quinta-feira, 22 de maio de 2025

Eu e o amigo espelho

 

- Caro amigo. como desenhas fielmente meu rosto!
Até os detalhes que o tempo vai fazendo e deixando!
As marcas feitas no rosto como se contassem histórias
Meu amigo fiel, cada detalhe de mim, vai mostrando

- Ainda bem que você me sabe com um seu fiel amigo.
Afinal, amigo é aquele que lhe diz o que não quer ouvir
Que mostra os detalhes de quem você é, sem esconder
Que está com você te olhando no rosto, sempre contigo

Sou aquele que, calado, quantas vezes te viu chorando, 
Te olhou bem nos olhos, te fez sentir tua própria alma.
Sou aquele a quem perguntastes tanta vezes... Porquê?
Quando choravas um adeus e perguntavas: O que fazer?

- Sabes realmente muito de mim. Pra te não há segredos
Mas diz-me fiel retrato do meu rosto, com me vês agora?
- Como és, embora digam que sou apenas um reflexo 
Mas de dentro de te quando te vês em mim, achas só isso?

José João
22/05/2.025

Ilusão! Quando acorda faz chorar

 Ei. Você! Você aí, amigo, que está chorando, me ajuda.
Pode me emprestar algumas lágrimas? Estou precisando.
Quero fazer uma poesia, mas meus olhos não choram
E você... com tantas lágrimas! Porque está chorando?

Se você me emprestar algumas lágrimas, uma saudade...
Um pedaço de tristeza, faço uma poesia com seu nome
Afinal, o pranto é seu, coisa, infelizmente, que não tenho
Já tive, mas chorei tanto. Como é triste essa minha verdade!

Sei plagiar lágrimas. Há quem ache impossível, se admire.
Plagiar lágrimas! Sim, sou um grande fingidor, sou poeta,
Você me empresta as lágrimas, finjo ser minha sua história
Se quiser posso dizer que são minhas as lágrimas que chora

Como é seu nome? Ilusão! Pensei que você não chorasse.
Afinal, você sabe inventar momentos. sonhos coloridos,
-Sempre fui assim, um inventor, inventava coisas diferentes
Mas chega um dia que a verdade chega e acorda a gente.

José João
22/05/2.025

O escrevedor de versos

Quem me dera fosse eu um poeta... um poeta
Desses que escrevem as poesias com prantos
Nas pétalas de flores como fossem pergaminho,
Fazer que o perfume seja, da poesia, o caminho

Quem me dera fosse eu um poeta... poeta assim
De escrever  versos num idioma único e divino
E que só a alma amante entendesse o que diz,
Que fizesse do amor poesia perfeita, doce hino

Mas coitado! Sou apenas escrevedor de versos,
Desses que se perdem em versos de rimas rotas
Rasgadas, atiradas como fossem palavras soltas

Alinhavando o pranto  em pedaços de solidão,
Costurando tristezas em bordados de saudades
Remendando fragmentos de sonhos com ilusão

José João
22/05/2.025

Meu medo... um poema sem poesia.

 As vezes me pego sozinho perguntando por mim
Aí chegam as palavras voando soltas como loucas
Até gritam alto: queremos ser versos, ser poemas
Mas lhes respondo, vocês ainda são muito poucas

São tantos os gritos que passo a junta-las em versos
Vou buscando rimas com as palavras mais indiscretas
Finalmente, um poema se forma, mesmo sem métrica
O silêncio dos versos fala com as palavras mais incertas

Mas onde está a poesia? A que traduz os sentimentos?
A que faz a alma ajoelhar-se, faz o olhar ir buscando,
Em qualquer horizonte, qualquer saudade, um momento?

Ah! Esses poemas sem poesia! São tão sem sentido!
Coitados! Tão poucos, apenas se fazem versos perdidos
O poema fica sem alma, calado, frio, cheio de vazios

José João
                                                                          22/05/2.025

A ternura de sentir saudade.

Chamam-me de louco por dar boas gargalhadas
Por rir de sair lágrimas dos olhos, mesmo sozinho
Aí riem de mim, me dizem maluco e... apenas rio
E vou, como é bom com risos colorir o caminho!

Chamam-me  louco ao chorar como faz uma criança
Choro e nos meus olhos o pranto se faz reza, oração 
Aí riem de mim, me dizem louco por chorar sozinho
Como se o pranto precisasse de aplauso de carinho.

Rir sozinho por uma alegria só minha, é loucura?
É loucura chorar sozinho por uma tristeza só minha?
A mim, minha alma diz: não sabem o que é ternura.

Como não rir ao sentir uma terna saudade ainda viva!?
Como não chorar uma saudade de um doloroso adeus?
Que sorte! Ter amado tanto e deixado a alma tão cativa!

José João
21/05/2.025

terça-feira, 20 de maio de 2025

Existem palavras que são mais belas na poesia

 Havia guardado  algumas palavras de poesia
(há palavras que são mais belas nas poesias).
Dentro de mim, guardei lágrimas e sonhos
Guardei (o poeta pode) guardar risos tristonhos

Saudades, por si só, se fazem poesias prontas
Contam em silêncio uma história que é nossa
Do pranto faz rosário, cada lágrima uma conta
As vezes, para enganar, se finge contar em prosa

Da tristeza, essa que sai aos gritos pelo olhar
Que vai fazendo eco nos pedaços de solidão
Que faz das lágrimas copioso perdido de perdão

Como se amar fosse um pecado, algo sem razão
Que as palavras, coitadas, são poucas para explicar
As palavras de poesia explicam e até fazem chorar

José João
20/05/2.025

segunda-feira, 19 de maio de 2025

O lírio e a tulipa

 Ah! Esse amor!! Dá razão às loucuras mais loucas!
Não se preocupa com o tempo nem com distâncias
Apenas se faz sentir, entra nos corações e ali fica
O silêncio eloquente do amar deixa as palavras rotas

História impossiveis acontecem, até as flores sentem
O lírio e a tulipa, no mesmo jardim se apaixonaram
O lírio confessava seu amor com o grito do perfume
A tulipa se deitava em risos, os dois assim ficavam

Beijavam-se quando seus perfumes se encontravam
Se acenavam quando a brisa lhes banlançava as pétalas
O lírio e tulipa, amor perene, sem se tocar se amavam

Se fizeram, do jardim, os mais perfeitos dos amantes
Dizem até que se eternizaram pelo tão doce perfume 
E que agora  parece um canto de amor e de queixume

José João
11/05/2.025

quinta-feira, 1 de maio de 2025

... e se forem mentirosas as minhas mentiras?

 Quantos sonhos sonhei!!! Sonhos coloridos!!
Sonhos em preto e branco, perdidos no tempo.
Sonhei acordado quando a insônia me tomava
Sonhei, em sono profundo, e até já não lembro

Foram tantos os sonhos, alguns, não esqueci.
Rosário de estrelas douradas dourando o céu,
Barcos voadores em estranhas rotas, isso vivi
Duas luas azuis e sol transparente, isso eu vi

Naveguei por rios que levavam  flores a chorar
Chorando, pediam: rio, não me leva para o mar
Caudaloso, extenso e sem paradas nem ouvia
Continuava indo, indiferente, sem nem escutar

Sonhei em palácios de elegantes e belas damas
Leques de seda, fios dourados em ouro trançados
Lenços finos, bordados e em lavanda perfumados
Não sei porque sonhei mas ainda são lembrados

Meus sonhos, quem sabe, sejam minhas loucuras?
Loucuras que só pode se dizer apenas em prosas.
Quem sabe se são mentiras as mentiras que conto
Ou são verdadeiras minhas mentiras mentirosas?

José João
01/05/2.025