segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Que o silêncio conte o que a alma sente

 Horizontes, jardins floridos, por de sol coloridos...
Que importa para quem chora a dor de uma saudade?
Que belo seria mais que as lágrimas que tristemente chora?
Ou até mesmo as orações que reza quando a alma implora?

Que o tempo leve as angustias e deixe o pensamento leve,
Que possa voar em sutis volteios brincando de ser livre
Indo sem pressa, sem direção, apenas voando em liberdade
Sonhando inocentes sonhos novos que se façam de verdade

Que pode ser belo quando a saudade e solidão se juntam?
Quando até o tempo perde a cor e tudo fica da cor do pranto?
Fica tudo tão sem razão que sussurros tristes se fazem canto!

É melhor calar, deixar que o silêncio taciturno se faça voz
E conte, à sua maneira, a tristeza que a alma calada sente
Esperando, acabrunhada, um dia não ser mais tão carente

José João
28/02/2.022

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Os poetas não são mágicos, são apenas poetas.

 O poeta, do dia faz noite e chora sob a luz das estelas,
Planta, num verso, um pé de flamboyant viçoso e florido 
Onde um sabiá, já quase no fim do verso, gorjeia um canto
E convida o poeta a chorar com ele uma saudade antiga.
De um verso a outro o poeta pinta lágrimas no rosto triste,
Com um ponto final no fim do mesmo verso, para o tempo
E faz nascer um sorriso como se as lágrimas fossem fingidas
E sorri para as lagrimas como se o sorriso fosse verdadeiro.
A verdade do poeta é diferente, pode nem ser verdade...
As vezes, as mentiras que a poesia diz são verdades
Que o poeta brinca de não contar nos versos, e pra quê?
São momentos vividos pela alma do poeta... em segredo.
Ah! Esses poetas!! Viajam muito além dos horizontes,
Do pensamento fazem pássaros alados e voam livres
Sobre oceanos, entre as nuvens, brincam, em sutis volteios
Com a brisa, e vão entre cercas, quintais e corações
(parei nesse verso para enxugar uma lágrima teimosa
Que insistia em me lembrar uma saudade antiga)
Contando histórias de amor, de saudade e de sonhos.
Ah! Esses poetas! Não são mágicos... são apenas poetas.

José João
26/02.2.022

Como se não fosse preciso

 É noite, o silêncio da solidão enche o tempo
A saudade, qualquer saudade se faz toda viva
Corre entre os pensamentos quase já esquecidos
Buscando antigos momentos no tempo perdidos

O marolar das sombras que se agitam no chão,
Em movimentos cadenciados do vento nas folhas
Brincam de fazer desenhos sem traços e sem cor
Sem que o tempo permita qualquer outra escolha

A noite brinca de fazer sonhos, vontades impossíveis 
De fazer histórias, sonhos que nem foram sonhados
De fazer verdades, mentiras que sonhamos acordados

Saudade, a noite lá fora, o silêncio doentio da solidão 
Tudo isso brincando de fazer a alma gritar em lágrimas
Como se não fosse preciso, para chorar, qualquer razão

José João
26/02/2.022

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

A vaidosa e bela flor sem perfume

Ah! Coitada daquela flor!! Tão linda! Tão única!
Reinava, orgulhosa, no centro do jardim ... só ela,
Borboletas, beija flores lhes beijavam com cerimônia
E ela, mostrando sua beleza, dizia: daqui sou a mais bela

O sereno do alvor do dia mais ainda embelezava suas pétalas
Como fossem pedaços de diamante sobre divino veludo
E ela, a única, a mais bela, se espreguiçava sorrindo
E sorrindo dizia, sou a mais bela, pra vocês devo ser tudo

Vocês, dizia ela, são apenas realce pra minha beleza
Esquecida que flores são frágeis, que beleza passa
E que amanhã o tempo, indolente, cobra o que deu

Assim a orgulhosa flor foi murchando, envelhecendo
Chorando, triste, a beleza que em tão pouco tempo perdeu
E por não deixar perfume, até ele, dela, se esqueceu.

José João
23/02/2.022

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Ouça o som da vida

Ouça o som da vida ao seu redor, ouça-o bem.
Ouça o som da vida dentro de você, no seu peito
Quando as emoções fazem o coração gritar eufórico
Num descompasso mágico e divino por tão perfeito.

Ouvir a vida no silencioso volteio da brisa leve
Que te abraça  corpo e alma e te deixa livre, solto
Num marasmo santificado de sonhos coloridos
Que num mar melodioso de ternura te deixa envolto

Ouça o som da vida em tua voz, sim na tua voz
Quando coração e alma gritam juntos: te amo
Aí se percebe que não existe mais eu, existe nós

Ouça o som da vida nas asas do teu pensamento
Ouça o som da vida quando sonhas ainda acordado,
E sente a beleza de estares vivo, de amar e ser amado.

José João
19/02/2.022

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Como escrever em versos o que só sei sentir?

 Não importa o tamanho dos versos... nem da poesia
Não importam as palavras, nem as rimas, não importam.
Versos longos, versos curtos, escritos em pedaços de papel
Ou poesia em tantos versos, até esculpidas com cinzel

Tenho uma poesia perfeita, mas nunca pude escreve-la
Não encontrei palavras, se encontrasse não seria perfeita
Seria uma poesia qualquer, que se lê mas sem nada sentir
Minha poesia, mesmo declamada seria impossível de ouvir

Ela está escrita dentro da alma e são tantos os sentimentos
Tantas as emoções que palavras não traduzem, são poucas
Não teria como escrever o menor dos meus momentos

Não cabe, nos versos que escrevo, a poesia que só sei sentir
Ela se escreve em dois livros, um na alma outro no coração
Sem dizer pra ninguém nada do que já senti ou...do que já vivi


José João
16/02/2.022

Vou fingir que é poesia

Hoje me perdi nas palavras soltas, versos compridos...
Como fossem estradas que procuram um horizonte
Sem marcas, porque ninguém por ela ainda passou
Como orações perdidas que ninguém nunca rezou

Sou o silêncio da poesia que ainda não se escreveu,
Na confusão de mim, faço versos curtos que nada dizem
Desenho sorrisos no tempo, brinco de fazer lágrimas
Escrevendo no chão poesias que nunca ninguém leu

Mas triste?! Eu!! Não. Vou caminhando calado, sozinho
Murmurando rezas que invento, ladainhas que canto
Até juro que é mentira a verdade de meu pranto!

Na poesia posso tudo, até fingir as verdades que minto
Fingir que é mentira as verdadeiras lágrimas que choro
Até dizer que é verdade a vontade de sorrir... que não sinto.

José João
16/02/2.022

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Quando a ferida é na alma

 Dou-me ao tempo a curar-me as cicatrizes...
Sarar as feridas que angustias fizeram na alma,
Entrego-me no criar orações que nunca rezei
Pra chorar essa dor... chorar, como nunca chorei.

Me ponho a fazer de mim leve brisa livre ao tempo
A ir em volteios sutis, entre horizontes coloridos
Levando as tristezas, as dores que a alma sente
E assim com eles vão os pensamentos entristecidos

Me faço forte, e vou além de mim buscar sorrisos
Deve haver alguns perdidos a serem encontrados
Mesmo de lábios que, por tristeza, tenham chorado

Mas se choramos a dois há uma verdade a ser sentida
Um do outro apaga as cicatrizes que feriam a alma
Nasce uma razão de amar e ...começar uma nova vida

José João
10/02/2.022

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Saudades e sonhos vão ... perdidos por aí

 Não é mais hora nem tempo de chorar saudades,
Na verdade, nem lágrimas tenho mais para chorar
Todas se perderam nos tantos momentos passados.
Os olhos vazios se fizeram desertos por tanto pesar.

Vago por estradas perdidas que não sei onde vão levar
Os horizontes se repetem na distância que não sei
Passos lentos, sem deixar marcas, sussurros perdidos
Repetindo palavras ditas em tempos há muito já idos

Lembranças se confundem com sonhos nunca sonhados
E os que sonhei se fizeram caducos... vagando por aí
Como fossem andarilhos perdidos sem ter onde ir

Pobres sonhos! Perderam a cor ... perderam a razão
Perderam até o sentido de um dia terem existido
Hoje, coitados, quase moribundos por tão esquecidos

José João
06/02/2.022

Soneto do amanhã

 Vou deixar algumas lágrimas pra chorar amanhã,
Essa caixinha com solidão e essa outra com tristeza,
Guardar também um pouco dessa vontade de chorar
Quem sabe amanhã eu não tenha história pra contar!?

Escrevo o que hoje me sobrou... vou parar de chorar
Vou deixar mais lágrimas, nunca se sabe, uma saudade...
Sim tem que ficar uma saudade mas... qual delas?
Acho que tenho uma guardada na bolsa de antiguidade

Caso não tenha amanhã nada para fazer uma nova poesia
O que guardei, com certeza, vai servir. O que pode faltar?
Guardei lágrimas, solidão, tristeza, vontade de chorar...

Acho que não falta mais nada, tenho tudo que preciso,
Na caixinha de musica guardei palavras, guardei rimas
- Poeta, e se esqueceu alguma coisa? rsrsrs  improviso

José João 
03/02/2.022

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Soneto da ilusão perdida

 Lá vem a noite, num relampejar de medos e prantos
Num contar histórias de fadas, de fantasmas e solidão,
Cheia de sombras, dessas que tanto causam espanto
E aos amantes sozinhos, uma mistura de tristeza e encanto

Um raio de luar, desses curiosos, chega até os olhos
Que brilham como se estivessem molhados, encharcados
E para disfarçar, atiram um olhar lá longe no horizonte
Disfarçando o silêncio dos olhos, que choram calados

E num tratar de sussurros e gemidos como se fosse voz
Conta estrelas como fossem contas perdidas de um rosário
Que nunca foi rezado, nunca existiu, é apenas imaginado

E assim a solidão se faz tempo, se faz noite, se faz história
Faz das nuvens transporte, levando sonhos não acontecidos
Desses que nunca se esquece, que no tempo ficam escondidos

José João
03/02/2.022

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Queria saber pintar poesias

Queria pintar meus versos com a cor da saudade
Mas de que cor é a saudade? Cor de lágrimas?
Mas... lágrima tem cor? Será a cor da tristeza?
Mas talvez eu os pinte com a cor da incerteza

Versos soltos, compridos como os dias tristes
Palavras  perdidas, vagando a esmo na poesia
Que se completa com os sussurros paridos
Por momentos que nunca foram esquecidos

Ah! Fosse eu um poeta! Um mágico poeta!
Desses que pinta o verso com a cor da alma
Que desenha coloridos sorrisos em lábios sem cor
Que pinta saudades como quem pinta uma flor!

Mas, ai de mim, não sei nem a cor da saudade!
Não sei a cor das lágrimas, nem da tristeza...
Delas, o que entendo, na poesia não sei contar
Não me permitem falar... só mesmo chorar

Por tudo isso minhas poesias ficam imperfeitas
Ficam versos incolores sem rimas e sem beleza,
Perdidos, escondidos em uma imensidão do vazio
Onde saudades e tristezas vivem em pleno cio

José João
03/02/2.022