quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
As estrelas amam
Ontem fui contar estrelas, a cada uma que contava dava
um nome, mas uma, a mais escondida de todas, quando
a olhei, ela timidamente disse: Já tenho nome. Fiquei
surpreso, primeiro por ouvi-la falar, não sabia que estrelas
falavam, segundo pela distância que estavamos, e
finalmente por que entendi uma estrela.Como é seu nome?
Perguntei. Ela com um sorriso doce, um sorriso meigo,
como só as estrelas sabem sorrir, disse apenas. Adivinha!
Como poderia adivinhar o nome de uma estrela?
Mas os desafios nos fascinam, fiquei pensando, quando
para minha surpresa, não sabia que as estrelas era
ciumentas, as outras começaram a reclamar perguntando.
Se ela já tem nome porque insistes? Ela que diga. Nós,
é que ainda não temos. Não resisti. Vocês falam?
Perguntei. Claro, disse uma delas, se não falassemos não se
riamos estrelas. Mas estrelas não falam, todos aqui sabem
disso. Todos aqui onde? Perguntaram. Aqui na terra
onde moro, respondei. Elas rindo perguntaram.
-Se aí não nos entendem, porque estás nos entendendo?
-Não sei, nunca havia falado com estrelas antes, na
verdade, acho que estou ficando louco.
-Tu amas?
-Como? Não entendi.
-Se tu amas, se tu te entregas ao amar como se fosse a
o amor a própria vida.
-Não sei.
-Como não sabes!? É preciso que uma estrela ti diga o
o que é amar? Esses humanos tão desprovidos de
sentimentos! São dignos de pena.
-E vocês amam?
Elas se olharam surpresas, como se estivessem ouvindo
a pergunta mais imbecil do universo, me olharam, dessa
vez percebi um olhar de pena. Disseram.
-O que tu achas? Será que não vês que estamos milhares
e milhares de distância, algumas vezes até milhões e
ainda assim enfeitamos o mundo de vocês? Embalamos
os sonhos de vocês todas as noites, até depois de mortas
ainda lhes damos luz tanta é a distância, agora vê, o
que vocês no dão? Nada. Nós pedimos alguma coisa
em troca? Nada. Nós ficamos felizes ao ver vocês felizes,
e toda essa distância nos separa. Porque vocês humanos
não se amam, já que estão tão perto um do outro.
Pobres homens é preciso uma estrela para faze-los
entender o que é o amor!
-Nós sabemos o que é o amor - disse mostrando convicção
nas minhas palavras -
-Então diz o que é o amor.
-O amor é você saber... - quando ouvi uma vozinha tênue
dizendo: Escuta meu nome é... o dia chegou rápido, não
ouvi o nome da estrelinha tímida, nem disse as estrelas
o que nós, os homens, sabemos sobre o amor.
José João
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Que posso fazer?
Minha estrada nada mais é que um caminho
Ou vereda perdida, cruelmente varrida
Por tempestade parida de angustia e dor,
Os passos cansados por tropeços marcados
Se fazem pesados e a alma em clamor
Gritando piedade, mas o destino por mera maldade
Lhe deixa a vontade pra apenas chorar
Se orações aprendeu de rezar se esqueceu
Mas nem tudo perdeu lhe restou um gritar
E um grito estridente pela dor tão carente
Que até o eco é carente de um lugar pra ficar
E a alma enfadonha, cabisbaixa e tristonha,
Talvez por vergonha, se deixa calar
E um silêncio vazio, como a angustia no cio,
Faz um tempo tão frio que a alma a tremer
Se sente tão pouca, ou até quase louca
E a voz por tão rouca nada pode dizer
Mas de coragem se veste e num esforço inconteste
Por milagre celeste e sem se maldizer
Em murmurio ardente, como um olhar elouquente
Entre alma e gente, pergunta: Deus o que posso
F A Z E R ?
José João
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Amor, que bela poesia!
Há! Esse amor que se vai em tantas voltas
E em tantas voltas se vai,
Deixa saudades, leva sonhos, deixa dores
E sempre é amor nunca se desfaz.
Há! Esse amor de lágrimas e de cantos
A gente chora, a gente sofre,
Se derrama em tantos prantos
Mas ele sempre... cheio de encantos
Esse amor que me prometi nunca mais querer
Mas que tanta falta me faz!
José João
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Deixa-me chorar
Deixa-me chorar tua saudade
Assim como chorei tua partida.
Deixa-me chorar com tuas lágrimas
O adeus mais triste que nunca vivi.
Deixa-me ti sonhar nos meu sonhos
Como verdade acontecida,
Com esse amor parido do tempo,
Esse tempo que nos toma nossos sentidos
E nos deixa assim: Sós. Deixa-me chorar,
Chorar todas as lágrimas que tiver.
Deixa-me gritar a solidão que deixaste,
Deixa-me ser só comigo mesmo
E estar contigo onde estiveres.
Vê minhas lágrimas? São todas tuas
Não são mais minhas, elas choram tua ausência
Num adeus mais que adeus.
Deixa-me chorar que o mundo agora
É só um pedaço de nada.
Deixa-me chorar como se chorar
Fosse estar contigo, assim como se tua saudade
Me bastasse para dizer: Estou vivo.
José João
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Entre solidão e tristeza
Igual solitário pássaro que no espaço voa
Em perdidas rotas desse azul do céu infindo
Que em volteios tristes se entrega a toa
Chorando, saudoso canto, como se estivesse rindo
Com o vento, sem rumo, indo sem nenhuma pressa
Para onde ir? Nem ninho tem para poder chegar
Se os teve um dia, perdido ao tempo ficou pra traz
E o belo canto que todos ouvem é o seu chorar
Triste pássaro tão livre! Voando a seu prazer
Quantos não invejam a liberdade desse viver!
Solto no céu brincando, mas preso em seu sofrer
Que cruel gaiola! Pior prisão é a que não se vê
Assim como o rio que entre margens tem que correr
Assim como do pássaro e do rio é esse o meu viver.
José João
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Da solidão
Você tirou o meu céu, me deixou sem horizontes,
Sem estradas para seguir os sonhos que sonhei.
Apagou os rastros que deixei para poder voltar,
Calcou em minha face solidas marcas de tristeza
Que se fizeram caminhos de lágrimas em meu rosto,
Como se fossem, nos traços finos da tristeza, fontes
A jorrar tormentosas tempestades de prantos.
Ah! Esses meus olhos, agora brilhantes e tristes!
Esses meus olhos que me deixam calmamente
A alma vadiar no vazio denso e amorfo de um tempo
Disforme pela tão intensa densidade da solidão
Que me sangra a carne, me fere o peito e grita
Que de dentro de mim, ela tomará conta de mim.
Como se eu agora fosse apenas... dela.
Desesperado corro entre meus sonhos e desejos,
Corro entre minhas vontades que se foram
Quando se foram também meus horizontes,
Corro atras do vento que levou minhas palavras,
Corro atras do tempo que levou meus trinta anos
Corro atras de mim que já nem sei quem sou
Corro... como se a solidão não estivesse onde estou.
José João
Como da outra vez
Corro no meio das noites buscando sonhos entre estrelas
Sonhos que sonhei quando a saudade me contava histórias
E bem ali, bem de dentro de mim, um coração alegre
Gritava vivas ao mundo, ao tempo, gritando suas vitórias
Voo no meio do vento procurando cantos que já cantei
Procurando orações rezadas pedindo milagres que já vivi
Grito ao mundo blasfêmias, injúrias em violentos prantos
Maldizendo o que me fez perder tudo aquilo que já senti
Hoje, meus gritos, são sussurros lentos de tão cansados
Até quase não os escuto apenas sinto no soluço triste
Da própria dor a mim dizendo que a solidão existe
Ouço minha voz voltando como se de mim não quisesse ir
Para que ninguém ouvisse o que a tristeza comigo fez
E assim de mim, não rissem tanto como da outra vez...
José João
sábado, 3 de dezembro de 2011
Minhas lágrimas
Minhas lágrimas tristes aos meus pés caíram
Como moribundos gritos de saudade infinda
E assim sumiram como se ao mundo fossem
Buscar os sonhos que não sonhei ainda
Para onde foram não sei, outras lágrimas chorei
E foram tantas nas tantas noites que não dormi
Que a própria noite, talvez por pena, pra mim falou
Baixinho, sussurrando, que comigo também chorou
Para onde foram as lágrimas aos meus pés caídas?
E as tantas outras que na noite também se foram?
Fazendo da vida uma eterna noite tão mal vivida?
De muito longe ao som do tempo um sussurro mudo
Me diz que minhas lágrimas foram para muito além
Levadas por minha alma que comigo quer chorar também.
José João
Versos perdidos
Em palavras lacrimejantes, choradas, gritadas, sofridas
Entregando ao mundo o segredo de minha alma triste
Que desde sempre sabe, que só a solidão pra ela existe
Meus soluços em tormentosos ecos gritam o mesmo som
Chorando entre as pedras da triste solidão e a saudade
Vem trazendo sonhos de momentos que pensei mortos
Mas o destino, talvez até por ironia, os fez de eternidade
Vou, entre minhas dores, buscando vazios para outras dores
Que haverão de chegar, eu sei, o mundo é tão inconsequente
Nos faz pedir, nos faz sonhar, mas na verdade mente pra gente
Quantos sonhos sonhei entre verdades e beleza de sonhos vivos!!
Quantas vezes ouvi que o mundo é belo aos amores cativos!
Na verdade agora são, de minha tristeza, seus tantos motivos.
José João
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