segunda-feira, 13 de março de 2023

Quando só o coração pode ouvir

Caminhei por estradas distantes, caminhos, veredas...
Pisei nas folhas de outono, caminhei nas primaveras,
Juntei flores, fiz versos, com a brisa musiquei poesias,
Como artesão fiz brincos de nuvens cor do sol poente.
Atravessei rios, com eles murmurando canções novas...
Ia sempre, mesmo indo só, por vezes, mesmo na multidão,
Gritava minhas angustias, tristezas, mas ninguém ouvia!
Fazia versos coloridos, triste, alegres e... ninguém ouvia.
Cantei em ladainhas verdadeiras histórias de amor...
Inventei poesias gorjeadas pelos pássaros... não era ouvido.
Um dia, resolvi calar, não contei, nem cantei mais nada...
Aí, sentado sozinho num canto de um tempo distante...
Me perguntaram se eu era mudo... calei... nada disse...
Deixei que pensassem... foi quando o vento, em rodeios,
Me trouxe aos pés uma pétala de uma flor caída no jardim...
E ela me falou tão comovida de como a flor era bela...
Ouvi... e minha alma em silêncio, calmamente disse:
Como querias que te ouvissem? Ninguém mais...
Tem coração para ouvir.

José João
13/03/2.023

Um comentário: