Sentei na raiz de um flamboyant que conversava com o Ipê,
Fiquei ouvindo o que diziam, o flamboyant, todo vermelho,
Dizia para o Ipê amarelo... que bom conversar com você
As pessoas, dizia o flamboyant, são tão vaidosas, convencidas...
É, e não sei porque, disse o pé de Ipê balançado, não têm raiz,
Não são firmes, não se sustentam na menor ventania, coitados!
Continuou o Ipê, e o pior, cada um fala e não sabe o que diz
O pé de flamboyant balançando as folhas, com uma leve brisa,
Disse: não se enfeitam nem sabem o que é viver uma primavera
Não sabem o prazer de enfeitar o mundo com sua própria flor
Sentir a leveza dos pássaros, que deles têm verdadeiro horror
Não sei porque são tão vaidosos, disse o pé de Ipê... são maus,
Prendem pássaros por mero prazer, até se matam a si mesmos
Secam os rios, queimam a nós por apenas estarmos no caminho
Não sabem o que seja uma brisa, essa que só sabe fazer carinho
Balançar nossas folhas para que eles mesmos sintam conforto,
Continuou o pé de Ipê, matam as borboletas, dizem ser coleção
Arrancam as flores e logo as atiram no chão, sem compaixão
Depois, sem pudor, dizem ser nós que não temos coração.
Queria escrever uma poesia diferente, uma com gosto de gente
Dessas que saem da alma, que gritam hinos, um hino sagrado
Mas calei no meu silêncio ao ouvir os amigos Ipê e Flamboyant
Saí cabisbaixo, que não me vissem, por tão envergonhado
José João
16/10/2.024
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