Qual flor a desmanchar-se ao tempo porque murcharam
As pétalas. A deitar-se moribunda, levada ao vento,
Já sem beleza, e até o perfume lhe foi embora
Ou como folha que, murcha e seca, ao tempo, ao léu,
Vai a lugar nenhum. Assim se fizeram meus sonhos,
Gritos perdidos de ais sem eco, indo aos tropeços
Por silêncios mudos, em torpe angustia por não ser voz.
Ah! Meus sonhos! Pássaros presos no chão caídos,
Lhes cortaram as asas, e sem elas, só lhe resta olhar...
Olhar o céu, lá bem distante e sem poder voar...
Sonhar... mas sem sonhos de lá chegar.
Qual dolorido choro de criança órfã que em lágrimas reza
E não entende porque a vida lhe deixou tão só!
Igual a alma de um andarilho triste rezando rezas
Ao por do sol, caminhando sozinho em veredas finas,
De estreitas margens onde não pode nem descansar.
Igual a mim que em poesias grito meu pranto
Num canto, mudo, porque a dor que me tira a voz
Se faz solidão e engole tudo.
José João
14/02/2.015
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