serem tão piedosas, são meus olhos, coitados, a pagar
Um dia tinha minha saudade e ela com outra me chegou
Aí tive que, com cada um dos olhos, uma saudade chorar

José João
27/10/2.023

Como fazer poesia hoje com a dor de ontem?

 Ontem, deixei uma poesia pendurada na madrugada
Está bem, estava incompleta, mas tinha versos acabados,
Não lembro de todos agora, mas tinha alguns completos
Cheios de mim, de histórias minhas e até mesmo rimados.

Pensei... com o despertar das flores e gorjeio dos pássaros,
Com o volteio da brisa leve, levando o perfume do jardim
Vai ser fácil terminar a poesia, o encanto do nascer do dia!
Fui buscar a poesia na madrugada e... não foi bem assim

Algumas palavras tinham perdido o sentido, e as rimas!!?
Algumas se perdiam, incoerentes, no meio dos versos
Me perdi e até perguntei, mas não são palavras minhas?!

Me pus a pensar!!. A me perguntar o que teria acontecido?!
O que aconteceu na madrugada que a poesia se perdeu!?
Aí percebi, fazer poesia com a dor de ontem não faz sentido

José João
27/10/2.023

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

O quadro que a insônia pintou

 Há momentos em que nem sei de mim mesmo,
Mergulho no tempo me procurando, me buscando
Em momentos que nem lembrava mais, perdidos
Em que até a saudade se fizeram prantos vencidos

As vezes me chegam acenos apagados na memória
Como fossem sombras de adeus que foram ditos
Detalhes que nem sei porque ainda são lembrados
Até parece que no tempo tenham sido costurados

As vezes me perco dentro das tardes silenciosas
Ouvindo o sol murmurando lá longe, no horizonte
Fazendo um caminho dourado sobre a água mansa
E a alma produzindo prantos como fosse uma fonte

Outras vezes no alvor do dia, quando a noite se vai
E uma sinfonia desencontrada de pássaros e brisa
Se juntam numa doce, bela e incoerente harmonia 
Como se quisessem fazer da alma um poço de alegria

Mas que noite! A insônia se fazia uma poesia viva
Como fosse um parêntese cheio de todas as tristezas,
A solidão se fazia moldura de um quadro sem idade,
Antigo e, na tela, pintadas as mais doídas saudades.

José João
25/10/2.023

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Meus poemas!!!

Meus poemas!! Saem voando de não-sei-onde,
Passam voando por não-sei-onde e chegam em mim
Invadem a alma com seus versos quase prontos
Se fazem histórias quase sempre contadas em prantos

As vezes, cansados, cavalgam estrelas cadentes
Para cruzarem a noite lendo pedidos de corações
Desses, que perdidos na solidão ou nas tristezas,
Vão, como se fugidos, rezando inventadas orações

Meus poemas também voam na estrada do tempo,
Alguns contando saudades do que há muito já passou
Outros, chorando tristes a falta do que nunca vivi

Quando falam em lágrimas gritam com os olhos
Quando se fazem sorriso, realçam a beleza do olhar
Mas sempre verdadeiros, contam o que sinto ou senti

José João
23/10/2.023

Nunca deixei de sonhar.

De  longe, de muito longe vieram meus sonhos,
De perdidos enredos e eu sempre sonhando mais
De muitas verdades ou mesmo de histórias fingidas
Mas sempre sonhei, afinal, sonhar nunca é demais

Se eu me soubesse assim... fabricante de sonhos
Que só agora percebi... teria inventado encantos,
Sonhos coloridos em aquarela, repletos de mim
Em que até o pranto seria alegre, colorido assim

Sonhar como se fosse viver sem nenhum temor
Que o único medo fosse não ter mais o que sonhar
E assim já não ter mais da vida nada o que contar

Agora já não sei mais como colorir meus sonhos
Não são mais da cor do sol pintando o amanhecer
Mas nunca deixei de sonhar... é o mesmo que viver

José João
23/10/2.023

Enganei a alma e o pranto.

Vou por aí, sem rumo, buscando histórias que nunca vivi,
Ou procurando encontrar lágrimas de quem já chorou
Para escrever poemas de dores fingidas que só  eu senti
Ou prantos de dores verdadeira que até hoje não esqueci?

Vou por aí, de sonho em sonho  buscando o que perdi
Pensamentos malucos quase caducos mas que eu vivi
Me ponho a correr nos tantos caminhos que a vida me dá
Lembrando momentos que nem vivi, só fiz mesmo sonhar

Mas, que importa agora, momentos que ficaram no tempo?
Que importa buscar lágrimas antigas talvez até fingidas?!
Fingidas. Assim engano a alma e as dores ficam menos doídas.

Por isso falo baixinho, vai que a alma escute que a enganei!
Todo esse tempo escondendo tristezas que jurava não existir ...
E revoltada, se ponha a cobrar de mim tudo que não chorei!

José João
23/10/2.023

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Para meu "amigo invisível", esse que só sei sentir

 Deus!! Nem sei se mereço que me ouças... mas...
Não posso calar, embora chorando, grito bem alto,
Te clamo! Ouve minha voz no pedido que te faço
Sei que estás vivo, ocupando todo e qualquer espaço

Senhor, estão indo ao teu encontro, como  disseste,
"Deixai vir a mim as criancinhas" e elas estão indo
Não como gostarias de recebê-las, disso sei bem
Mas os homens, Deus, só dão aquilo que eles têm

Estão te mandando, sem nenhum pudor, crianças...
Coitadas, mortas cruelmente, cortaram-lhes as cabeças
Sim, Deus, é monstruoso, foram, senhor, decapitadas
Bebês que tiveram suas vidas impiedosamente ceifadas.

Tantos a toas homens, desses que se dizem ser gente
Que negam tua existência, ironizam teus ensinamentos
Que sarcásticos, te chamam de "o amiguinho invisível"
São esses, senhor, que frios, perderam seus sentimentos

Com certeza, Senhor, podes dar outros faces aos bebês
Faze-os, desculpa a ousadia, tua imagem e semelhança
Dá a cada um deles um sorriso divino, um teu sorriso
Deixa-os ao teu lado, a sorrirem, brincarem como crianças

Ah! Deus, aproveito e peço que me dês força para falar
Coragem para gritar as atrocidades que aqui acontecem
Fé e força para gritar, louvar o teu nome onde eu estiver,
Sapiência  para falar dos teus ensinamentos a quem quiser

Bem, Deus! É isso, e muito obrigado por ainda me dar voz...
Obrigado por me permitir que ainda possa me revoltar,
Quem dera, Senhor, fosse mais forte e me fizesse ouvir!
Gritaria ao mundo, cuidem-se, vigiem, ELE vai voltar.

José João
11/10/2.023

terça-feira, 10 de outubro de 2023

A perfeição... quase existe

 As vezes me surpreendo perguntando o que é a perfeição.
Seria uma beleza verdadeira? Única? Viva no universo?
Um inquestionável encanto que não se pode contestar?
Dizem que a perfeição inexiste, mas nela se pode pensar.

Deve existir na criação divina, afinal, Deus não pode errar.
O perfume dos lírios, seu alvor etéreo alegrando a alma!
As orquídeas!! Majestosas! Fontes de desejos e sedução,
Será que não são perfeitas mostras do que é a perfeição?

Deus não pode errar, é perfeita a plenitude de sua criação
É como se tivesse criado a beleza sem um errinho sequer
Tanto que permite... a vida ser oferecida por uma mulher

Deus não erra nunca! Mas isso não impede que se pergunte
E pergunto, de forma ingênua ou como se louco eu fosse
Porque salgou a lágrima da mulher? Não era para ser doce?

José João
16/10/2.023

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Esperem... Deus está vendo.


               Os jardins estão sendo sufocados, flores morrendo
Até o arco-íris não enfeita mais o céu, se esconde
Os pássaros, parecem mais tristes, quase não cantam
Quase escondem o sol e ninguém a isso responde

Desde muito as primaveras não pintam mais as flores,
Ficaram tristes, com flores sem brilho, sem alegria
O por do sol se perde em cinzas que voam soltas
A brisa não volteia mais alegre, parece levando dores

Os homens nem percebem, tão ocupados que estão
Até a poesia se perde em corações vazios, frios, duros
Como se fosse agora apenas palavras soltas e sem alma
Os gritos se fazem ouvir, até o tempo perdeu a calma

Se veste de furacões, desses que sem pena vão indo
Amassando os lírios, as violetas, orquídeas e  jasmins
O mar se enfurece, como se precisasse lavar o mundo
E furioso vai, não respeita mais nem os pobres jardins

E os homens, alheios a tudo, só não às suas vontades
Vão enfurecendo mais e mais a natureza que se cala
Não por medo, apenas espera que o homem se faça gente
Que desperte, olhe o mundo, e não seja tão demente

Mas o homem!! Esse não se importa, é muita ambição
Alguns até com a pretensão de serem maior que Deus
Tão pretensiosos que ousam querer ditar os amanhãs
Como se os dias fossem meros brinquedos, todos seus

Pobres e à toas homens perdidos em suas toscas vaidades,
Inquilinos de um grão de areia que voa solto no espaço
E gritam que o universo é só deles, que está em suas mãos
Quando a ira de Deus lhes tomar a alma, nem areia serão.

José João
03/10/2.023

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

... no silêncio da noite...

Minha voz se cala por tristeza e, mudo, me ponho a pensar
Em um poema que, sob a luz da lua, eu pudesse declamar
Que falasse de amor, de saudade,  dessas que até a alma grita
Mas  a voz se perde como se o silêncio por mim quisesse falar

Sento no chão, olhar perdido no tempo, o cheiro doce da brisa
Uma lembrança adormecida desperta e traz consigo o pranto
Fico ouvindo, no silêncio da noite, o coração chorando triste
Como se estivesse cantando uma canção que nem sei se existe

As estrelas, brilhando, como fossem pequenas contas de prata,
Paradas na noite, parecem pedras soltas de um rosário infinito
A não ser uma, que louca, se vai como se voar fosse seu grito

Pirilampos, parecendo lágrimas douradas choradas pela noite,
Em algazarra de luz, se faziam pequenas estrelas reluzentes,
Então horei, com os olhos, com a alma, as dores pendentes

José João
02/10/2.023