domingo, 28 de janeiro de 2024

No rosto... uma ruga diferente

As rugas do meu rosto são minhas verdadeiras histórias
Contam de mim, do que fui, do que vivi, das saudades
Algumas são de momentos que franzi o rosto para sorrir,
Ficaram desenhadas como das poucas alegrias que senti

Outras, são muitas, foram tristezas que a alma chorou,
Marcadas em fartas linhas, histórias que nunca contei
No rosto, a vida escreve o tempo sem nenhum pudor
Até hoje quando traz tristezas que ainda não chorei

Quando o espelho mostra meu rosto, leio o que vivi
Estão as saudades, adeus ditos em doloridos silêncios
Quantas palavras ditas em prantos que fingi não ouvir?!

Hoje, todas as minhas rugas me lembram do que fui
Mas tem uma diferente, não lembro porque ali está
Será alguma verdade que fingi e ela não quer mostrar?

JJ. Cruz Filho
Acadêmico da: AMCL
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 28/01/2.024

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Solidão é a ausência de saudade

Coitado dos que choram pela falta de uma saudade!
Dos que não têm histórias para lembrar ou contar
Qualquer uma, mesmo aquela contada em prantos
Mesmo doendo na alma... que só a fizesse chorar

Que triste!! A saudade... sempre espanta a solidão
Até o silêncio fica atento, ouvindo o que ela diz
O tempo se faz lento, como não quisesse passar
As mãos tremem, em uma muda maneira de falar

Como é triste nunca ter dito: te amo, nem ouvido
Não ter sentido a tristeza de  ter ouvido um adeus
Daquele que emudece a voz e faz perder o sentido

Se faz lágrima, depois saudade, depois lembrança,
Sempre será uma história a ser lembrada pela alma,
Momento único, que só quem amou pode ter vivido

JJ. Cruz
Academia: AMCL
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em; 23/01/2.024



sábado, 20 de janeiro de 2024

A canção do tempo

De muito, muito longe... me chega uma canção
Como se viesse a mim trazida num cantar de anjos
Que talvez tenham encontrado, solto, meu pranto
A derramar-se no tempo e dele fizeram um canto.

Fala de saudades antigas, perdidas, até já caducas,
De lágrimas que, pelo tempo, para adoçar a alma
Jogaram fora o sal, se deram um sutil dulcificado
Como assim tirassem de mim meus tantos pecados

Me perdi dentro de um silêncio que só eu ouvia,
A canção dos anjos não era ouvida pelos ouvidos
Mais parecia o afinado declamar de uma poesia

Nomes que o esquecimento havia guardado pra si
Foram lembrados, cantados em tristes sinfonias
Vagamente fui lembrando, foram momentos que vivi

Acadêmico: JJ. Cruz
Academia: AMCL
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 20/01/2.024

sábado, 13 de janeiro de 2024

Cansei de ser poeta...

Cansei de ser poeta, buscar palavras, encontrar rimas
Falar de saudade, de solidão, vestir os olhos de pranto!
Contar minhas dores, fingir sorriso alegre nas poesias
É como inventar orações vazias enganando com heresias

Cansei de ser poeta, desenhando lágrimas nos versos
Desenhando no rosto, rugas que se fazem de história
Algumas alegres (poucas) outras tristes (essas muitas)
Fazendo do pranto, para a alma, uma rude dedicatória

Cansei de ser poeta. Vou ser agora fervoroso sonhador,
Sonhar com saudades novas, aprender a colorir o pranto
Fabricar lágrimas que aos olhos se façam de encanto

Vou ser um sonhador. Pintar a tristeza da cor do lírio
Fazer da solidão uma companheira alegre e falante
Fazer amantes alma e sorriso viverem em eterno cio

JJ. Cruz
Academia: AMCL
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 12/01/2.024
Postagem oficial

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

A festa das flores do meu jardim

Ontem, no meu jardim, as flores me fizeram uma festa,
Pareciam soltas de seus caules, que mais pareciam braços
Que, ao som da brisa, se contorciam suave e lentamente
Em ternos movimentos, como fossem inocentes abraços

Soltas, se olhavam, sorriam! Lindos o Cravo e a Rosa
A se abraçarem, se olhando nas pétalas carinhosamente
Como faziam o Girassol com a Tulipa, esta bem rubra
Olhava seu par, meio sem jeito, até mesmo timidamente

Efusiva estava Margarida, majestosa, vestida de vermelho
Abraçando Narciso, todo de branco como um príncipe
Amigo de Hibisco que esperava Orquídea a se maquiar
Essa, vestindo lilás, sempre orgulhosa, se fazia esperar

Num canto mais afastado do jardim, estava o Álisso,
Não por timidez, queria chamar a atenção de Amarílis
A mirar-se na água transparente do lago do jardim
A pensar-se a mais bela, vestida de branco e carmim

Meu jardim! Sempre está em festa! Sempre é alegre
Todas as flores dançando livres, soltas ao vento leve
São tantas que não cabem na poesia... sendo assim
As que não citei, vão estar loucas com raiva de mim

Acadêmico: JJ. Cruz
Academia: AMCL
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem de: 12/01/2024

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Um rosário de encantos

Quando os ontens estiverem perto do esquecimento,
Quando os prantos estiverem caducos para chora-los
Tomara que ainda exista um saudade, uma que seja
Viva, dentro da alma, para lembrar esses momentos

Quer tenham sido alegres ou tristes, de risos ou prantos
Mas que tenham sido, pela alma, vividos e sentidos 
Pois as lágrimas, na vida, também tem seus encantos
Mas só pela alma esses tantos encantos são percebidos

Tenho um rosário feito de risos, outro feito de prantos
Neles rezo ladainhas inventadas, orações em poesias
Sempre o pranto é verdadeiro e os risos... são fantasias

Que ficaram enfeitando as minhas horas mais tristes
Num contar histórias risonhas... quase sempre fingidas
Só com o rosário de prantos minhas orações são ouvidas

Acadêmico: JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Publicado em: 11/01/2.024

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

A voz dos meus olhos

Meus olhos gritavam, faziam do pranto palavras
Que molhavam o rosto, a alma, encharcavam a poesia
Corriam por entre o tempo, entre saudades perdidas
Pela angustia faziam orações profanas e até heresia

O silêncio... se fazia ouvir nas lágrimas choradas
Que caiam dos olhos tristes como pétalas orvalhadas,
Brilhantes, feito gotas de sol perdidas nas manhãs
Ou pedaços do alvorecer deixados na  madrugada

A única voz era o cantar do alvorecer nas folhas 
Se faziam uma sinfonia perfeita, doce divino canto
A embalarem o dia em dueto com meu pranto

A brisa, chegando de mansinho, parecia um sussurro
Passando, sutil, por entre a madrugada e o amanhecer
Levou minhas lágrimas, se foi, sem nada me dizer

Acadêmico: JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postada em: 11/01/2.024

sábado, 6 de janeiro de 2024

O pranto me deixa sorrir... fingindo

Desde muito, desde quando, sozinho, aprendi,
Que o grito desesperado da alma... é o pranto,
Que vai dos olhos ao tempo, contando histórias.
Fiz dele voz, para me contar em triste  canto

Com ele lavo o rosto nas minhas noites de insônia,
Me turva os olhos para eu não ver, para apenas sentir
A saudade me tomando, me fazendo chorar mais
E ele enfeitando os olhos sem qualquer cerimônia

Com o pranto aprendi chorar no silêncio, sem alarde
Não constranger a alma, gritando dores na multidão
Nem fazer de voz, o pulsar triste de um pobre coração

Com a alma gritando  dentro do silêncio do pranto
 Me dou ao luxo de, na rua, caminhar sorrindo
Enquanto os olhos gritam os lábios sorriem... fingindo

JJ. Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 06/01/2.024

Quem diz: "minha poesia é negra"... qual a cor de sua alma?

Que cor teriam saudade, lágrima, solidão se cor tivessem?
Que cor tem o sorriso? Alguns dizem: meu sorriso é negro
Outros gritam: minha poesia é negra! Qual a cor da poesia?!!
Se escrevessem com a alma, com certeza, nenhum cor ela teria.

Se poesia e sorriso tivessem cor não seriam poesia e sorriso
Seriam apenas palavras e expressões sem valor e sem alma
O sorriso não tem cor, o que se vê, é se ele é alegre ou triste
A poesia, também não tem cor, cor pra poesia?! Não existe

E eis que chaga da alma um sorriso alegre, cheio de beleza,
Com ele uma poesia dessas que declamar é o mesmo que orar
Vestem-se cor da inocência.!! Uma cor que ninguém nunca viu
Se inocência tivesse cor!!! Não e nem pode, ninguém a pariu

Se da alma, viesse aos lábios, mesmo lento, um sorriso triste,
Se com ele viesse uma poesia chorando e carregando o pranto
Alma e pranto se abraçariam, chorariam sem nenhum pudor
Se olhariam sentindo a mesma dor... mas sem qualquer cor

Quem diz: minha poesia é negra, quanto rancor no coração!!!
Nunca sentiu saudade, nuca viu o brilho mágico do pranto,
Não sabe da magia, da beleza da alma ajoelhada em oração 
E um sorriso alegre de cor divina, sorrindo em plena contrição

Minhas lágrimas... não sei a cor que são, nem a cor da saudade
A solidão!! Claro que existe mas quem sabe a cor da solidão?
A quem diz: minha poesia é negra e negro é meu sorriso
Pergunto : Que cor tem sua alma e seu ... coitado, coração?

JJ. Cruz
Academia Mundial da cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental.
Publicado em; 06/01/2.024