Corria entre verdades, ironizava o mundo, ria dos amanhãs
Deixava coisas para depois, como fosse o dono do tempo,
Assim queria e fazia de meu todo e qualquer momento
Não tinha tempo de ficar admirando flores, nem jardins,
Eram tão comuns, sempre existiriam em qualquer lugar
Mas meu rosto!! Esse era belo, sem marcas, esse era eu
A enfeitar um mundo, que jurava, ser todo e apenas meu
Mas o tempo! Passa lento, sem alarde e sem fazer festa
Quando, de repente me vi, meu rosto já não era o mesmo
Nem meu sorriso, nem meu olhar... aqueles sulcos na testa!!
Me faziam crer que tudo que agora fizesse fosse a esmo
Não me permitem mais ironizar o mundo nem os amanhãs
A vida agora me apressa a fazer, a correr como o vento
E ainda assim, me pergunto... será que ainda dá tempo?
Correr entre as horas, buscar sorrisos, são tentativas vãs.
Procuro jardins, procuro flores que possam alegrar a alma
Quando encontro, me sento cabisbaixo, com algum remorso
E, de dentro de mim, vem chorosa, como fosse um queixume
Uma voz: Não aprendeste nem sentir, das flores, o perfume!!!
E continua, que fizeste da vida? Onde estão teus momentos?
Onde está tua pressa, onde estão os afagos que não destes?
Onde está teu rosto que vaidosamente fazias a principal cena?
Agora, sem saber a beleza de viver, tua vaidade... valeu a pena?
JJ Cruz
Academia Mundial de Cultura e Literatura
Cadeira: 25
Patrono; Antero de Quental
05/12/2.023
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