Com cheiro de flor do mato no nascer da primavera,
Sendo cor da alamanda quando se derrama pelo chão
Enfeitando o prado, seria utopia não tocasse o coração
Quando das seis horas se ouve a sinfonia mais perfeita,
Sabiá, urutau, assum-preto, rouxinol, sublime harmonia,
Se juntam sem nem se ver, formam orquestra de retreta
E em solene gorjeio, louvam a Santíssima Virgem Maria
Aí já vai o sol se escondendo, bocejando que nem criança,
Se pintando de pôr do sol colorindo sonhos e horizontes
Vai indo, cruzando o rio choroso, carregado de esperança,
E a lua, dengosa, faceira e nua aparece por sobre o monte
Derrama-se graciosa feito mar de prata prateando o sertão
Os vagalumes, como anjos encarnados, brincam de fazer luz
O rio, assim como rio de prantos, também canta uma canção
Que até a noite fica acordada e, o suave canto, até a ela seduz
No amanhecer, no alvor do dia, a algazarra é mais completa,
Borboletas e beija-flores disputam os beijos doce das flores
Os passarinhos, de gorjeios matinais, deixam a manhã repleta,
Então o sertão se abre em risos, e tudo, tudo na medida certa
Que saudade! O suor molhando o corpo parece lágrimas do sol,
As nuvens se espaçando, indo ao vento, são flores de algodão,
Para o sertanejo, o manto azul celeste, é o mais perfeito lençol
Nem a poesia, para tanta beleza, tem nos versos explicação
José João
23/11/2.024
Nenhum comentário:
Postar um comentário