Por quanto ainda haverei de gritar
Para meus clamores serem ouvidos?
Se pouco forem os meus gritos
Ouçam, da alma, os tantos gemidos
Se porventura de pouco se fizerem
E outros gritos me forem permitidos
Haverei de grita-los bem mais forte ainda
Pois o farei com todos os meus sentidos
E se ainda assim, minha voz não for ouvida
Meu grito se fará em tantos prantos
Que mensurar impossível até seria
Por não serem apenas muitos, serem tantos
E se um dia, minha reticente voz cansada
Apenas sussurrar, por tão pesado ser o tempo
E tanto peso minhas mãos também cansar
Gritarei com os olhos na tristeza de um olhar
Também não chorarei esse destino
De pranto e luta que em mim se faz ficar
Mesmo por que o pranto nem sempre é chorar
Em mim foi apenas uma meneira de gritar
Que um dia ninguém me faça que eu ouça
Seus gritos, como tantos já gritei
Pois essa dor, eu a conheço, e tão bem
Que não gostaria de vê-la sentida por ninguém.
José João
Nenhum comentário:
Postar um comentário