sábado, 30 de dezembro de 2023

Coisas que o tempo faz

Para sempre, foi o que disseram teus olhos
Brilhantes e meigos como raios de luar
Pareciam gritar alegres como em festa
A me fazer crer que tudo isso era amar

Passa o tempo e tudo parece tão diferente,
A voz emudece num inaudível murmurar
Os olhos, cabisbaixos, já não sabem brilhar
E um silêncio triste faz até a alma calar

A beleza do olhar em festa perdeu a alegria
Taciturno, agora se faz sem cor, sem brilho
A lacrimar um pranto tão doloroso quanto frio

Já vêm vindo, caminhando entre as horas,
De braços dados, a solidão e a saudade
Rindo da dor sem mostrar qualquer piedade

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 30/12/2.023

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Prateando o pranto

 As vezes me procuro onde nem sei se estou
Vou lá dentro de onde estive um dia... distante
Me encontro dentro de uma saudade dolorida,
Que sufoca e veste a alma num frio cortante

Vou lentamente por entre os momentos vividos
Buscando sorrisos que um dia o tempo deixou
Não os encontro, se perderam, foram esquecidos
Só ficaram sinais que a tristeza no rosto marcou

Não existem mais aquelas saudades tão risonhas
Que se desenhavam nos olhos com doce encanto
E iam, com o olhar, vagando por sobre o tempo
Mesmo que os olhos se prateassem com o pranto

Não caminhei como devia, entre o vagar e a pressa
Fui, com a vontade de apenas querer ir, querer chegar
Os passos rápidos não deixaram marcas fortes no chão
Aí não encontrei mais os rastros da ida para poder voltar

Por isso, hoje, dentro de mm, os sonhos se fazem festa,
É só o que tenho, sonhos que nem sei se ainda vou sonhar,
Existem, não sei se vou sonha-los dormindo ou acordado
Não sei se trarão saudades ardentes para aos olhos pratear

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 25/12/2.023

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Uma gota de orvalho ou... de poesia?


As vezes vou buscar no tempo palavras soltas,
Buscar no gorjeio dos pássaros algumas rimas...
Quase sempre, da alma, vou buscar lágrimas
Que me chegam como verdadeiras obras primas

Enfeitando os olhos num brilhar terno, cristalino
Como fossem gostas de orvalho deitadas na flor
A confessar seus pecados num fervoroso pranto
Ou a fazer da pétala um leito a lhe aliviar a dor

Quem sabe seja eu essa frágil gota de orvalho 
Caída da madrugada, vindo num luar prateado
Para chorar com prantos ainda não chorados?

Ou talvez uma pequena gota de poesia perdida
Vinda, de onde não sei, por alguma porta aberta
A me fazer entre prantos e saudades... ser poeta.

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 22/12/2.023

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Tributo ao poeta dos sabiás.

Quando o luar se deita sobre o chão da minha terra
Prateando rios, flores, prateando matas e jardins
Parece um sonho que um anjo, aqui veio desenhar
Pintura especial da natureza que só Deus pode criar

Na minha terra, o luar de prata prateia até a solidão
Se estende pelo campo como se o silêncio fosse canção
Leva o pensamento a inventar histórias não acontecidas
A se buscar na alma, saudades que  nunca foram vividas

O luar na minha terra, a espairecer aquela toda vastidão,
Faz-me lembrar o poeta, ouvindo nas palmeiras o sabiá
Com a alma a implorar, com lágrimas nos olhos tristes
A pedir: "Não permita Deus que morra sem que volte para lá"

Quando a lua, a esgueirar-se, desenhando-se no horizonte
A crescer, iluminando a mata e no prateado a se banhar
Se ouve ao longe, vindo lento, um assobio na voz do vento
Até parece um canto saudando o poeta, um canto do sabiá.

Com o prateado do luar, num céu que tem bem mais estrelas
Elas todas atentas, como se lá ouvissem o clamor do poeta,
A triste súplica para ouvir nas palmeiras o canto do sabiá
Pedia: "Não permita Deus que morra sem que volte para lá"

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Pulicado em: 18/12/2.023

Quando a alma desperta triste

Quando minha alma desperta deveras triste,
Chama para os olhos o coração, para juntos,
Chorarem sua dor, enquanto o coração pulsa
Num triste sussurrar, os olhos se dão ao pranto
A se derramarem por sobre a alma, que se banha
No pranto caudaloso, o de uma límpida fonte
Que como nascente tem o coração, como leito,
Os olhos, como cachoeira o rosto e como delta
A própria alma. Aí então o tempo se faz lento,
Para dar a si mesmo tempo de ficar triste.
Quando realmente minha alma assim desperta,
Sentindo saudades doídas, tanto que apenas
Um chorar não basta, ela mesma se faz dona
Das palavras, toma toda, para si, a poesia,
A estende-la eternamente enquanto durar a dor
Que sente, que lhe machuca, que lhe faz lágrima.
Quase sempre minha alma desperta assim...
Desde muito não lhe vejo um sorrir.

JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem de: 18/12/2.023

domingo, 17 de dezembro de 2023

O canto da primavera

Ouço a canção colorida que a primavera canta
Como fosse uma doce e silenciosa oração rezada
Pela alma das flores... as flores também choram
As vezes, quando muito tristes, murmuram cansadas

Cantos tristes que não são ouvidos pelos pecadores.
As canções que a primavera canta são inocentes,
Ternas como crianças cantando uma canção divina
Ou de anjos querendo alegrar corações carentes

Como é bela a primavera!! E um tanto misteriosa!
Pintadas por anjos, se fazem mágicas aquarelas
Com corres que só e mesmo eles saberiam pintar
E só eles, com a alma das flores, sabem cantar

As flores, na primavera, cantam, riem, choram.
Falam de amor, sem palavras, só com o perfume
Declamam versos sem se preocuparem com rimas
Mostram seu momento, de alegria ou de queixume

As flores ensinam calar, ouvir, sentir, até a viver
Tão gentis, tão dadivosas a se darem ao amar!
Se entregam toda e plena sem se importarem a quem
Até faz se sentir forte a quem se acha um ninguém

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 48
Patrono: Antero de Quental
17/12/2.023

sábado, 16 de dezembro de 2023

Feliz Natal

AMCL - Academia Mundial de Cultura e Literatura
Evento temático; Sonho de Natal
Autor: JJ. Cruz
15/12/2.023
 
Por favor... tenham um FELIZ NATAL

Sonhos de Natal? Como serão esses sonhos?
Como cada um sonhará seus sonhos de Natal?
Tomara sejam coloridos, cheios de divina luz
Que o mundo se enfeite com as coisas de Jesus.

Que o Natal se faça uma festa, cheia de amor
Que cada um busque sua criança dentro de si
E saiba sorrir, brincar, falar das coisas de Deus
Amar o próximo como se fosse um parente seu

Despir todo e qualquer rancor, deixar-se livre,
Banhar-se na humildade que ELE nos ensinou
Que busquemos dentro de nós, amor e ternura
A mesma ternura que ELE paciente nos deixou

Como queria ver um sorriso alegre em cada rosto!
Desses sorrisos de luz que aos anjos é tão natural
Como se os olhos, traduzindo o que a alma diz
Gritassem: Por favor, tenham um FELIZ NATAL


sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Isso aconteceu ontem

Ontem, por não ter nada para fazer, a não ser sonhar...
Como sempre faço, Sentei na raiz de um flamboyant
Escutando o silêncio como se fosse meu melhor amigo
De repente, chegou um passarinho, não sentiu medo de mim,
Pousou em minha frente e perguntou se poderia cantar...
Cantar um gorjeio. Surpreendi. Como posso entender
Um passarinho!!? Curioso, disse, está bem canta, mas...
Porquê queres cantar esse gorjeio pra mim? É porque...
Fiz as notas musicais desse gorjeio hoje. É diferente
Nunca tinha inventado um gorjeio assim, mas eu fiz.
Será que você pode ouvir esse gorjeio pra mim?
Disse, posso, canta.. mas ele gorjeou tão bonito!!!
Nesse momento, até pensei que passarinhos tivessem alma
E acho que têm, porque ele cantava com a alma
Aquele gorjeio que estava cantando, foi lindo... lindo
Foi o gorjeio mais bonito que já ouvi, foi impressionante.
Ele cantava e eu vi duas pequeninas lágrimas...
Em seus olhinhos tão tristes... então parou de cantar, 
Deu um suspiro... me olhou nos olhos e... perguntou
O que você achou? Sinceramente me emocionei
Quase chorei e disse: é o gorjeio mais bonito que já ouvi
Parece que cantaste sentindo alguma coisa. Ele me disse...
Tu entendes o que é amar, por isso vim cantar pra te
Esse gorjeio é um gorjeio triste, por uma saudade
Que nunca mais vou deixar de sentir, disse entre soluços
Preguntei o porquê dessa tão doída saudade...
É porque não sei onde encontrar minha companheira,
Alguém muito mau prendeu-a num laço, pôs na gaiola
E levou-a embora, por isso eu choro, choro por nós dois,
Depois, voou para um galho do pé de flamboyant
E ficou chorando no seu gorjeio

JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 25
Patrono: Antero de Quental
08/12/2.03

Quem me dera... fosse tão poeta!

 Eu!! Quem me dera ... fosse tão poeta! 
Sou só um sonhador que sonha um dia
Escrever versos com a rima mais correta
E iluminar o mudo com a  minha poesia

Entrar, docemente, no mais duro coração
Brincar de ser simples criança traquina
Brincar de roda, inventando uma oração
Com o cantar da fonte de água cristalina

Eu!! Quem me dera... fosse tão poeta!!
Fazer da poesia um eterno ponto de luz
Com se do infinito fosse uma porta aberta

Sonho, sentado no tempo ou... na calçada
Quanto mais sonho... e mais alto eles vão
São só sonhos, apenas sonhos e mais nada!!

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira.  25
Patrono: Antero de Quental
08/12/2.023

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Aprenda viver... desde cedo.

 Ontem, lembro bem, era um jovem que brincava, sorria
Corria entre verdades, ironizava o mundo, ria dos amanhãs 
Deixava coisas para depois, como fosse o dono do tempo, 
Assim queria e fazia de meu todo e qualquer  momento

Não tinha tempo de ficar admirando flores, nem jardins,
Eram tão comuns, sempre existiriam em qualquer lugar
Mas meu rosto!! Esse era belo, sem marcas, esse era eu
A enfeitar um mundo, que jurava, ser todo e apenas meu

Mas o tempo! Passa lento, sem alarde e sem fazer festa
Quando, de repente me vi, meu rosto já não era o mesmo
Nem meu sorriso, nem meu olhar... aqueles sulcos na testa!!
Me faziam crer que tudo que agora fizesse fosse a esmo

Não me permitem mais ironizar o mundo nem os amanhãs
A vida agora me apressa a fazer,  a correr como o vento
E ainda assim, me pergunto... será que ainda dá tempo?
Correr entre as horas, buscar sorrisos, são tentativas vãs.

Procuro jardins, procuro flores que  possam alegrar a alma
Quando encontro, me sento cabisbaixo, com algum remorso
E, de dentro de mim, vem chorosa, como fosse um queixume
Uma voz: Não aprendeste nem sentir, das flores, o perfume!!!

E continua, que fizeste da vida? Onde estão teus momentos?
Onde está tua pressa, onde estão os afagos que não destes?
Onde está teu rosto que vaidosamente fazias a principal cena?
Agora, sem saber a beleza de viver, tua vaidade... valeu a pena?

JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 25
Patrono; Antero de Quental
05/12/2.023

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Minha alma e eu

Por vezes, minha alma em desespero grita dentro de mim,
Gritos eloquentes trazidos por um pensamento silencioso
Que chega sutil, contando, como fosse segredo o que ela diz,
Ouço calado, nada digo, mesmo o coração pulsando ansioso

As vezes me manda sentir a saudade que ela gosta de sentir,
Se for uma saudade triste, já manda para os olhos, o pranto
Mas nem sempre é assim, existem algumas saudades alegres
Se são essas, dá luz ao olhar e o faz de verdadeiro encanto

Mas nem sempre é assim, ela também chora nossas dores
Tem suas próprias lágrimas, até mais tristes que as minhas
Assim choramos juntos, eu nos versos e ela nas entrelinhas

Juntos, fazemos nossas poesias, ela dita os versos, as rimas
Traz saudades, tristezas, traz até momentos por nós vividos
Aí nos fazemos apenas um, sentindo os mesmos sentidos

Autor: JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
28/11/2.023 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Salteando as linhas vejo a razão

 Mais que um simples dizer... ou um simples ser,
Salteando os versos para ver nas entrelinhas
Essa tanta forma de se fazer viva no sentimento.
Nunca se sabe o que somos e ao que aqui viemos
Raro quem saiba e se entregue ao que veio,
Assim se faz a vida, o viver, o ser, o existir.
Como se pode ver em nós o que realmente somos? 
Talvez, aos outros, seja dada a permissão de ver...
E sentir, nos dias, nos anos, aquilo que somos
Nas coisas que não são vistas, são apenas sentidas
Dar-se ao mundo é fácil, mas quem sabe a razão do estar?
Quem sabe dos sentimentos, da maneira de servir?
Esta é a pergunta que não se sabe como responder
Os humanos! Nós que vaidosamente nos achamos tanto
Será que sabemos ver o que os outros vêm em nós.

Academia Mundial de Cultura e Literatura
Acadêmico: JJ Cruz
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
27/11/2.023


sábado, 25 de novembro de 2023

Amar... do começo ao fim da poesia

 Assim é viver, mesmo entre os  sorrisos e as lágrimas
Melodia que chega na alma sem precisar de orquestra,
A musica é o pulsar do coração embalado, embevecido
Rindo do tanto prazer de gritar te amo... e ser ouvido

Ah! Quanto tempo dura um sentimento vindo da alma?
Marcando o tempo, conferindo os dias, sem saber contar,
Apenas lembrando os ontens, vivendo o hoje sem temor
Revendo o amanhã sabendo que será um outro belo sonhar

A vida!! Que seria se não houvessem sorrisos e prantos?
Mostrando que viver é arte, que chorar tem seus encantos
Ao se ver que as lágrimas nem sempre são assim tão tristes
Rolando pela face algumas até mostram que alegria existe

Nada fala melhor de prantos e saudade que uma doce poesiA
Quando, na alma, um sentimento lhe toma, todos se calaM
Parece um anjo divino, com doce voz, que ao mundo cantA
A poesia, como se fosse um gorjeio conjugando o verbo amaR

JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
25/10/2.023

A poesia, o amar e o (re)começar

Busco poesias lá dentro da alma... de dentro de mim
Como fossem pedaços de mim, do tempo e de vida.
Nelas, trago saudades que senti, prantos que já chorei
Tristezas antigas quase esquecidas mas ainda sentidas

A poesia é como um farol, ilumina desde o passado
Vai no mais íntimo e encontra o que se havia guardado,
Busca os segredos, desses que não se quer revelados
Daqueles que, por medo, não se deixa serem sonhados

A poesia é a verdade do poeta, até quando é fingida
Quando chora as lágrimas por tantas tristezas vividas,
E vão em busca de beleza, até dos olhos em prantos
E diz que a alma chorando é o mais belo dos encantos

Se entrega toda nos versos até em rimas desencontradas
Rima tristezas e cantos com ladainhas nunca antes rezadas
Rima em estrofes incompletas até nomes já esquecidos
Diz que a rima não é nos versos mas naquilo que é sentido

Ainda se faz toda rogada, no escrever, nas entrelinhas
Mistérios que só ela sabe, só ela sabe dizer ao certo
Assim escreve-se, a si mesma, num perfeito alinhavar
Rindo diz  que a beleza da vida é sempre (re)começar.

J J Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
22/11/2.023

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Minhas amantes... as estrelas.

 A mim não importa o movimento das estrelas,
Me basta apenas vê-las... aquele brilho tênue
Como fossem vagalumes enfeitando o céu!
O cintilar de prata, como me emociona vê-las!!

Com elas conversando comigo, invento sonhos,
Histórias, ladainhas, traço rotas entre todas elas
Só não consigo conversar com a estrela cadente
Passa rápido, tal como um flecha incandescente

Ah! As estrelas!! me levam a devaneios distantes!!
Trazem saudades, por vezes... vindas com prantos
Outras vezes lembram algumas promessas perdidas
As vezes vêm num raio de luar despertando encantos!

As estrelas, são minhas mais confiantes confidentes
Passam noites em claro a me ouvirem, sempre caladas,
Choram comigo, escondem as lágrimas entre as nuvens
Se o pranto é como o meu, fingem que estão apagadas

Somos tão íntimos! Elas me chamam pelo meu nome,
Tentei dar nome a cada uma delas, mas disseram não,
Até a Estrela D'alva... aquela de todas as madrugadas
Disseram: somos tuas amantes, vivemos em teu coração.

Acadêmico: JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
16/11/2.023

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Quando a saudade te traz

 Quantas vezes me veio o pranto por apenas pensar em ti!
As lágrimas se faziam, cada uma, uma letra do teu nome
E traçavam caminhos em meu rosto como fossem tatuagens
Desenhadas até na alma contando histórias do que já vivi

O peito arfando como se o coração quisesse gritar cantigas
Que falassem o que sentia por apenas sentir tua saudade
E assim, lágrimas, prantos e lembranças se faziam vivas
Como se desde muito, desde sempre fossem tão amigas

As recordações traziam emoções e os lábios... tremiam 
Só sabiam sussurrar teu nome como se reza uma oração
E os olhos, perdido no nada, confusos, choravam e riam

No conflito de contraste tão absurdo diziam suas verdades,
Choravam pela tristeza da carência, da falta que você faz
E sorriam por te verem viva...  quando a saudade te traz

Acadêmico: JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
15/11/2.023

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Como entender a poesia!!!?

 Essas poesias!! As vezes me pegam de surpresa!
Chegam sem dizer nada, se fazem até sem razão
Então corro desesperado, buscando lápis e papel
Aí lhes escrevo até em papel de embrulhar pão

E elas ... tão humildes... não se fazem de rogadas
Se deitam confortáveis como se deitadas em seda
Se criam em rimas como se vindas do coração
Se fazem belas, inocentes como fossem uma oração

Contam das lágrimas, sorrisos, de infindas saudades,
Contam tristezas, de prantos que até caducos ficaram
E ainda hoje, pensam que são de ontem, e a poesia...
Diz, carinhosa, que a alma e os olhos já os choraram

Um dia chegou uma... ofegante querendo ser escrita
Atropelava as palavras, gritava, engasgava os versos
E eu sem lápis, sem papel, nem mesmo onde sentar
Tomei um ramo, escrevi no chão e ela se pôs a cantar!

Não entendo as poesias... são tão doces, tão lindas
Mas não querem saber onde serão escritas, apenas vêm
Contando sonhos, histórias não acontecidas, fingidas
As vezes até contam prantos nunca chorados por ninguém.

Autor: JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental.
Postagem oficial: 17/12/2.023

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Meus anjos poetas!!

 Quantas poesias ainda posso escrever? Não sei!
Não sei como estão meus anjos poetas no espaço
Se ainda me querem como alma cativa a servir-lhes
Se ainda me ditarão saudades para eu fazer o que faço.

Meus anjos poetas, em versos, me contam histórias
Brincam com o tempo pintam poesia em versos rimados
Algumas vezes, não sei porque, deixam versos incompletos
E se vão sem dizer nada com os versos todos inacabados

Meu anjos poetas, soltos no espaço, contam coisas de amor
Falam de saudades, até as mais distantes, como se de ontem
Falam de risos, de prantos, de alegria, falam até de tristezas
Fazendo de tudo uma verdade, dita com muita certeza

Não sei mais quantas poesias, não sei mais quanto pranto,
Não sei qual será o tema, a rima, não sei mais o que faço
Mas estão por aí passeando no tempo até inventando amores
Outras histórias. Ah! Meus anjos poetas soltos aí no espaço!!!

Autor: JJ Cruz
Academia: ACML
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental.

Choro, igual a minha, a dor dos outros

Que egoísta seria e nunca, eu juro, me perdoaria 
Fazer meus olhos chorarem apenas as minhas dores,
Chorarem saudades com se só eu as pudesse sentir
Clamar perdão como se só eu merecesse tais favores

Choro, como se fossem minhas, também dores alheias
Invento orações e rezas por dores que não são minhas
Até me faço provedor de lágrimas, empresto os olhos
Fabrico prantos como se o olhar rezasse uma ladainha

Por vezes pensam ser meu o sofrido pranto que choro
Não é fingir, as vezes quem sente a dor não sabe chorar
Soluça um pranto preso  na garganta, sufoca a alma
Então empresto minhas lágrimas apenas para ajudar

Minha alma, à dor dos outros, nunca foi indiferente
Até me impõe que os olhos estejam sempre despertos
Para que tenha prantos até para dores que não sente
Meu pranto, para minha ou dor outros não é diferente

Acadêmico: JJ. CRUZ
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Publicação oficial: 09/10/2.023

 

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Um poema a moda antiga! Antiga!!!!!!

 Ah! O poema!! Quem disse que o poema tem que ter  rima!?
Quem disse que tem que ser medido, nem curto nem comprido?
Para o poema basta ser escrito,  nem pede para ser entendidos
Os poemas saídos do coração, todos eles têm um sentido

O poema, vestido a rigor??! Coitado o poema nem tem roupa!
Tão inocente que nasce nu,,. quem o veste é quem o lê...
E quem os lê? Ah! Quem os lê? São aqueles que têm alma
Que vestem o poema à sua vontade e na sua inocência, crê

O poema pode tudo, tão inocente! Pode até mentir sem pecar
Contar histórias histórias alheias, sem se preocupar em negar
Pode fingir, chorando prantos alheios e dizendo que são seus
Pode dar gargalhadas homéricas quando sua vontade é chorar.

AH! O  poema! Ousado, desobediente e até mesmo indiscreto.
Conta segredos e prantos que não eram para ser mostrados,
Por vezes toma seu próprio rumo, desobedecendo ao poeta
Mas sempre elegante, alma e palavras em harmonia completa

Não se envergonha de ser tão promíscuo, embora  inocente,
Escrito por uma alma, vai ao tempo e se entrega todo e pleno,
É de cada um que dele gostar, não é soberbo, se faz de todos
E como oração a ser rezada, alegra até ao coração mais carente

Acadêmico: JJ Cruz
Cadeira:  28
Patrono: Antero de Quental

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

No meio da multidão


Nas ruas, ando procurando respostas nos olhos da multidão
Mas o que vejo são olhos vazios, perdidos em torpe silêncio.
Calados, como se não soubessem mais falar com seu brilho
Tristes, sem mais saberem falar o que diz a alma ou o coração.

Olhares cansados, olhando só até ali... onde alcança a solidão
Talvez um dia apenas se estivesse só no vazio do deserto
Hoje, é triste, faz que se esteja só também no meio da multidão
Como se o mundo fosse um espaço bêbado... sem rumo certo

Os sorrisos, que pena, não se fazem  mais sorrisos verdadeiros
São fingidas caricaturas de rostos que nem sabem mais sorrir
São sem cor, sem alma, parecem um modelo de copiado fingir

A solidão se fez como um cárcere e dentro dela pôs a multidão
Que em uma mentirosa alegria alegre vai tropeçando no vazio
E se criando mais como se solidão e tristeza estivessem no cio

Acadêmico: JJ Cruz
Patrono: Antero de Quental
Cadeira: 28
Data oficial: 03/11/2.023

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Lágrimas e prantos para contar a mesma história!

A mim dizes: ama-me como nunca a ninguém  amaste
E soluças como se teu pranto fosse tua testemunha!
Porque não te dás ao prazer de entrar na minha alma?
E ver, quanto por ti chorou e submissa a te se punha!

Porque a mim, nunca me viste por dentro desses olhos?
Que gritavam em fervoroso silêncio uma migalha de ti
Porque nunca, através deles, viste a alma aflita a pedir
Sutil, que fosse, um beijo na fronte a faze-la sorrir?

Agora, em prantos te pões a retrucar  o que já nem sei
Se à tua disposição todos meus sentimentos tu os tinha
Lembras quando te dizia: olha-me nos olhos para ver-me
Ouvias em pulsar alegre meu coração ao pensar-te minha!

Agora, apenas lágrimas não contam o que a história diz
Nem tão pouco o pranto se presta a mostrar toda verdade
Que os dois se façam únicos, se misturem entre os olhos
E chorem essa dor porque será doída esta tanta saudade.

José João
Membro a AMCL
Cadeira 28
Patrono  Antero de Quental
01/11/2.023


sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Com cada um dos olhos, uma saudade vou chorar

Essas minhas poesias!!! Como elas sabem fingir!!!
Choram dores que a alma nem sente!! Mas choram.
Choram com prantos que nem deviam ser chorados
Choram de momentos que nem deviam ser lembrados

Minhas poesias! choram sempre e choram por tudo
Se alguém lhes conta uma saudade qualquer, choram!
As vezes choram gritando como se o mundo fosse surdo
Mas as minhas elas choram sem voz, num cantar mudo

As vezes não estou alegre, nem triste, apenas sonhando
Buscando histórias que, na verdade, nem são minhas
Talvez até sejam, mas verdades de a muito esquecidas
E lá vem a poesia, ávida, alinhavando histórias parecidas 

Até já acostumei, se não é minha é a história de alguém
Por serem tão piedosas, são meus olhos, coitados, a pagar
Um dia tinha minha saudade e ela com outra me chegou
Aí tive que, com cada um dos olhos, uma saudade chorar

José João
27/10/2.023

Como fazer poesia hoje com a dor de ontem?

 Ontem, deixei uma poesia pendurada na madrugada
Está bem, estava incompleta, mas tinha versos acabados,
Não lembro de todos agora, mas tinha alguns completos
Cheios de mim, de histórias minhas e até mesmo rimados.

Pensei... com o despertar das flores e gorjeio dos pássaros,
Com o volteio da brisa leve, levando o perfume do jardim
Vai ser fácil terminar a poesia, o encanto do nascer do dia!
Fui buscar a poesia na madrugada e... não foi bem assim

Algumas palavras tinham perdido o sentido, e as rimas!!?
Algumas se perdiam, incoerentes, no meio dos versos
Me perdi e até perguntei, mas não são palavras minhas?!

Me pus a pensar!!. A me perguntar o que teria acontecido?!
O que aconteceu na madrugada que a poesia se perdeu!?
Aí percebi, fazer poesia com a dor de ontem não faz sentido

José João
27/10/2.023

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

O quadro que a insônia pintou

 Há momentos em que nem sei de mim mesmo,
Mergulho no tempo me procurando, me buscando
Em momentos que nem lembrava mais, perdidos
Em que até a saudade se fizeram prantos vencidos

As vezes me chegam acenos apagados na memória
Como fossem sombras de adeus que foram ditos
Detalhes que nem sei porque ainda são lembrados
Até parece que no tempo tenham sido costurados

As vezes me perco dentro das tardes silenciosas
Ouvindo o sol murmurando lá longe, no horizonte
Fazendo um caminho dourado sobre a água mansa
E a alma produzindo prantos como fosse uma fonte

Outras vezes no alvor do dia, quando a noite se vai
E uma sinfonia desencontrada de pássaros e brisa
Se juntam numa doce, bela e incoerente harmonia 
Como se quisessem fazer da alma um poço de alegria

Mas que noite! A insônia se fazia uma poesia viva
Como fosse um parêntese cheio de todas as tristezas,
A solidão se fazia moldura de um quadro sem idade,
Antigo e, na tela, pintadas as mais doídas saudades.

José João
25/10/2.023

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Meus poemas!!!

Meus poemas!! Saem voando de não-sei-onde,
Passam voando por não-sei-onde e chegam em mim
Invadem a alma com seus versos quase prontos
Se fazem histórias quase sempre contadas em prantos

As vezes, cansados, cavalgam estrelas cadentes
Para cruzarem a noite lendo pedidos de corações
Desses, que perdidos na solidão ou nas tristezas,
Vão, como se fugidos, rezando inventadas orações

Meus poemas também voam na estrada do tempo,
Alguns contando saudades do que há muito já passou
Outros, chorando tristes a falta do que nunca vivi

Quando falam em lágrimas gritam com os olhos
Quando se fazem sorriso, realçam a beleza do olhar
Mas sempre verdadeiros, contam o que sinto ou senti

José João
23/10/2.023

Nunca deixei de sonhar.

De  longe, de muito longe vieram meus sonhos,
De perdidos enredos e eu sempre sonhando mais
De muitas verdades ou mesmo de histórias fingidas
Mas sempre sonhei, afinal, sonhar nunca é demais

Se eu me soubesse assim... fabricante de sonhos
Que só agora percebi... teria inventado encantos,
Sonhos coloridos em aquarela, repletos de mim
Em que até o pranto seria alegre, colorido assim

Sonhar como se fosse viver sem nenhum temor
Que o único medo fosse não ter mais o que sonhar
E assim já não ter mais da vida nada o que contar

Agora já não sei mais como colorir meus sonhos
Não são mais da cor do sol pintando o amanhecer
Mas nunca deixei de sonhar... é o mesmo que viver

José João
23/10/2.023

Enganei a alma e o pranto.

Vou por aí, sem rumo, buscando histórias que nunca vivi,
Ou procurando encontrar lágrimas de quem já chorou
Para escrever poemas de dores fingidas que só  eu senti
Ou prantos de dores verdadeira que até hoje não esqueci?

Vou por aí, de sonho em sonho  buscando o que perdi
Pensamentos malucos quase caducos mas que eu vivi
Me ponho a correr nos tantos caminhos que a vida me dá
Lembrando momentos que nem vivi, só fiz mesmo sonhar

Mas, que importa agora, momentos que ficaram no tempo?
Que importa buscar lágrimas antigas talvez até fingidas?!
Fingidas. Assim engano a alma e as dores ficam menos doídas.

Por isso falo baixinho, vai que a alma escute que a enganei!
Todo esse tempo escondendo tristezas que jurava não existir ...
E revoltada, se ponha a cobrar de mim tudo que não chorei!

José João
23/10/2.023

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Para meu "amigo invisível", esse que só sei sentir

 Deus!! Nem sei se mereço que me ouças... mas...
Não posso calar, embora chorando, grito bem alto,
Te clamo! Ouve minha voz no pedido que te faço
Sei que estás vivo, ocupando todo e qualquer espaço

Senhor, estão indo ao teu encontro, como  disseste,
"Deixai vir a mim as criancinhas" e elas estão indo
Não como gostarias de recebê-las, disso sei bem
Mas os homens, Deus, só dão aquilo que eles têm

Estão te mandando, sem nenhum pudor, crianças...
Coitadas, mortas cruelmente, cortaram-lhes as cabeças
Sim, Deus, é monstruoso, foram, senhor, decapitadas
Bebês que tiveram suas vidas impiedosamente ceifadas.

Tantos a toas homens, desses que se dizem ser gente
Que negam tua existência, ironizam teus ensinamentos
Que sarcásticos, te chamam de "o amiguinho invisível"
São esses, senhor, que frios, perderam seus sentimentos

Com certeza, Senhor, podes dar outros faces aos bebês
Faze-os, desculpa a ousadia, tua imagem e semelhança
Dá a cada um deles um sorriso divino, um teu sorriso
Deixa-os ao teu lado, a sorrirem, brincarem como crianças

Ah! Deus, aproveito e peço que me dês força para falar
Coragem para gritar as atrocidades que aqui acontecem
Fé e força para gritar, louvar o teu nome onde eu estiver,
Sapiência  para falar dos teus ensinamentos a quem quiser

Bem, Deus! É isso, e muito obrigado por ainda me dar voz...
Obrigado por me permitir que ainda possa me revoltar,
Quem dera, Senhor, fosse mais forte e me fizesse ouvir!
Gritaria ao mundo, cuidem-se, vigiem, ELE vai voltar.

José João
11/10/2.023

terça-feira, 10 de outubro de 2023

A perfeição... quase existe

 As vezes me surpreendo perguntando o que é a perfeição.
Seria uma beleza verdadeira? Única? Viva no universo?
Um inquestionável encanto que não se pode contestar?
Dizem que a perfeição inexiste, mas nela se pode pensar.

Deve existir na criação divina, afinal, Deus não pode errar.
O perfume dos lírios, seu alvor etéreo alegrando a alma!
As orquídeas!! Majestosas! Fontes de desejos e sedução,
Será que não são perfeitas mostras do que é a perfeição?

Deus não pode errar, é perfeita a plenitude de sua criação
É como se tivesse criado a beleza sem um errinho sequer
Tanto que permite... a vida ser oferecida por uma mulher

Deus não erra nunca! Mas isso não impede que se pergunte
E pergunto, de forma ingênua ou como se louco eu fosse
Porque salgou a lágrima da mulher? Não era para ser doce?

José João
16/10/2.023

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Esperem... Deus está vendo.


               Os jardins estão sendo sufocados, flores morrendo
Até o arco-íris não enfeita mais o céu, se esconde
Os pássaros, parecem mais tristes, quase não cantam
Quase escondem o sol e ninguém a isso responde

Desde muito as primaveras não pintam mais as flores,
Ficaram tristes, com flores sem brilho, sem alegria
O por do sol se perde em cinzas que voam soltas
A brisa não volteia mais alegre, parece levando dores

Os homens nem percebem, tão ocupados que estão
Até a poesia se perde em corações vazios, frios, duros
Como se fosse agora apenas palavras soltas e sem alma
Os gritos se fazem ouvir, até o tempo perdeu a calma

Se veste de furacões, desses que sem pena vão indo
Amassando os lírios, as violetas, orquídeas e  jasmins
O mar se enfurece, como se precisasse lavar o mundo
E furioso vai, não respeita mais nem os pobres jardins

E os homens, alheios a tudo, só não às suas vontades
Vão enfurecendo mais e mais a natureza que se cala
Não por medo, apenas espera que o homem se faça gente
Que desperte, olhe o mundo, e não seja tão demente

Mas o homem!! Esse não se importa, é muita ambição
Alguns até com a pretensão de serem maior que Deus
Tão pretensiosos que ousam querer ditar os amanhãs
Como se os dias fossem meros brinquedos, todos seus

Pobres e à toas homens perdidos em suas toscas vaidades,
Inquilinos de um grão de areia que voa solto no espaço
E gritam que o universo é só deles, que está em suas mãos
Quando a ira de Deus lhes tomar a alma, nem areia serão.

José João
03/10/2.023

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

... no silêncio da noite...

Minha voz se cala por tristeza e, mudo, me ponho a pensar
Em um poema que, sob a luz da lua, eu pudesse declamar
Que falasse de amor, de saudade,  dessas que até a alma grita
Mas  a voz se perde como se o silêncio por mim quisesse falar

Sento no chão, olhar perdido no tempo, o cheiro doce da brisa
Uma lembrança adormecida desperta e traz consigo o pranto
Fico ouvindo, no silêncio da noite, o coração chorando triste
Como se estivesse cantando uma canção que nem sei se existe

As estrelas, brilhando, como fossem pequenas contas de prata,
Paradas na noite, parecem pedras soltas de um rosário infinito
A não ser uma, que louca, se vai como se voar fosse seu grito

Pirilampos, parecendo lágrimas douradas choradas pela noite,
Em algazarra de luz, se faziam pequenas estrelas reluzentes,
Então horei, com os olhos, com a alma, as dores pendentes

José João
02/10/2.023

sábado, 30 de setembro de 2023

Apenas finjo ouvir o que a tristeza diz.

Aprendi a ri-me da tristeza, embora possa senti-la,
Riso discreto para que ela sempre me venha assim,
Toda convencida que a alma se encharcará de pranto
E os  olhos... parecerão tristes sem nenhum encanto

Ela, as vezes, vem sutil por entre as angustias que ficam,
Se esconde entre vazios de solidão e por vezes até grita
Tentando que a alma, ao ouvi-la, se derrame em lágrimas,
Se perca dentro do nada, como se estivesse louca ou aflita

Mas eu... deixo os olhos vadiarem alegres no horizonte
Que se percam na beleza que o próprio tempo aplaude
Quando vem, cheia de detalhes, a mais terna saudade

Eu... rio-me quando a tristeza chega com estardalhaço,
Gritando que eu chore, fala até de coisas que nunca fiz
E eu, rindo por dentro, apenas finjo ouvir o que ela me diz

José João
30/09/2.023

terça-feira, 26 de setembro de 2023

A vida em bordados

 Aprendi a dizer com os olhos o que não sei falar
Faço do pranto, palavras a serem gritadas no olhar,
Nas rugas do rosto, mostro as histórias que já vivi
E no silêncio, me entrego todo a apenas me ouvir

Me conto histórias que o  tempo permitiu ficar,
Detalhes de momentos que se fizeram de saudades
Palavras que a voz disse em quase mudos sussurros
Como se dizer o que sente a alma não fosse verdade

Assim me entrego ao tempo e vou costurando versos,
Alinhavando pedaços de mim em poesias incompletas
Cerzindo partes da solidão em fragmentos de tristezas
Tentando de pedaço em pedaço fazer a vida completa

Vou buscando entre os soluços antigos, suas histórias
Assim vou lembrar por quais delas fui obrigado chorar
Se ficaram perdidas no tempo ou apenas esquecidas 
Para que, nas poesias, eu possa pedaços de vida, bordar

José João
26/09/2.023

sábado, 23 de setembro de 2023

Silêncio é: ouvir o que a voz não diz

 Como falar dos meus silêncios sem usar palavras?
De que silêncio falaria se as palavras não dissessem?
Com o silêncio as poesias seriam mudas, sem sentido
E não contaria ao mundo esse tanto silêncio incontido

Mas o que é mesmo o silêncio? Difícil saber dizer,
As vezes ele grita , estridente, bem dentro da gente
As vezes não se escuta o que a voz, lá de fora, diz
Outras, brinca de escrever na alma a palavra carente

Dizem que as vezes o silêncio é solidão, será mesmo?
Ou o silêncio é um querer dizer o que não se sabe falar?
Ou um falar silencioso da gente com a gente a conversar?

Quantas vezes escutamos o que não falamos! Silêncio...
Outras vezes é  um falar mudo como fosse uma procura!
Eu... eu escuto meu grito no silêncio... será que é loucura?

José João
23/09/2.023