domingo, 31 de dezembro de 2017

Como ave de arribação

Não sei onde estou, se perdido dentro de mim,
Ou de uma tristeza que não sei de onde vem,
Ouvindo o silêncio sussurrar uma canção
Que só eu escuto, que só eu sei sentir e chorar.
Deixo o pensamento solto buscar momentos
Que nem lembro mais, buscar sorrisos, palavras
Que esqueci de dizer, e uma ansiedade me toma,
Me faz querer ir, mesmo sem saber pra onde
Pois em qualquer lugar estarei comigo mesmo,
Com a mesma saudade, as mesmas lágrimas,
Os mesmos sonhos caducos, perdidos no tempo.
As lembranças povoam meus pensamentos
Como aves de arribação, voam pra bem longe,
Para além de horizontes desconhecidos e vão
Num triste e cansado valsar, esperando chegar
Em algum lugar onde ser feliz seja possível.

José João
31/12/2.017

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Tua saudade me beija a vida.

As lágrimas sempre calam minha voz
Quando quero gritar teu nome, te chamar no tempo,
Te trazer em sonhos, de dentro da alma, de mim
Para minha saudade, que como vida, se faz tua,
Toda e plena, na existência única de tua presença
Como se o tempo tivesse parado pra nós dois.
Um silêncio santificado toma todo o espaço
Num divino respeito aos nossos sentimentos
Que se eternizaram dentro de mim, ficaram
Como pedaços essenciais da própria vida.
Canto, em silêncio, canções com teu nome,
E sorrisos se espalham entre as lembranças
Que veem com as lágrimas brincando de amar,
Sim, de amar outra vez as mesmas coisas,
Os detalhes, que se fizeram histórias completas,
A rotina dos beijos que ainda dormiam nos lábios
Nas manhãs quando o bom dia se fazia luz.
As lágrimas sempre calam minha voz quando
Tua saudade me beija a vida.


José João
29/12/2.017


quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Assim é mais fácil viver.

... e lá vou eu, indo a lugar nenhum, mas indo...
Levando comigo a saudade que deixaste...
A angustia de tua ausência no vazio de mim...
Levando sonhos mortos que não vale mais
Serem sonhados. Levo poesias que ainda não
Escrevi, algumas inacabadas e nunca mais
Serão poesias completas, só pedaços de mim
Escritos no tempo, que levo cuidadosamente
Como relíquias do que nem a esperança
Me permite mais ser, ou até mesmo sonhar.
E tu, não sei com vais, quais caminhos...
Quais marcas eu tenha deixado, se as deixei.
Em mim ocupas minha alma toda e plena,
Eu em ti, não sei, se me fiz teu vazio, tua falta,
É triste não saber o que se deixou no outro...
Se somos sonhos que ainda querem sonhar,
Se somos um tanto faz, um... já passou...
Por isso me preocupo em apenas amar...
Assim é mais fácil... dizer te amo,
Sem me preocupar que ouças, é melhor,
É viver sem a pretensão de viver.

José João
28/12/2.017

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Minha doce loucura

Que tua saudade seja infinda prece a ser rezada
E cada lágrima, uma pedra do rosário, uma oração,
Me darei todo, a alma ajoelhada a contemplar-te
Como se fosse divina minha loucura de amar-te

Me farei pecado, ser for preciso, para louvar-te,
Rezarei ladainhas que inventei com o teu nome
Até salmos criei, como pecador eu sei que errei
Deus há de perdoar-me sabendo o quanto amei

Me fiz devoto, servo... e só a te hei de entregar
Todos os sonhos, até os que ainda vou sonhar
E se for ainda pouco essa minha tanta devoção
Escrevo teu nome em cada lágrima que chorar

Te levarei carregada no colo do pensamento
Como fosses frágil flor inocente, adormecida
Mas que teu perfume, divino a envolver-me,
Faz que me seja perfumada a própria vida.

José João
25/12/2.017

domingo, 24 de dezembro de 2017

Sempre tenho o que esperar no Natal.

Ah! É Natal! Os corações batem forte, tudo é festa,
Os olhos sorriem, contam as alegrias que a alma sente,
O mundo de cada um se ilumina com sua própria luz,
Os sentimentos pulam, gritam, na algazarra do sentir
A alegria do ser, do amar, do se entregar, de ser Natal.
Alguns se entregam na mais perfeita e alegre solidão,
Aquela que é sentida a dois, entre sorrisos, suspiros
E promessas da eternidade dos momentos vividos.
(A solidão é divinamente bela quando é sentida a dois)
As estrelas fazem festa, a estrela cadente voa livre
Como flecha de luz a perder-se na imaginação 
De cada um. Quem está sozinho, em triste solidão,
Olha para o céu, vê a estrela cadente a ir-se longe,
Não se sabe pra onde, jura que seja um trenó
E chora em pedidos, quer sejam para a estrela
Quer sejam para aquele velhinho que, para alguns,
Só dá mesmo a esperança como presente.
Sento na beira do Natal, olho o céu, olho o tempo
E já espero o outro natal com o mesmo pedido.
Assim, sempre tenho alguma coisa para esperar.

José João
25/12/2.017


sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Vida...é essa saudade de ti.

Quando chegas dentro de mim, meu coração grita,
Pula dentro do peito, alucinado, sorri para o tempo,
Fica criança outra vez. E eu!? Escrevo palavras
Que nem conheço, Escrevo sons que nunca ouvi...
Quando vens, meus olhos brilham e ... então choro,
Mas não é um chorar triste. É para que possa pintar, 
Com lágrimas, as cores que invento para deixar 
Tua saudade alegre, e ela fica risonha cheia de ti,
E, dentro da alma, se aconchega tão carinhosa,
Que sento na beira do tempo passivo para fazê-la
Dormir e nunca mais ir. Ah! Quando me chegas!
Em desespero, correm ao tempo, as tristezas, 
As angustias, até a solidão, parecendo louca,
Corre com os braços levantados, cabelo esvoaçado,
Tropeçando no tempo levando o silêncio nas costas,
Indo pra-não-sei-onde. Como é bom se estás aqui!
Com essa saudade alegre, colorida com cores
Que as lágrimas me permitiram inventar.
Te deixo dentro de mim, nessa tua saudade,
Que bem poderia ser chamada de ... vida.

José João
22/12/2.017

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Soneto de uma noite triste

É noite, os sonhos correm em louca agonia
E escondem-se na sua pecaminosa nudez 
Ela, toda nua, se entrega promiscua ao tempo
Que a faz amante e lhe acaricia passando lento

A solidão, por ciúme ou despeito, quem sabe?
Se prende no nada, sufocando, gritando calada
Que a noite é sua, e se espalha num vasto querer
E estar nessa noite é o mesmo que não viver

A lua, aparvalhada, olhando sem dizer nada
Se põe desenhando imagens no chão da rua
E eu, sentado, grito as dores dessa vida crua

Essa vida em que amar, é não viver, é chorar,
É o mesmo que ir sem ter lugar para chegar
Ou ficar e nunca mais ter pra onde poder voltar

José João
18/12/2.017

domingo, 17 de dezembro de 2017

Hoje

Hoje estou tão triste! Num desses dias
Que se precisa ajoelhar, chorar e falar com Deus.
A dor é tanta e não sei porque, é uma saudade!
De quem não sei, mas é uma saudade tão doída,
Mais que qualquer outra saudade já sentida.
Um nada ser! Um vazio que espanta os sonhos,
Que nem os pensamentos encontram caminhos,
Se perderam como fossem fumaça levada 
Pela brisa e esvaindo-se, sumindo no tempo
Antes de chegar em qualquer lugar. Lamentos,
São os gritos da alma que chora em silêncio.
Hoje é um dos dias que precisava falar com Deus,
Deitar em seu ombro amigo, senti-lo enxugar
Os prantos, contar os pecados que são segredos.
Contar dos adeus que ouvi e até hoje doem,
(E hoje mais que sempre). Ah! Que dia!!
Caminhei comigo mesmo, me dizendo coisas
Que só sei dizer se a solidão estiver comigo,
Inventei cantos, inventei sonhos, inventei beijos,
Inventei até um, eu te amo, sem ter a quem dizer,
Só não conseguir inventar um sorriso...
Pra mentir pra mim mesmo,

José João
17/12/2.017


quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

... te procurando

Sou este que aqui veio apenas te buscar
Corri entre vidas tentando te encontrar
Cruzei estradas entre mares e sozinho
Vim e não te encontro em meu caminho

Caminhei pelo tempo, entre horizontes,
Percorri tardes do tamanho de uma vida,
Cruzei imensos desertos de solidão
Até caminhos que não tinham chão

Percorri rotas por entre estrelas perdidas
Chorava teu nome em versos que fazia
Nas noites tristes, caladas por tão vazias

Sou quem no mundo te busca sem se cansar
Que vai sem medo sonhando te encontrar.
Quem sabe me diga a vida onde tu possas estar!


José João
14/12/2.017

Eu, sem saber de mim.

Já me escrevi como mentiras, como verdades,
Como histórias de dores que senti e chorei,
Já me escrevi em versos de angustias fingidas, 
De sonhos que não sonhei. Já fingi até ser eu mesmo!
Brinquei de sorrir bebendo prantos, gargalhei
Ironizando a tristeza que tanto doía em mim...
Povoei a solidão com imagens que inventei,
Enganei o silêncio fazendo que ele me falasse
Coisas que só a alma podia ouvir, e ele, o silêncio,
Se quebrava em ecos pelo tempo, jurando que era
Minha a voz com que ele contava meus segredos.
Já perfumei versos com o cheiro de lágrimas...
Brinquei de artesão com a saudade e lhe esculpi
Em forma de poesia, sem métrica, sem rimas,
Cheia da inocência transparente dela mesma.
Ah! Já me fiz tanto... que hoje nem sei de mim!
Se sou uma dessas histórias que ninguém acredita,
Se sou uma dessas mentiras verdadeiras, irônicas,
Que a vida insiste em contar pra fazer rir...
Quem me dera eu fosse o sonho de alguém...
Que me busque, quem sabe até em desespero...
E que por mim tenha algum zelo!?

José João
14/12/2.017

domingo, 10 de dezembro de 2017

Somos dois... dentro da mesma solidão.

Não estou mais só, agora somos dois
Dentro da mesma solidão. Eu, entre meus vazios
Te esperando, tu, dentro dos meus sonhos
Que vão te buscar nem sei onde, onde nunca vi
Mas sei que estás. Talvez até penses em mim
Como se eu fosse quem precisas. É a mesma, a solidão
Onde povoamos nossas ilusões, a vontade de nós...
Quem sabe estejas a beira mar! Olhar distante,
Perdido no horizonte tentando me ver chegar!
Eu, aqui também espero, as vezes numa nuvem
Que passa lenta como se olhando pra mim, 
Outras vezes num rastro que o sol deixa
Como estrada por sobre o mar. Por vezes, te juro,
Parece que a brisa passa sussurrando teu nome...
Será que também sentes assim? Essa nossa solidão!!
Cheia de nós dois, de nossos pensamentos...
Sei que estás aí, como sabes que aqui estou...
Assim não estou mais só, agora somos dois...
Dentro da mesma solidão.

José João
10/12/2.017


sábado, 9 de dezembro de 2017

Como te cuido ainda!

Cuido de te, dentro de mim, como se fosses
Minha própria alma, como se fosses a vida que vivo,
Te cuido, dentro da minha saudade, com tanto carinho
Que sempre choro quando vens, quando te sinto
Toda e plena como se fosses a verdade  dos sonhos
Que ainda sonho contigo. Te guardo dentro de mim,
Te faço de minha única e mais perfeita história.
Grito, dentro do meu silêncio, em confissões mudas,
Toda essa minha ânsia de te. essa vontade demente
De ser eternamente teu, sem tempo, sem distâncias,
Sem medo dos amanhãs, pois sempre serás eterna
Em cada um deles, para que sempre sejas mais.
Ontem te rezei orações, hoje te senti na saudade
Para amanhã, te faço desde agora, sonhos perfeitos.
Sempre foi assim e, ainda hoje, nesse vício de ti,
Nunca fui além de ser apenas teu, num entregar-me
Sublime de fazer infinito e eterno esse sentir. Te amar
Agora é tão divino, que percebi...o quão foi pouco 
O que te amei.

José João
09/12/2.017

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Deus, a dor e o poeta

Por mim, meus olhos choram frias lágrimas
E recitam versos que só a dor faz escrever
Calo no silêncio que a solidão em mim produz
E chamo a saudade,  doce amante que me seduz

Escrevo versos que nem sei de onde vêm.
Nos prantos, que a alma chora com meus olhos,
Escondo sorrisos que um dia, juro, já sorri
E nas entrelinhas dos versos conto o que vivi

Chorei dores, tantas, que nem sei como contar
Mil poemas escrevesse seriam poucos pra dizer
Essa angustia tão doída e dores assim tão sentidas,
Chorando orava aos céus em orações não ouvidas

Me sentei ao pé do tempo imaginando o porque,
Porque o amar sem tino traz assim tanto sofrer?
Porque será, Meu Deus? Diz-me a mim, agora peço
Porque disseste um dia que é o amor que faz viver?

Não quero contradizer ao que no mundo ensinaste
Mas me ver assim aos prantos, somente porque amei
Me vem,  e até te peço perdão, pelo que eu falei,
Foram blasfêmias que disse, como orações que rezei.

Mas que queres? Olha-me e à minha pobre alma!
Correndo entre vazios para se esconder da tristeza,
As vezes uma palavra que ela, a alma, pensa ouvir
Fica atenta, muda, imóvel, mas cheia de incertezas

Porque há muito tempo quando sonhos a povoavam
Sonhos coloridos pintados com as cores da natureza
Ela, aos pulos, gritava ao tempo, gritava ao mundo
Sua euforia, sem nunca pensar da vida tanta crueza

Por isso te pergunto, oh Deus! O que a mim fizeste?
- Ora, porque perguntas, filho? Não percebestes ainda?
Te fiz que saibas amar e sofrer, em poesias completas,
Que Deus Eu seria se não deixasse a dor para os poetas?


José João
07/12/2.017

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O silêncio que mais me dói.

Hoje não preciso ouvir nem dizer nada... nada,
Precisava apenas sonhar, mas não tenho mais sonhos,
Meus sonhos se foram por aí perdidos, loucos,
Procurando nem eu sei o quê. Se foram como sonhos
Bêbados, tropeçando no tempo que se arrasta lento
Trazendo coisas que nem lembrava mais, até nomes
Que estavam lá dentro, bem no fundo do esquecimento.
Hoje me sentei na beira do tempo, ouvindo o silêncio
Passar aos berros gritando que ia buscar a solidão,
Sorri um sorriso triste, desses sorrisos que não
Se quer sorrir, mas o que importava? Tanto fazia,
Sorrir, chorar, só não queria ouvir nada, pra quê?
Pra me lembrar que a culpa de estar só, é minha?
Disso eu sei... me fazer sentir remorsos por todos
Os adeus que não devia ter dito? Também sei...
De não ter mandado as cartas que escrevi?
Disso também eu sei. Pra que ouvir outra vez?
Mas de tudo que não queria mesmo ouvir
Era aquele silêncio que até hoje dói mais que todos...
Foi quando minha alma gritava te amo e...
Deixei o silêncio tomar conta de mim...
Foste embora, esse é o silêncio que mais me dói.

José João
05/12/2.017



segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Sem lágrimas também se chora.

As vezes, mesmo sem lágrimas, chorar é preciso,
Quando a alma não aguenta mais tanta dor,
Quando a saudade não supre mais a ausência,
Quando a solidão não permite mais sonhar
E nenhum sonho vem para aliviar a angustia.
Os soluços que se vão ao tempo, levando
Nomes, histórias, brincando de fazer eco
Na tristeza mórbida que toma conta da gente.
Por vezes, os olhos tão secos por tão vazios,
Nem têm mais lágrimas para chorar, perdidos,
Se põem a tentar ver horizontes que nem existem,
Pensamentos chegam avulsos sem nada dizer,
Silenciosos como se pensar fosse pecado.
Dói para sempre um adeus dito em silêncio,
Sem acenos, sem lágrimas pela tanta dor.
Não sei qual de nós partiu ou ficou, só sei
Que o sentir é como se a vida se recusasse
A ser vivida, como se a tristeza fizesse viver
Sem se viver. Nessa horas é preciso chorar...
Mesmo sem lágrimas

José João
04/12/2.017

domingo, 3 de dezembro de 2017

Teu adeus me ensinou amar.

Agora que te perdi tenho todo o tempo do mundo
Para sentir tua saudade, chorar tua ausência...
Me perder em pensamentos vazios, tenho tempo agora,
A solidão me dá todo o tempo do mundo, as horas
Passam lentas, se arrastam com se quisessem
Deixar toda a tristeza aqui comigo, só pra mim.
Agora que te perdi é que te encontro dentro de mim,
Nessa loucura descabida de preencher esse vazio
Com essa tanta e tão doída saudade que deixaste.
Se há de haver eternidade num sentir tão intenso
Que seja a saudade a faze-lo infinito e eterno.
Agora que te perdi, não tenho mais medo de te amar,
Tudo, apesar da dor que sinto, ficou mais simples,
Não tenho mais medo de te perder, posso te amar
Como se minha alma fosse toda e apenas tua...
Só preciso aprender falar  baixinho comigo mesmo, 
Sem que ninguém perceba sem que ninguém escute,
Sem até que eu mesmo me escute... basta apenas
Que sinta... para sempre sem nunca me permitir
Que um dia não seja mais teu. Teu adeus
Me ensinou amar sem o egoísmo dos amantes... 
Amar sem pedir, sem querer nada de volta.

José João
03/12/2.017

sábado, 2 de dezembro de 2017

Meu risonho e fingido sorriso

Num deserto de solidão, cheio de sonhos mortos,
Passo os dias brincando, fingindo de fingir viver.
Reticentes suspiros misturados em tantos prantos
Se fazem orações que só eu e a alma sabemos dizer

Nossos gritos se perdem na imensidão do silêncio
Se calam, emudecem, como se a voz tivesse medo
De contar para o tempo essa dor que a alma sente,
Esse mostrar-se frágil, ausente, triste por tão carente

As vezes penso em fugir, vagar no tempo, apenas ir
Mas comigo irão, e bem sei, angustias e saudades
Porque são elas agora as minhas únicas verdades

Por vezes vem um sorriso e logo os olhos reclamam
Porque ris? Perguntam. Agora também vais cantar?
Deixem-me, diz o sorriso, é só assim que sei chorar


José João
02/12/2.017

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Eu, você e minhas noites

Como as noites ficaram longas, tristes e vazias!
Como as horas se arrastam, quase param, ficam,
Não passam mais, se espreguiçam manhosas
Deitadas dentro da solidão que, em silêncio, faz
A noite muda, cheia de nada, brincando triste
Com os sonhos que a tristeza traz, sem remorso,
Sorrindo até chegar o alvor do dia que quase
Não vem. Me deixo ficar dentro dessa demência...
Fecho os olhos pra te buscar, pra te encontrar
E... te encontro, mesmo dentro da noite,
Em cada horizonte que minha loucura cria,
As vezes te encontro dentro de mim... sorrindo,
Outras, te encontro brincando  com minha alma,
Fazendo uma saudade que não sei dizer...
Só sei sentir e chorar. E quando me vens sutil,
Parecida com pranto, acariciando meu rosto! 
... Me beijando com gosto de lágrimas!
Minhas noites são assim, te trazem nos sonhos
Que nenhum dormir me permite sonhar.

José João
01/12/2.017

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Como se ainda estivesses aqui

Vesti-me com tua saudade e me fiz completo,
Me entreguei a viver apenas por nós dois
Fiz que minha alma aprendesse ser a tua
E tudo fosse sempre sem existir um depois

Fiz da solidão um mundo e nele só cabe nós
Não é esse mundo triste, de solidão vazia
Mas povoado de te... repleto do que fomos
Onde nossas almas se fazem de terna poesia

Beijos em suspensão brincam como criança
Até hoje nos procuram nesse mundo só nosso
Mundo de solidão alegre cheio de esperança

Com sonhos brinco de enlouquecer o tempo,
Eles trazem saudades que parecem de ontem
Até como se estivesses aqui nesse momento

José João
27/11/2.017

domingo, 26 de novembro de 2017

Ainda lembro de nós

Confesso, choro em silêncio tua ausência
Talvez nem saibas! O que de mim te importa?
Nem sabes que esse vazio, essa tanta carência,
Para a tristeza invadir a alma se fazem portas
 
Algumas vezes tento ler as cartas que ficaram,
Tão antigas, tão frágeis, até com letras perdidas
Parece que o tempo e saudade lhes bordaram
Ou foram as lágrimas por tantas dores paridas?

Não me preocupo mais em esconder o pranto
Choro em qualquer lugar, não sei mais fingir
Quando faltam lágrimas choro com meu canto

As vezes me lembro dos tantos versos que fiz
Todos eles sorridentes como criança aprendiz
Que não sabe porque ri e nem sabe o que diz.


José João
27/11/2.017


As vezes... nem sei de mim

Há dias que penso não querer mais ninguém,
Quando sinto que a saudade me basta, me toma
Os sentidos, me completa quando vem contigo.
Há dias que acho que a solidão é companheira,
Chega toda e plena e em silêncio me faz passageiro
Do tempo para te buscar lá dentro da alma.
As vezes penso,  quando estamos juntos, sozinhos,
Dentro da saudade que te faz ficar dentro de mim,
Passando por sobre o tempo, distâncias e ausência,
Que somos uma poesia inacabada de versos infinitos,
Que contam nossa história nas lágrimas que marcam
Meu rosto e fazem caminhos dos olhos até além
Dessa tanta falta de te, até onde estás, até onde não sei.
As vezes murmuro teu nome como se cada letra
Fosse um pedaço de saudade, um pedaço dos sonhos
Que até hoje insistem em enganar meus olhos, coitados,
Loucos sem mais saber o que vêm, até dizem
Que a solidão tem a cor do vazio e a saudade
Da cor das lágrimas.... as que choro. Mas as vezes,
Desculpa ...me sinto tão sozinho!

José João
26/11/2.017

sábado, 25 de novembro de 2017

Não tenho saudades novas

Nunca aprendi dizer adeus, aprendi ouvir,
Ficava dentro do meu silêncio, mudo, sem voz,
Aprendi a chorar os adeus que tanto ouvia...
A senti-los na alma, a fazer-me sombra de mim,
A fazer que  ela chorasse em prantos doloridos,
Em soluços e murmúrios reticentes a se fazerem
Meus silenciosos gritos de angustia e carência.
Nunca aprendi dizer adeus, nuca tive voz 
Para tanto. Meus olhos fugiam em olhares
Distantes, covardes, buscando horizontes
Que nem existiam. Mas quantos adeus eu ouvi!
Alguns até hoje doem, machucam, ficaram
Como cicatrizes mal saradas que a alma tenta
Esconder dentro de saudades que me veem
Marcando o tempo, fazendo lágrimas novas,
Trazendo sonhos impossíveis de serem verdades.
Ainda sei chorar as saudades antigas, distantes,
Que me dizem de amores que vivi, de sonhos
Que sonhei. Dói muito, mas dor bem pior,
É saber que não tenho mais o que me faça
Sentir saudades assim...

José João
25/11/2.017

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Preciso de você

Preciso de você, muito mais do que precisei
Ontem, bem menos do que vou precisar amanhã.
Não importa a distância, eu apenas preciso...
Tanto... que te faço minha maior saudade
Para que possas estar sempre dentro de mim.
Engano a alma rezando baixinho teu nome,
Mergulho nos momentos que foram vividos
E assim, faço de cada um deles, um pedaço...
Completo de nós dois... preciso ficar atento
Quando o tempo te traz, lento, sem alarde,
No silêncio de um sentimento tão presente
Que o esquecimento não se atreveu a fazer
Esquecer. Te ponho dentro de todos os meus
Amanhãs. A saudade, minha amiga que é,
Não permite tua ausência, e como magia,
Quando ela vem, vem trazendo teu perfume
E rio, e choro, e grito teu nome ao tempo...
Preciso de você dentro dessa saudade
Para que não me faltes em nenhum amanhã.
Afinal... preciso viver.


José João

24/11/2017

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Os braços de minha saudade

Nunca escondi as tantas dores que sinto,
As lágrimas que choro por ausências
Que me encheram de vazios e angustias,
Sempre escrevi versos, alguns molhados
De lágrimas, outros encharcados de prantos,
As vezes um sorriso fingido, uma palavra
Que, nas entrelinhas, fingia-se verdadeira.
Nunca escondi essa saudade que sinto...
Que me vem desde a alma e me toma todo,
Tanto, que até os olhos gritam em silêncio
Nas lágrimas que choro. Minha saudade!
Tão bonita que criou braços coloridos,
Cheios de flores, apontando para o céu
Como se para ele rezassem uma oração.
Os braços de minha saudade parecem
Querer toca-lo, acho que em vã tentativa
De mostrar a Deus que existo, que choro,
Que sinto e que o clamor de minha alma,
São por eles levados ao tempo, no caminho
Do infinito, na beleza colorida das flores que, 
Inocentes, até alegram  a tristeza que choro.


José João
21/11/2.017

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Meu baú de relíquias

Revendo velhos guardados, meu baú antigo,
Cheio de relíquias, retratos amarelados,
As pessoas sempre com o mesmo sorriso,
Desde muito tempo, poesias inacabadas,
Cartas não enviadas, me encheram de duvidas,
Como estaria hoje se as tivesse enviado?
Cartas recebidas que não faziam mais sentido,
Mas em algumas delas, encontrei pedaços
De mim, encontrei sonhos, momentos
Já esquecidos. Encontrei até lágrimas novas,
Sim, lágrimas novas que me vieram aos olhos
Trazidas pela nostalgia, pela saudade...
Percebi o tempo que perdi, tanto foi minha
Falta de tempo que agora ele me faz falta.
Revendo meus guardados, chorei, sim...chorei
Senti falta dos carinhos que me ofereceram
E eu não quis, senti saudade dos beijos
Que não dei, senti uma angustia tão doída!
Tinha uma carta que dizia: ainda te amo...
Eu li e não ouvi, agora me doeu tanto...
Como será que ela está? Amando, será?
Eu estou aqui, nessa solidão que procurei
Pra mim...nunca mais abro esse baú...
Dói tanto!


José João
20/11/2.017


domingo, 19 de novembro de 2017

Não sei fingir chorar.

Me perdi entre minhas mentiras e medos
Contava pra alma histórias inventadas.
Pra ela, escondia meus tantos segredos
Em poesias que ficavam sempre inacabadas

Mentia nos versos contando o que nunca senti
E sorria sorrisos falsos no mais fingido brincar
Lia até estrofes que, na verdade, nunca escrevi
E sorrisos!! Quantos deles brinquei de inventar!

Inventei sorrisos, histórias, versos e poemas
Invetei até palavras que eu nem sabia falar
Mas as lágrimas... essas nunca pude inventar

Quando me vinham juntas saudades e dores
Quando o vazio da ausência faz a alma gritar
Aí é verdadeiro o pranto e... todo esse chorar.


José João
19/11/2.017


Quando a tristeza me fez sorrir.

Sempre, quando o silêncio de tua ausência
Me afoga em lágrimas,  a saudade me vem,
Traz com ela pedaços de sonhos, de momentos, 
Que insistiram em ficar guardados na alma.
Algumas vezes me faz murmurar teu nome
Como oração, a mais completa que sei rezar,
Outras vezes, quando a dor é bem maior,
São gritos desesperados, blasfêmias ditas,
Gritadas ao tempo como se pecar fosse preciso.
Ontem mesmo ousei perguntar pra Deus,
Porque ninguém me diz da dor que sinto?
Porque esse silêncio que minha alma ouve
Sem nada mais ouvir? Porque a solidão
Grita comigo onde quer que eu esteja?
Sem respostas, mas aprazou-me sentir
Uma lágrima triste, que a tristeza, alegre 
Pintava no meu rosto, encontrar nos lábios
Um sorriso, ela, a tristeza foi-se como louca
Entre os vazios, sem saber que nos lábios
Era um soluço se fingindo se sorriso.
Até eu ri...

José João
19/11/2.017


quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Meus sonetos

Escrevo sonetos quando minhas lágrimas
São poucas e cambem em versos curtos,
Quando a saudade declama versos mudos
Quando o tempo e meu sentir se fazem surdos

Escrevo sonetos quando a dor brinca comigo,
Quando finge que é  tristeza, mas é saudade,
Vem sozinha, cambaleando em passos bêbados,
Se fazendo dor de chorar, mas... é só um arremedo

Meus sonetos, alguns inacabados por falta de mim
Outros, por vezes, nas entrelinhas gritam tristes
Coisas que, nem sei porque, ainda em mim existe

Mas se são poucas lágrima ou se a dor é menor
Se cabem dentro de um soneto que se escreve
Ele que se faça assim, livre, solto e leve.

José João
15/11/2.017



Noite

À noite, sob os acordes de uma canção silenciosa
E triste que a saudade canta dentro do peito,
As lágrimas, tal pingos de luar, brilham no rosto
Como divinos versos que a alma declama 
Em plena solidão, como se esta fosse o palco,
A inspiração e a ouvinte. O luar se derrama,
Carinhoso, sobre a relva, o vento brinca
De fazer dueto com o farfalhar das folhas,
A saudade se faz maior, traz uma ausência
Que sufoca, apesar do carinho da noite
Em trazer sonhos antigos e fazer sonhar
Sonhos novos. Me perco num devanear
Choroso, as vezes cheio de saudade de mim,
Outras vezes em sorrisos tímidos lembrando
O que já vivi e senti. Um raio de luar,
Passando por entre as folhas das árvores
Se chega perto de mim, e fica em silêncio,
Deitado comodamente me convidando
Para contar estrelas, levanto os olhos
E... lá longe, lá no alto, uma estrela cadente
Passa risonha querendo levar meus pedidos,
Mas só lhe contei meus segredos. Ah! Noite!
Sempre se fazendo espaço para a solidão
De cada um

José João
15/11/2.017
     

sábado, 11 de novembro de 2017

Coisas nossas que o por do sol nos conta.

Gosto muito de ver o alarde silencioso 
Do por do sol, de ver a efusiva melancolia
Das nuvens pintadas em cores mágicas
Por não existir tinta que possa imita-las.
Gosto de ver o sol brincando de brincar,
Sozinho,  lá no alto, com a solidão que,
Por milagre, não se faz dor, embora os olhos
Se umedeçam, tanto a nostalgia da hora
E de uma saudade que vem e não se sabe
De onde. Nessa hora, quando tudo
Parece divino, as lembranças vêm...
Algumas risonhas, outras arredias,
Sem querer chegar, para que lágrimas
Tristes não estraguem o momento...
Gosto de sentar na beira do tempo
Quando o dia, sonolento, se espreguiça
E um bocejar com jeito de brisa
Se estende sobre as horas, que lentas,
Parecem pedaços de versos invisíveis,
Contando segredos da gente pra...
Gente mesmo.

José João
11/11/2.017


Eu... me levando por aí.

Hoje saí por aí, procurando olhares
Que não me olham, tentando ouvir
Palavras que ninguém nunca me diz,
Saí tentando encontrar sorrisos
Que ninguém nunca me dá, até mesmo
Restos de sorrisos me serviriam...
Pedaços de sorrisos que ninguém quis,
Mesmo sorrisos falsos, ah! Quem dera!
Saí hoje por aí, passos pesados, trôpegos,
Tropeçando nos pedaços de sonhos
Que caim como caem as flores murchas,
Chorei entre tantos e... ninguém viu,
Sussurrava meu nome baixinho, 
Com medo de me esquecer de mim.
E andava, e ia, sem saber onde ir,
Apenas ia, outras vezes voltava...
Me perdia entre a multidão vazia...
Os sorrisos, se é que eram sorrisos...
Nenhum era pra mim, e assim fiquei
Fitando o vazio que a solidão trazia.

José João
11/11/2.017

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Meu jardim de sonhos

Plantei um jardim de sonhos, tantos sonhos!!!
No começo foram regados com sorrisos,
(quando se ama os sorrisos são mágicos)
Depois, foi passando o tempo, os sorrisos
Foram murchando, ficando sem brilho...
Até que um dia ficaram tristes e se foram.
Mas os sonhos continuavam plantados,
Até plantei outros sonhos novos no jardim,
Precisavam ser regados, mas os sorrisos,
Os sorrisos mágicos tinham ido embora.
Um quase desespero tomava conta de mim,
Como regar meus sonhos? Coitados...
Iam ficando tristes, lentamente iam 
Ficando murchos, foi  quando a saudade
Dos sorrisos mágicos me tomou todo,
Mas era uma saudade triste, angustiante,
No começo apenas umedecia os olhos,
Mas depois se fez lágrimas, depois prantos,
Tanto que hoje rego o meu jardim de sonhos,
Com prantos que a saudade me ajuda chorar
Com a esperança que um deles se faça verdade


José João
10/11/2.017


Champanhe... merecemos

Champanhe, champanhe para brindar o hoje,
Champanhe para brindar a ... mim mesmo.
Hoje me fiz arte, me fiz poesia, me escrevi
No tempo. Dos ontens fiz versos completos,
Do hoje me faço história recente e viva,
Para o amanhã me faço sonhos, sonhos bêbados,
Impossíveis, mas cheios da vontade de sentir
O gosto de amores que nunca vivi, só sonhei.
Hoje saímos nós dois, caminhamos sem rumo,
Contando histórias malucas de nós mesmos,
Rimos, choramos, lembramos de coisas antigas,
Já quase perdidas no tempo, mas hoje? Hoje...
É um dia especial, dia de lembrar saudades 
Que senti a tanto tempo, mas que me seguem,
Uma, de cabelos bem brancos, me olhou
Dentro dos olhos, me deu um terno abraço 
E perguntou: lembras desde quando estamos
Juntos? Lembras que quando eu era jovem
Tu choravas quando me sentias? Hoje, querido,
Fazemos aniversário, champanhe pra nós dois.


José João
10/11/2.017

Um dia especial pra sentir saudade

A chuva lá fora canta uma canção triste.
Uma saudade muda, com gosto de lágrimas,
Corre de dentro da alma e chega aos olhos
Esculpida em lágrimas, o pensamento
Corre solto, quase voando,  buscando
Momentos que ficaram para  trás, pedidos
Dentro de quase apagadas lembranças.
Uma mistura de angustia com carência
Me faz sonhar sonhos impossíveis.
Me apego em buscar palavras que nem sei
Se cabem na poesia, procuro rimas em versos
Soltos, que ficam reticentes como se a poesia
Estivesse soluçando uma dor que não sabe
Escrever, ou não cabe nela por ser maior
Que os versos, que a saudade, que o tempo.
Num murmurar demente, balbucio um nome
Que nem escuto, apenas sinto e ...as lágrimas
Se preocupam em escreve-lo no meu rosto,
E lá ficam, como fossem um grito que,
De dentro da solidão a alma grita dizendo:
Te amo ... e, de joelhos, cai aos prantos.


José João
10/11/2.017


sábado, 4 de novembro de 2017

Não sei que dor é essa...

Não sei se é saudade o que sinto, desde a alma,
Mas sei que dói, é uma dor de chorar, gritar,
Correr, mesmo que saiba que em qualquer lugar
Será o mesmo sentir. A angustia se faz tanta,
Que apenas chorar não basta, a solidão,
Grita de dentro mim, repetindo sempre
Que não faço falta pra ninguém, silêncio, 
Só meus soluços me buscam em tempos
Em que eu era eu e, agora, no vazio 
De mim mesmo, me procuro onde nem sei
Se estou. De longe, de um sonho distante,
(Nem sei como se guardou por tanto tempo!)
Pedaços de ontens chegam tímidos, arredios,
Como se tivessem medo de chegar
Porque ainda estão cheios dessa carência
Que, ainda hoje, me deixa dentro do nada
Que sufoca, cala a voz, mata os amanhãs,
E faz tudo assim... triste

José João
04/11/2.017

É melhor brincar de chorar

Hoje quero brincar de chorar, sim brincar...
Assim engano a alma, faço das lágrimas
Brinquedos, como pedaços de luz
Correndo dos olhos, como palavras
Que voam ao vento brincado de contar
Histórias de amor, como: era uma vez...
Uma saudade parida por um adeus
Que não era para ser dito. Uma lágrima
Silenciosa escorreu pelo rosto e riscou
Um nome que a alma gritava em vão,
Um soluço, tal um grito, rasgou o silêncio
E em frenesi entrecortava as palavras
Num incontido esforço de se fazer voz.
Um murmúrio que só o pensamento
Podia ouvir, soletrava, entre prantos,
Um nome, assim como se rezasse
Uma oração. As mãos como em súplica,
Se abriam na direção do céu como se lá
Chegasse seu clamor e... no silêncio
Da resposta que não vem, só resta...
Brincar de chorar.


José João
04/11/2.017


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Nem sempre amar é ... sorrir

Um dia, alguém chorava em minha frente
E as lágrimas eram tão tristes... tão tristes
Que nem vi a cor dos olhos que choravam,
Vi apenas a dor da alma que parecia 
Se contorcer em dolorida convulsão, 
Pedindo, com os tantos prantos, apenas
Uma palavra, um abraço um sussurrar
De: estou aqui. Ah! Essa minha alma!
Também carente, se propôs chorar junto
E chorou, com lágrimas vivas a outra dor.
E juntas, abraçadas naquele doloroso
Sentir, não viam cor, apenas se entregavam
Sabendo que as lágrimas se misturavam,
Se abraçavam num inocente abraçar,
E as almas pareciam mais alividas
Se faziam uma só, sem medo, sem temor,
Sem se olharem com os olhos, tão poucos!
Preferiram se tocar com a plenitude
De suas existências. Até que um dia...
Outra vez as lágrimas, mas dessa vez,
A saudade não era doída, era só mesmo
Saudade, e as lágrimas se misturaram,
Mas sem dor, ficava um pedacinho de cada
Coração dentro do outro...


José João
30/10/2.017.


Pelas lágrimas?! Seria eterno

Há como se medir a vida... a minha o fiz
Pelos tantos adeus, pelas tantas saudades
Sentidas, um dia pensei em medi-la
Pelas lágrimas choradas, me surpreendi,
Se assim pudesse e fizesse... seria eterno,
Chorei quase todos os adeus, quase todas
As saudades. Minha alma brincava de fingir
Se fazendo em risos, mas coitada, tão falsos
Que não enganava nem a mais sutil tristeza,
A menor das angustias percebia o seu fingir.
E... as lágrimas vinham, algumas brilhantes
Enganadas pela alma que a elas dizia...
É só uma saudade. Outras vinham frias,
Tristes, preguiçosas, como se meu sentir
Lhes fizesse lentas para mais encharcar
Os olhos, para chorarem realmente a dor
Que a alma chorava, outras vinham 
Finos fios a caírem  no rosto como regatos 
Cristalinos que chora a falta de chuva, 
Outras vinham como correntezas, eram 
Tantas lágrimas que sufocavam até a voz. 
Foi aí que vi...se medisse a vida por lágrimas,..
Seria...eterno

José João
30/10/2.017