domingo, 10 de julho de 2022

A embriaguez dos meus versos

Quantas vezes fugi pra dentro da poesia! Quantas vezes!
Contando alegrias que nunca senti, fingindo histórias
Que nunca vivi! Sentindo carícias que nunca existiram.
Quantas vezes busquei rimas no nada, como se o nada
Estivesse cheio de saudades mortas ou lembranças perdidas.
Ah! Os versos! Quantos de mim fugiram! Rimas alinhavadas
Em lágrimas soltas, em palavras rotas, em versos incompletos
Porque o pranto insistia em ser a maior verdade da poesia.
E assim, na verdade que se fazia ser, tomava conta das palavras
E a poesia não se queria fazer toda de pranto... e nem podia
Ia embora de mim como se fosse uma brisa fugidia que preferia
Ir em volteios leves a lugar nenhum que ser toda pranto...
E eu... desenhava nos lábios um arremedo de sorriso,
Balbuciava pensamentos inaudíveis, como são os pensamentos
E fingia que eram versos que... nunca se fizeram completos
E eu, a poesia fingida que insistia em não me fazer seco de versos
Íamos ao tempo como bêbados, com pensamentos embriagados
Contando mentiras, como se viver fosse apenas isso... um mentira.

José João
10/07/2.022

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