Sou a minha mais cruel lembrança de mim. Sou meus restos,
Sou meus tantos sonhos mortos caídos no chão do tempo
Como pedaços de versos perdidos em páginas rotas,
Rasgadas, presas na alma, e no mundo voando soltas
Levo comigo, dentro do peito, minhas dores e saudades,
No pulsar descompassado de um coração tão carente
Levo as angustias misturadas com meu sangue corrente
Teimoso em fazer-se vida, correndo por tão demente
Nas mãos, levo as marcas das carícias que um dia fiz
Levo o perfume do rosto que afaguei, lábios que beijei
Meu rastros me seguem gritando meus covardes medos,
Os olhos se fazem arredios querendo esconder segredos
Sou minha estrada perdida, mas ainda finjo ver horizontes
Desenho flores nas margens de estradas que só eu vejo
Faço de lágrimas avulsas flores brincando de primavera
E corro entre vazios procurando meus perdidos desejos
Vou, perdido na demência de quem já nem sabe quem é
Canto cantigas antigas, que até já haviam sido esquecidas
Chamo nomes, mas não sei os rostos, não lembro mais
Levo apenas minha loucura todo o resto deixei pra trás
Vou com minha solidão, por veredas, estradas e ruas
Minha alma, por tantas dores, se veste em chagas cruas
Minha voz se perdeu, sussurro apenas, perdi meu grito
E do silêncio sai o eco de um pensamento gritando aflito.
- coisas que eu nunca disse -
José João
15/10/2.013
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