Olha o caixeiro-viajante!! Vendo o que imaginar,
Preços módicos, dê o preço do que quer comprar.
O importante é a satisfação de vê-lo sorrir alegre,
De ver um riso aberto e solto perfumando seu olhar
Tenho estrelas, estrela da manhã, a estrela cadente
Essa é muito difícil de conseguir, tenho apenas duas,
Tenho raios de luar costurados em poesias completas,
Tenho lágrimas alegres, tristes, nas medidas certas
Tenho, para vender ou trocar, lágrimas, das especiais
Choradas por saudades nascidas de um mudo adeus.
Tenho sonhos (poucos) que nem foram ainda sonhados
Esses a preços módicos, podem também ser trocados
Se lhes forem poucas as lágrimas que queiram chorar
Tenho mais que lágrimas, tenho transparentes prantos,
Vindos direto de uma fonte que nasceu no horizonte
Mas com esses vão também os gemidos como cantos
Tenho também pedaços de silêncio perdidos do eco
Ah! Sim! Ninguém compra mas eu tenho, solidão
As pessoas sempre a confundem com estar tão só
Não sentem que é a alma conversando com o coração
Tenho tudo que imaginarem, poesias que fazem chorar,
Dessas que fazem os olhos enganarem num sorrir fingido
Falar em fingido, tenho teus prantos ainda não chorados
Estão dentro da tua alma com teus tantos medos guardados
Olha o caixeiro-viajante! Que vende alegrias tristes,
Que troca, nos versos, tua tristeza por uma rima
Dessas que até os anjos declamam por tanto sentir
E querer ver, na beleza de teu rosto, um belo sorrir
José João
03/10/2.025