quinta-feira, 27 de maio de 2021

O pranto e o canto

Lá no horizonte, lá longe, o dia começa a acordar,
Espreguiça-se lentamente e começa a  espalhar-se,
As estrelas começam a perder o brilho... escondem-se
Dentro do dia e vão indo, sumindo...sumindo,
Um sabiá chora saudoso, num gorjear triste, uma saudade,
Parece que na noite, estava acordado compondo um canção
Cheia de paixão e tristeza, talvez tenha sonhado uma perda.
Mais e mais o dia vem chegando, preguiçoso, sem pressa...
E bem devagar acorda o tempo que estava deitado na madrugada.
Acordo, ainda sonolento, olhos quase ainda fechados...
E me ponho a tentar lembrar um sonho que nem sei se sonhei.
O sabiá e seu trinado melancólico não me permitem pensar,
Esqueço o sonho (que nem sei se sonhei) e fico atento ao gorjear
Como se quisesse, por pura loucura, traduzir tão triste canto.
Parece que a dor que sente é tão intensa que seu lamento
Mais parece um oração, um oração que gostaria de saber
Rezar. Me entrego ao devaneio, e tento, como o sabiá,
Sentindo uma saudade só minha, cantar um canto que, talvez,
Traduza a tristeza que também sinto, mas não sai um canto,
Sai um soluço cheio de reticências, na verdade, são meus olhos
Que cantam com a voz do pranto, onde cada lágrima 
É um nota triste, como se fosse cada trinado choroso do sabiá .

José João
27/05/2.021


Um comentário: