quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Coisas do pôr do sol

 O sol, em confidência para o mar, escrevia em linhas retas,
Com uma tinta prateada, desde o horizonte até a areia,
O mar sussurrando um canto, deixa suas águas bailando
Como se fosse música o que o sol, ao mar, estava falando

O prateado da água mais parecia um caminho, uma estrada
Que juntava passos impossíveis, pensamentos perdidos,
Sonhos que nunca foram sonhados, até vontade de voar
E assim o pensamento, com infinitas asas, ia até além mar

Perdido por tanto espaço, não sabia que saudade buscar
Os olhos, coitados, se perdiam no horizonte do tempo
Sem saber se era hora de lágrimas de risos ou de pranto

Mas sabia que era hora de, entre tantas lembranças, chorar
Mas não com qualquer um chorar, o momento era divino
O pranto, para os olhos, é oração, é o mais sublime canto

José João
16/10/2.024 

O Ipê, o flamboyant e ...

 Queria escrever uma poesia diferente, com gosto de gente
Sentei na raiz de um flamboyant que conversava com o Ipê,
Fiquei ouvindo o que diziam, o flamboyant, todo vermelho,
Dizia para o Ipê amarelo... que bom conversar com você

As pessoas, dizia o flamboyant, são tão vaidosas, convencidas...
É, e não sei porque, disse o pé de Ipê balançado, não têm raiz,
Não são firmes, não se sustentam na menor ventania, coitados!
Continuou o Ipê, e o pior, cada um fala e não sabe o que diz

O pé de flamboyant balançando as folhas, com uma leve brisa,
Disse: não se enfeitam nem sabem o que é viver uma primavera
Não sabem o prazer de enfeitar o mundo com sua própria flor
Sentir a leveza dos pássaros, que deles têm verdadeiro horror

Não sei porque são tão vaidosos, disse o pé de Ipê... são maus,
Prendem pássaros por mero prazer, até se matam a si mesmos
Secam os rios, queimam a nós por apenas estarmos no caminho
Não sabem o que seja uma brisa, essa que só sabe fazer carinho

Balançar nossas folhas para que eles mesmos sintam conforto,
Continuou o pé de Ipê, matam as borboletas, dizem ser coleção
Arrancam as flores e logo as atiram no chão, sem compaixão
Depois, sem pudor, dizem ser nós que não temos coração.

Queria escrever uma poesia diferente, uma com gosto de gente
Dessas  que saem da alma, que gritam hinos, um hino sagrado
Mas calei no meu silêncio ao ouvir os amigos Ipê e Flamboyant
Saí cabisbaixo, que não me vissem, por tão envergonhado

José João
16/10/2.024

Prantos!!? São só para os que amam

 Pouco importa que zombem das minhas lágrimas,
Que riam dos prantos que contam minhas saudades
Não importa que riam das minhas perdidas súplicas
Ainda é minha história, ainda são minhas verdades

Dessas que ficam no tempo, na alma, no pensamento
Desenham poesias como se fossem lágrimas escritas
Sentidas no rosto como triste afago de mãos divinas
Como fosse, por tanta pena, uma doce carícia do vento

Não me importam os risos, o desprezo, que zombem... 
 O que fazer se minhas lágrimas são como palavras
Que meus olhos gritam alto sem medo e sem travas

O que me consola é que a dor é só e apenas minha
Parida de sentimentos vivos que em mim ficaram
Pena dos que zombam! Coitados... nunca amaram

José João
16/10/2.024

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Eu e os versos que... escrevo??!!

 Escrevo versos que as vezes nem sei o que dizem
Não me preocupam as rimas... são palavras apenas
Umas contam amores, outras prantos. se contradizem
Mas se é a alma quem escreve usa palavras amenas

Os versos trocam o sentido, se fazem donos de si
Alguns se encharcam de lágrimas chorando cantos
Um outro, fingindo ser um sorriso ri as gargalhadas
Outro, para se fazer verso completo se faz encanto

Em mim os versos brincam de se fazerem saudades
As vezes se fazem apenas de lembranças antigas
Também se fazem lágrimas, verdadeiras ou fingidas

Não sei se escrevo ou eles, os versos, se escrevem
Não sei se saem de  mim ou se em mim chegam
Talvez, não sei, sejam dores por outra alma sentida

José João
14/10/2.024



quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Grita: vou ser feliz

 Sorri! Deixa os momentos tristes irem embora,
Busca dentro de te as tantas alegrias guardadas,
Com certeza tens, apenas as escondeste dentro de te.
Tens sorrisos guardados, alegrias sentidas, lembranças,
Como aquela quando te disseram sorrindo: te amo!
Não mergulha nos momentos tristes.. existiram...
Mas agora, vê, não faz mais sentido lembra-los,
Podes buscar os momentos alegres que aconteceram.
Não faz como tantos que, inutilmente, procuram
lugares para serem felizes, como se a felicidade
Escolhesse um lugar para existir e espera-los...
Sorri pra vida, te olha e sonha novos sonhos... 
Coloridos como bem quiseres colorir, inventa
Sabor de beijos, inventa uma história alegre
Em que você é a principal e verdadeira personagem.
Pensa bem, a tristeza é tua e está dentro de tua alma,
Logo, em que lugar podes ir que ela não vá contigo?
Grita teu melhor sonho, grita tua melhor verdade,
Grita; eu quero ser feliz, grita para tua alma:
Não te quero mais triste...Ninguém melhor
Para expulsar tua tristeza,,, que você mesmo;

José João
10/10/2.024

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Quando a alma escreve a poesia

    A brisa passava suave em volteios sobre o tempo
 O dia começava a despedir-se, num lento ir-se
Como se quisesse deixar saudades para amanhã.
O por do sol cantava uma canção melancólica,
Num silêncio colorido, desde o distante horizonte
Até minha alma carente que se perdia em prantos
Como fossem pingos de luz a iluminar meu rosto.
Muito longe, dentro de um pensamento quase perdido,
Uma lembrança, que caminhava para o esquecimento,
Despertou, se fez viva e se entregou sem reservas
A aquele momento que, agora, parecia santificado.
Os olhos se perderam ansiosos na busca de um olhar
Mágico que criasse uma figura esculpida na mente
Que a saudade ali deixou ficar como doce relíquia.
Assim se passou a tarde, as estrelas, como vagalumes
Do céu, apareceram brilhantes, despertando sonhos...
Sonhos que... jurava terem sido verdade.

AMCL - Academia Mundial de Cultura e Literatura
Acadêmico: J J Cruz
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 07/10/2.024