quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Uma estrada sem rastros.

 Ah! Essa minha alma! De tão cega pela tristeza
Se entrega a descabido pranto sem nenhum pudor
De joelhos, aos gritos, reza orações desconhecidas
As vezes reza heresias por tão grande lhe ser a dor.

Calar-me assim, emudecido, em triste mudez atroz
Que ao silêncio deixa no mais confortável vazio 
Que até a brisa cala como se o mundo perdesse a voz 
Como se solidão e tristeza se produzam em fecundo cio

E eu a contentar-me em gritar com um vasto pranto
Que vai ao tempo silencioso murmurando os ais
Que por mais que tente calar-me e fazê-los mudos
Eles, dor e pranto em indecente coito se fazem mais

Assim, vou a lugar nenhum, e sem saber de mim...
Perdido em estradas que nem rastros deixa ficar
Mesmo indo entre o vagar e a pressa não os tenho
Se apagaram para que, por eles, não possa mais voltar

José João
09/10/2.025

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