quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Choro, igual a minha, a dor dos outros

Que egoísta seria e nunca, eu juro, me perdoaria 
Fazer meus olhos chorarem apenas as minhas dores,
Chorarem saudades com se só eu as pudesse sentir
Clamar perdão como se só eu merecesse tais favores

Choro, como se fossem minhas, também dores alheias
Invento orações e rezas por dores que não são minhas
Até me faço provedor de lágrimas, empresto os olhos
Fabrico prantos como se o olhar rezasse uma ladainha

Por vezes pensam ser meu o sofrido pranto que choro
Não é fingir, as vezes quem sente a dor não sabe chorar
Soluça um pranto preso  na garganta, sufoca a alma
Então empresto minhas lágrimas apenas para ajudar

Minha alma, à dor dos outros, nunca foi indiferente
Até me impõe que os olhos estejam sempre despertos
Para que tenha prantos até para dores que não sente
Meu pranto, para minha ou dor outros não é diferente

Acadêmico: JJ. CRUZ
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Publicação oficial: 09/10/2.023

 

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