quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Minhas relíquias

Revirando minha grande e velha gaveta,
Revendo meus guardados, fiquei surpreso
Com o que o tempo me deu para guardar.
Palavras soltas, letras perdidas,
Velhas e poeirentas poesias inacabadas,
Até um beijo, bem velhinho, sozinho,
Sentado no canto da gaveta, um beijo
Que havia esquecido de ter recebido.
Retratos, coitados, sem cor, roídos.
Sorrisos amarelados em rostos apagados.
Até aquela velha saudade de cabelos brancos
Dormindo comodamente sobre aquela história
Que ficou guardada sem que eu soubesse.
E as cartas? Cartas que nunca foram enviadas,
Tantas que se acotovelavam e até discutiam
Na esperança de que fosse manda-las,
Não entendiam que já estavam velhas.
Não que não tivessem mais sentido
Ficaram como registros de momentos
Que também envelheceram e nem aconteceram.
As recordações discutiam acirradamente
Cada uma querendo sem mais jovem que a outra
E como se não bastasse, a mais importante também.
E os sonhos?! Velhos e caducos sonhos
Misturando as histórias ou contando em pedaços
As tão já passadas emoções e sensações.
O que também me chamou a atenção
Foram duas lágrimas tão velhinhas
Que quase nem se punham mais de pé
Embora parecessem lúcidas, diziam contentes
Que eram remanescentes de um sorriso...
Um sorriso em que os olhos choraram.
E um velho soluço conversando com os ais
Da mesma idade, dizia: Coitadas estão caducando,
E eu fiquei sem saber se sorri realmente um dia .
Á! Minha grande e velha gaveta
Cheia de relíquias que o tempo não consome.

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