segunda-feira, 23 de maio de 2022

Monólogo da saudade

Lembro ainda de algumas primaveras, das flores,
Do perfume do campo...das tardes coloridas, 
Por do sol melancólico falando de saudades,
Pintando o céu com cores que não se vê... 
A não ser no por do sol. As vezes penso ouvir
O cantar suave da brisa murmurando a Ave Maria
Com o coro dos pássaros em trinados curtos,
Longos, em perfeita sinfonia, mesmo sem maestros.
E as esculturas nas nuvens!!! De sublime perfeição...
Pareciam desenhadas, depois esculpidas por magia...
Talvez com um cinzel divino nas mãos de um anjo.
Lembro ainda! Há quantos anos não vejo o mesmo céu...
E não o verei nunca mais, ficou no meu mundo de criança...
Perdido no tempo mas vivo na memória... como relíquia.
Ainda lembro da arribação... garças, guarás, em fila,
As garças com o alvor dos lírios iam lentas, inocentes
Como fossem pétalas indo ao vento... os guarás...
Vaidosos em suas plumagens de deslumbrante colorido
Brincavam de fazer do por do sol molduras para seus voos.
Ah! Quanta beleza! E eu... louco, falando com o tempo
Num macambuzio e sonolento lembrar, falando sozinho
Num monólogo em que saudade substitui as palavras,
Se faz um dicionário completo.

José João
23/05/2.022

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