sábado, 18 de dezembro de 2021

relíquias perdidas

 Não sei onde estão mas... juro, estavam guardados,
Duas saudades, dois beijos antigos, algumas lágrimas...
Tinha até um sorriso se fazendo de alegre... fingindo
Um sorriso triste, desses que a alma sorri mentindo

Tudo dentro de uma pequena gaveta criada pelo tempo
Ainda cheia de espaços vazios, por guardar tão pouco
Duas saudades, beijos, lágrimas e um sorriso fingido
Mas era tudo, pedaços da vida que eu tinha vivido

Tudo era relíquia, não sei como perdi, pra onde foram
Ficou  um vazio... as saudades me ajudavam sorrir
Os beijos adoçavam o travor amargo do que restou

O sorriso fingido me fazia rir das dores que um dia senti
Tudo que se foi me fez assim, me fez como agora estou
Sem ter nada para mostrar, sem nem mostrar o que sou.

José João
18/12/2.021

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Hoje não tem poesia

Não sei por onde andam as poesias... se foram...
Não sei se partiram nas asas de uma ilusão perdida...
Se nas asas de um sonho que nunca mais voltou
Só sei que as perdi... quiseram se fazer esquecidas

As rimas se perderam nos versos incompletos, vazios
As palavras se esconderam, se perderam sem sentido
Outro dia havia uma poesia escondida dentro da noite
Tentei busca-la, mas se foi, disse que lhe havia mentido

Mentido!! Eu!! Tanto lhe falei de saudades, de sonhos...
Não sei mentir na poesia, está bem que até posso fingir
Declamando versos deixo os olhos fingirem sorrir

Mas mentir... nunca!! Está bem, hoje não tem poesia
Desculpem, vou sentar no pé do meu flamboyant florido
Será que as poesias encontraram um outro poeta preferido??!!

José João
14/12/2.021

domingo, 12 de dezembro de 2021

Nós dois em Veneza.

 Ainda lembro  o gondoleiro ... o violino,
Os acordes flutuavam no ar, como se as notas musicais
Fossem borboletas coloridas e... na água escura,
O reflexo multicolorido das luzes  que em  teus olhos
Refletiam a candura mágica dos anjos de Veneza...
E a volúpia de querer-te se fez tanta que esqueci
Gondola, violonista e gondoleiro... te tomei nos braços,
Sofregamente te beijei os lábios como se Veneza
Fosse o paraíso dos amantes. Ouvi ao longe
Uma guitarra em solo cantando o amor e dizia:
"Dio, come te amo não é possibile tanta felicitá"
Quase desfaleci em teus braços (lembro bem)
Deitei a cabeça em teu colo e chorei, não por tristeza
nem por dor... mas era tamanha a felicidade
Que as estrelas, tão perto, se fizeram luzes divinas
Tomei-as nas mão e te dei todas elas e... sorriste
Qual um anjo criança que abre, alegre, o coração...
Aí Veneza se fez luz, o gondoleiro, de repente
Era um querubim, o violonista se vestiu com asas
De pureza e o violino era uma harpa de acordes divinos
E como amantes ficamos Veneza viu em nós amor eteno.
Nos viu com homem e mulher e se entregou a nós
Tanto que ainda hoje Veneza canta para nós dois:
"Dio, come te amo non é possibile ... Noi due inamorati
Come nessuno ao  mondo, Dio, Dio come te amo"
Até hoje Veneza clama por nós dois, mas não sei ...
Não sei quem és ... nem onde estás

José João
12/12/2.021
(de 30/09/2.005)

Minha solidão preferida

Entre os homens!!! Mas não fosse o mar...
E meus sonhos... estaria só.
Espantaram meu silêncio e minha solidão despertou...
Mais forte, muito mais forte, não é a mesma solidão
Sutil e silenciosa de quando a noite acorda
E me desperta para sonhar e me convida pra chorar.
Essa solidão de entre os homens me angustia, 
Me machuca. Não é a solidão da saudade
Que sinto quando estou só na recordação do que fui.
É um sentimento de inexistência entre os homens,
Como se apenas não existisse.
Prefiro minha solidão da noite, meus sonhos...minha saudade
de  quando estou sozinho, para esses, com certeza,
Minha existência é fundamental.

José João
12/12/2.021

Sou feito de detalhes

 Sou feito de detalhes, uma escultura de mágicos entalhes
Esculpido por um artista divino com um mágico cinzel.
Mas quem sabe eu seja uma pintura feita no tempo
Pintada pelo mesmo artista divino com um mágico pincel?

Ah! Os detalhes de que fui feito todos têm uma razão
Alguns são detalhes comuns, desses cheios de defeitos,
Outros são detalhes raros, só vistos com o coração
E com tanto sentimento que até os julgam perfeitos

Assim, sou feito de pedaços, alguns já completos
Outros ainda em formação, aprendendo com a vida
E tantos já se foram hoje são lembranças esquecidas.

Sou como sou, feito de pedaços incompletos de mim
Detalhes que se juntam apesar das tantas desigualdades
E me fazem como nem eu sei, só sei que sou assim

José João
12/12/2.021