...Se um dia, de mim perder-se a luz, na escuridão
Das noites frias, e a solidão tatear-me o rosto,
A procura talvez das rugas novas que nasceram,
Criadas pelas dores que ficaram desde muito,
Ou de lágrimas que dos olhos transbordaram,
Vou atentar-me ao momento de ver chegar
A tênue claridade madrugal e nela esconder-me.
Não por medo dos fantasmas, que nas noites,
Entre sonhos mortos e carências vivas, se fazem
Sombras a vagar entre os vazios que enchem a alma,
Vazia, que ficou, pela perda ou por doloridos adeus
Gritados com os olhos fitos nos lábios trêmulos,
De onde as palavras lívidas, quase desmaiadas,
Se permitiam apenas balbuciar o que só a alma podia ouvir.
Se um dia, de mim perder-se a luz, na escuridão
Das noites frias, e a angustia cariciar-me o rosto
Com sutis beijos molhados por tristeza infinda,
Vou buscar, lá dentro de mim e ainda vivo, o prazer
Por ter loucamente amado um dia.
José João
09/05/2.013
Tem poema que, ao final da leitura ficamos em palavra, pelo nó na garganta que deixa e esse é um... mas já que resolvi escrever preciso dizer algo... maravilhoso. Bju poeta.
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