quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
As estrelas amam
Ontem fui contar estrelas, a cada uma que contava dava
um nome, mas uma, a mais escondida de todas, quando
a olhei, ela timidamente disse: Já tenho nome. Fiquei
surpreso, primeiro por ouvi-la falar, não sabia que estrelas
falavam, segundo pela distância que estavamos, e
finalmente por que entendi uma estrela.Como é seu nome?
Perguntei. Ela com um sorriso doce, um sorriso meigo,
como só as estrelas sabem sorrir, disse apenas. Adivinha!
Como poderia adivinhar o nome de uma estrela?
Mas os desafios nos fascinam, fiquei pensando, quando
para minha surpresa, não sabia que as estrelas era
ciumentas, as outras começaram a reclamar perguntando.
Se ela já tem nome porque insistes? Ela que diga. Nós,
é que ainda não temos. Não resisti. Vocês falam?
Perguntei. Claro, disse uma delas, se não falassemos não se
riamos estrelas. Mas estrelas não falam, todos aqui sabem
disso. Todos aqui onde? Perguntaram. Aqui na terra
onde moro, respondei. Elas rindo perguntaram.
-Se aí não nos entendem, porque estás nos entendendo?
-Não sei, nunca havia falado com estrelas antes, na
verdade, acho que estou ficando louco.
-Tu amas?
-Como? Não entendi.
-Se tu amas, se tu te entregas ao amar como se fosse a
o amor a própria vida.
-Não sei.
-Como não sabes!? É preciso que uma estrela ti diga o
o que é amar? Esses humanos tão desprovidos de
sentimentos! São dignos de pena.
-E vocês amam?
Elas se olharam surpresas, como se estivessem ouvindo
a pergunta mais imbecil do universo, me olharam, dessa
vez percebi um olhar de pena. Disseram.
-O que tu achas? Será que não vês que estamos milhares
e milhares de distância, algumas vezes até milhões e
ainda assim enfeitamos o mundo de vocês? Embalamos
os sonhos de vocês todas as noites, até depois de mortas
ainda lhes damos luz tanta é a distância, agora vê, o
que vocês no dão? Nada. Nós pedimos alguma coisa
em troca? Nada. Nós ficamos felizes ao ver vocês felizes,
e toda essa distância nos separa. Porque vocês humanos
não se amam, já que estão tão perto um do outro.
Pobres homens é preciso uma estrela para faze-los
entender o que é o amor!
-Nós sabemos o que é o amor - disse mostrando convicção
nas minhas palavras -
-Então diz o que é o amor.
-O amor é você saber... - quando ouvi uma vozinha tênue
dizendo: Escuta meu nome é... o dia chegou rápido, não
ouvi o nome da estrelinha tímida, nem disse as estrelas
o que nós, os homens, sabemos sobre o amor.
José João
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Que posso fazer?
Minha estrada nada mais é que um caminho
Ou vereda perdida, cruelmente varrida
Por tempestade parida de angustia e dor,
Os passos cansados por tropeços marcados
Se fazem pesados e a alma em clamor
Gritando piedade, mas o destino por mera maldade
Lhe deixa a vontade pra apenas chorar
Se orações aprendeu de rezar se esqueceu
Mas nem tudo perdeu lhe restou um gritar
E um grito estridente pela dor tão carente
Que até o eco é carente de um lugar pra ficar
E a alma enfadonha, cabisbaixa e tristonha,
Talvez por vergonha, se deixa calar
E um silêncio vazio, como a angustia no cio,
Faz um tempo tão frio que a alma a tremer
Se sente tão pouca, ou até quase louca
E a voz por tão rouca nada pode dizer
Mas de coragem se veste e num esforço inconteste
Por milagre celeste e sem se maldizer
Em murmurio ardente, como um olhar elouquente
Entre alma e gente, pergunta: Deus o que posso
F A Z E R ?
José João
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Amor, que bela poesia!
Há! Esse amor que se vai em tantas voltas
E em tantas voltas se vai,
Deixa saudades, leva sonhos, deixa dores
E sempre é amor nunca se desfaz.
Há! Esse amor de lágrimas e de cantos
A gente chora, a gente sofre,
Se derrama em tantos prantos
Mas ele sempre... cheio de encantos
Esse amor que me prometi nunca mais querer
Mas que tanta falta me faz!
José João
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Deixa-me chorar
Deixa-me chorar tua saudade
Assim como chorei tua partida.
Deixa-me chorar com tuas lágrimas
O adeus mais triste que nunca vivi.
Deixa-me ti sonhar nos meu sonhos
Como verdade acontecida,
Com esse amor parido do tempo,
Esse tempo que nos toma nossos sentidos
E nos deixa assim: Sós. Deixa-me chorar,
Chorar todas as lágrimas que tiver.
Deixa-me gritar a solidão que deixaste,
Deixa-me ser só comigo mesmo
E estar contigo onde estiveres.
Vê minhas lágrimas? São todas tuas
Não são mais minhas, elas choram tua ausência
Num adeus mais que adeus.
Deixa-me chorar que o mundo agora
É só um pedaço de nada.
Deixa-me chorar como se chorar
Fosse estar contigo, assim como se tua saudade
Me bastasse para dizer: Estou vivo.
José João
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Entre solidão e tristeza
Igual solitário pássaro que no espaço voa
Em perdidas rotas desse azul do céu infindo
Que em volteios tristes se entrega a toa
Chorando, saudoso canto, como se estivesse rindo
Com o vento, sem rumo, indo sem nenhuma pressa
Para onde ir? Nem ninho tem para poder chegar
Se os teve um dia, perdido ao tempo ficou pra traz
E o belo canto que todos ouvem é o seu chorar
Triste pássaro tão livre! Voando a seu prazer
Quantos não invejam a liberdade desse viver!
Solto no céu brincando, mas preso em seu sofrer
Que cruel gaiola! Pior prisão é a que não se vê
Assim como o rio que entre margens tem que correr
Assim como do pássaro e do rio é esse o meu viver.
José João
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Da solidão
Você tirou o meu céu, me deixou sem horizontes,
Sem estradas para seguir os sonhos que sonhei.
Apagou os rastros que deixei para poder voltar,
Calcou em minha face solidas marcas de tristeza
Que se fizeram caminhos de lágrimas em meu rosto,
Como se fossem, nos traços finos da tristeza, fontes
A jorrar tormentosas tempestades de prantos.
Ah! Esses meus olhos, agora brilhantes e tristes!
Esses meus olhos que me deixam calmamente
A alma vadiar no vazio denso e amorfo de um tempo
Disforme pela tão intensa densidade da solidão
Que me sangra a carne, me fere o peito e grita
Que de dentro de mim, ela tomará conta de mim.
Como se eu agora fosse apenas... dela.
Desesperado corro entre meus sonhos e desejos,
Corro entre minhas vontades que se foram
Quando se foram também meus horizontes,
Corro atras do vento que levou minhas palavras,
Corro atras do tempo que levou meus trinta anos
Corro atras de mim que já nem sei quem sou
Corro... como se a solidão não estivesse onde estou.
José João
Como da outra vez
Corro no meio das noites buscando sonhos entre estrelas
Sonhos que sonhei quando a saudade me contava histórias
E bem ali, bem de dentro de mim, um coração alegre
Gritava vivas ao mundo, ao tempo, gritando suas vitórias
Voo no meio do vento procurando cantos que já cantei
Procurando orações rezadas pedindo milagres que já vivi
Grito ao mundo blasfêmias, injúrias em violentos prantos
Maldizendo o que me fez perder tudo aquilo que já senti
Hoje, meus gritos, são sussurros lentos de tão cansados
Até quase não os escuto apenas sinto no soluço triste
Da própria dor a mim dizendo que a solidão existe
Ouço minha voz voltando como se de mim não quisesse ir
Para que ninguém ouvisse o que a tristeza comigo fez
E assim de mim, não rissem tanto como da outra vez...
José João
sábado, 3 de dezembro de 2011
Minhas lágrimas
Minhas lágrimas tristes aos meus pés caíram
Como moribundos gritos de saudade infinda
E assim sumiram como se ao mundo fossem
Buscar os sonhos que não sonhei ainda
Para onde foram não sei, outras lágrimas chorei
E foram tantas nas tantas noites que não dormi
Que a própria noite, talvez por pena, pra mim falou
Baixinho, sussurrando, que comigo também chorou
Para onde foram as lágrimas aos meus pés caídas?
E as tantas outras que na noite também se foram?
Fazendo da vida uma eterna noite tão mal vivida?
De muito longe ao som do tempo um sussurro mudo
Me diz que minhas lágrimas foram para muito além
Levadas por minha alma que comigo quer chorar também.
José João
Versos perdidos
Em palavras lacrimejantes, choradas, gritadas, sofridas
Entregando ao mundo o segredo de minha alma triste
Que desde sempre sabe, que só a solidão pra ela existe
Meus soluços em tormentosos ecos gritam o mesmo som
Chorando entre as pedras da triste solidão e a saudade
Vem trazendo sonhos de momentos que pensei mortos
Mas o destino, talvez até por ironia, os fez de eternidade
Vou, entre minhas dores, buscando vazios para outras dores
Que haverão de chegar, eu sei, o mundo é tão inconsequente
Nos faz pedir, nos faz sonhar, mas na verdade mente pra gente
Quantos sonhos sonhei entre verdades e beleza de sonhos vivos!!
Quantas vezes ouvi que o mundo é belo aos amores cativos!
Na verdade agora são, de minha tristeza, seus tantos motivos.
José João
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Viver?
Onde estarão o meus sonhos?
Será que ao longo da vida os perdi?
Será que agora desperto e percebo
Que nunca, nenhum sonho, um dia vivi.!
Onde estarão meus sorrisos?
Será que nunca aprendi a sorrir?
Será que ficaram num passado distante
Que nem eu mesmo sei se vivi?
E o brilho dos meus olhos?
Se um dia existiram, onde estarão?
Será que se perderam na minha tristeza
Ou se um dia os tive foi mera ilusão?
Onde estará minha voz que um dia
Gritando bem alto eu mesmo ouvi
Hoje emudeço em murmúrios tristonhos
Pois até meu pensar há muito perdi
Que me resta agora de mim fazer?
Que me resta pensar no que posso ser?
Se depois de tantos perdidos não sei
Se me vale, mesmo triste, ainda viver.
José João
A procura
Mar, sol agoniza, delírios leves
Pensamentos vagos e até sonolentos
Saudade viva, ardente e crua
Da vida, do tempo, dos meus momentos
O dia se vai e em mim se perde triste
Pinto teu rosto num sol moribundo
Banhado em águas pintada a esmo
Com olhar perdido no mar profundo
Te busco em raios, nas quase estrelas
Te busco em sol, na quase noite
Te busco em mim onde perdido estou
Te busco dentro do que já não sou
Em morte diária, lento se vai o dia
No nascer jovem de estrelas antigas
Me perco nelas vagando o olhar
Na vã tentativa de te encontrar
Que quase sol, que mar, que saudade
Que quase estrelas, que quase noite,
Que angustia! Ah! Momentos vividos...
Agora em mim como sonhos perdidos.
José João
Dentro dos sonhos
Oh! Saudade que me abraça a alma
Acalenta o sono que não quero dormir
Pois que, desperto, posso ver chegar
Todos o sonhos que preciso sonhar
Sonhos passados no tempo perdidos
Tempo em que sonhar não me era preciso
A verdade era mais e melhor que sonhar
Que gritava bem alto: A vida é amar
Agora lembrando de tantos momentos
Preso, que estou, em meu triste deserto
Com a saudade posso dormir: Não quero
Se acordado os sonhos de mim ficam perto
As lembranças me vêm e as quero comigo
Por breves momentos ainda que seja
Também que me venham saudades antigas
E feliz, nos meus sonhos, talvez eu me veja
José João
Minha oração
A Ave Maria de longe eu escuto
A mim me parece um canto de luto
Não que não sinta a beleza do canto
Mas por tão triste me entrego ao pranto
Quantas Ave Maria um dia rezei!
Rezando, solene, outra preces que sei,
Em cantiga alegres também já rezei
Agora, chorando, de rezar me cansei
Tanto rezei e pedi nesta hora que até
O joelhos feridos já não podem dobrar
Lhe pedi que trouxesse alguém para amar
Mas minhas preces ninguém pode escutar
Ave Maria, como agora sozinho, sempre escutei
Se havia esperanças rezas alegres um dia orei
Agora perdido a Ave Maria fico a escutar
E chorar, é agora, a oração que aprendi a rezar.
José João
Castigo
Pobre e gentil alma que calada chora
Um pranto triste em sutis soluços
Por sonhos que no tempo foram perdidos
Ou que pela angustia foram assim vencidos
Calado o canto por ser maior o pranto
Da saudade sentida pelos tantos encantos
Encantos que em agonia lenta faleceram
E eram bem mais que muitos por serem tantos
Dos tantos e tantos sonhos em vão sonhados
À alma coitada, um só, a ela não restou
Até a saudade que lhe embalava aflita
Se foi com o sonho e não mais voltou
Que triste agonia de vida vivida sozinha
Pois nem o eco, dos soluços, lhe voltou
Silêncio perene de um mundo já esquecido
Morto no tempo e no mesmo tempo perdido
Tão só que o tempo lhe perdeu o sentido
Que pensa de ontem as dores sentidas
E até custa a crer que essa dor de agora
Por ela, há muito, já foram vividas.
Triste silêncio nos olhos opacos, sem brilho
Quando um pranto teimoso se recusa chorar
Brilhantes se tornam se as lágrimas vêm
Mesmo que a alma se sinta, coitada, ninguém
Docemente ao vazio minha alma cativa se torna
Faz dele o seu mundo e já nem se importa
Pois só ele, o vazio, lhe ficou como abrigo
É só o que tem, por destino ou... por castigo.
José João
Meu pecado
Só, como se vazio estivesse todo o mundo.
A vida? Um insipido deserto pavoroso
De sonhos mortos e até já esquecidos
Pelo tempo, lentamente consumidos
Sem pressa, vai ao tempo, a alma triste
Sem sequer ter um horizonte para buscar,
O silêncio atroz lhe mata um tímido canto
Não permitindo nem chorar o próprio pranto
Oh! Cruel dor que em vivo sangue deixa
Abertas as cicatrizes já quase cicatrizadas
Que na alma se fazem profundas chagas
Por minhas lágrimas sendo assim lavadas
A mim, vem de longe como um quase nada
Tristes restos de sonhos pálidos e agonizantes
Me chegam em lembranças tênues, apagadas,
Em fragmentos, pelas tantas dores choradas
Que me resta então pedir à vida ou ao mundo?
Zelo pela alma que em prantos se desmancha?
Talvez pedir que a saudade lhe tome da solidão
Como se isto fosse um pedido de perdão
Que tão pecado teria minha alma cometido
Para que a punição lhe fosse... tanto chorar?
Será que a própria vida se confundiu ao pensar
Que é pecado tão intensamente se amar?
José João
sábado, 5 de novembro de 2011
Apenas mais um
Na rua, com tanta gente,
Eu era apenas mais um,
Na multidão solitária
Eu também era mais um,
Andando nas ruas eu via
Que não tinha onde chegar
Em tantas portas fechadas
Eu não podia entrar.
Via as vitrines olhando
Minha imagem do outro lado...
Perdida
Se confundindo com os preços
Das promoções que não vendem
Nenhum pedaço de vida,
Me perdi na floresta
De concreto e solidão
Em ninguém eu via história
Por que não via emoção,
Cada rosto uma sentença
Em cada sentença uma dor
Em cada dor uma ausência
Da triste falta de amor.
Que lugar é esse?
Que não se pode brincar
De fazer poesia
Ou conjugar o verbo amar.
José João
sábado, 22 de outubro de 2011
A noite e a saudade
Bruxuleante do candeeiro a chama tímida
Que pela noite quase engolida e ainda assim
Iluminava a mente, o papel e a pena fina
Que insistia escrever um verso quase sem rima
Ao longe, no bambuzal, dançando ao vento
Cantava, a coruja, canção nefasta a exprimir-se
Em desencontradas notas em tão compasso lento
Que o próprio tempo, ao vento lhe fazia esvair-se
Em mim, a alma triste, na noite a espelhar-se
No silêncio que as vezes não cansava de chamar
Um nome que meus lábios tremiam ao murmurar
Um nome que a alma chorava soluçando ao lembrar
Dos olhos, por ela, duas lágrimas tristes a rolar
Uma mocinha, já nos lábios, ternamente a me beijar
Outra, pequena menina, ainda nos olhos a passear
Brincavam em meu rosto, de o rosto dela desenhar
Um grito na noite em que a aurora por mera teimosia
Ou, quem sabe, por capricho insistia em não chegar
E eu, por tanto amor, até juro que ali estava
Na pálida luz do candeeiro seus olhos a me olhar.
José João
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
A poesia de ontem
Ontem escrevi uma poesia sem nome,
Versos sem rimas, palavras cansadas, vazias
Assim com se elas fossem minhas lágrimas
Caindo no papel e escrevendo minhas dores.
A poesia sem nome que ontem escrevi
Era como se fosse palavras soltas, sem nexo
Contando histórias que nem lembrava mais,
Buscando dores guardadas, reabrindo cicatrizes
Que, na alma, pareciam saradas, calcinadas.
Mas se abriram novamente, sangraram
Abundantes em dores, em gritos, que a alma
Alucinada e triste grita a esmo chorando sozinha.
Sem tempo, sem rumo, num espaço que não existe
Por que tudo ficou para traz sem caminho de volta.
Ontem escrevi uma poesia sem nome, tão triste
Que me restou apenas dizer, não mostrar
Para que ninguém chore a dor que é só minha
Essa dor tão grande que fez minha poesia sem nome
Ficar sem fim. Infinita como se a dor de sempre
Ficasse eterna a cada momento.
José João
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
simplesmente não sei
Hoje o que sinto não é dor nem saudade,
Nem angustia, nem tristeza, nem ansiedade
Hoje o que sinto, não sei, é um gosto de nada
Tão intenso que deixa a alma marcada
A vontade se foi, nem de chorar eu preciso
Talvez me falte o que ainda não sei
Talvez no caminho perdido em que caminhei
Com ele perdido também eu fiquei
O mundo se cala em silêncio profundo
Perdidas as cores como no fim do mundo
Amanhã outro dia, se importa? Não sei
Que vivam as lágrimas com que me banhei
Ouço do nada o som do vazio que só eu posso ouvir
Me atento a um pranto de longe ouvido, um sussurro...
Loucura talvez, mas posso escutar o silêncio falar...
Posso escutar o silêncio cantar... ou chorar?
Percebi que o vazio lá de fora é o de dentro de mim,
Até a loucura que dizem vazia, em mim tem razão
Que louco eu sou se ontem chorei e não me esqueci?
Será que é loucura dizer que um dia... vivi?
José João
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Saudade cativa
Oh! Silêncio que em minha alma chega
Que nem um teu sussurro em mim se faz ouvir
E me atento ao eco do grito que gritei
Mas ele não volta como no tempo voltei
O tormento me atormenta em pesadelos
De momentos que o destino a mim impôs
Me matando de ontem o sonhos e os de hoje.
Para sonhar não me deixou nenhum para depois
E eis que o vazio me envolve e até diaria
Que bom seria se tão triste ele não fosse
Mas em que lugar estar a mim me importa?
De onde esteja para o mundo não tem porta
E que mundo haveria de uma porta me abrir?
Se o tempo não permite que a ele volte outra vez
A não ser pela saudade que a mim se faz cativa
Ou também pela lembrança que à alma deixa viva.
José João
O provedor de lágrimas
Quanta dor ao peito aflige em triste angústia
Quanto pranto, por tristeza, derramado!
Mas que seria da alma muda e silenciosa
Não fosse, por sorte, o prazer de ter chorado?
Chorado um pranto que, mesmo triste, ainda é belo
E nela, na alma, que bom a saudade ter ficado
Assim o tempo não se faz cruel carrasco
E da alma, o pranto, é prazer por ter amado
Por destino o tempo, para a alma, não é passageiro
Nem tão pouco a alma, para o tempo, é viajante
As duas existências se confundem e por tanto
De eterno para a alma também será o pranto
E eu, da alma, pequeno espaço a contentar-me
A ser somente provedor de lágrimas e de pranto
Que em soluços e tristes ais se vão ao tempo
Apagando lembranças do que um dia foi meu canto
sábado, 1 de outubro de 2011
Vagando no vazio
Vagando no tempo,
No espaço andando por não ter chão,
Palavras torpes e até injurias calado ouvia,
E a alma, em triste pranto, sangrava o peito
Rezando orações noviças que nem eu sabia.
Tétrico silêncio calava a voz. Um murmurio frágil
Saia em busca de se fazer ouvir.
Afiadas vozes como frias lâminas
Me feriam a alma em profundos golpes
E a dor mais fria que lascinante
Em desespero chamava as lágrimas
Que moribundas, em gigantesco esforço,
Se faziam fortes.
Chorava, como se o pranto fosse oração,
Juntava as mãos em demente postura
E fugia, corria com passos bêbados
Como se tudo em minha volta fosse loucura,
Assim não me permiti encontrar entre os prantos
Um momento de sutil lucidez que me levasse
À doce surdez para não ouvir
O que em mim, me doia tanto.
José João
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Folhas de outono
Meus sonhos, assim como folhas de outono
Levadas pelo vento,
O tempo, como ventania de verão, os levou também.
Para onde? Não sei, mas para muito além de mim,
Onde só o pensamento chega...
... Onde só as lágrimas vão.
Pra lá foram folhas, histórias e lágrimas.
Como se o outono quizesse esconder da primavera
As tristezas que não alegram as flores.
Assim fiquei sem histórias... sem lágrimas,
Olhos vazios procurando em horizontes perdidos
Poesias inacabadas, poesias sem dono,
Poesias que nunca ninguém escreveu...
E dentro delas me colocar
Mesmo como palavra solta, sem sentido,
Mesmo como uma folha de outono caída
Chorando sua dor sem ser percebida.
José João
José João
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Alma prostituída
Uma lágrima cai dos meus olhos,
Afaga meu rosto, sem que eu queira,
Como uma meretriz, que afaga sem carinho,
Ainda assim minha alma se prostitui, e prostituta
Se deita cômoda na cama do tempo
Como se o macho fosse um pensamento,
Sem que ela perceba, estéril.
Que sorte! Assim não haverá criação.
E a sólida, mais que solidão ou carência,
Figura de um fantasma bêbado cheio de vazio,
Em depressivo passo alucinante,
Cambaleia numa estrada sem rastros,
Nem parece caminho, apenas uma rota de fuga
Por onde ninguém nunca passou.
E o vento, silencioso, por ser tão pouco,
Canta baixinho uma canção sem nexo,
Se contorce como se fosse louco,
Como se estivesse no cio... no coito
Querendo fecundar a alma prostituta
Que traiu o estéril pensamento,
Não com o vento, que bobo se roça no tempo.
A alma carente se entrega a um mero e
Qualquer Tormento... como este fosse...
O galã do momento.
José João
Em qualquer lugar do inifinito
Para qualquer lado que ande chego no infinito
Assim não preciso de sul ou norte para seguir
Posso andar na direção de qualquer estrela
Que o infinito... é logo ali, basta apenas ir
Não tenho rumo, nem rota, nem caminhos
Estradas ficaram como marcas no chão,
Como veredas esguias por lágrimas molhadas,
Por soluços da alma em dores choradas
Em que porto chego traçando rota pelas estrelas?
Onde no universo haveria um lugar pra não chorar?
Triste ilusão é pensar que a tristeza não vai estar lá
Por isso não tenho um ponto no infinito a desejar
Qualquer lugar do universo me serve para estar
Afinal a tristeza não está lá, comigo ela vai chegar
José João
sábado, 24 de setembro de 2011
Cárcere
Qual crisálida no casulo adormecida
Em que a existência é apenas um estar
Assim minha alma pelo vazio envolvida
Que quase morta insiste em lhe deixar
O frio da tristeza em prantos deixa alma
Que chora em agonia a saudade de uma vida
Que não volta, poi no tempo se perdeu
E deixa as cicatrizes a mostrar o que viveu
Que vida! Que sonhos! Aurora a despertar
Em sol alegre corpo e alma a aquecer
Em que a própria vida lhe pedia pra viver
ESm dias renascidos sempre no vo alvorecer
Assim como a crisálida no casulo adormescida
Mas no tempo se perderam sonhos... ilusões
e o vazio tão frio, prisão de pensamentos
Me deixa disponivel só a vontade de chorar
E à alma não deixa nenhum sonho pra sonhar
Asim como a crisálida em casulo adormecida
Minha em cárcere do vazio a lhe deixar
Enquanto a crisálida amanhã já terá vida
Minha alma amanhã terá prantos pra chorar
José João
O jardineiro
Deixe que lhe diga em versos simples
O largo sentimento que me toma
Tão grande, a comparar no campo apenas
Com o jasmin que ao mundo exala seu aroma
Da palavra, o dom divino não me coube
A mim restou apenas ser um mero jardineiro
Sem leitura, aprendo a vida com as flores
Que belas e soberbas nascem em meu canteiro
Deixe-me que lhe diga em versos simples
Pois as palavras dos doutores não conheço
Mas sei sentir no peito um doce encanto
Apesar de senti-lo por quem eu não mereço
Mas de minha ignorância não reclamo
Apesar dela minhas mãos sabem falar
As flores, senhora, a mim se entregam todas
Dizem que como eu ninguém mais sabe amar.
José João
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
A dor que sinto
Parece não ter sentido a dor que agora sinto
E por não ter sentido até parece não ser dor
Mas pra a alma, mentir não posso e não minto
E deixo que, da vida, ela sinta o amargor
A dor é tão doída que a voz se cala em pranto
E calada no silêncio só soluços pra chorar
No peito morre a ânsia de tentar cantar um canto
E a alma alucinada chora sem histórias pra contar
Parece não ter sentido nenhuma dor que senti
Mas todas foram perdas por tudo que já vivi
Ainda hoje choro triste pelo que ganhei e perdi
Parece não ter sentido a dor que agora sinto
Mas é uma dor tão doída que a voz se cala em pranto
Deixando morrer no peito a ânsia de cantar um canto.
E por não ter sentido até parece não ser dor
Mas pra a alma, mentir não posso e não minto
E deixo que, da vida, ela sinta o amargor
A dor é tão doída que a voz se cala em pranto
E calada no silêncio só soluços pra chorar
No peito morre a ânsia de tentar cantar um canto
E a alma alucinada chora sem histórias pra contar
Parece não ter sentido nenhuma dor que senti
Mas todas foram perdas por tudo que já vivi
Ainda hoje choro triste pelo que ganhei e perdi
Parece não ter sentido a dor que agora sinto
Mas é uma dor tão doída que a voz se cala em pranto
Deixando morrer no peito a ânsia de cantar um canto.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Minha alma
Qual inocente pomba que no céu se perde
Voando a esmo em perdido espaço
Gemendo triste e o coração partido
Pelo pobre filho que caiu no laço
Qual alvo lírio que no prado murcha
Pelo cruel calor de ardente estio
Ou como inocente peixe em agonia lenta
Por que sem água lhe secou o rio
Assim minha alma no espaço chora
E pede aflita... e não escolhe a hora
Qual mãe que a vida do filho implora
Que um dia encontre doce regaço
De que preciso e sem que não passo
Pode até ser qualquer terno abraço.
José João
Meu canto
Meu canto é triste e nasceu chorando
Como o triste canto de um passarinho
Que vai aos filhos buscar comida
Mas que na volta lhe roubaram o ninho
Meu canto é triste como a roseira que chora
Ao ser podada sem qualquer razão
Lhes cortam os galhos, lhes tiram as rosas
Mas também lhes tiram o tenro botão
Meu canto é triste como o nascer da aurora
Que a chuva forte lhe esquece a hora
Tão triste fica que a chuva fina
É a natureza que por ela chora
Meu canto é triste assim como eu
Que choro um tempo que o tempo levou
Meu canto é triste como é triste o mundo
Em que vivo por não saber quem sou.
José João
Como o triste canto de um passarinho
Que vai aos filhos buscar comida
Mas que na volta lhe roubaram o ninho
Meu canto é triste como a roseira que chora
Ao ser podada sem qualquer razão
Lhes cortam os galhos, lhes tiram as rosas
Mas também lhes tiram o tenro botão
Meu canto é triste como o nascer da aurora
Que a chuva forte lhe esquece a hora
Tão triste fica que a chuva fina
É a natureza que por ela chora
Meu canto é triste assim como eu
Que choro um tempo que o tempo levou
Meu canto é triste como é triste o mundo
Em que vivo por não saber quem sou.
José João
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Saudade, é apenas saudade essa dor que sinto... Uma dor que não é dor, uma tristeza Que não é tristeza, uma vontade de não-sei-o-que...
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