segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Quando a alma desperta triste

Quando minha alma desperta deveras triste,
Chama para os olhos o coração, para juntos,
Chorarem sua dor, enquanto o coração pulsa
Num triste sussurrar, os olhos se dão ao pranto
A se derramarem por sobre a alma, que se banha
No pranto caudaloso, o de uma límpida fonte
Que como nascente tem o coração, como leito,
Os olhos, como cachoeira o rosto e como delta
A própria alma. Aí então o tempo se faz lento,
Para dar a si mesmo tempo de ficar triste.
Quando realmente minha alma assim desperta,
Sentindo saudades doídas, tanto que apenas
Um chorar não basta, ela mesma se faz dona
Das palavras, toma toda, para si, a poesia,
A estende-la eternamente enquanto durar a dor
Que sente, que lhe machuca, que lhe faz lágrima.
Quase sempre minha alma desperta assim...
Desde muito não lhe vejo um sorrir.

JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem de: 18/12/2.023

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