domingo, 28 de abril de 2024

Eu posso... eu sou poeta

Eu!!!? Eu posso mentir sem pecar
Posso ver a beleza do sol numa noite de luar,
Posso parar o voo de um pássaro de arribação,
Apenas com um ponto final no fim do verso.
Fazer amarílis gritar de ciúmes pelo lírio
Porque resolvi faze-lo amante de verbena.
Posso fazer o sol parar no meio do tempo
Fazê-lo voltar para enfeitar o nascer do dia
Ou fazê-lo correr por querer agora um por do sol.
Posso criar prantos à minha vontade...
Prantos alegres desses que os olhos gargalham
Ou um pranto triste chorando doídas saudades.
Ontem fiz nascer margaridas num pé de flamboyant,
Tirei do lago um lindo peixinho dourado
Para fazer dueto com um rouxinol.. foi lindo...
Todos se admiraram, o peixinho de fraque e gravata,
O rouxinol, com elegante smoking e cachecol
Posso tudo porque minha imaginação é completa
Não! Que absurdo! Que heresia, não sou nenhum deus
Mas posso fazer o que disse, afinal sou um... poeta

AMCL: Academia Mundial de Cultura e Literatura
Acadêmico: JJ Cruz
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem de: 28/04/2.024

terça-feira, 23 de abril de 2024

Envelhecer ... é um merecimento.

Quando meus cabelos estiverem brancos
Como mensagem inconteste do tempo.
Quando minha voz estiver fraca, reticente
Ainda assim estarei fazendo parte do presente

Com lembranças que o tempo não levou
Com esperança de ver o que ainda não vi
Olhando no espelhos velhas rugas novas
A contarem a história do que tanto vivi.

Mas quero ainda estar livre para pensar 
Ter a liberdade de acordado ainda sonhar
Correr atrás, a buscar novos pensamentos 
E que ainda me seja dada a dádiva de amar

Não quero momentos tristes para lembrar
Quero sentir o gosto dos beijos que troquei
Que as mãos enrugadas passeiem no rosto
Relembrando carícias que sempre lembrei

Quero estar livre para apenas ser eu mesmo
Sem compromissos para amanhã, viver assim
Brincando de viver os dias que ainda restam
E correr, lento, entre as flores de um jardim

Não precisa que me lembrem que envelheci
Sei me ver, até sei ainda lembrar de mim
Mas agora, mais sábio, me basta me ver
É o tempo dizendo que mereci envelhecer

Não sei se de exemplos algum dia servi
Se o fizeram não foi por um meu querer
Nada demais eu quis, e o que quero agora?
Me divertir no que ainda tenho para viver

José João
23/04/2.024

Almas sozinhas

 
- O que nos separa não é a distância
E na verdade... nem os caminhos
O que nos ume ... não é a vida
É simplesmente sermos sozinhos

Minha busca é árdua. Onde estou?
Talvez tão longe e de mais ainda vim...
Entretanto, nada sob o céu tem fim
A esperança é eterna e existe em mim

Quem sabe possas me fazer um sonho
Me encontra ela e eu te proponho
Uma vida livre... de cantar risonho
E em belos versos em te me ponho

- Há quanto tempo tens essa busca?
Não sei quem és e a mim não dizes,
Se dela falas, me diz seu nome
Me diz ao menos se foram felizes.

- Há muito tempo, passado distante
Quis o destino que mais não a visse
E em triste loucura me perdi no tempo
E ao me encontrar, me veio o tormento

Que mais faço? Desespero eterno?
Até no infinito amar é preciso
Traduz meus versos, canta o que sinto
Que amo e amo, sou amante contrito

Grita comigo a beleza do amar
Grita bem alto, nos versos, na vida
Grita que amar é mais que viver
Grita que amar é nunca morrer

Grita que a morte ao amor não resiste
Grita que a sorte é amar, não ser triste
Grita que a vida é luta incontida
E que sem amor, jamais é vivida

Não calo! E se choro meu grito
Que pela perda, até mesmo aflito
Não calo, não paro no tempo
Haverás de fazer acabar meu tormento

Escreve meu nome e o dela também
Que até no infinito eu a quero bem
Se hei de chorar por não a encontrar
Me ajuda! Chora comigo também

Há quanta procura e vãs tentativas
De encontrar no caminho uma alma cativa
Que me faça falar... falar nessa vida
Que de muito pra mim já é esquecida

Diz que para um segundo de amor
De doação tão terna quanto infinita
Se fores chorar o resto da vida
Vale a pena, faz a vida ser bem mais bonita.

José João
Reedição: 14/08/2.011


segunda-feira, 15 de abril de 2024

Belo... é amar sem nunca pedir troca

A beleza da vida??! O que seria essa beleza?
Seria sentir, no por do sol, o carinho do universo?
Seria o sentir do perfume das flores no campo?
Ou seria a poesia "falando" da vida em versos?

Como se poderia contar as tantas belezas da vida?!
Fazer o outro feliz, amar sem nunca esperar troca?
Dar um sorriso... desses que alegram o coração
Ou amar intensamente? Amor puro nunca sufoca.

Seria a poesia, em sua humildade, a beleza da vida?
Indo no tempo contando histórias belas ou tristes?
Mesmo aquela que a alma chora sentindo saudade?
Mas ela sabe que chorar é preciso, a lágrima existe.

Quanta beleza tem nos olhos gritando em prantos
Quando as lágrimas, brilhantes... no rosto caem
Como se fossem as contas de um rosário divino
Por onde as dores da alma, como milagre, se esvaem

Quem me dera fosse um poeta pelos anjos inspirado
Para contar, em versos, a beleza que cada alma sente.
Juntar a harmonia do universo com a beleza da vida?!
Seria um milagre que nem a poesia poderia ter criado

AMCL: Academia Mundial de Cultura e Literatura
Acadêmico: J J Cruz
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem oficial: 15/04/2.024
(09/03/2.024)

terça-feira, 9 de abril de 2024

A magia do amanhecer

 Madrugada... o dia boceja acordando lentamente
As estrelas... correndo a se esconderem do dia
Se escondem atrás do sol ocupado em lustrar-se
E a brisa, bafejando ternura, canta uma melodia

As flores, banhadas pelo orvalho, espreguiçam-se
Dão bom dia às leves borboletas ávidas a beija-las
Acariciam as pétalas com suas belas e frágeis asas
Como fossem anjos vadios a docemente cativa-las

Os pássaros, ainda sonolentos, ajeitam a plumagem
Brincam como equilibristas nos galhos, nas folhas
Se fazem personagens de uma doce e linda paisagem

Depois, sem nenhum maestro, começam a sinfonia.
O perfeito desencontro se faz verdadeiro encanto
As vezes até parecem a doce harmonia de um pranto

AMCL - Academia Mundial de Cultura e Literatura
Acadêmico: J J Cruz
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem: 09/04/2.024