quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Eu... aprendi voar.

 
Por vós calarei a alma e ela por vós calada,
Far-se-á, coitada,  pobre pássaro a calar-se mudo
E vós, a mim dirá, com toscas palavras cruas
Como ousas olhar-me, com esse olhar imundo? 

O que vos direi? A fidalguia de vosso sangue
A correr azul, em vossas veias, far-me-á calar
E a voz, em rouco pranto, decerto nada dirá
E a alma, desesperada, a vós quereis confessar

Mas, ai desse pobre eu, olhando hirto para o chão
A calar-se ante vós em doloroso e cruel sacrifício
A contentar-se a sonhar com doce voz a me falar...
Assim, sonhando, escondo esse tão doloroso suplício

Por vós calei a alma, me fiz pássaro a voar sem rumo
Por vós perdi o passo, caminhei a ermo indo ao léu
Entretanto , a vós, agora digo, perdi o medo de vos falar
Vosso orgulho, aqui no chão vos deixa, eu aprendi voar.

José João
08/10/2,925

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