Já rezei orações, orações cheias de mim, das dores que sinto,
Das saudades que choro, das angustias que invadem a alma,
Enfim, orações cheias de mim. Já cantei cantos de notas tristes,
Em acordes desafinados pelos soluços que me faziam a voz
Fugir entre os prantos que choravam como pássaros presos,
Em que a beleza dos trinados são apenas lamentos gritados
Que saem de dentro do peito como apenas dor.
Já cantei ladainhas, ajoelhado nos cantos do tempo, escondido
Entre os medos, entre noites vazias onde a solidão se fazia
A melhor companhia para sonhar sonhos perdidos, mortos,
Escombros de um passado que até hoje se faz presente
Quando o pensar se deixa viajar por caminhos cheios de nada,
Cheios do vazio que fazem o silêncio ser ouvido como oração
E faz a vida ser vivida sem se perceber que se vive
Porque até as lembranças se perdem no esvoaçar demente
Do esquecimento que suga, cruelmente da alma,
Até os fragmentos do que não se queria esquecer.
Já chorei como criança perdida na noite de chuva fria,
Caminhando sozinha no escuro sem saber onde chegar,
Ouvindo apenas o próprio soluço falando baixinho
Como se contasse um segredo para a alma. Um segredo
Que nem ela quer ouvir pela tanta dor de um adeus
Que faz do viver apenas uma doentia vontade de chorar
José João
30/04/2.014
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