sábado, 19 de outubro de 2024

Ser amado... é apenas um detalhe

 Ah! O amor! Mas o que é mesmo o amor?
Apenas um sentimento? Não seria muito mais?
Não seria entregar-se sem pensar em volta?
Sentir a distância do silêncio e ainda assim amar?
Será que o amor é feito de palavras bonitas,
Dessas que não deixam rastros, se apagam
Por serem apenas palavras, mesmo bonitas? 
Não são orações rezadas e ditas de dentro alma?
A alma quando diz: te amo é uma oração...
Uma oração verdadeira cheia de sentimentos,
Como é complicado falar de amor, desse amor
Em que até as lágrimas desenham no rosto
Uma saudade e chamam, baixinho, um nome,
Um momento, uma história, uma saudade...
Amar!!! É continuar se entregando sempre
Ainda que só mesmo em pensamentos...
Amar é saber que valeu a pena e gritar bem alto
Amei e ainda amo... aí perguntam: e ser amado?
Ser amado?  hahahaha Isso é apenas um detalhe!

José João
19/10/2.024

O sabiá e a voz do pranto

Sabiá que canta triste
Vê se tu tem pena d'eu
Como tu, também sou triste
Mas não tenho esse cantar
Que engana a dor da gente
E fica mais fácil de chorar

Me ensina esse teu canto
Esse tão belo gorjear
Pois que meu canto é mudo
Ninguém a mim pode escutar
Ensina a chorar como tu choras
Pra minha alma eu enganar

Meu canto é mudo, sem harmonia
Não tem nenhuma beleza na voz
Mas sabiá que canta triste...
Não sei se é mesmo um canto,
Mas o que me sai de dentro d'alma
 É meu triste cantar na voz do pranto

José João
19/10/2.024

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

As vezes... nem é solidão

 As vezes não me deixam ouvir minha alma
O silêncio fica distante, espantam o lembrar,
Fazem que os momentos se percam de mim
Espantam até as palavras que custam chegar

Os versos se perdem na dificuldade de sonhar,
De buscar as saudades que ficaram distantes
As vezes não me deixam ouvir minha alma
E as rimas me vêm como se fossem carentes

Se a falta de silêncio emudece o pensamento
Não há como buscar as lembranças passadas
O vazio toma o tempo, deixa as horas paradas

Nem sempre é solidão o silêncio que nos toma
Por vezes... é a própria alma querendo se ouvir
Buscar algum momento que ela gostou de sentir

José João
18/10/2.024

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

... desde que os ontens não existiram mais

Havia uma musica que a brisa cantava se estava triste
Não tinha palavras, apenas o sentido e eu entendia...
Os acordes eram pedaços do tempo, cheios de mim,
Das minhas verdades, saudades, do tudo que sentia

Havia uma estrofe que parecia ser escrita pela solidão
Dizia do silêncio com que a tristeza sempre chegava
Falava da falta de sentido quando a razão se perdia
Dizia do não dizer nada quando a palavra faltava

Havia também um jardim cheio de beijos não dados
De palavras não ditas, de olhares perdidos, de sonhos
Esse jardim só existe agora nos momentos guardados

Havia flor perfumando desde o ontem, até os amanhãs
No hoje eram perfumes vivos, alegres, de flores reais
Agora se foram desde que os ontens não existiram mais

José João
16/10/2.024

Coisas do pôr do sol

 O sol, em confidência para o mar, escrevia em linhas retas,
Com uma tinta prateada, desde o horizonte até a areia,
O mar sussurrando um canto, deixa suas águas bailando
Como se fosse música o que o sol, ao mar, estava falando

O prateado da água mais parecia um caminho, uma estrada
Que juntava passos impossíveis, pensamentos perdidos,
Sonhos que nunca foram sonhados, até vontade de voar
E assim o pensamento, com infinitas asas, ia até além mar

Perdido por tanto espaço, não sabia que saudade buscar
Os olhos, coitados, se perdiam no horizonte do tempo
Sem saber se era hora de lágrimas de risos ou de pranto

Mas sabia que era hora de, entre tantas lembranças, chorar
Mas não com qualquer um chorar, o momento era divino
O pranto, para os olhos, é oração, é o mais sublime canto

José João
16/10/2.024 

O Ipê, o flamboyant e ...

 Queria escrever uma poesia diferente, com gosto de gente
Sentei na raiz de um flamboyant que conversava com o Ipê,
Fiquei ouvindo o que diziam, o flamboyant, todo vermelho,
Dizia para o Ipê amarelo... que bom conversar com você

As pessoas, dizia o flamboyant, são tão vaidosas, convencidas...
É, e não sei porque, disse o pé de Ipê balançado, não têm raiz,
Não são firmes, não se sustentam na menor ventania, coitados!
Continuou o Ipê, e o pior, cada um fala e não sabe o que diz

O pé de flamboyant balançando as folhas, com uma leve brisa,
Disse: não se enfeitam nem sabem o que é viver uma primavera
Não sabem o prazer de enfeitar o mundo com sua própria flor
Sentir a leveza dos pássaros, que deles têm verdadeiro horror

Não sei porque são tão vaidosos, disse o pé de Ipê... são maus,
Prendem pássaros por mero prazer, até se matam a si mesmos
Secam os rios, queimam a nós por apenas estarmos no caminho
Não sabem o que seja uma brisa, essa que só sabe fazer carinho

Balançar nossas folhas para que eles mesmos sintam conforto,
Continuou o pé de Ipê, matam as borboletas, dizem ser coleção
Arrancam as flores e logo as atiram no chão, sem compaixão
Depois, sem pudor, dizem ser nós que não temos coração.

Queria escrever uma poesia diferente, uma com gosto de gente
Dessas  que saem da alma, que gritam hinos, um hino sagrado
Mas calei no meu silêncio ao ouvir os amigos Ipê e Flamboyant
Saí cabisbaixo, que não me vissem, por tão envergonhado

José João
16/10/2.024