quinta-feira, 26 de maio de 2022

Para amar ... basta amar

Não precisa que se faça nada para amar... para amar
Basta amar. O amor chega, toma na alma o melhor lugar,
Fica sem razão porque para o amor razão não existe
O coração rompe em gritos e os olhos se danam a brilhar

As vezes se ama quem nem se conhece, foi apenas um olhar
Cada um com suas aflições, com suas dores, seu chorar
Mas de repente tudo fica como se fosse um pedaço de luz
As aflições se perdem, ri-se das dores e tudo parece passar

O amor é um pedaço consciente de uma loucura qualquer
É um fazer-se brasa com um frio nas mãos e silêncio na voz
É um gritar na alma, é uma descoberta da existência do nós

O amor! É a loucura de gargalhar sozinho dentro da multidão
Sentar na calçada, numa doce solidão, e esperar como criança
Que o mais belo sonho seja verdade, não apenas uma esperança

José João
26/05/2.022

terça-feira, 24 de maio de 2022

Eu! O louco

Eu?!! Eu sou louco, assim como são todos os loucos...
Não sei me escrever ... só sei me declamar... sou louco...
Quem dera eu pudesse gargalhar nos versos, neles...
Só sei chorar mas... sou louco, assim como louca 
É uma flor, dessas que nascem lindas, entre espinhos... 
Como a lua... que brilha quando todos estão dormindo
(uma gargalhada) Sou tão louco que pintei o tempo,
Sim, pintei o tempo, pintei a saudade... eu fiz isso,
Afinal de contas (gargalhada) sou louco... sou louco
Pintei o tempo com a cor das lágrimas... ficou bonito!
Pintei a saudade cor da tristeza, com cerdas de nuvem,
Todos vocês sabem a cor da tristeza, não precisa dizer.
Inventei sonhos, muitos, coloridos de preto e branco
Com matizes sem cor e traços pontilhados de incertezas.
Tracei a rota do eco de um grito meu... e ele foi hahaha
Batendo de pedra em pedra, como estivesse bêbado...
De repente parou, ficou em silêncio, ficou sem dizer
Mais nada. Como disse, sou louco, saí voando, sim ...
Voando com um pássaro que passava, ele com as asas
Eu... nos pensamentos e chegamos juntos no horizonte.
Como disse sou louco hahahaha tão louco que ...
Dizem que sou poeta. hahahahaha.

José João
23/05/2.022


segunda-feira, 23 de maio de 2022

Monólogo da saudade

Lembro ainda de algumas primaveras, das flores,
Do perfume do campo...das tardes coloridas, 
Por do sol melancólico falando de saudades,
Pintando o céu com cores que não se vê... 
A não ser no por do sol. As vezes penso ouvir
O cantar suave da brisa murmurando a Ave Maria
Com o coro dos pássaros em trinados curtos,
Longos, em perfeita sinfonia, mesmo sem maestros.
E as esculturas nas nuvens!!! De sublime perfeição...
Pareciam desenhadas, depois esculpidas por magia...
Talvez com um cinzel divino nas mãos de um anjo.
Lembro ainda! Há quantos anos não vejo o mesmo céu...
E não o verei nunca mais, ficou no meu mundo de criança...
Perdido no tempo mas vivo na memória... como relíquia.
Ainda lembro da arribação... garças, guarás, em fila,
As garças com o alvor dos lírios iam lentas, inocentes
Como fossem pétalas indo ao vento... os guarás...
Vaidosos em suas plumagens de deslumbrante colorido
Brincavam de fazer do por do sol molduras para seus voos.
Ah! Quanta beleza! E eu... louco, falando com o tempo
Num macambuzio e sonolento lembrar, falando sozinho
Num monólogo em que saudade substitui as palavras,
Se faz um dicionário completo.

José João
23/05/2.022

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Histórias que me contaram ou... sonhei?

Eu era criança quando e me contaram,,, jurando verdade
Que uma lágrima criança, que nem sabia o que é o pranto
Foi embora de um olhar, buscando horizontes distantes
Sonhando, que um olhar um dia, dela fizesse um canto

E se foi a pequena lágrima, deixando um rastro de saudade
Lágrimas sentem saudade, sim. Um dia então, na madrugada,
No alvorecer do dia, foi confundida com um pingo de orvalho
Que beijava uma flor triste, já sem perfume, bastante cansada

Eu, uma lágrima! Confundida com um pingo de orvalho!!?
Como pode um pingo de orvalho a mim ser comparado?
Dizia a pequena lágrima furiosa, será apenas isso que valho?
Ah! Não devia ter partido, devia com as outras ter ficado

E o pingo de orvalho acariciando a velha flor triste e cansada
Disse: Sou o orvalho de todos dias desde quando ela desabrochou
Mas não sei chorar, faça o que não sei, chore um pouco por ela
A lágrima, envergonhada, abraçou o orvalho e pela flor chorou

Não sei se é verdade essa história mas um dia me contaram.
Dizem que a pequena lágrima até formou com outras um pranto
E que nas madrugadas, quando a saudade dói nas almas sozinhas
Se juntam orvalhos e prantos num dueto de choro e canto.

José João
19/05/2.022

As vezes a dor é um recomeço

Sempre haverá um outro recomeço... quando? Onde?
Não se sabe... mas haverá, a vida é cheia de recomeços,
As vezes um olhar, um sonho, uma estrada, um silêncio,
Até mesmo uma dor, quantas vezes não é ela um recomeço?
Mas é preciso estar atento, não ter pressa, saber esperar.
É preciso saber acalmar a alma, fazê-la passiva ao tempo,
Aprender colorir os pensamentos, os sonhos e sonhar sempre.
Vai... vai entre a calma e a pressa e esquece a ansiedade,
Não sabes se o que buscas está no fim desse caminho, 
Se estiver, indo entre o vagar e a pressa não custarás chegar,
Se não, terás ainda as marcas dos pés para te fazer voltar.
Haverá de ter sempre um recomeço, não te desespere...
Não te aflijas, nenhuma dor é para sempre, olha a tempestade...
Mas depois dela um outro dia recomeça, alegre, sorrindo 
Espera que teu dia risonho vai chegar um dia, te acalma...
Mas te atenta para que tenhas certeza que é mesmo o teu dia...
Por vezes a pressa é tanta que confundimos, nem era aquele
Outas vezes, por não acreditar em nós, chega nosso dia risonho,
Olhamos sem certeza, sem fé e ele se vai, quando percebemos...
Tem-se que esperar um outro recomeço... mas sempre haverá um.
Sorria.. quem sabe ele esteja bem aí... na tua frente!

José João
19/05/2.022

quarta-feira, 18 de maio de 2022

E se forem verdades as minhas mentiras?

Rio-me tanto quando me chamam de poeta!! Eu?!! Poeta?!!
Sou apenas um desses que escrevem versos, todos fingidos
Ri das lágrimas e sorri falsos sorrisos se sente uma saudade
Escreve coisas de criança, fingidor, finge até mesmo a idade

Lágrimas!! O que é isso. Alguma coisa dos olhos? Da alma?
Não sei, sei que os olhos são os límpidos espelhos do fingidor
Que corre entre espinhos, conversa com pedras, bebe prantos
E sai cantado modinhas e ainda fazendo doces versos de amor

Não sei ser poeta, apenas sei escrever a dor que os outros sentem
Por exemplo, a saudade que os outros choram ... eu sei contar
Preparo os prantos e entrego as lágrimas que quiserem derramar
Sou tão fingidor que com cada um dos olhos uma dor posso chorar

Se dizem que a saudade é minha, numa poesia que escrevi, rio-me...
As vezes é uma saudade antiga, já caduca, que alguém um dia contou
Finjo ser minha porque minha alma triste até em versos ela se vira
E quem poderá dizer que não são verdades minhas inocentes mentiras?

José João
18/05/2.022

Pra viver... não precisa ser feliz

Quando criança, brincava de pintar os dias
Sem me preocupar com o que a vida sempre diz
Queria apenas brincar, sabendo que os amanhãs
Todos eles estariam risonhos e eu... sempre feliz.

Mas o tempo! Esse senhor que não para nunca
Foi passando, fui crescendo, criando sonhos,
Sem medo, daria tempo de fazer o que não fiz
Já não sonhava ia em busca de ainda ser feliz

E o tempo que antes se arrastava deixando rastros
Aumentou o passo, como se da vida fosse a matriz
Agora, em mim, só a esperança de um dia ser  feliz

Hoje, cabelos brancos, ombros curvos e voz pausada,
Mãos trêmulas, rugas no rosto sem brilho e sem verniz
Ouço o que a vida diz: pra viver não precisa ser feliz

José João
18/05/2.022

terça-feira, 17 de maio de 2022

Esperando minha poesia

Ah! Quantas poesias soltas por aí!! E eu... sem nenhuma.
Poesias brincando de esconder com as estrelas cadentes,
Cantadas em gorjeios, em trinados alegres, soltos, livres
Desenhadas nas pétalas das flores luzidias e brilhantes

Poesias pintando o céu da madrugada em inocentes cores 
Brincando de reger os pássaros em sinfonias desencontradas
Despertando lírios, açucenas, jasmins, borboletas e beija-flores
E eu...sem nenhuma poesia mesmo chorando tantas dores

Outro dia tinha um por do sol desenhando estradas no horizonte,
Corri, pequei lápis, papel, algumas lágrimas mas... decepção
Era de uma outra poesia, de alguém ao tempo pedindo perdão

Desisti de escrever uma poesia. Tantas e eu sem nenhuma!!
Sentei na porta do tempo, olhando vagamente o imenso vazio
Ouvi uma voz: espera, tuas poesias estão com a saudade no cio

José João
17/05/2.022

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Versos podados

 
As vezes meus sentimentos cabem nos versos
As vezes meus versos curtos cabem na poesia 
Mas nem sempre as poesias cabem nas páginas
Assim ficam as tristezas e... se vão as alegrias

Serão maiores que as páginas a tristeza da gente?
Tanto que seja preciso amputar versos carentes?
Serão maiores que os versos aquilo que se sente?
Para deixar na poesia tantas lágrimas ausentes?

Quantas páginas perdidas em livros dourados!!
Com páginas rotas em tristes versos sem rima
Porque o pensamento nelas foram todos podados!!

Fiz versos curtos, em poesias quase incompletas
Que quase nada dizem, mas cabem numa página
Embora com versos rasgados e rimas absoletas

José João
16/05/2.022

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Ontem

  Ontem tive sonhos que não queria sonhar,
Não brinquei de fazer sorrisos, nem de lembrar
Momentos alegres, ontem brinquei de chorar
Peguei saudade, prantos, dores e  fiz rimar

Loucura, rimar riso com dor, sorriso com tristeza
Lágrimas e prantos com alegrias no mesmo verso
Mas o que tem rimar no mesmo verso o in-verso?
Há de haver, em tudo que se sente, uma certeza

A mim causaria estranheza, não rimar com beleza
Um pranto que nasceu com um outro que já morreu
Com um outro pranto que nem sequer ainda viveu

Se disser que rimei saudades que ainda nem senti
Com saudade que um dia, até mesmo chorando vivi
Com o mesmo pranto que por toda vida escondi?

José João
09/05/2.022

Saiba viver... para sempre

Não abracem apenas os pretos, nem apenas os brancos,
Nem só os ricos, nem apenas os pobres, é bom saber que
Somos todos gente, somos uma raça só, somos todo humanos.
Todos temos defeitos e virtudes, todos somos da mesma matéria,
Apenas alguns têm mais informações, mas, ainda mesmo assim,
Somos todos úteis. A vida, o mudo, são labirintos desconhecidos
Onde todos temos importância vital para a existência da raça.
Ah! Nós... os humanos, tão orgulhosos, tão cheios de vaidade!!
Sem nem saber o que realmente somos, nossa complexa existência
De alma e corpo, de consciência e de forma, da mesma matéria...
Que um dia apodrecerá, e a beleza, como apenas escultura 
Sucumbirá porque apenas ela é um forma, a subjetividade da vida.
Tão ridículos a vaidade e o orgulho! Como nascemos? Frágeis,
Indefesos, nus, ridicularmente nus, precisando dos outros...
Para tudo, até para nos vestirmos e nossa higiene!! rsrsrs
Depois, já grandes, nos damos imbecilmente como auto suficientes,
Somos "donos" de nós... Aí os pobres são escadas para o sucesso
E sempre mais, e sempre mais... aí o tempo!! Inexorável,
Embranquece os cabelos, curva os ombros, reticencias na voz
Passos curtos e incertos e...como disse, inexorável... a morte.
Tão ridículo a vaidade e orgulho! Como morremos? Frágeis,
Indefesos, nus, ridicularmente nus, precisando dos outros
Para tudo, até para se vestir ... e a complexa existência ...
Agora é um enigma, a forma desaparece com a matéria
E o que resta? Aí, nesse momento, é que a verdade mostra
Quem você foi? Você foi o que plantou no coração daqueles
A quem um dia te fizeste útil. Você não leva nada
E deixa apenas isso o que você foi. Saiba viver... pra sempre...

José João
09/05/2.022

domingo, 1 de maio de 2022

Zelo

Te guardo dentro de mim, com tanto carinho
Que por vezes te percebo comodamente dormindo,
... nem respiro para não despertar teu sono,
Até te faço belos sonhos, te canto hinos
Que os anjos me ensinaram para poder te ninar.
Te guardo como flor... imaculada, frágil e bela,
Tanto que nem permito, embora precises, talvez,
Que borboletas de pousem nas pétalas,
Suguem tem néctar com a te beijar,
Meu amor egoísta grita: esse néctar é meu.
Trancei, paciente, cordas de nuvens,
Depois tingi cor do ocaso, sol poente,
Assim fiz uma rede, tão delicada e tão fina
Que a mais leve brisa te embala sorrindo,
Sussurrando canções que ensinei o vento cantar.
Te guardo dentro de mim, com tanto carinho,
Que até pedi para meu coração bater de mansinho
Caso queiras, deitada em meu peito, dormir e sonhar.
E a noite... quando velo teu sono!! Dormes sorrindo...
E um raio de luar mais ousado pela janela entrando
Te cubro depressa... esse corpo só eu posso olhar.
Ah! Como te guardo dentro de mim!
É tanto meu zelo, que deitei o mais singelo arco íris
Por onde passas... para que não sujes os pés,
Mas... sinceramente ... tudo isso ainda é pouco

José João
01/05/2.005