sexta-feira, 28 de julho de 2023

Outra forma de continuar amando

Quantas tardes encharcadas por tantas lágrimas
Disfarçadas com risos falsos, sem cor e fingidos
Quantos por do sol embaçados por tristes prantos
E mesmo lindas, as tardes já não tinham encantos

Quantas rastros ficaram deitados na areia da praia!
Em idas ou vindas com as marcas no chão perdidas
Rumos indecisos na direção de nenhum horizonte
E as lágrimas, encharcando a tarde por dores sentidas

Quantos sonhos perdidos! Feitos de ilusões vazias!
Quantos soluços ouvi da alma como orações rezadas
Que se perdiam no tempo sem levar ou trazer nada!

E lá longe, o sol se deitando sonolento sobre do mar
Com um olhar preguiçoso... num quase dormir
Diz baixinho: Isso é saudade, é outra maneira de amar.

José João
28/07/2.023


quinta-feira, 27 de julho de 2023

... e ainda não creem em Deus!!!!

 Meus olhos se deslumbram por tanto encantamento,
Como posso, apenas com palavras, falar desse encanto
Se meu olhar se extasia com essa tanta beleza divina?
Só me resta desenhar esse momento com meu pranto

Afinal, ele a voz da minha alma, e assim conto o belo
Um infinito pedaço do céu que traz saudades distantes
Que busca lembranças vividas e ainda não esquecidas
E traz uma emoção única, ainda em mim desconhecida

Caminho, lentamente, como se ali pudesse tocar o céu
Beijar aquele horizonte divino que me convida a sonhar,
Dentro de mim, sinto a sensação de uma vida plena
Como se aquele momento estivesse me ensinando amar

Minha sombra se deita atrás de mim, se alonga toda
Como se quisesse ficar do tamanho daquele instante
Como quisesse fazer parte do infinito que está bem ali
Parece, tão perto, ao alcance das mãos, ah se fosse assim!!

Caminharia sobre o caminho que o sol desenha na água
E, sempre indo, chegaria até o infinito do meu pensamento
Lá onde está o sol e, com a voz da alma, a ele perguntaria:
Como Deus cria o belo e o deixa a todos? O homem venderia.

José João
23/07/2.023

Um amor sem ornamentos

Meu amor é simples, apenas o amor, sem ornamento
Daqueles que enfeitam, gritam e não dizem mais nada,
Meu amor é como fosse uma criança, riso cativante
E quando sente uma dor, senta no tempo e chora calada

Meu amor é como se fosse um pássaro voando solto
Dentro da alma, gorjeando cantos cheios de desejos,
Se parece com uma borboleta indo doce na brisa.
É um amor ingênuo, desses que diviniza até um beijo

Sem adereços... alinhavo meu amor no pensamento
Vou com ele dentro de mim cantarolando modinhas
Por não ter tantos enfeites, até acham que não existe

Esse amor que sinto conta o tempo como fosse estrelas
Faz, de cada dia, uma poesia nova, alegre e completa
Um amor tão amor que faz até a tristeza não ser triste.

José João
                                                                        27/07/2.023

As cores que pintam minha poesia

 Não pintem meus versos, nem de branco, nem de preto
Meus versos tem todas as cores que pintam uma poesia
Cor da saudade, cor dos prantos, cor da própria alegria
Cor da solidão, com essas cores pinto verdades e fantasias

As cores da poesia não são vistas pelos olhos, impossível
Alguém viu a cor da saudade? Só se vê com o coração.
Alguém viu a cor da alegria? Mas todos a acham colorida
Perdoar tem uma cor divina, alguém já viu a cor do perdão?

Se não soubesse pintar meus versos com cores invisíveis,
Vistas apenas com a alma, juro, eu os faria transparentes
Sem palavras, apenas com a magia do perfume da poesia.
Como fossem belas flores perfumadas, doces e irreverentes

Nunca pintem meus versos, nem de preto nem de branco
Pintem com a cor de sua alma, a poesia é inocente, não é vilã
Imagine-se colorindo de natureza os versos que você lê! 
Sentado na porta do tempo lendo poesias cor do flamboyant.

José João
27/07/2.023

sábado, 22 de julho de 2023

Não me convidem mais...

Não me convidem mais pra falar de poesia
Se forem feitas de palavras vãs, sem encanto,
Com versos rasgados e em gírias gritados
Versos secos, áridos, sem rimas e sem pranto

Não me convidem mais pra falar de poesia
Se em nenhum verso se falar de saudade
Se negar Deus como se Ele, Deus não fosse.
De tentar excluir de minha alma essa verdade


Não me convidem mais pra falar de poesia
Se não houver lágrimas nos versos declamados,
Se não houver histórias de sonhos perdidos
Se não houver sorrisos, mesmo sendo fingidos

Não me convidem mais pra falar de poesia
Se deixam num canto, atirada, a pobre tristeza
Se deixam a solidão cantando sozinha sua dor
Se não falam da plenitude do que seja o amor

Não me convidem mais pra falar de poesia
Com versos alinhavados em palavras rotas
Com a beleza da poesia perdida no silêncio
E a estrofe chorando por tantas palavras soltas

José João
21/07/2.023

sexta-feira, 21 de julho de 2023

Plantei flores no deserto de mim

Plantava muitas flores no deserto de mim
Mas o tempo faziam-nas, tristes, murchar
A aridez de mim mesmo era meu deserto
Sem se quer uma sombra para descansar

Um dia, não sei porque, lembrei um olhar
Que a muito se havia perdido no tempo
Mas... uma angustia, um não sei o quê
Tomou conta de mim e... me fez chorar

Plantei outra vez flores no deserto de mim
E, com surpresa, vi que ficaram belas, cálidas,
Flores luzidias com fossem límpidas lágrimas

Nunca mais murcharam no deserto de mim
Fiz dele um pedaço feito de doce encanto
Pois as flores... agora as rego com meu pranto.

José João
21/07/2.023

domingo, 16 de julho de 2023

Como não invejar um poeta??!!

Não! Não sou tão puro assim, sou cheio de pecados.
Por exemplo, a inveja. Sou invejoso sim, e muito.
Não sei como podem ter nos versos a métrica correta
E em tão poucas linhas falar de uma vida completa!

Como podem criar flores com letras deitadas no papel?
Parar estrelas cadentes, fazer um pedido e deixa-las ir
Fazendo-as perder o rumo, ir ter com outras estrelas
Porque se virou para olhar se o poeta ainda estava ali?

Deles sinto inveja! Emprestam lágrimas para a chuva
Desenham a saudade no tempo e ainda lhe dão perfume!!
Costuram seus versos na aba do vento e lá vai sua poesia!
Isso aos poetas é tão comum, tanto que já lhe é um costume

Brincam de fingir, tão perfeito, que fingem o que não sentem
Alinhavam sorrisos no pensamento, isso para cada momento
Se choram, vão buscsar sorrisos alegres, lá onde os guardou
Põem as lágrimas nos olhos, o sorriso nos lábios, um finge-dor

O poeta faz poesias mudas, dessas que só os olhos declamam
Brinca de brincar com a noite para, memso acordado, sonhar
E se chegam saudades e tristezas juntas sem escolha do sentir
Com cada olhar chora uma, para as duas, prazeroso, agradar

Assim penso os poetas! Escultores mágicos, pintores de versos 
Escrevem com o lapís e esculpem o que vem da alma com cizel
Na proporção mais sublime, na plenitude da criação mais completa!
Como então, estar vivo, amar, sonhar e não invejar o poeta?

José João
16/07/2.023

segunda-feira, 10 de julho de 2023

O que escrevo... muito pouco tem a ver comigo.

O que escrevo... escrevo!!!? Muito pouco tem a ver comigo
Na verdade, apenas conto o que minha alma manda dizer,
O que sussurra sem que ninguém ouça, o que só ela sente
A mim, cabe apenas tomar o lápis e, simplesmente, escrever

Nem escolher palavras ela não me permite, posso apenas,
Se ela achar devido, com algumas lágrimas molhar os versos
Escolhidas por ela, não é com qualquer lágrima que choro
As vezes chorar com minhas próprias lágrimas eu imploro

Mas ela pergunta: quem sente as dores, angustias e saudades?
Quem sabe com que pranto chorar cada adeus um dia dito?
Caberia em teu pobre peito soluços sufocantes por tão aflitos?

O que escrevo... escrevo!!!? Muito pouco tem a ver comigo
Apenas me sento no tempo escutando o que a alma me fala
E ela diz: que seria de mim se não pudesse chorar contigo?

José João
10/07/2.023

domingo, 9 de julho de 2023

Como rimar... eu, comigo mesmo?


Hoje, sem nada para sonhar, vou brincar de fazer rimas,
Vou rimar tristezas com sorrisos, solidão com alegria
Fazer rimas incoerentes, rimar até versos incompletos
Rimar um olhar que nada vê com a imensidão do deserto

Fazer rima com a saudade, dessas que se chora ao sentir,
Com a mais livre expressão da alma, a beleza de um pranto
Fazer os olhos gritarem, luzidios, luminosos num chorar
Rimando com o mais divino canto de um coração a pulsar

Rimar primavera, flores e lágrimas com silêncio e solidão
Fazer rimas completas no fim dos versos que ainda não fiz
Tentar fazer outras rimas da vida com se fosse um aprendiz

Inventar rimas novas, dessas rimas que nenhum poeta fez
Escrevo no tempo palavras ditas ao vento, indo a esmo
Tentando e ainda não consegui, rimar eu... comigo mesmo

José João
09/07/2.023

quinta-feira, 6 de julho de 2023

As poesias que "escrevo"

Ouço, com a alma, o sussurrar choroso de cada palavra
Que se deita nos versos que escrevo, fortes e silenciosas, 
As vezes se fazem perdidas ao tomarem outro sentido
Mas sempre se mostram ao tempo, ternas e dadivosas

Quase sempre cada palavra é uma lágrima que choro
Por outras, são pedaços incompletos de sorrisos alegres
Completos mesmo são só os sorrisos tristes, são tantos
Que, por vezes, os versos se tornam copiosos prantos

As rimas são diversas, muitas sem nenhum encanto,
Rimo saudade com solidão, rimo silêncio com tristeza
As vezes falo verdades fingidas jurando serem certeza

Mas, nos versos que me chegam, e não sei de onde vêm
Talvez de dentro de mim escondidos num canto da alma
Contam vidas que talvez agora sejam poesias no além.

José João
06/07/2.023


As vezes o tempo é injusto

 Dentro do silêncio que toma conta de onde estou
Cai, com estardalhaço, um pedaço de tempo...
O silêncio se espanta, corre entre as tristezas
E um vazio se faz denso, cheio de incertezas

A alma acorda alvoroçada perguntando o que foi
O pedaço de tempo caído chega cheio de saudades
A solidão, escondida no nada, lenta e sutilmente
Começa a se aproximar, com um vazio diferente

Ao longe, o silêncio, coitado, ainda pálido pelo susto
Se esgueira entre alguns sonhos velhos e caducos
Murmurando trêmulo que aquilo lhe foi muito injusto

E se pergunta, como o tempo pode me tratar assim?
Eu, que deixo todos a vontade no seu próprio pensar?
Que permito à alma, no próprio tempo, dormir e sonhar?

José João
06/07/2.023

sábado, 1 de julho de 2023

O que o tempo leva mesmo de nós?

O tempo vai passado, sem marcas, sem paradas
Vai, mas nada leva da gente, ficam dores, saudades
Ficam as lembranças, todas, até as mais doloridas
Até os menores detalhes se fazem duras verdades

As angustias, as lágrimas se escondem a gosto
Ficaram onde estavam, escondidas dentro da alma
Se fazem presentes, chegam quando menos se espera
Afinal, o tempo passa apenas no corpo e no rosto

O tempo nos deixa os passos lentos, arrastados, trôpegos,
Nos deixa a voz pausada, reticente, quase sussurrante,
Deixa os cabelos brancos, olhares turvos e distantes

Enfim, o tempo leva apenas o arroubo da juventude
Mas nunca leva as saudades, essas ficam guardadas
E, no menor pensar, lá estão elas em nós acordadas.

José João
01/07/2.023