terça-feira, 24 de março de 2020

Basta que sejam versos

Se em mim tiver que ser triste meu canto
Em canções chorosas de saudades vivas
Que então me seja dado, na beleza dos prantos,
Fazer versos chorados mesmo sem ter encantos

Que angustias ou solidão sejam ditas sem temor
Em sussurros chorados em poesias sem rimas
E que a alma, por elas, entre lágrimas confesse,
Entre silêcio e gritos de ais a dor de que padece

Talvez, quem sabe, me console uma saudade
Que de há tanto tempo ainda em mim existe
Me fazendo fingir que meu sorriso não é triste?

Ou talvez me fazendo um pedeço de mim mesmo
Que perdido, se faz sombras indo sem querer ir,
Como fosse uma alegria triste brincando de fingir

José João
24/03/2.020


sábado, 21 de março de 2020

Vamos brincar de fazer poesia!!


- Mas... onde estão as lágrimas? Só vejo sorrisos!!
- Que sorrisos vês, se brinco de fazer poesia... sou poeta...
   Se sou poeta não preciso de lágrimas, 
   Choro as lágrimas de qualquer um, até saudades eu busco
   Em outras histórias tristes, momentos que choraram, 
   Sonhos que me contaram... não preciso chorar para ser poeta.
- Mas... também roubas dos outros os sorrisos?
- Claro, principamente se são sorrisos tristes, adoro esses...
  Faço-os mais tristes ainda, invento soluços, suspiros...
  Invento até gritos de ais, como disse... sou poeta
- Como inventas e enganas tantos? Como podes?
- Já disse, sou poeta, o poeta pode mentir, fingir, iludir...rsrsrs
- Não tens consciência? Há quem acredite que seja verdade...
  Há quem acredite nas tuas lágrimas, na tristeza que dizes sentir,
  Na saudade que contas com tanta dor que se pensa ser tua.
- rsrsrs é isso, é assim que se faz poesia, mas o bom do poeta
  é que ele aprende a sentir a dor dos outros e fazer ser sua,
  pode fingir tão verdadeiramente uma mentira...
  que juram ser mentira a verdade que ele sente.
- Isso quer dizer que as vezes a dor que ele chora é dele mesmo?
- Isso quer dizer que são verdades as mentiras que ele mente.

José João
21/03/2.020