Há dores tão doídas que parece não passar nunca,
Ficam dentro da gente, escondidas, adormecidas,
Como se o esquecimento lhes tivesse tomado conta,
Mas de repente elas revivem como se fossem de ontem.
Nos toma, sufoca, vai buscar as lágrimas que, acomodadas,
Nem queriam chorar. Mas essas dores que não passam nunca,
Que apenas se esconderam do tempo, se fazem tão grandes!
Parece até não ser apenas dor, parece gritos de uma alma
Angustiada, como se o remorso lhe gritasse, aos berros,
Que essa dor ainda é tão pouco por tudo que não se fez.
Lágrimas se fazem prantos, prantos se fazem Ave Maria,
Como se até os olhos precisassem chorar em tristes
Ladainhas rezadas pela alma. Vã tentativa de pagar pecados
Que ficaram presos nas lembranças que voltam sempre
Com a dor a corroer os já moribundos pensamentos
Que insistem silenciosamente em pedir perdão.
Um soluço sai rasgando o peito, as mãos tremem,
Os olhos se perdem em olhares distantes, vazios
Como se nada pudesse ser visto. Ah! Dor de sempre!
Por tudo que não se fez, não se disse, ou não se deu.
José João
24/01/2.014
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