sábado, 23 de novembro de 2024

O sertão é mais belo, lá a beleza é inocente

 Na minha veia cabocla, por onde corre sangue do sertão,
Com cheiro de flor do mato no nascer da primavera,
Sendo cor da alamanda quando se derrama  pelo chão
Enfeitando o prado, seria utopia não tocasse o coração

Quando das seis horas se ouve a sinfonia mais perfeita,
Sabiá, urutau, assum-preto, rouxinol, sublime harmonia,
Se juntam sem nem se ver, formam orquestra de retreta
E em solene gorjeio, louvam a Santíssima Virgem Maria

Aí já vai o sol se escondendo, bocejando que nem criança,
Se pintando de pôr do sol colorindo sonhos e horizontes
Vai indo, cruzando o rio choroso, carregado de esperança,
E a lua, dengosa, faceira e nua aparece por sobre o monte

Derrama-se graciosa feito mar de prata  prateando o sertão
Os vagalumes, como anjos encarnados, brincam de fazer luz
O rio, assim como rio de prantos, também canta uma canção
Que até a noite fica acordada e, o suave canto, até a ela seduz

No amanhecer, no alvor do dia, a algazarra é mais completa,
Borboletas e beija-flores disputam os beijos doce das flores
Os passarinhos, de gorjeios matinais, deixam a manhã repleta,
Então o sertão se abre em risos, e tudo, tudo na medida certa

Que saudade! O suor molhando o corpo parece lágrimas do sol,
As nuvens se espaçando, indo ao vento, são flores de algodão,
Para o sertanejo, o manto azul celeste, é o mais perfeito lençol
Nem a poesia, para tanta beleza, tem nos versos explicação

José João
23/11/2.024

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