quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Juntando prantos e semeando amor

Vou, com a poesia, juntando lágrimas choradas 
Que caem pelos caminhos e ficam despercebidas
Eu e ela, juntamos prantos, como fossem flores,
Separamos a solidão do silêncio, lhes damos cores

Juntamos também tristezas perdidas nas noites
Misturadas com a insônia esperando o outro dia,
Juntamos saudades sempre juntas com o adeus
Até palavras doloridas ditas de forma dura, fria

Eu e a poesia saímos por aí, juntando coisas assim
Então tentamos limpar o tempo, almas e corações.
Quando é vento forte, atiramos sementes de carinho

E lá vamos nós, juntando dores por perdas sofridas.
As vezes a poesia, por tanta dor, quer se fazer muda
Não pode, temos que ainda florir muitos caminhos

José João
25/11/2.025

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Em te salgaram a água... em mim salgaram o pranto

 As vezes me ponho a pensar, porque o mar,
Na sua arrogância, quer se fazer de infinito?
Vai de horizonte a horizonte a se espalhar
Se faz até maior do que se pode imaginar

Porque o mar é tão assim? Tão arrogante?
Orgulho de ter suas águas com gosto de sal?
Acha, por acaso que isso é um algum encanto?
Rio-me. A mim também me salgaram o pranto

E a fingir-se de infinito, pobre mar fingido,
És grande, todos sabemos, mas só vais até ali
Eu, num piscar de olhos, vou muito além de te
Vou brincar com as estrelas, e tu... preso aqui

Minhas saudades... essas sim, todas infinitas,
Mas meus sonhos! Anda são muito maiores
É preciso uma história para haver uma saudade,
Para sonhar, qualquer fantasia é uma verdade.

E agora? Arrogante mar, o que me podes dizer?
Que em te o sal se cria sem precisar nada fazer?
Em mim nasce na alma, num adeus que faz chorar
Tempera com sal o pranto para por toda vida lembrar

José João
25/11/2.025

Sem pranto... com escrever poesia?

 Hoje, as palavras se foram, a poesia se escondeu,
Ficou por detrás de uma porta invisível, trancada
Como se fosse um castigo para o poeta, o silêncio
E tudo ficou assim, sem cor, sem poesia, só o nada

 Saudades se esconderam, o pranto mudou de rumo,
Até a tristeza, hoje, veio vestida de esquecimento
Assim, nem pude lembrar o que ficou nos ontens
Para uma poesia que contasse alguns momentos

O sonhos se foram com o tempo desde outra noite
Quando estava sonhando um sonho que não era meu,
Apenas por falta dos meus, não sei o que aconteceu

Agora, sento na beira do tempo, contando as horas
Que trazem não sei de onde, essas tantas fantasias 
Com elas não existe pranto, com escrever poesia?

José João
25/11/2.025

O alvor do dia é uma poesia perfeita

Hoje, sentei na soleira do tempo vendo o nascer do sol
O alvor do dia, ansioso para chegar, desfazia as sombras
Pintava o dia como fosse um artista  matizando o tempo,
Cores que se misturavam sob olhar de um pintor atento

Sem pincel e por milagre, dava um doce sabor ao vento
Que ia sorrindo abraçando tudo em sua frente. Até eu,
Que nem fazia parte da história mas cheio de sentimento
Sonhava tantos sonhos, até sonho que não era meu

As estrelas! Como loucas, pareciam buscar outra noite,
Iam atropelando nuvens, correndo, fugindo do dia
E o brilho cintilante, aos poucos se perdia, se desfazia

Ainda hoje, passado o alvoroço dessa gritaria do sol,
Quando a lua vier com seu jeito manhoso e faceiro
Conhecendo as estrelas quero ver qual chega primeiro 

José João
25/11/2.025

domingo, 23 de novembro de 2025

Eu!!? Não sei fazer nada... só sei...

 ... Se já não tivesse chorado tanto, choraria agora.
Eu, cheio de cicatrizes na alma e lembranças mortas,
Cheio de ontens que marcaram o hoje e os amanhãs
Dias tristes, solidão constante, ouvindo  palavras tortas

Caminhei sobre pedras e as regava com meu pranto
Sorte que não nascem, senão eu teria um jardim delas
Cantava a solidão em sussurros, num choroso canto
E do rosto, as lágrimas caídas, lhe faziam fria aquarela

... Se já não tivesse chorado tanto, choraria agora.
Ao ouvir palavras que doem como espinhos na carne
Ferindo a alma onde as cicatrizes já haviam sarado
Para não chorar  novas feridas é melhor ficar calado

Sentir mais que ouvir, me ensinou os cabelos brancos,
Assim, parece que o silêncio deixa a hora, inerte, parada,
Quando, do tempo, são gritadas, com insensível dizer 
Palavras que o mundo diz: Porque ficas sem fazer nada?

Mas... não sei fazer nada! Só sei escrever pequenos versos,
Poesias que vão pelo mundo invadindo corações tristes,
Que se fazem de pranto para quem ainda não sabe chorar,
Para os que, como eu, não fazem nada. Só fazem... amar.

José João
23/11/2.025

Minha consciência... nunca me disseram sua cor

Negros, índios e brancos, a mistura, a miscigenação
A se fazerem um só povo, uma só raça: HUMANOS 
E que criem juntos uma nova e forte CONSCIÊNCIA
Que se mostre, pela cor do SANGUE, sem enganos

Que sejamos um só povo, unidos, fortes como podemos
Para os humanos, só ouve uma herança... fácil saber
O sangue que corre nas veias tem apenas uma só cor
A alma, nem cor tem, o que além de humano se pode ser? 

Que o tempo ressurja nas vozes que um dia gritaram,
Que o legado deixado, seja um mundo sem rancor
Como lutaram meus antepassados! A fogo e sangue
Aprendi que ser forte, não depende de minha cor

Depende do que se faça, independente da cor,
São suas ações que o fazem ser forte e não calar
Aprendi: "A vida é combate, que os fracos abate 
Que os fortes e bravos só pode exaltar"    

José João
             23/11/2.025               

Mulher! Estás além de qualquer cor

 As mulheres! Ah! Mulheres... são belas, são... mulher.
Quem disse que a elas é a cor que lhes dá beleza? 
Ah! Essas mulheres! Divinas só por serem mulher
E só a elas foi dado o dom de criar, delicada pureza.

Mulheres! A cor natural da própria existência
Forte, firmes, sorrindo, choram a dor que sentem
E só a elas, foi permitido, chorar, parir e sorrir
Fazer nascer, dar luz, ser do mundo, consciência

Dou-te a ti, mulher, a admiração por seres mulher,
Por seres o marco divinal de um fazer nascer
Que, mesmo sofrendo, se entrega a ser consumida
No prazeroso sugar do ente a quem tu deste vida
 
Que para as mulheres, seja dado o devido apreço
Como fossem deusas, merecem do mundo o louvor
Pela sensibilidade, pela força, por tudo que são
Porque é muito pouco mulher, te ver apenas pela cor.

José João
20/11/2.025

Viver... é caminhar para vida

 Viver... é bom! Na plenitude da razão mais incoerente,
Fazer de cada momento, um instante para eternamente,
Correr entre os ontens, voar entre as horas e... sonhar
Sonhos que enlouqueçam a razão, a façam incoerente

Viver como se fosse preciso, amar sem nenhum juízo
Ter liberdade de falar o que palavras não sabem dizer
E ainda assim ser ouvido, a vida é louca, é atrevida
Se quiser é esse caminho, é isso que chamamos vida

Os dias não voltam, mas não importa, existe a saudade
E ela, na magia do existir, traz o que se quer de volta
Como se tudo fosse outra vez, uma outra nova verdade

Viver é como se o mundo fosse um palco iluminado
Em que tudo é permitido, até mesmo ser inocente
Viver lhe permite tudo, até, se quiser brincar de pecado

José João
23/11/2.025

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

MINHA consciência negra...

 Sim! Sou preto de cor, de alma, de luta e conquistas
Sou forjado pelo sangue daqueles que, bravos, lutaram
E em mim deixaram a força dos seus gritos de guerra,
A troar em meus ouvidos mostrando o que aqui deixaram

Hei de honra-los, com meu sangue, não em lembranças vãs
Que lhes fazem, antes de heróis, vítimas e não guerreiros,
Hei de empunhar a lança, se for preciso, e deixarei aos meus
Como fizeram meus antepassados, um legado verdadeiro

Quero começar de onde meus bravos ancestrais pararam
E, com a força que me deixaram, buscas novas conquistas,
Neles me espelhar com orgulho e lutar como um dia fizeram
Olhem! Estou aqui! Falando como eles nunca sonharam.

Por suas lutas, sofrimento e conquistas, deixaram abertos
Caminhos que, se não fossem deixados, não estaria aqui.
Meus guerreiros, negros e fortes guerreiros, vou honra-los
Sem lamentar o que sofreram mas, na memória, guarda-los

Que o sofrimento que passaram não se perpetue em mim
Mas que me faça de lastro para ousar, ir e ser mais ainda,
Não lamentar suas dores, mas faze-las de fortes alicerces
Para pisar o chão que pisaram, com honra e cabeça erguida

José João
21/11/2.025

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Vai dar tempo de chegar? Pergunta a multidão.

 A poesia aflita, se contorcia dentro do silêncio
Queria se fazer voz, correr entre os corações
Mas só encontrava vazios, olhos buscando o nada
Risos sem cor e uma multidão triste, apressada

Corria como se quisesse chegar logo no amanhã
Como se o tempo se resumisse apenas a instantes
Assim, a pressa de chegar, sem ir a lugar nenhum
Fazia o vazio da solidão ser ainda mais cortante

As palavras se perdiam como se corressem, loucas,
Dos lábios ao tempo sem serem ouvidas ou entendias
Se faziam pedaços de eco remendando palavras rotas

O esforço de caminhar... e quase não saia do lugar
Olhava os rostos vindo em minha direção, espantados,
Como se perguntassem; vai dar tempo de chegar?

José João
19/11/2.025

terça-feira, 18 de novembro de 2025

A liberdade do amor com gosto de eternidade.

 Que o amor, a mim, não me faça prisioneiro,
Que dele eu viva, que respire, me invada até,
Mas que o respire livre, solto dentro de mim
Num ser amigo como fosse um meu parceiro

Que seja dentro de mim, eterno sopro de vida
Mas que faça dos amanhãs um bem vindo dia
Que não sinta medo de adeus, nem despedidas
E que sinta a cada instante, do amor, a rebeldia

A liberdade dos loucos, insensatez dos amantes
O poder de sonhar os sonhos mais insensatos
Fazer que a razão perca o tino, seja incoerente
Quando o amor se fizer de louco ou de inocente

Qual diferença teria? Entre o louco e o inocente?
Um, abre a porta do nada, se esconde, sem alarde
O outro, nu, sentado no tempo, morto de ri, aplaude.
Essa incoerência, é apenas uma divertida verdade

É assim que quero amar, me fazer de liberdade,
Correr solto pelos corações e brincar de poesia
E quando gritar: te amo, espantar até a saudade
E assim seja, um amor com gosto de eternidade


José João
18/11/2.025

Dizes adeus, mas.... quem perderá?

 A mim dizes que chega, que precisas ir viver,
Que há de haver quem te queira e até te ame
Não duvido, nada no mundo é impossível
Há quem sempre, nessa vida, a tudo reclame

Também, com certeza, terei amor e quem amar
Aí até te digo, nessa cena, vantagem eu levarei
Porque como me amaste, alguém vou encontrar
Mas, olha bem, nunca serás amada como te amei

A mim dizes que chega, que precisas ir viver
A te também digo que não é pelo meu querer
Mas não digo nada, faz o que quiseres fazer

Como me amaste, terei tantas, uma escolherei
Mas como te amei, como tua alma acariciei 
Não encontrarás, nunca, amante como te amei

José João
18/11/2.025

Sozinho... como tirar alguns espinhos?

Ir até bem ali, é tão fácil, dá para ir até sozinho.
Tão pouco para vencer, tão pouco para fazer!!
Vou um dia, um mês, até um ano se for preciso
Mas toda uma vida! Sozinho!!! Que há de ser?

Uma vida, sozinho! Sem nenhuma mão amiga
Sem um olhar silencioso dizendo: anda, vamos,
Você pode, estamos juntos, não tenha medo: siga
Vê, estou aqui, eu e você juntos, ou não estamos?

E assim, de mãos dadas passam por sobre pedras
Sentam na beira do tempo... retiram os espinhos
Se fazem gigantes, se fazem fortes, e vão indo
Assim os dois vencem os mais difíceis caminhos

Sempre há quem queira carregar as pedras sozinho
Isso até pode, mas difícil é retirar os tantos espinhos
E vai sempre haver alguns que só o outro pode ver
E se não tiver o outro? O que sozinho pode fazer?

José João
18/11/2.025

Difícil... mas faça a solidão ser mentirosa

Há muito tempo fiz da solidão minha companhia
E a mim, me fiz forte para senti-la sem chorar
Fiz que rios de prantos secassem em meus olhos
Inventei horizontes e neles ia sonhando me buscar 

Não me permitia, apesar de tanto, ser apenas nada
Inventava histórias e nelas me permitia ser e sentir
Costurava pedaços de mim e me fazia todo e pleno
Em uma harmonia que parecia fazer a solidão mentir

Lá fora mas dentro da solidão, mesmo vazia e quieta
Inventava multidões risonhas, sonho que não cresceu
E perguntava se vazia e quieta era a solidão ou era eu

É difícil, mesmo a alma se fazendo mais forte e serena
Criando orações que desperte, lhe faça sempre alerta,
Viver em solidão e sentir a plenitude da vida completa

José João
18/11/2.025

domingo, 16 de novembro de 2025

Sem prantos para chorar

 Nunca mais chorei. Falta de motivo para chorar?
Não, motivos os tenho... mas, é a falta de pranto
Desde muito, desde um adeus que não quis dizer,
Que apenas ouvi, e nada, nem acenar pude fazer

As mãos tremeram, o coração pulsou mais forte
A voz se fez apenas um tímido e doloroso soluço,
Os olhos, pela falta de voz, gritavam em desespero
E uma dor lancinante se fazia afiada pedra de corte

Que cortava a alma como fosse um mero brincar
De uma cruel tristeza que se vestia até de vazio,
E, por ser tanta, se fazia assim para a alma enganar

Olhos perdidos, chorando, como fosse um acenar
Apenas seguia, agora um vulto, a ir-se para sempre
Daí, chorei tanto, que fiquei sem pranto para chorar

José João
16/11/2.025

sábado, 15 de novembro de 2025

Até a poesia se foi

 As palavras fugiram como se eu fosse comê-las,
Se esconderam não sei aonde, não as encontro.
As poesias, que dão vida aos poemas, se perderam,
Solidão... saudade se foram e não mais voltaram,

Ainda ontem estavam aqui, cômodas, dentro de mim.
Conversavam sobre adeus, sobre prantos e vazios  
Ao por dos sol se desmancharam em sutis sussurros
Como estivessem tramando, se preparando para um cio

Agora se foram, para a poesia não me deram resposta,
Deixaram-me aqui. Deitados na mesa o lápis e o papel. 
A inspiração também se foi como perfeita aliada fiel

A mim, me bastou ser eu. O silêncio da falta de poesia
Emudece, entristece faz a gente menos gente, carente
Com pensamentos perdidos, desde nada aos indecentes.

José João
15/11/2.025

O importante é amar

A mim... me basta ver um por do sol gritando saudades,
Um pedaço de tempo que ficou das horas que se foram
Pedaços de solidão cerzidos em retalhos de lembranças
Ou até mesmo um resto de pranto, prantos de verdade

Isso me basta para fazer de palavras soltas lágrimas escritas
Para mergulhar em vazios e deles trazer pedaços de mim
De costurar-me em poesias que, ainda mesmo incompletas,
Deixam-me inteiro, ainda que não usando as palavras certas

Sou o que não sei, será que um dia me fizeram de saudade?
Será me fizeram de um sonho, desses que se sonha acordado?
Ou será fizeram de mim aquele que não precisa ser lembrado?

Não sei. Mas sempre deve ter havido alguém do meu lado
A me fazer único, a me fazer todo, completo e cheio de mim
Afinal, aprendi que o importante é amar, nem tanto ser amado

José João
15/11/2.025

O luar na minha sala

 Um ranger na janela como se quisessem abrir
Levanto e vou, quem estaria querendo entrar?
Era a brisa, tentando abrir a janela para o luar
Com se ele tivesse alguma coisa a me contar

Sem cerimonia, entrou e sentou-se no chão, 
A brisa agora se fazia voz recitando uma poesia
O luar, comodamente sentado, ainda em silêncio,
Deixava parte da sala sem luz, como se estivesse vazia

Sentei, olhei para o tempo pela janela cheia de luar
E apenas pensei, o luar entra aqui e nada me diz?
Fica inerte sentado no chão, mudo sem nada falar?

Fui à janela e, ao tempo, cheio de luar, perguntei
Sabes o que faz, em minha sala, esse emudecido luar?
- Disse vir te tirar da solidão e contigo conversar

José João
15/11/2.025

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

O milagre de amar


Dou-me a ti, como fosse o luar a se entregar na noite
Como fosse o perfume da flor a se entregar ao tempo
Dou-me a ti por apenas me entregar, sem nada pedir
A não ser um pouquinho de ti para ainda poder falar

Não importam os sentimentos, a eles agora os conheço
E me entrego ainda, mas agora não tenho o que pedir
A não ser uma alma amiga que me sirva para eu sonhar
Para escrever ao tempo e dizer o que ainda sei sentir

Fazer dos versos gritos que devem chegar ao mundo,
Que cheio de amor despertem corações adormecidos
Que ainda não aprenderam que amar é mais que viver
É estrar vivo eternamente é ser, um verdadeiro ser

Dou-me ao amar por apenas amar, estar na poesia
E dela fazer  minha voz, no cantar sublime que sempre
Vai acalentar corações, os que mais precisam, os tristes
E a esses entrar na alma e nela gritar: o amor existe

Se o amor existir em cada um sem medição de tempo
Se amarem como se o que é amar for a própria vida
Amar, por apenas amar se entregar pelo prazer de amar
O tempo se fará eterno e não terá mas porque chorar

Até na eternidade os verdadeiros amantes nunca esquecem
Se esquecessem não seria o amor completo... nem eterno
A cada menor fração de tempo um amor que seja verdadeiro
Nunca, nunca mesmo, cada um deixará de ser o primeiro.

José João (coautor)
3/11/2.025

O dia da colheita.

Junta todas essas pedras e coloca-as ali, num canto,
Junta todas essas sementes e vai semeá-las no jardim
Não tens jardim? Faz um, com dois jarros farás um
A semeadura é à tua vontade, ou muito ou nem tanto

Os jardins são como poesias, sempre estarão vivos
E  sempre falarão de te, darão até teu nome a ele
Mas se  guardas as pedras que será de tua vida?
Nelas tropeçarás e terás a solidão como tua amiga

Haverás de um dia, do teu jardim, colher belas flores
E  na vida, com certeza, colherás  sorrisos e obrigados
E sem nem te dar conta, terás os tantos amigos do lado

E perguntarás, o que foi que fiz, porque estão aqui?
Ganharás como  resposta um largo e terno sorriso
Aí verás tua colheita e dirás: como plantar é preciso.

José João
13/11/2.025

Hoje não tem poesia.

Apaguei uns tantos versos, alguns por palavras vazias
Que não diziam mais nada, outros, por conta de mim,
Não diziam o que eu queria, se faziam versos mudos
Falando do silêncio como fosse uma história sem fim

Não encontrei nenhuma saudade que se fizesse poesia,
Não encontrei sonhos, os sonhados, perdidos no tempo
Os ainda não sonhados, escondidos dentro dos amanhãs,
A se fazem gavetas com trancas escondendo sentimentos

Busquei momentos que pensava guardados em mim,
No rosto, busquei marcas de mãos que nele passearam
Nem nas lembranças encontrei marcas, não ficaram.

Nem o pranto chegou, até o tempo em solidão se fazia
E eu, calado, clamando pelas palavras que não vinham
Percebi, triste, hoje não sou poeta, hoje não tem poesia

José João
13/11/2.025

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Um triste vício...

 A poesia pra mim é apenas um vício, um triste vício
É como se fosse preciso engolir palavras que doeram,
Como se fosse preciso beber do pranto que se chora
Como se o silêncio de sempre fosse o silêncio de agora

É como escrever gritos sem saber palavras para tanto
Ouvir o próprio eco do silêncio indo a lugar nenhum
Como uma oração perdida, rezada a esmo e sem fé,
A poesia, pra mim, é um vicio de ser o que não se é

É o vício de mentir contando verdades que não vivi
Sonhando sonhos que um dia, por tanto sonhar, perdi
É fingir sorrindo, chorando dores que só sei sentir

A poesia é um vício, apenas um triste vício de calar,
Calar a voz como fosse preciso ouvir o silêncio falar
Fazer que os olhos, sorrindo, aprendessem, chorar

José João
11/11/2.025

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Lustrando flores e o tempo com o pranto

 Um dia sonhei um sonho que até hoje lembro
Mas dizem ser loucura, que isso nunca sonhei,
Lustrava as flores de um jardim com o pranto
Pétala por pétala, só não lembro porque chorei

Ao longe, um horizonte pintado cor de saudade
Brincava de colorir o tempo, o sol parecia sorrir
Um sorriso bondoso, cálido, sorriso de por do sol
Enternecendo até a tristeza que ia sem a alma ferir

A brisa, em suave canto, parecia um gorjeio divino,
As folhas dançavam alegres uma valsa desconhecida
Nuvens, esculturas vivas, flutuavam enfeitando o céu
E lentamente iam, sem pressa, parecendo inocente véu

Eu, em meu sonho, continuava lustrando as pétalas,
E elas, depois de lustradas, ficavam lindas, um encanto
Há quem diga que esses sonhos são minhas loucuras
 E se dissesse que também lustro o tempo com o pranto!

José João
11/11/2.025

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Mastigando o tempo... como passatempo

Ando por aí sem fazer nada, gastando o tempo
Ruminando palavras soltas, mastigando o vento.
Só sei fazer assim quando não tenho nada para fazer
Mas há quem mastigue o tempo como passatempo

Nunca tentei, mas ...qual seria o gosto do tempo?
Seria salgado, assim como é o gosto do pranto?
Mas se mastigam o tempo  como um passatempo 
Então, deve ter o gosto suave e doce de um encanto

Não sei, mas um dia vou sentar na beira da tarde
Naquele dia santificado e um nada querer fazer
E mastigar o tempo como se fosse um passatempo
Esperar, sentir o gosto, nem que seja no pensamento

Alguém aí já mastigou o tempo como passatempo?
Acho que mastigar o tempo é coisa que se faz sozinho
É dar à vida um sentido, como se sonhar fosse viver,
É ir sem pressa de chegar, e chegar. Passinho a Passinho

José João
10/11/2.025

domingo, 9 de novembro de 2025

Eu? Sou gente... assim como você.

            
         Eu?! Sou gente. Sou como qualquer um              
Feito de lembranças, de esquecimentos
Feito de ontens, esperando os amanhãs  
Vivendo o hoje entre risos e lamentos

Sou aquele você que chora, ri, sonha
Que busca coisas no tempo, que pergunta
E as vezes a resposta é apenas um talvez
Ao como seria se tivesse feito o que não fez?

Sou como todos, as vezes sombrio, calado,
Pensando coisas que me arrependi de ter feito
Em outras o arrependimento é pelo que não fiz
Aí vem a duvida e uma resposta toda sem jeito

Sou um desses que se encontra andando na rua
As vezes apressado como fosse buscar o tempo
Outras, lento, como se o tempo pudesse esperar
Que fala sozinho como se mastigasse o vento

Sou assim, como você, sim como você mesmo
Que lembra, chama um nome que nunca esqueceu
Mas fala alto que agora tem seu próprio caminho
Mas na noite, sentado no vazio... chora sozinho

José João
                09/11/2.025                

A liberdade do grito e do pranto

 Quantas vezes calei a voz quando precisava gritar?
Quantas vezes o silêncio foi maior e me fiz mudo?
Com a voz presa em um nada dizer...maior que eu
Que até o tempo se fazia lento para comigo chorar

Quantas vezes ouvi calado o que não queria ouvir!!
E por tanta dor apenas chorava no silêncio de mim
O pranto não se sentia tanto para chorar tamanha dor
Então murmurava orações vazias sem nenhum pudor

Rezei heresias em ladainhas que a tristeza inventava
Cantei hinos que se faziam preces que nada diziam
As palavras soltas, sem melodia no vazio se perdiam

Mas um dia, deixei que a voz se fizesse dona de mim
Deixei que um grito rasgasse o peito num gritar insano
Assim, dei a liberdade que o grito e pranto queriam tanto

José João
10/11/2.025

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Poeta! É quem ...

 Poeta! É viver num cativo e desafiante cativeiro.
É viver com sede de beber, de um gole, o infinito
De mastigar palavras sentindo o gosto de um beijo,
De fazer poesias e delas esconder os seus desejos

Poeta é fazer do ontem um pedaço do eternamente
É esquecer que amanhã existe e ainda vai chegar
É fazer que seja hoje uma nova história para sempre
É fazer, de qualquer sentir, uma história pra contar

Poeta é morder os lábios no prazer de um beijar
É se fazer palavras soltas para falar o que é amar
É se fazer de algodão se nele alguém quiser sonhar

É querer falar e as palavras serem poucas para dizer
É sentir fome do que lhe possa a alma alimentar
É quem chora contigo a dor que, sozinho, ias chorar

José João
06/11/2.025

O amor não é inocente... como dizem

O amor não é tão inocente assim com dizem
Quem disse  nunca deve, um dia, ter amado
O amor é como espinho, fere quem beija a flor
Para se mostrar um amante que fere por amor.

Minhas cicatrizes, ainda abertas na alma, dizem
O que foi um dia ter amado, cicatrizes profundas
Por vasto e doloroso pranto agora são banhadas
Ainda assim, eu sei, nunca serão  cicatrizadas

Nos olhos úmidos, imagens nunca esquecidas
Se desenham em doloridas esculturas tristes
Como se cada lágrima fosse uma dor acontecida

O amor não é tão inocente assim como dizem
Se vai, as vezes até mesmo sem adeus, sem razão
E deixa apenas o vazio triste de tão doída solidão.

José João
06/11/2.025

Será que os poetas mentem?

- Você é poeta? Um dia me perguntaram isso na rua
- Eu?! Por ainda não me sentir tanto, tive que perguntar:
Porque pergunta, alguma coisa em mim me diz poeta?
- Você tem cara de quem inventa dores só para chorar

- Os poetas inventam dores?! E o que mais inventam?
- Inventam dores novas, é muito comum fazerem isso
Se não inventam, então fingem. O poeta finge realmente?
- Não sei, acho que o poeta chora apenas a dor que sente

- Poeta mente sim. As vezes, rindo, escreve poesias tristes
Na noite mais escura diz ver brilhar o sol do meio dia
Em plena madrugada chuvosa para o sol escreve poesia 

E ainda dizem, o poeta tem a magia de ver o invisível,
Diz guardar estrelas, diz ver tudo mais bonito, diferente
Pra mim, desculpem, mas acho que todo poeta mente.



José João
06/11/2.025

... de muito além.

 Minha dor, na verdade, não precisa mais de mim
As vezes vai sozinha ... e me espera no caminho
Se faz em ironia se tenho que senti-la e chorar
Sempre me sabe disponível indo sempre sozinho

Minha dor, não é aquela dor que se grita chorando
Nem a que se grita no meio da multidão em silêncio
É diferente, é uma dor que anda sozinha, sem pressa
Que sabe de mim e apenas espera me ver chegando

Onde for, lá está ela, calma, vazia, sentada no tempo
Enquanto houver tempo ela não precisa de lugar,
É dele que se faz de passageira para em mim chegar

Que dor é essa? Sinceramente! Eu não sei, só sinto.
Mas não é qualquer dor, até o pranto é diferente
Parece que vem de além do tempo, de além da gente.

José João
06/11/2.025



terça-feira, 4 de novembro de 2025

Tristeza, solidão e saudade são da mesma cor?

 Qual cor teriam a saudade, a tristeza e a solidão?
Com certeza não teriam a cor transparente do pranto.
Saudade e solidão, será que teriam a cor da tristeza?
Mas qual seria a cor da tristeza? Teria alguma beleza?

Nunca vi, nem mesmo nos olhos, a cor da saudade, 
Da solidão, também nunca vi, essa só se sabe sentir
Outro dia senti uma tristeza viva desenhada no rosto
Mas não pude ver, não havia espelhos, só desgosto

Até a poesia, que sabe tudo sobre tristeza e solidão,
Sobre pranto e saudade, não me soube responder
Qual a cor da saudade, da solidão, alguém sabe dizer?

Delas já fui amigo, em muitas noites me acalentaram
Mas não lhes via a cor, sempre chegam com o pranto
Que me encharcava os olhos e nada me deixava ver.

José João
04/11/2.025

sábado, 1 de novembro de 2025

Duas histórias no mesmo contexto

 Quantas vezes, não sei, mas não amei apenas uma vez
Se o fosse, o amar não seria infinito a cada instante
A vida seria amarga, triste, só lágrimas e saudade
A se fazerem uma única história por toda a eternidade

São muitas as saudades sentidas, os prazeres vividos
Amar só uma vez, faria a solidão se fazer sempre viva
O amor, por não ser egoísta, permite que se lembre
Dos ontens, junta aos amanhãs e lhes faz história cativa

Pode-se amar amanhã muito mais do que ontem se amou
Pode, ontem, ter sido um amar maior que hoje e amanhã
Importa é que a vida, entre um amor e outro, continuou

Sorrisos antigos são lembrados, os novos são bem vindos
Sonhos novos e antigos se escrevem num mesmo texto 
E ficam algumas verdades escritas num mesmo contexto

José João
01/10/2.025

Nunca esqueça ...Eu sou teu Deus.

- Senhor. Sei que devo confiar em Ti, mas... sinto medo.
Estou vendo coisas absurdas, fatos que fazem tremer e,
Aos menos crentes até faz duvidar de Tua existência.
- O que vês que te assusta tanto? Não foste avisado?
Não foste alertado? Não ouviste quando Eu disse:
"Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que
Realizarão grandes sinais e maravilhas, para,
Se possível, enganar até os eleitos" Então...
- Não pensei que chegassem a tanto, é assustador!
Perderam a razão, até parece que enlouqueceram!
- Não, não é propriamente uma loucura, é mais.
Lembram-se de como lhes fiz nascer? Esqueceram.
Mas lhes fiz Minha Imagem e semelhança, 
O que fizeram? Distorceram minha imagem, como?
A quem adoram agora? É a mim? Sempre ensinei
Que  "não habito em templos feitos por mão humana!
COMO PODERIA SE SOU INFINITO E ETERNO?
Lembram-se o que fiz no Paraíso. Um homem e uma mulher,
COMO OUSAM MODIFICAR MINHA CRIAÇÃO?!
- Por isso tenho medo. Estou aqui, vejo as iniquidades
E, sem querer faço parte dela, me assusta sua vinda.
O que será de nós no meio de tantas anomalias?!
- Não temas, porque eu estou contigo, não te assombres,
- Sim Deus, eu sei mas... desculpa, apesar de saber 
De toda sua bondade e justiça, devo fazer minha parte
Mas estou perdido e, sinceramente, não sei o que fazer.
- Simples, muito simples, Ama o próximo com a te mesmo 
E... nunca esqueça  QUE EU SOU O TEU DEUS.


José João
01/10/2.025

Uma rima impossível...

 Na minha loucura gosto de fazer rimas impossíveis
Rimar amor com adeus, com saudade, com pranto
Rimar verdades com as mentiras alegres e fingidas
Rimar lágrimas choradas com dores ainda não sentidas

Um dia, rimei saudade com uma história sem adeus
Faço rimas impossíveis, nem sempre no fim do verso
No meio da verso a tristeza, rimando com a certeza
De uma alegria sentida, no chorar da despedida

Brinco de rimar costurando pedaços de hoje e ontem
Fazendo chegar a saudade de adeus ainda não dito
Como se o tempo soubesse o que ainda vai ser escrito

Minhas rimas são tudo aquilo que a razão não diz  
Na verdade, são loucuras que me fazem acreditar
Que amor, coração e razão nunca poderão rimar

José João
01/11/2.025

Só o pranto para chorar uma presença...ausente

 Não guardei apenas lágrimas, guardei muito mais
Guardei lágrimas, prantos, são bem mais que lágrimas
Bem mais eloquentes, são gritos desesperados da alma
Se fazem rios, nenhuma dor para o pranto é demais.

Porque guardei tanto? Um dia haveria de sentir saudade
E como se  chora uma saudade sem um rio de pranto?
Como chorar a dor insuportável de uma presença ausente?
Da ausência de quem está bem ali,  bem na nossa frente?

As vezes a presença é tão forte que perfuma o tempo
Até parece que toma a voz do silêncio e fala baixinho
Outras vezes é a brisa, traz o dizer na voz do vento

Não pode haver ausência do que está dentro da gente?
Os olhos não veem, não importa... é a alma que sente  
Só o pranto chora a ausência do que a saudade faz presente

José João
01/11/2.025


O que mesmo é a saudade?

 As ilusões perdidas, continuariam perdidas no tempo.
Não fosse a saudade, ficariam guardadas no esquecimento
Nem os sonhos, que também são ilusões, se fariam vivos
Aí não haveriam dores, lamentos, nem arrependimento.

Não haveria o pranto para ser chorado pelo que passou,
Chorando dolorido adeus com as ilusões que se foram,
Não haveria a perda de lágrimas enganando a alma
A fazê-la crer que haveria volta, que a ilusão... voltou

Não fosse a saudade trazer de volta o que um dia se foi,
Não fosse ela pensar que isso seria fazer viver outra vez
As ilusões continuariam perdidas, nem haveria um talvez.

Não sei o que é a saudade, se é uma outra face da ilusão
Se é uma doce e inocente senhora tentando alegrar vidas
Trazendo o que já passou e ela pensa que alegra o coração.

José João
01/11/2.025

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

O milagre das notas musicais.

 ... nas cordas do vilão faço assim a poesia
Dois versos para sentir dó de mim mesmo
Ré, choro mas não encontro passos para voltar
Dois versos para cada dor, e um mesmo chorar

MI... MInha voz cala, sem conversar comigo
Estando a meio tom quase não se consegue ouvir
FÀ... poderia grita-la nas cordas de um violão?
Não ela me vem rouca, como fala a solidão

SOL, confere-se com os dedos da mão
No piano, esta mão não é a do lado do coração
LA , vai desde a afinação do quem vem da alma
Um acorde mágico, canta até mesmo uma benção

SI Outro acorde mágico que se faz até poesia
São poemas musicais que podem ser até divinos
Sempre se fazem tristes quando se diz um adeus
Será que Guido D' Arezzo conversava com Deus?

José João
30/10/2.025

terça-feira, 28 de outubro de 2025

A chuva chorando com a noite.

A noite chora lá fora... a chuva lhe cede o pranto
Que cai como fosse um canto de uma nota só,
Apenas uma melodia repetindo o que a tristeza diz
E o vento sussurra a dor que a noite grita em triste dó

Nas noites de chuva o silêncio se esconde calado
Como se a voz do tempo fosse uma chorosa oração
E tudo se faz apenas um canto triste, cheio de vazios
Em que o escuro da noite se desenha no meio solidão

Aqui, entre as paredes iluminadas por um lampião
Pedaços de histórias se costuram em saudades vivas
Que na alma, pelo tempo, se fizeram todas cativas

Para anoite, a chuva se entrega todo em triste pranto
Canta, suave, canções desconhecidas que só ela sabe
Se for preciso, toda a chuva chorada, na noite, não cabe

José João
28/10/2.025

Amar... é mais que viver.

 Aprendi que não importa não ter sido amado,
Aprendi que a importância maior de viver
É amar, não esse amar fácil, dito em palavras
Mas um amar por apenas amar, fazer acontecer

As vezes me sinto estranho quando chega em mim
A sensação que amar é muito mais que viver
E a esse pensar me entrego todo e sem reservas
E penso que amar e viver são apenas um... ser

Não importa se sou amado, ter o amor aos pés
Se, pra mim, amar é mais importante que viver,
Quero apenas te amar, te amar sem saber quem és

Ama-me a mim como amo a ti, sempre ouço dizer.
Que me ames como a ti eu amo, não, nem precisa...
Afinal sou eu quem diz que amar é mais que viver

José João
28/10/2.025