quinta-feira, 31 de março de 2022

Por tanto te amar

Oh dor que me causas e bem sabes
Que me fere a alma em chagas tão abertas
Que desfalece o corpo em mais forte agonia
Que mãe, ao ver do filho, a perda da alegria

Em prantos aos teus pés e de joelhos
Mais que te implorei, te jurei a própria vida,
Pra te me fiz servo, igual a cão passivo
Que do dono apanha mas o ama e é cativo.

Sobre espinhos andaria e tu no colo
A proteger-te com a vida se preciso
Que jorrasse meu sangue lento ao tempo
A suspeitar que terias um segundo de tormento

Que absurdo existirá no mundo a teu agrado
Que impossível me fosse contentar-te?
Estrelas buscaria e até a morte de bom grado
Aceitaria ... simplesmente por amar-te.

E, se no tempo, a vida assim me permitisse
Mil anos de pranto copioso em minha face
Por apenas um segundo mais intenso que a vida
Me permitisses que tua fronte eu beijasse

E, se no mundo, há o que teus olhos não possam ver
E, se por ironia, os meus a isso possam olhar
E se queres tanto ... feliz assim me farias
Arranca os meus... vê ... e me dá essa alegria

Que queres que te diga? Que te faça e te contente
Pede. Que impossível a quem ama não existe
Se por muito a fazer-te achares pouco minha lida
Me toma, que por mim, pra te, é pouco a própria vida.

José João
(reedição a pedido)
31/03/2.022

Não sou poesia, sou a ...

Eu?? Sou a mistura de água e fogo!!!!!
Sou a calma da turbulência!!!
Sou a inocência de um pensamento indecente,
Sou a fragilidade de um desejo ardente...

Sou a chuva que inunda a estrada
Sou a estrada afogada pela chuva
Sou a planta respirando aliviada
Sou a pedra parada, chorando calada

Sou o silêncio verde das campinas
Sou o vento brincando de voltear
Sou o eco da solidão
Que ninguém sabe escutar

Sou o canto desesperado de um pássaro ferido
Sou o vento zangado, indo e arrastando a chuva
Que balança o tempo... que alvoroça o mar.
Sou as flores que nas campinas se vergam para chorar

Eu?! Sou qualquer lágrima que choram por aí
Sou até mesmo a carícia de um raio de sol demente
Sou qualquer alma triste gritando, chorando carente
Eu!!? (estrondosa gargalhada) Sou a tristeza
(outra estrondosa gargalhada) brincando de ser gente.

José João
31/03/2.022

segunda-feira, 28 de março de 2022

Não chore por quem não sabe ...

 Para chorar, bastam uma angustia, uma saudade e ... lágrimas.
Chorar é uma oração que a alma reza quando se sente triste
Quando um adeus que não deveria ser dito ... acontece
Quando uma dor diferente, uma dor que não é dor aparece

Só quem chora com a alma sabe sentir essa dor que não é dor
Mas dói, e tanto, que sufoca e faz da voz apenas um murmúrio
Que, inaudível, quase se faz silêncio e só a solidão pode ouvir
Como se ela fosse a razão de tudo que não se precisa sentir

Mas se chorar é preciso, que as lágrimas se façam aos cântaros
Que povoem os olhos como palavras mudas da angustia sentida
Ou da saudade que faz de sempre uma dor nunca esquecida

Quantas coisas fazem chorar!! Há sempre uma razão para tanto
Mas nunca chore em vão, é preciso saber por quem chorar
E não se permita chorar por quem não sabe o que é o pranto

José João
28/03/2.022

sexta-feira, 25 de março de 2022

Aquele tempo não era tempo era... um lugar

Onde está o amor? Onde se esconderam o afeto, a ternura...
O que fizeram com os sorrisos? Com a meiguice de um olhar?
Estou perdido, vou voltar no tempo, num tempo bem distante
Onde amar era oração e os amantes ainda sabiam conversar

Vou voltar a esse tempo... de cartas perfumadas com flores
De namorados, sem medo, deitarem na relva contando estelas
De sentarem num banco da praça ao por do sol falando de amor
De brincar de bem-me-quer com pétalas coloridas de tantas cores

Era um lugar tão inocente! Todos que ali viviam sabiam sorrir
Não esse sorriso falso de uma self, mas verdadeiro, aberto, solto
Que fazia os olhos lacrimejarem alegres pelo tanto prazer de rir
Os amanhãs não incutiam medo, na verdade era um novo porvir

Ah! Que belo lugar! Não se tinha medo, as noite eram amigas
Os amantes ficavam até tarde na porta contando suas vontades
As crianças brincavam, corriam cheias de vida pelos campos
Que em festa se enfeitava todo com a luz leve dos pirilampos

E nas quermesses!! O alto falante em cima de um alto mastro 
Falando aos namorados, marcando encontros e mandando beijos!!
E as barquinhas!! Os mais ousados ganhavam olhares das garotas
Haja força, esconder o cansaço e fazer piruetas novas e marotas

Ah! quanta beleza, inocência, e fascinante ternura naquele lugar!
No pé do flamboyant florido os mais velhos contavam histórias
Falavam de suas experiências, falavam da vida, das coisas de Deus
Eram lições nunca esquecidas dessas que o tempo costuma cobrar

Saudade! Deixavam as crianças serem inocentemente crianças
Faziam seus brinquedos, trocavam figurinhas, "assistiam" rádio
Namorados escrevendo cartas perfumadas ansiosos por resposta
Tudo isso se foi com o tempo, agora só mesmo as lembranças

José João
25/03/2.022





quinta-feira, 24 de março de 2022

Se for pra chorar... choramos juntos

Ah! Nessas horas tristes... sempre vou estar contigo...
Vamos, sorri mas... se tiver que chorar... choramos os dois
Vem, me dá tua mão, me dá um sorriso, e vamos aí pela vida
Fecha os olhos, me sente, sorri, deixa pra chorar depois

Olha aqui, olha como estou te olhando, cheio de ternura
Me olha, enxuga os olhos, deixa que eles gritem de alegria
Não, não deixa que eles se percam em paisagens vazias
Estou aqui.. sorri, canta, me diz te amo, como sempre fazias

Olha o tempo, olha nosso tempo de verdades e fantasias
Da sutileza dos carinhos, da leveza das palavras, escuta
E se eu te abraçar agora? Te beijar, o que tu farias?

Dá um sorriso... vai... dá um sorriso cheio de nós dois
Cheio do que sentimos, do que queremos, do que somos, 
Sorri, tristeza, não te precisamos, nem agora e nem depois


José João
22/03/2.022

quarta-feira, 23 de março de 2022

As flores sabem esperar

 Folhas caídas no chão, levadas embora pelo vento
Vão sem querer ir, as árvores com seus galhos vazios
Se perdem na sisudez de suas tristeza e vergonha, 
Estão nuas, esqueléticas surradas pelo frio do tempo

Olha como estão! Desfolhadas, secas, sem beleza
A brisa não lhes acaricia mais e como poderia?
Eretas apenas pela vaidade, são apenas galhos...
Não se enfeitam mais com a singeleza do orvalho

Nem os passarinhos não lhes fazem mais ninhos
Mas eis que chega a magia do tempo e as flores
Nascem belas, viçosas e lhes afoga as dores

Primavera, gritam e os galhos encharcados de cores
Dançam ao sabor do vento num valsar inocente
Agitam-se alegres e do outono não guardam rancores

José João
23/03/2.022

terça-feira, 22 de março de 2022

A ilusão das fantasias

Ah! O mundo! Um meu mundo... onde vaidosamente vivia.
Cheio de sorrisos, de elogios, de palavras soltas e vadias
Dessas que mudam a realidade em sonho, sonhos mortos
Era o meu mundo, de fingimentos, de ilusões e fantasias

O gosto doce das palavras macias que não falavam verdades
Mas o que queria ouvir. O tempo colorido por luzes falsas
Sorrisos fingidos, falsos olhares luzentes que nada diziam
A! Esse mundo!! De muitas luzes mas de verdades escassas

Hoje o tempo parece parado, parece até mesmo sem cor
As palavras se fazem poucas, arredias, monótonas e soltas
E as tantas ilusões e fantasias se perderam cheias de rancor

Agora as lágrimas são verdadeiras e tantas mas choro sozinho
Os muitos sorrisos e palavras macias se fizeram tristes e mudos
Assim, vou vagando no tempo perguntando o que é um carinho

José João
22/03/2.022

quinta-feira, 17 de março de 2022

Se alguém lê minhas poesias... não sei, apenas escrevo

 As vezes me perguntam: Alguém lê tuas poesias?
Não sei, nem elas sabem se são lidas, coitadas,
Sabem apenas por quem e porque são escritas
Mas talvez as leiam quem sinta dores parecidas

Minhas poesias não são para apenas serem lidas
Apenas isso não importa, são para serem sentidas
Por isso vão por aí, levadas a esmo pelo tempo
Entrando em almas como a minha... enternecidas

Quem sabe encontrem alguém que chore doídas perdas?
Quem sabe acalente um coração que grita desesperado
Uma saudade difícil de sentir por mais que tenha chorado?

Nas poesias que escrevo nem sempre as dores são minhas
As vezes empresto minhas lágrimas para outra alma chorar
Acho que minhas poesias chegam nos que sofrem por amar

José João
17/03/2.022

Minhas lágrimas!!? Todas têm um nome

Todos choram, disso eu sei, mas meu pranto é diferente,
Não são lágrimas que saem dos olhos e logo ficam perdidas
Elas ficam vivas, sempre lembrando que um dia foram choradas
Nenhuma das minhas lágrimas... nunca, nenhuma foi esquecida

Todas as lágrimas que meus olhos choraram têm um nome
A lágrima estrela, brilhando ao longe, insondável e luzidia
A lágrima lírio, alva, transparente, foi um chorar inocente
A lágrima girassol altiva e bela, só chorada durante o dia

A lágrima dama da noite, tímida, só se mostrava com o luar
A lágrima luz da lua, sutil, sempre misteriosa e nua
A lágrima flor de mel, essa era louca não tinha hora pra chegar

Todas as minhas lágrimas têm um nome e foram mais que tantas
Cada saudade sentida sempre chorava com uma lágrima diferente
Quantas serão as lágrimas? Tem lágrima até com nome de gente!!

José João
17/03/2.022

 

Meus prantos... quase não dão nem pra mim!

Quem dera dentro de mim coubesse, dos outros, suas dores,
Quem dera meus olhos tivessem ânimo e lágrimas para tanto
Mas coitado de mim, para tanto, sou tão pequeno... tão menor,
Em mim só cabe minhas dores, e chorá-las uns poucos prantos

Foram tantas as dores que eu, mesmo como provedor de lágrimas,
Só as tenho para chorar minhas angustias e minhas saudades
Embora a alma, coitada, declame versos tristes da minha vida
Meus olhos, por falta de lágrimas, choram em gargalhadas fingidas

Mas nem sempre foi assim, as vezes meus olhos faziam festa
Brincavam de brilhar sorrindo em reflexos alegres e luzidios
Hoje se perdem tristonhos, cabisbaixos, covardes e fugidios

Ao longe, muito ao longe, lá onde quase a vista não pode alcançar
É pra lá, por vergonha, que ele se perde indo sem cor se esconder
Como se apenas ali, no silêncio da solidão, tivesse o direito de viver

José João
17/03/2.022

domingo, 13 de março de 2022

Eu, a chuva, o tempo e o pranto.

Ontem estava ajudando a chuva a banhar o tempo,
A acariciar as flores, regar jardins. A chuva e o pranto
Se misturavam, deixavam as pétalas macias e brilhantes
E corriam entre os canteiros sussurrando suaves cantos

Eu, a chuva e o tempo, este em cerimonioso silêncio
Eu, ocupado que não faltasse lágrimas para ajudar a chuva
E esta, se juntando ao pranto ia rompendo cercas e quintais
Iam juntas, puras, inocentes como verdadeiras vestais

Onde iriam as duas? Será que um dia se fariam poesia?
Será que fariam as flores dos jardins mais belas e viçosas?
Será que a chuva e pranto diriam o que minha alma sentia?

Não sei, mas foram por aí, em direção a um rio... um mar
Correram entres caminhos, entre pedras foram sem paradas...
E com certeza nunca contarão o porque desse meu chorar?

José João
12/03/2.022

sexta-feira, 11 de março de 2022

O gorjeio de um rouxinol

Um dia, pelas estradas do mundo andei perdido
Qual folha caída no outono levada pelo vento
Indo sem saber onde, perdido, indo por apenas ir
Caminhando em pedras e chorando meu tormento

Se flores havia nos caminhos... não as via nunca
Meus olhos tristes sempre encharcados pelo pranto
Nem chegavam até o horizonte, se perdiam no vazio
E a frieza  cinzenta do tempo apagava qualquer encanto

Os passos trôpegos, cambaleantes como os de um bêbado
A voz morria na garganta  como fosse um suspiro da alma
E a solidão, inseparável companhia... sempre a meu lado

Um dia, no alvor de uma madrugada que começava o dia
Um rouxinol gorjeando alegre, mais alegre que mesmo belo
Me disse num trinado: Sorri, canta que acaba essa agonia
(Parei, ouvi, esqueci e o mundo se fez soneto e poesia.)

José João
11/03/2.022


sexta-feira, 4 de março de 2022

Coitada da solidão!

Há quem veja maldade na solidão, taciturna...fria
Não a vejo assim, vejo-a, coitada, triste ... carente
Por sua própria existência... mais carente que má
Ninguém a quer por perto para todos é indiferente

Assim, vagueia, qual sonambula, sozinha no tempo
Sempre só, vagueando o olhar em horizontes vazios,
Indo por veredas sombrias, sem uma voz para ouvir
Ouve apenas lamentos de quem só tem ela pra sentir

Por vezes se mistura na multidão que apenas vai,
Olha assombrada os rostos aflitos, perdidos, sem luz
Mas ninguém a vê... cada um preocupado com sua cruz

Assim, a solidão se faz triste pela tanta carência de tantos
Ela, entre eles, nem pode se dar ao prazer de ser A solidão
Nem lhe conhecem mais, desde que da vida perderam o  encanto

José João
04/03/2.022

quinta-feira, 3 de março de 2022

Quando se diz: te amo

 Quando se diz: te amo, a voz é apenas um instrumento.
Quando se diz: te amo, o coração pulsa bem mais forte,
Se agita como se quisesse que ele mesmo dissesse o quanto
Aí faz a voz tremer e os olhos chorarem um alegre pranto.

Quando se diz: te amo, e a razão para tanto não existe,
Quando o coração não grita, é o mesmo que nada dizer
São apenas palavras vazias, perdidas, soltas no tempo
Indo a esmo como fossem folhas mortas levadas pelo vento

Não há de se dizer, te amo, sem que o amor não permita
Dizer por apenas dizer, é triste, é uma canção sem melodia
Um grito que ninguém ouve, é rezar o terço sem a Ave Maria

Deixo o coração em silêncio se não for verdade o que sinto
Nem me permito a ousadia de mentir, quer seja com o olhar,
Dizer te amo, é uma oração divina que poucos sabem rezar

José João
03/03/2.022