Dos pedaços que hoje a vida me fez, de todos eles,
É minha alma... o pedaço mais triste de mim...
Cabisbaixa, lamuriosa, sentada num canto do tempo,
Olhando o vazio infinito que dentro dela se fez,
Chora, e entre soluços de doloridos ais, se entrega toda
À vontade de gritar o que não sabe mais falar...
Mas o silêncio, desses das almas quando ficam tristes,
Lhe toma a voz, e muda, se faz de sombra a esgueirar-se
Por entre as dores, cada uma se fazendo mais dor que a outra,
Parece que as dores, por vaidade, querem ser sempre mais
E disputam entre si um gemido da alma como troféu.
Ah! Esse pedaço de mim! Tão sofrido! É, e me faz tão carente
Que falo com o tempo e respondo como se fosse eu,
Me fazendo outro, engano a alma dizendo que não estou só.
Mas ela conhece a voz do tempo e me diz: O tempo não chora
E pergunta: De quem são as lágrimas nos teus olhos?
- Ela mesma se desculpa e responde -
Desculpa, sei que são minhas, só sei chorar com teus olhos...
Mas por que és tão passivo às minhas vontades e dores?
Não sei responder e o silêncio dela me toma todo,
Tenho pena de minha alma, dessa tanta tristeza que ela tem!
Assim, por solidário, empresto meus olhos e choro também.
José João
20/04/2.013
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