quarta-feira, 31 de maio de 2017

Minha solidão

Diz-me, solidão infinda, porque tanto me tens?
Porque me fazes perder-me de mim e vagar?
Porque sempre, sem que eu peça, a mim vens
Com tristezas e esse tanto pranto para chorar?

Porque me cercas com esse mórbido silêncio
Que se faz vazio espaço a me tomar o tempo?
Porque me deixas a mercê de tanta angustia
Que nem rezas, nem saudades trazem alento?

Perco-me dentro de te em comovido sentir.
Dou-me a fazer de mim descabido resto
Do que fui e, mudo, oro sem saber o que pedir

Talvez, se houvesse sobrado resto de saudade,
Uma lembrança, um momento, um lembrar,
Assim, talvez, solidão, até eu pudesse sonhar.


José João
31/05/2.017


terça-feira, 30 de maio de 2017

Preciso de tão pouco!

Não preciso de tanto, preciso apenas de um olhar,
Um olhar que grite docemente o que a alma quer ouvir,
O que a alma precisa ouvir. Um olhar que se faça voz,
Que até se faça lágrimas, tanto a doçura do momento.
Não preciso de tanto, preciso apenas de ternas mãos
Que conversem em terno silêncio com meu rosto,
Em carícias sinceras e cegas onde os defeitos se farão 
Versos mudos, porque só a alma sentirá o momento.
Preciso de tão pouco. Não preciso de palavras estridentes
Gritando te amo, preciso do silêncio para que as almas
Se sintam plenas e confessem seus tantos segredos 
Sem medo de erros, sem medo de acertos, apenas...
Se entregando, sem medo dos amanhãs. Preciso de pouco,
De tão pouco que as vezes me assusto comigo mesmo,
Quando vejo tantos pedirem tanto. Eu?! Preciso apenas
De um beijo com gosto de amor, com gosto de vida,
Com gosto de certezas. Um beijo que faça dos outros
Pedaços de si, para que cada um seja sempre o primeiro,
Preciso de tão pouco, que talvez, quem sabe, sentado
Na beira do tempo me venha, na brisa, o que espero...
O que preciso...

José João
30/05/2.017

domingo, 28 de maio de 2017

A dor que a alma sente

Oh! Dor que chega aos gritos martirizando a alma
Que ajoelhada e triste se entrega toda ao pranto
Se deixa ficar, demente, mostrando fingida calma
Onde esconde angustias, tristezas e desencanto

Apieda-se gentil lembrança que em saudade vem
A trazer-lhe recordações de tempo já tão distante
Que nem mais como relíquias a pobre alma tem
Mas serve, faz que não se veja uma pobre ninguém

Mas se entrega ao pranto, em tão desvairado chorar
Que as lágrimas se atropelam deslizando no rosto
Como fossem caminhos que ali a dor tivesse posto

E a alma com um olhar vazio em perdido infinito
Se entrega em dolorido pranto a pedir, talvez...
Que lhe seja permitido sorrir pelo menos uma vez


José João
28/05/2.017

Que seja apenas saudade

Essa saudade tua te recria dentro de mim,
Traz, de dentro da alma, todos os momentos,
Todos os que ficaram, que se fizeram vida,
Que se fizeram eternamente nossos...
Sem se importarem com ausência ou distância.
Quando a saudade se faz mais forte, mais viva
Tanto que as lágrimas se deixam cair no rosto
Como se fossem carícias tuas, um sussurro,
Que só a alma ouve, vem do tempo dizendo
Teu nome, soletrando, letra por letra, para fazer
Bem mais forte essa vontade de dizer, te amo.
Fecho os olhos, brinco de te buscar o sorriso,
O olhar, sempre caridoso, de um amar sereno,
Desses que faz o tempo perder-se dentro da gente...
Que faz o esquecimento ser apenas ridículo..
E faz o pranto escrever em orações, escritas
Um pedido desesperado de clemência
Para que apenas a saudade se faça sempre
Cheia de ti e ocupe o vazio de tua ausência.

José João
28/05/2.017

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Maior que a dor da saudade

Não é de saudade a dor maior a ser sentida,
Dor maior é essa ausência que se faz de sempre,
Que deixa a vida como um simples existir,
Os sonhos são apagados por mórbida tristeza,
Os pensamentos se perdem no vazio do tempo,
Apenas fragmentos de momentos que existiram
Se deixam ficar lutando contra o esquecimento.
A saudade, por mais que se faça, até mesmo vida,
Não preenche o vazio da ausência que marca a alma
Deixando-a a mercê da dor, ajoelhar-se e, 
Aos prantos, rezar orações inventadas, choradas,
Que nem se sabe até onde vão, se são ouvidas
Ou se perdem no vazio, indo a lugar nenhum.
A solidão chega frenética, sem pudor, indolente,
Toma conta do tempo, faz tudo ficar vazio...
Até o silêncio aumenta sua demente mudez
E um soluço da alma, como se fosse um grito,
Desses gritos que até o eco é estridente...
Se espalha como um pedido de clemência
Que nunca é ouvido.

José João
19/05/2.017



terça-feira, 9 de maio de 2017

O palhaço e o poeta...poeta?!!

Me atenho a escrever-me entre versos e sonhos,
Entre dores e verdades, algumas verdadeiras,
Outras fingidas, como são algumas das lágrimas 
Que choro sorrindo, como se o riso fosse o palhaço...
O palhaço triste que escreve nas entrelinhas da vida
A angustia que sente e gargalha uma tristeza mórbida
Que ninguém entende ou percebe, apenas acham
O palhaço alegre, e ele, gargalhando estridente pranto,
Vai seguindo, vai escrevendo versos que contam
Histórias vividas, ou sonhando com os amanhãs
Risonhos que ele ainda ousa, apesar de tudo, sonhar.
As vezes lhe vem uma saudade gostosa de sentir,
Lhe beija a alma num carinhoso beijar, outras vezes,
Vem a brisa lhe acariciando o rosto, sussurrando
Coisas que esqueceu de lembar, algumas vezes
Se confundem, palhaço e poeta e abraçados 
Fazem versos, o  palhaço em piruetas de palavras
Conta sorridentes histórias tristes, e o poeta...
Bem, este, aos prantos, mas sem deixar de sorrir,
Finge que é ele o palhaço que não sabe chorar.


José João
09/05/2.017

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Divina lembrança de nós dois.

Me atiro no tempo, na liberdade da saudade
Que me fazes sentir, com ela caminho entre os sonhos
Que sonhamos, e os que ainda vou sonhar, cheios de ti.
Ah! Essa saudade! Me faz livre pra te buscar,
Te deixar dentro de mim como se fosses uma oração
A ser rezada num cantar suave de uma Ave Maria
Na voz de um anjo que, brincando de fazer rima,
No fim de cada verso, escreve apenas o teu nome.
Me recrio dentro desse sentir, me entrego todo,
Corro entre horizontes, faço poesias com a brisa,
Brinco de pintar flores, de voar com os pássaros,
Em serena loucura, brinco de fazer infindas rotas
Entre as estrelas indo sem rumo entre elas
Cavalgando um pensamento que vai te buscar
Lá dentro do tempo, lá, bem dentro de mim,
Onde a alma servil e amante te guardou sorrindo.
E assim, essa doce saudade tua, perene por ser sempre,
Me permite viver entre lagrimas alegres, sonhos,
E a divina lembrança de nós dois.


José João
08/05/2.017


terça-feira, 2 de maio de 2017

Saudade ou dor? Não sei.

Me perco no silêncio de tua ausência, mesmo a solidão
Gritando em estridente mutismo teu santificado nome.
Me deixo levar pela saudade, numa louca busca de ti,
Por ontens que se fizeram dor, e os amanhãs, sem forma,
Apenas cheios de lágrimas que brincarão em meu rosto
Escrevendo histórias que, para sempre, ali ficarão
Como se fossem a própria vida chorando tua falta.
Calo parado dentro dos sonhos que não sonhei,
Mas repletos de ti, tanto ficaste dentro de minha alma
Que até os sonhos que não sonhei... são todos teus...
Cheios de ti, dos momentos que se farão de sempre.
Fico parado no tempo, numa demência! Num vazio!
Balbucio palavras desconexas numa voz reticente...
Sem sentido, sem um não-sei-o-que-dizer e, choro...
Lembro os segredos (a dor é maior) não devia
Te-los pra ti, mas calei, não os disse e agora...agora
A dor é mais que apenas dor é o remorso contante,
Maior que eu, maior que a saudade, que a tristeza,
Maior que a angustia que fica martirizando a alma.
Hoje, o silêncio foi maior, tanto foi, que ouvi
O pensamento chamando teu nome baixinho...
Como se sentisse pena de mim.


José João
02/05/2.017