sábado, 30 de dezembro de 2023

Coisas que o tempo faz

Para sempre, foi o que disseram teus olhos
Brilhantes e meigos como raios de luar
Pareciam gritar alegres como em festa
A me fazer crer que tudo isso era amar

Passa o tempo e tudo parece tão diferente,
A voz emudece num inaudível murmurar
Os olhos, cabisbaixos, já não sabem brilhar
E um silêncio triste faz até a alma calar

A beleza do olhar em festa perdeu a alegria
Taciturno, agora se faz sem cor, sem brilho
A lacrimar um pranto tão doloroso quanto frio

Já vêm vindo, caminhando entre as horas,
De braços dados, a solidão e a saudade
Rindo da dor sem mostrar qualquer piedade

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 30/12/2.023

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Prateando o pranto

 As vezes me procuro onde nem sei se estou
Vou lá dentro de onde estive um dia... distante
Me encontro dentro de uma saudade dolorida,
Que sufoca e veste a alma num frio cortante

Vou lentamente por entre os momentos vividos
Buscando sorrisos que um dia o tempo deixou
Não os encontro, se perderam, foram esquecidos
Só ficaram sinais que a tristeza no rosto marcou

Não existem mais aquelas saudades tão risonhas
Que se desenhavam nos olhos com doce encanto
E iam, com o olhar, vagando por sobre o tempo
Mesmo que os olhos se prateassem com o pranto

Não caminhei como devia, entre o vagar e a pressa
Fui, com a vontade de apenas querer ir, querer chegar
Os passos rápidos não deixaram marcas fortes no chão
Aí não encontrei mais os rastros da ida para poder voltar

Por isso, hoje, dentro de mm, os sonhos se fazem festa,
É só o que tenho, sonhos que nem sei se ainda vou sonhar,
Existem, não sei se vou sonha-los dormindo ou acordado
Não sei se trarão saudades ardentes para aos olhos pratear

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 25/12/2.023

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Uma gota de orvalho ou... de poesia?


As vezes vou buscar no tempo palavras soltas,
Buscar no gorjeio dos pássaros algumas rimas...
Quase sempre, da alma, vou buscar lágrimas
Que me chegam como verdadeiras obras primas

Enfeitando os olhos num brilhar terno, cristalino
Como fossem gostas de orvalho deitadas na flor
A confessar seus pecados num fervoroso pranto
Ou a fazer da pétala um leito a lhe aliviar a dor

Quem sabe seja eu essa frágil gota de orvalho 
Caída da madrugada, vindo num luar prateado
Para chorar com prantos ainda não chorados?

Ou talvez uma pequena gota de poesia perdida
Vinda, de onde não sei, por alguma porta aberta
A me fazer entre prantos e saudades... ser poeta.

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 22/12/2.023

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Tributo ao poeta dos sabiás.

Quando o luar se deita sobre o chão da minha terra
Prateando rios, flores, prateando matas e jardins
Parece um sonho que um anjo, aqui veio desenhar
Pintura especial da natureza que só Deus pode criar

Na minha terra, o luar de prata prateia até a solidão
Se estende pelo campo como se o silêncio fosse canção
Leva o pensamento a inventar histórias não acontecidas
A se buscar na alma, saudades que  nunca foram vividas

O luar na minha terra, a espairecer aquela toda vastidão,
Faz-me lembrar o poeta, ouvindo nas palmeiras o sabiá
Com a alma a implorar, com lágrimas nos olhos tristes
A pedir: "Não permita Deus que morra sem que volte para lá"

Quando a lua, a esgueirar-se, desenhando-se no horizonte
A crescer, iluminando a mata e no prateado a se banhar
Se ouve ao longe, vindo lento, um assobio na voz do vento
Até parece um canto saudando o poeta, um canto do sabiá.

Com o prateado do luar, num céu que tem bem mais estrelas
Elas todas atentas, como se lá ouvissem o clamor do poeta,
A triste súplica para ouvir nas palmeiras o canto do sabiá
Pedia: "Não permita Deus que morra sem que volte para lá"

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Pulicado em: 18/12/2.023

Quando a alma desperta triste

Quando minha alma desperta deveras triste,
Chama para os olhos o coração, para juntos,
Chorarem sua dor, enquanto o coração pulsa
Num triste sussurrar, os olhos se dão ao pranto
A se derramarem por sobre a alma, que se banha
No pranto caudaloso, o de uma límpida fonte
Que como nascente tem o coração, como leito,
Os olhos, como cachoeira o rosto e como delta
A própria alma. Aí então o tempo se faz lento,
Para dar a si mesmo tempo de ficar triste.
Quando realmente minha alma assim desperta,
Sentindo saudades doídas, tanto que apenas
Um chorar não basta, ela mesma se faz dona
Das palavras, toma toda, para si, a poesia,
A estende-la eternamente enquanto durar a dor
Que sente, que lhe machuca, que lhe faz lágrima.
Quase sempre minha alma desperta assim...
Desde muito não lhe vejo um sorrir.

JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem de: 18/12/2.023

domingo, 17 de dezembro de 2023

O canto da primavera

Ouço a canção colorida que a primavera canta
Como fosse uma doce e silenciosa oração rezada
Pela alma das flores... as flores também choram
As vezes, quando muito tristes, murmuram cansadas

Cantos tristes que não são ouvidos pelos pecadores.
As canções que a primavera canta são inocentes,
Ternas como crianças cantando uma canção divina
Ou de anjos querendo alegrar corações carentes

Como é bela a primavera!! E um tanto misteriosa!
Pintadas por anjos, se fazem mágicas aquarelas
Com corres que só e mesmo eles saberiam pintar
E só eles, com a alma das flores, sabem cantar

As flores, na primavera, cantam, riem, choram.
Falam de amor, sem palavras, só com o perfume
Declamam versos sem se preocuparem com rimas
Mostram seu momento, de alegria ou de queixume

As flores ensinam calar, ouvir, sentir, até a viver
Tão gentis, tão dadivosas a se darem ao amar!
Se entregam toda e plena sem se importarem a quem
Até faz se sentir forte a quem se acha um ninguém

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 48
Patrono: Antero de Quental
17/12/2.023

sábado, 16 de dezembro de 2023

Feliz Natal

AMCL - Academia Mundial de Cultura e Literatura
Evento temático; Sonho de Natal
Autor: JJ. Cruz
15/12/2.023
 
Por favor... tenham um FELIZ NATAL

Sonhos de Natal? Como serão esses sonhos?
Como cada um sonhará seus sonhos de Natal?
Tomara sejam coloridos, cheios de divina luz
Que o mundo se enfeite com as coisas de Jesus.

Que o Natal se faça uma festa, cheia de amor
Que cada um busque sua criança dentro de si
E saiba sorrir, brincar, falar das coisas de Deus
Amar o próximo como se fosse um parente seu

Despir todo e qualquer rancor, deixar-se livre,
Banhar-se na humildade que ELE nos ensinou
Que busquemos dentro de nós, amor e ternura
A mesma ternura que ELE paciente nos deixou

Como queria ver um sorriso alegre em cada rosto!
Desses sorrisos de luz que aos anjos é tão natural
Como se os olhos, traduzindo o que a alma diz
Gritassem: Por favor, tenham um FELIZ NATAL


sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Isso aconteceu ontem

Ontem, por não ter nada para fazer, a não ser sonhar...
Como sempre faço, Sentei na raiz de um flamboyant
Escutando o silêncio como se fosse meu melhor amigo
De repente, chegou um passarinho, não sentiu medo de mim,
Pousou em minha frente e perguntou se poderia cantar...
Cantar um gorjeio. Surpreendi. Como posso entender
Um passarinho!!? Curioso, disse, está bem canta, mas...
Porquê queres cantar esse gorjeio pra mim? É porque...
Fiz as notas musicais desse gorjeio hoje. É diferente
Nunca tinha inventado um gorjeio assim, mas eu fiz.
Será que você pode ouvir esse gorjeio pra mim?
Disse, posso, canta.. mas ele gorjeou tão bonito!!!
Nesse momento, até pensei que passarinhos tivessem alma
E acho que têm, porque ele cantava com a alma
Aquele gorjeio que estava cantando, foi lindo... lindo
Foi o gorjeio mais bonito que já ouvi, foi impressionante.
Ele cantava e eu vi duas pequeninas lágrimas...
Em seus olhinhos tão tristes... então parou de cantar, 
Deu um suspiro... me olhou nos olhos e... perguntou
O que você achou? Sinceramente me emocionei
Quase chorei e disse: é o gorjeio mais bonito que já ouvi
Parece que cantaste sentindo alguma coisa. Ele me disse...
Tu entendes o que é amar, por isso vim cantar pra te
Esse gorjeio é um gorjeio triste, por uma saudade
Que nunca mais vou deixar de sentir, disse entre soluços
Preguntei o porquê dessa tão doída saudade...
É porque não sei onde encontrar minha companheira,
Alguém muito mau prendeu-a num laço, pôs na gaiola
E levou-a embora, por isso eu choro, choro por nós dois,
Depois, voou para um galho do pé de flamboyant
E ficou chorando no seu gorjeio

JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 25
Patrono: Antero de Quental
08/12/2.03

Quem me dera... fosse tão poeta!

 Eu!! Quem me dera ... fosse tão poeta! 
Sou só um sonhador que sonha um dia
Escrever versos com a rima mais correta
E iluminar o mudo com a  minha poesia

Entrar, docemente, no mais duro coração
Brincar de ser simples criança traquina
Brincar de roda, inventando uma oração
Com o cantar da fonte de água cristalina

Eu!! Quem me dera... fosse tão poeta!!
Fazer da poesia um eterno ponto de luz
Com se do infinito fosse uma porta aberta

Sonho, sentado no tempo ou... na calçada
Quanto mais sonho... e mais alto eles vão
São só sonhos, apenas sonhos e mais nada!!

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira.  25
Patrono: Antero de Quental
08/12/2.023

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Aprenda viver... desde cedo.

 Ontem, lembro bem, era um jovem que brincava, sorria
Corria entre verdades, ironizava o mundo, ria dos amanhãs 
Deixava coisas para depois, como fosse o dono do tempo, 
Assim queria e fazia de meu todo e qualquer  momento

Não tinha tempo de ficar admirando flores, nem jardins,
Eram tão comuns, sempre existiriam em qualquer lugar
Mas meu rosto!! Esse era belo, sem marcas, esse era eu
A enfeitar um mundo, que jurava, ser todo e apenas meu

Mas o tempo! Passa lento, sem alarde e sem fazer festa
Quando, de repente me vi, meu rosto já não era o mesmo
Nem meu sorriso, nem meu olhar... aqueles sulcos na testa!!
Me faziam crer que tudo que agora fizesse fosse a esmo

Não me permitem mais ironizar o mundo nem os amanhãs
A vida agora me apressa a fazer,  a correr como o vento
E ainda assim, me pergunto... será que ainda dá tempo?
Correr entre as horas, buscar sorrisos, são tentativas vãs.

Procuro jardins, procuro flores que  possam alegrar a alma
Quando encontro, me sento cabisbaixo, com algum remorso
E, de dentro de mim, vem chorosa, como fosse um queixume
Uma voz: Não aprendeste nem sentir, das flores, o perfume!!!

E continua, que fizeste da vida? Onde estão teus momentos?
Onde está tua pressa, onde estão os afagos que não destes?
Onde está teu rosto que vaidosamente fazias a principal cena?
Agora, sem saber a beleza de viver, tua vaidade... valeu a pena?

JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 25
Patrono; Antero de Quental
05/12/2.023