quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Minha amiga... a saudade

Deixa, saudade, que me sente em teu colo
Me abraça forte, não olha para meu pranto
Apenas afaga minha alma e a ela dá alento
Fala que as lágrimas são pedaços de encanto

Fala-me dos anos, de  todo esse tempo já ido
Dos sonhos, alguns sonhados, outros perdidos,
Dos olhares que se perderam fitando o nada
Conta dos momentos que se fizeram esquecidos

Saudade, afaga o pensar trazendo boas lembranças
Diz-me o que já não sei... será que um dia eu vivi?
Por favor, saudade, conta, se belos momentos sorri.

Tanto tempo sozinho! Se não fosses tu, saudade...
Nem sei mais o que seria de mim, dos meus dias
Sentado em teu colo, minhas noites não são vazias.

José João
29/09/2.022

domingo, 25 de setembro de 2022

As vezes... não precisa lágrimas para chorar

Quando qualquer tristeza em euforia invade minha alma
São meus olhos que se atormentam para fabricar prantos
Quanto maior a euforia da tristeza, bem maior o tormento
De fabricar lágrimas e chorar tamanha tristeza a contento

E, se com essa eufórica tristeza, a solidão se fizer presente
Maior o tormento dos olhos, usam até lágrimas criança
Se põem gritando em desespero, buscando na alma alento.
E esta, coitada, gastou o pranto chorando tanto tormento

Assim, os olhos, em busca incessante, se fitam no tempo
Na distância de alguns momentos já há muito acontecidos
Então fazem de ontem, instantes de a muito tempo vividos

E como fosse poesia, onde se finge chorar a dor que se sente,
E olhos e alma se põem sentindo a mesma eufórica tristeza
Se fazem só um e choram, mesmo com as lágrimas ausentes.

José João
25/09/2.022


quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Eu agora ... sou assim.

 Não sou mais o que fui um dia, eu agora sou 
Essa tristeza infinda vagando triste por onde eu vou
Cantando cantos de mim saídos... de onde não sei
Mas como tristeza, rezo orações que nunca rezei

São cantos tristes, orações perdidas que nunca ouvi
A mim me vêm, voando ao tempo, em volteios leves
Como se fosse o vento a voz a me despertar o pranto
Em acordes longos, acordes tristes de soluços leves

Pingos de lágrimas em meu rosto brincam sem esconder
Que a tristeza brinca e se faz eterna por se querer fazer
Como se lhe fosse o melhor vazo que ela pudesse ter

E se calo o canto porque de longe me chega o pranto
Enchendo a alma de tantas dores que se fazem vivas
Até ontem, até hoje, até sempre, em mim se farão cativas

José João
22/09/2.022

sábado, 17 de setembro de 2022

Para amar... é preciso não ter medo

O tempo me fez perder os meus tantos e sombrios medos,
Medos que me fizeram perder momentos que não vivi
Poderiam ser repletos de sorrisos, de sonhos verdadeiros
Mas por medo, o tempo foi passando e a tudo isso perdi

Hoje, venci meus medos por tudo que vida me fez sentir,
Prantos desvairados, angustias incontidas, torpes pesadelos,
Senti tantas saudades que alma chorava por pena de mim
Hoje me dou ao prazer de ver essa aflição chegar ao fim

Aprendi que saudades doídas passam e se vão ao tempo
Que as aflições são como a noite, amanhã é um novo dia
Que as dores também se vão, se perdem no esquecimento

Assim aprendi: viver é não ter medo de sofrer, de chorar
É saber que tudo isso é preciso para alma se fazer grande
Quando se aprende não se tem mais medo de viver... amar ...

José João
17/09/2.022

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Minha caixa de poesias

Minha caixa de poesias fica solta no tempo, sem trancas...
Guarda poesias completas, por fazer, guarda palavras soltas,
Lágrimas, sorrisos, pensamentos, olhares... até de saudades
Guarda versos perdidos, de frases rasgadas, tristes e rotas

Dizem que é mágica, mas é apenas uma caixa de ... poesias
E de tudo que a ela precisa para se fazer viva e ir ao tempo
Nela estão guardados sonhos antigos que falam de amar
Acham-na mágica por guardar sonhos que ainda vou sonhar

Nela guardo cordas trançadas de nuvens amarrando o vento
Flores em profusão, tem até pássaros em liberdade perene
Borboletas voando soltas, acreditem, até anjos ela guarda
Outro dia fugiu um para consolar uma alma amargurada

As vezes, e muitas, mesmo sem tranca, ela não quer abrir
Ponho-a em minha frente, pego uma taça cheia de solidão
(ela não gosta de guardar solidão) imploro que ela se abra
E nada. Mesmo com lágrimas nos olhos lápis e papel na mão

Ela, minha caixa de poesia, que muitos dizem ser mágica,
Impassível, se fecha toda, como se me desse um sonoro não
Aí tenho que buscar saudades, as mais doidas, prantos tristes
Ela só se abre efusiva e sem segredos com um toque de coração

Aí voam flores prantos, lágrimas, saudades, tudo de uma vez
E lá vou eu buscando o lugar de cada uma, as rimas... essas então!!
Se põem, como loucas, no fim de um verso que nem é o seu
Depois da poesia pronta, me pergunto: será que o poeta sou eu?

José João
16/09/2.022

Soneto da lembrança

De quantos beijos já senti o sabor... a doçura, o calor!!
Quantas vezes olhares efusivos e afoitos me desnudaram!
Quantos olhares cheios de ternura me iluminaram a vida!
Quantas mãos ternas, suaves, o meu rosto acariciaram!

Hoje são tatuagens perfeitas, desenhadas em minha alma
São os tantos momentos que zombam do que seja esquecer
Ficam perenes como se costurados eternamente no tempo
Se fizeram saudades, histórias que me dizem o que é viver

Por vezes, até acho que sinto a doçura, o sabor de um beijo,
Outras vezes parece que me visto com a ternura de um olhar
As vezes sinto as carícias, mas aí já é dentro do meu sonhar.

Das saudades... são tantas, que de todas não posso lembrar
Mas algumas me vêm tão vivas que parecem até de ontem
Essas, não sei porque, mas fazem ainda meu pranto prantear

José João
16/09/2.022

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

A primavera

Dou-me à beleza do abrir-se das flores na primavera
Como fosse um cativo servo a admirar o insondável
Entrego-me servil a ouvir o cochichar das açucenas 
O canto sutil do perfume dos lírios, doce e infindável

Encanta-me a delicadeza da brisa ninando as flores
A leveza das borboletas com se pedissem licença
Como se respeitosamente lhes pedisse para pousar
E os irrequietos beija-flores a docemente lhes beijar

Ah! A primavera! Pintando o mundo em cores singelas,
Vestindo-o com harmonioso colorido, até mesmo divino
Tanto que os passarinhos nos gorjeios rezam sacros hinos

Primavera! Se deita nos campos, nos jardins ... quintais
Como se cada flor, da própria beleza, fizesse uma oração
Uma oração alegre para fazer morada em cada um coração

José João
14/09/2.022

Hoje

Hoje já não conto mais histórias divertidas
Mesmo porque minha voz reticente é triste
Quase um silêncio que se perde no murmúrio
Tentando contar o que talvez nem mais existe

Hoje me perdi no tempo sem saber dos anos
Me perdi nas estradas e nos tantos caminhos
Ouço minha voz reticente talvez chorando
Um sussurro da alma fingindo estar cantando

Hoje, com passos lentos vou buscando horizontes
Vistos ao longe na penumbra de desgastado olhar
Ombros curvos, mãos trêmulas segurando o tempo
Que agora passa e vai como se imitando o vento

Hoje, saudades se perdem em lamurioso pranto
Como se cada uma quisesse uma lágrima pra chorar
Como se cada uma fosse a história mais perfeita
Que a vida, em prantos, quisesse ao mudo contar

Hoje imito pássaros presos no seu triste gorjear
Em notas baixas por não ter mais força de cantar
O céu ficou tão distante já nem mais pode alcançar
Coitado, lhe atrofiaram as asas e não pode mais voar

Hoje, na insônia da vida, procuro sonhos pra sonhar
E a alma de olhos abertos não se cansa de procurar
E não vale buscar momentos que a muito já se foram
Sento no tempo e... paciente, ainda espero... amar

José João
14/09/2.022

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Vamos sonhar juntos!

Quero gritar, quero sonhar, quero ainda poder ser...
... ser o melhor de mim, fazer o que ainda posso fazer 
Correr entre meus próprios pensamentos e ... voar...
Voar nos poemas que ainda não fiz e ao mundo entregar

Como se cada verso fosse uma flor, um pedaço de beleza
Ou o pedaço mais belo de mim mostrado na poesia
Escrita com as lágrimas tão alegres quanto inocentes
Com saudades coloridas mas todas elas diferentes

Fazer os sentimentos invadirem corações e alegrar almas
Cantar com o tempo canções que iluminem a vida
E fazer que a vontade de dizer: te amo, seja preferida

Entrar, ficar e fazer morada nos corações mais sofridos
Mostrar aos descrentes que após a chuva o sol reaparece
E que a todos, aos alegres, aos tristes ele sempre aquece.

José João
09/09/2.022

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Viver... nem sempre é escolher

O depois, começou com uma saudade...doída...
Depois, com o tempo, virou uma tênue lembrança,
Depois, detalhes, como sútil nuvem que esvaece 
Depois, momentos distantes, aqueles que se esquece 

Ah! Quem dera fosse assim! Mas a saudade se faz viva
A lembrança, ajuda a saudade triste ser sempre sentida
Aos  detalhes, a alma chorando prantos, deles se faz cativa
E ao olhar vazio, apenas a euforia das lágrimas é permitida

É isso... esse adeus que se diz sem querer, vendo o outro ir
As vezes nem se diz, tanto é a dor que a voz emudece,
Aí o silêncio se faz forte do tamanho da dor que se padece

Mas o tempo... continua passando e deixando a dor ficar
Indo como se numa estrada reta sem margens pra descansar
E a saudade, aquela do começo do depois, só sabe fazer chorar

José João
07?09/2.022

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Os retalhos do tempo

Hoje me procuro e não sei onde me deixei
Caminho sobre o que não sei mais de mim
Os sonhos se foram, ficaram apenas saudades
E não sei porque ainda estão tão vivas assim

Olho os momentos que ficaram dentro do que fui
Choro dores que já deveriam ter ido com o tempo
Grito ladainhas que só sei rezar com meus prantos
E as verdades... são apenas mentiras que invento

Perdi o caminho, as marcas dos passos são sombras
Meu grito não é mais um grito é o eco de um gemido
Que por medo de ser ouvido se fez assim... tímido

Quase silencioso alinhavado entre lágrima e solidão
Em pespontos desencontrados como se feitos a mão
Mas são apenas pedaços incompletos de minha ilusão

José João
05/09/2.022

sábado, 3 de setembro de 2022

Minhas poesias são todas ... eu mesmo.

A mim, sempre perguntam: porque não corriges tuas poesias?
Porque não sou poeta, sou gente... tenho o direito de errar
Se o fizesse, não seria todo eu, seria apenas uma parte de mim,
Nos versos que escrevo sou completo, gosto de me mostrar assim.

Fingir! Isso eu sei, e muito bem, mas todos dizem: é errado fingir
Como corrigir um verso se nele me ponho a fingir... sem mentir!!!
Mas... e se errar entre fingir e mentir corrijo o mentir ou o fingir?
Ou deixo incompleta a história completa de tudo que já dia vivi?

Porque não devo me mostrar na poesia e os meus tantos defeitos?
Quantas palavras não conheço! Quantas histórias não sei contar!
Quantos pontos perdidos, quantos acentos voando e... o verbo!!!
Chorar,  trovejar,  um conjugo como os olhos o outro só sei escutar 

Ora, se não sei nem viver sem errar, imagine escrever  sem errar!!
Corrigir poesias!! Não me sentiria bem, aos outros, eu, enganar?!
Nas minhas poesias cheias de erros, nelas acredite... sou todo eu
Aquele que se preocupa em contar o que sente e não como escreveu

Eu. Um "poeta" mortal, também imperfeito como são todos os mortais
Os erros que aqui fazem parte de mim, não tenho vergonha de mostrar
São verdades minhas, daquilo que sou, humano como somos todos nós
Quem escreve com o coração poder errar mas ... ainda assim "poemar"

José João
03/09/2.022

Por apenas uma lágrima alegre

Um dia meus olhos já sorriram, até brincaram,
Minhas lágrimas alegres tinham um outro brilho,
Aos pulos, corriam inocentes, a me enfeitar o rosto
E o olhar a correr entre horizontes como andarilho

Desses que veem apenas beleza, mesmo entre pedras
Que voam com o vento entre os quintais e jardins.
Meus olhos, cheios de sonhos, já se fizeram assim
Poesias perfumadas e completas falando de mim

Mas o tempo! Impassivo na sua viagem de apenas ir
Sisudo, empertigado sabendo que nada pode para-lo
Nem se importa se belezas secam e deixam de existir

Assim foi o olhar de sonhos, o olhar para os amanhãs
Ficaram tristes, as lágrimas sorridentes apenas choram
E os olhos, por só uma lágrima alegre, agora imploram

José João
03/09/2.022