domingo, 15 de janeiro de 2023

A doce saudade de ti

 Desculpa se minha alma te falou tão baixinho
Quando disse te amo. Não ouviste, e só agora sei.
Assim, quando mais andamos mais nos afastamos
Me perdi, tantos foram os caminhos em que caminhei.

Não me encontrei, andei em vão por estradas vazias
Cantei versos com teu nome e a alma, coitada, já aflita
Te buscava no tempo, nos sonhos, nos meus momentos
Mas só os detalhes ficaram como histórias eternas e infinitas 

Hoje, ainda te vejo nessa saudade infinda que deixaste
Sinto tua presença dentro de mim, ouço tua voz na brisa
Nela também sinto teu perfume, perfume que nuca levaste

Quase sempre, quando a solidão  vem conversar comigo
Falamos de nós, do que fomos, do que perdi, do que sou
Mas vem a doce saudade de ti e ela... sempre vem contigo.

José João
15/01/2.022

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Entre a estrada e o tempo

Talvez tenha me perdido entre a estrada e o tempo...
Parece loucura, mas a razão as vezes é incoerente,
Os passos se perdem na estrada, apagados pelo vento
E a razão! Essa se perde sempre num pensar demente

Não sei quando me perdi, talvez... quando parei 
Por medo de seguir, o horizonte era tão distante!
Ou quando corri... a solidão sempre a me perseguir
Então, levava a saudade como um pobre retirante

Tudo ficou pra trás, ainda levava solidão e prantos
E um sussurrar amargo que insistia se fazer canto
Cada um tem seu deserto e em cada um seu encanto

O encanto do meu deserto era o silêncio, ouvia tudo,
Ouvia até a alma chamando as lágrimas mais antigas
E os olhos gritavam com elas, como se eu fosse mudo

José João
11/01/2.023

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

As coisas que não se sabe mais dizer

Olha aí o mundo! Cheio de beijos murchos,
De olhares vazios, tristes e perdidos no nada
Palavras gritadas onde o silêncio diria mais
Pobre mundo triste, onde a paz sofre calada!

Perderam-se nos corações a alegria de amar
Os olhos marejados de lágrimas de emoção
Se fazem apenas saudade, velhos sonhos...
Não existe mais quem chore por uma paixão

Fizeram do amar um mero sentimento sem cor
Velho, e até ridículo se alguém disser,...te amo
Os corações congelaram mataram a inocência
E todos gritamos essa tanta e triste carência

Os jardins já não são vistos, ninguém os vê
Quem ainda se lembra dos nomes das flores?
Será que ainda param para ver um por do sol?
Todos estão sem tempo chorando suas dores.

Quem ainda deita na relva para contar estrelas?
Quem entende o grito do silêncio de um olhar?
Quem zela para fazer o outro dormir e sonhar
E diz baixinho, com doçura: vivo pra te amar?

José João
30/11/2.022

Quando digo: te amo

Quando eu digo que amo... grito para o mundo
E meu grito vai desde a alma até pertinho do céu
Vai entre os quintais, jardins, vai até o horizonte
Vai fazendo eco nos corações de cada amante

As vezes sussurro baixinho, num silêncio divino
Mas ainda assim o coração explode num cantar
Que faz de cada oração ou ladainha um belo hino
Indo com a brisa leve num doce e inocente valsar

Quando digo que amo... o coração grita num pulsar
Tão forte que esconde a voz e então os olhos gritam,
Brilhantes, como se as lágrimas fossem pedaços de luz
A se fazerem palavras num terno e inocente confessar

Meus prantos alegres! Eufóricos por serem de amor
Contam poesias sem rimas com versos molhados
Pelo pranto delirante e risonho a que nem chamo
Mas ele vem ao me ouvir quando digo... Te amo.

José João
30/11/2.022

sábado, 19 de novembro de 2022

Seja aquela voz!

O mundo, que pena, perdeu-se nos seus próprios pecados!
As vozes gritam impropérios por tantos homens bonecos
Não existe mais verdade nos corações, duros por tão frios
E a poesia, coitada, moribunda, neles não faz mais eco

Não há mais amor... os sonhos se perderam entre sombras
O canto de paz foi trocado por gritos tristes de quase pavor,
Orações deixaram de ser rezadas e heresias se fizeram lei,
Talvez agora, só na voz dos anjos se ouça a palavra amor.

Os olhares deixaram de admirar os campos, ficaram vazios,
Perdidos num árido deserto povoado por uma inerte multidão
Que vai gritando, vai perdida, como se não tivesse direção

De repente uma voz grita bem alto: Deus onde é que estou?
Todos riem, zombam... falam de Deus com bravo rancor
E se enfurecem... quando a voz diz: Deus, dá-me teu amor.

José João
19/10/2.022

Minhas sombras e eu

As sombras que me seguem, são todos do que um dia fui
Me seguem como fossem pedaços de mim que existiram,
Mas continuam sendo eu e vão comigo por onde eu for,
Algumas, presas nos meus passos, outras presas na alma,
Na noite elas estão ali como se pensando com meu pensar
Se desenhando na saudade, na solidão, em risos tristes...
Algumas, em contraste, me espantam em sonoras gargalhadas, 
Me perco ao saber-me assim, um rio de tantas contradições!
Elas, minhas sombras, por vezes me acusam do que sentem,
Uma diz que a dor que ela sente é toda por culpa minha,
Outra, que perdeu um sorriso alegre também por minha culpa,
Uma outra diz que brinquei de amar e ela não sente saudade.
A outra, com fúria nos olhos, me olha e me culpa da tristeza
Dizendo que pra ela deixei a saudade mais doída que existe
E me culpa pelo pranto que minha alma as vezes chora...
Apenas uma sombra minha sorri e pra compensar, gargalha...
Fala mais alto que as outras, numa tentativa de me dizer
Que valeu a pena, que afinal, viver é isso e diz séria;
Um sorriso, apenas um sorriso, espanta qualquer dor.

José João
19/11/2.022