sexta-feira, 31 de maio de 2019

Apenas meus versos sabem traduzir-me

Meus versos! O que são meus versos? O que são?
São apenas pedaços de mim, alguns completos,
Outros inacabados, outros contam meus vazios,
Alguns me fazem louco, outros amante do mundo,
Dentro dos versos me perco de mim e, as vezes,
Sou o que nem sei. Na magia dos versos começo
Com um ponto final, páro nuvens no céu e delas
Faço um pássaro,  faço das flores minhas amantes,
Brinco de desenhar a brisa, de cantar com o vento.
Há quem me ache louco! Não me importo...
Sei dar cor à solidão, sei pintar lágrimas, sei até
O que diz o silêncio e a bela silhueta da saudade.
Meus versos são como se o tempo fizesse
Uma cópia da minha alma, buscasse seus segredos
E os entregasse ao mundo em charadas divinas.
Entre louco e demente vou sem pressa de chegar
Vou cantando canções que não sei e rezando
Orações que inventei. Riem de minhas locuras!
.Mas ... apenas meus versos me conhecem e...
 Sabem traduzir-me

José João
31/05/2019

Não escrevo versos bonitos, escrevo...eu

Não me preocupo em fazer versos bonitos
Nem poesias perfeitas, não me preocupo...
Em agradar almas nem corações, se pra isso
Tiver que não ser eu. Apenas quero e tento,
Escrever o que a alma, as vezes em pranto,
Me sussurra o que devo dizer. Se os versos
São longos ou curtos, secos e sem rimas,
Não importa, apenas dizem meu momento.
Não me importa também se acham rdículas
Minhas lágrimas, as vezes é minha voz
Em reluzentes gritos levando ao mundo
A saudade ou a dor que sinto. Me perco
Dentro de mim, quando o que vivi se faz
Mais do que vivo e, traz para hoje, o que
Talvez tenha sido o que de melhor vivi,
Me preocuparia sim, se meus versos
Tivessem a beleza das flores e, coitados,
A aridez do deserto. Aí não seria eu,
Seria a mentira de mim.

José João
31/05/2.019

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Teus rastros

Ainda hoje, vou por caminhos perdidos e até não sei
Onde me levarão, talvez me levem para mais longe
De todas as estradas e horizontes que um dia andei,
Talvez me levem para além dos sonhos que já sonhei

Sigo por ruas, estradas, veredas, labirintos perdidos
Cheios de solidão por mim levada no peito em chama
E a angustia a brincar comigo, insiste e nem mais ligo
Em perguntar se essa dor é oração ou é só castigo

Sol a pino, até sombras no chão se deitam pelo calor
Que queima o tempo, queima a alma que chora a dor
Da ausência tão sentida que nem a morte lhe é temor

Caminhos tem, tantos e tantos mais para poder seguir 
Os rastros que a saudade, por compaixão, deixou ficar
Teu perfume, que o tempo, ao vento, não permitiu levar

José João
24/05/2.019

A eternidade dos momentos

A voz do eco do meu silêncio,
Por ironia, grita apenas o teu nome
E eu, a calar-me por não ter voz
Choro aos prantos essa dor atroz

Dor por saber-me tão vazio
Pois tu me preenchias toda a alma
Como fosse o amor em pleno cio
A faze-la límpida por tão calma

E eu, cativo, em divino estremecer 
Por fazer-me apenas e todo teu
Por toda vida, por todo meu viver

Haverá um dia a dizer-me a saudade
Que tudo foi tão belo e ainda assim será
Porque cada momento se fará eternidade

José João
24/05/2.019

quarta-feira, 22 de maio de 2019

A dor da noite

Lentamente, a noite esvaindo-se... vai
Com ela, uma a uma as estrelas obedientes
Também vão dormir ou esconder-se. Onde?
Talvez em outros sonhos tristes e carentes

Quem dera com a noite se fosse essa dor
Essa minha dor tão doída, forte e solidária
Que me deixa no pensamento feridas cruas
E na alma dolorosas cicatrizes vivas e nuas

Noites em que sonhos são resquícios mortos
De momentos que se foram e... se vividos
Foram meros pedaços de vida no tempo perdidos

São noites em que a solidão toma forma viva
Condensa-se e tão forte que lhe ouço o respirar,
Se aproxima tanto que... lhe sinto o abraçar.

José João
22/05/2.019

terça-feira, 21 de maio de 2019

Hoje posso rir

Hoje posso brincar de fazer risos,  afinal,
Ontem gastei  todas as minhas lágrimas
Brincando de sentir saudade e... chorando,
Não com essas lágrimas que caem dos olhos
Mas com as que veem da alma, essas sim,
Doídas, tristes, mas... não é de prantos
Que quero falar, quero falar de risos... risos,
Hoje posso, a falta de lágrimas me permite,
E eles, os risos, chegaram hoje pela manhã
Tímidos em meu rosto... foram se fazendo
Mais vivos, mais alegres, olhavam os olhos
E não viam vestígios de lágrimas, aí...
Iam ficando mais eufóricos, mais ousados
E me surpreendi rindo, não com gargalhadas,
Mas eram risos que a alma precisava dar
Para se sentir viva, para se sentir alma,
Até fiz poesias risonhas sem me importar
Com rimas, foram versos soltos, livres
Que correram aos tropeções, ainda por medo
Das lágrimas, afinal, nunca se sabe quando
Vem outra saudade,  elas são tão imprevisíveis!!

José João
21/05/2.019


Folha de outono

Dou-me a te total e plenamente, e até juro,
Se preciso, me farei todo em sacrifícios
Como fazem, humildes, as folhas no outono
Caem sem se importarem com o abandono

Deixam que as flores nasçam todas belas
Em pleno gozo do milagre da primavera
Assim me faço follha a ti então permito
Que me sejas da vida, beleza e quimera

A mim, me basta no tempo ademirar-te
Te fazer sonhos, te rezar em orações
Até convencer todos os anjos a venerar-te

Assim te farei poesias, inventarei cantos
E se não contarem tudo por tão pequenos
Desenharei no céu, com minhas lãgrimas...
... os teus encantos.

José João
21/05/2.019