terça-feira, 30 de setembro de 2025

Nunca é... apenas um jarro que quebrou

 Que triste! Estavam juntos o Álisso e a Rosa,
Abraçados, se faziam todos num doce perfume
Parecia até que conversavam bem baixinho
Riam felizes, no mesmo jarro, bem juntinho

Hoje, amanheceram tristes, pálidos, sem cor
A doce fragrância, verdadeiro milagre divino
Perdeu-se no ar, se foi ao tempo num triste ir
Os dois caídos, deitados, sem nenhum fulgir

Se olhavam sem nenhum brilho no olhar
Sua pétalas se juntavam num abraço triste
Como se um dissesse ao outro: não desiste

Tudo foi tão triste que até o tempo chorou
Os dois, no chão, ainda se faziam amantes
O jarro em que os dois estavam caiu e quebrou.

José João
30/09/2.025

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Do que vou falar? Digam.

 Do que vou falar? Digam o que querem que fale?
Querem que fale baixinho em calados sussurros?
Querem que grite prantos? São mais que lágrimas.
Ou querem que emudeça a alma e a ela... cale?

Digam o que querem para eu falar, para dizer...
Mas talvez eu não diga o querem de mim ouvir
Não sei como cada alma sente sua própria dor
Eu, por exemplo, delas não sei falar só sei sentir

As vezes a dor é tanta que palavras não traduzem
Então o que vou falar? Minha dor é diferente da sua
Algumas dores vem vestidas, a minha me chega nua

Algumas se vestem de solidão, outras só de saudade
Como saber, me diz, com qual cor tua dor se veste?
Diz, ao menos, para sentir tanta dor, o que fizeste?

José João
29/09/2.025

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Para ouvir as estrelas... basta apenas saber amar,

Ora... a mim dizes que o silêncio me faz mudo,
Que sou louco ao contentar-me em ver estrelas,
Que passo a noite a ouvi-las contar-me seus segredos
Mas afirmo-te, não é loucura, é só o prazer de vê-las 

Dou-me a sentir, lá do infinito, prazer muito maior
De ouvi-las a falar-me do que aqui nunca ouviria
Se o silêncio aqui, quando muito, é só um murmurar
Comigo elas gritam fazem até minha alma despertar

Ao ouvir-me assim falar me chamarás de pobre louco
E eu a contentar-me ouvi-las nas noites... tão serenas
Que te digo, ouvi-las por toda vida, a mim ainda é pouco
 
Ainda assim perguntas: como posso a isso me entregar?
Noites em claro, olhando estrelas e como poder ouvi-las?
Caro amigo, para ouvir as estrelas, só basta saber amar

José João
26/09/2.025

terça-feira, 23 de setembro de 2025

O grito estridente da solidão

 Que triste! Esse grito estridente da solidão!
Se faz tanto, não para, e chega como pesadelo
Marcando a alma que quase como louca
Tenta se esconder num silêncio que não existe.
Uma nuvem densa chega como viesse do nada,
Como fosse poeira levantada por um vento forte,
Que fica colorindo o tempo em cores tristes, e...
O som estridente, como se um instrumento de aço
 Cantasse uma música sem ritmo nem melodia.
Tudo fica tão estranho, tão sem razão de ser 
Que até o mundo se faz mudo, sem voz, para ouvir,
Sem entender, o estridente, quase raivoso... grito
Da solidão que, sem nenhum pudor, se faz uma voz,
Solida, dura e fria até quando? Talvez até mais tarde
Quando sua voz se fizer apenas um eco distante.

José João
23/09/2.025

domingo, 21 de setembro de 2025

Lágrimas sem sentimento... não são lágrimas

 Sentimentos! Tentei esquecer os meus, todos eles,
Porque sentir, por toda vida, o que só faz chorar?
Ir em qualquer lugar e lá está ele... o sentimento
Sem pedir licença para ir, nem pedir para chegar

É uma tristeza nos olhos, uma vontade de gritar,
De ir sem ter aonde, de ficar sem nada para esperar
Sentimentos fazem chorar prantos que não se tem
Até a solidão.. chega com seu silêncio e desdém

Mas quem diria?! Foi pior fugir do sentimento
Com ele, os prantos vinham cheios de motivos
E os olhos, mesmo triste, a ele ficavam cativos

E eu! Não tinha a alma assim cheia de vazios,
As lágrimas tinham razão para serem choradas
Sem ele não passam de água sem sal, as coitadas

José João
21/09/2.025

sábado, 20 de setembro de 2025

Quase sempre os sonhos mentem

Não deveria ter sonhado, mas sonhei
Talvez tivesse sido melhor olhar a vida
Saber-me desperto, são muitos os riscos
Ah! Se marcassem sonhos  com asteriscos!!

Uns dizendo: cuidado é perigoso sonhar!
Outros dizendo; os sonhos podem enganar!
Mas eles chegam falantes, sempre prontos
Com fossem histórias, como fossem contos

As vezes o sonho engana e ainda insiste
Em se fazer verdade mas só até amanhã
Quando se perde na outra noite que chega

Um outro despertar mostra a cruel certeza
De sonhos que se sonha apenas por desejos
Que vieram mentirosos sem que se perceba.

José João
20/09/2.025

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Quando a alma insiste, eu...

 Não permito mais que minha alma chore de tristeza.
Nem que meus olhos lhe seja provedor de prantos
Cansei e disse a ela, chega. Perdas.. só no outono
Então, grita o pranto: eu a tua alma somos teu dono

Me revolto, como posso chorar sem que eu queira
Como pode o pranto vir aos olhos sem minha vontade?
Como não me permitem um sorriso alegre e solto?!
E me veem com um pranto amargo, em soluço roto!

A alma brinca de fabricar saudades, e ainda diz
Sou tua alma, que sente o que pensas que sentes
E mais, é em mim que fica, do adeus, a cicatriz

Assim me ponho a fazer de mim... apenas um eu
Aquele que chora quando a alma se sente triste
Que fabrica prantos se a alma em chorar insiste

José João
15/09/2.025





quarta-feira, 3 de setembro de 2025

A saudade é uma estrada para quem fica... ou vai

Fiquei aqui com meus momentos guardados dentro de mim,
Guardando todos os detalhes, Lembro aquele olhar sorridente
De quando te dei aquela flor e te disse, baixinho: te amo...
Lembras? Tanta emoção que os sorrisos choraram de alegria,
Teus olhos brilharam como se fossem pétalas orvalhadas...
Ainda tenho guardada a poesia que te fiz e que rimei
Teu nome com o infinito eternizando cada instante nosso?
E a flor que fizemos? Suas pétalas só davam bem-me-quer...
Ah! Quantas lembranças ainda vivas dentro da minha alma!
Choro quando penso em nós... lembro o adeus silencioso,
A distância, o vazio das horas, desde ali o tempo se fez lento.
Lembro de nós como crianças inocentes por tão puro amor...
Agora estou chorando, vens na minha imaginação como anjo.
Fiquei aqui mas sempre vou contigo, não sabes, mas eu vou
As vezes te vejo tão perto que... até sinto teu perfume
Quem me dera que um dia me encontres na saudade,
(ela é uma estrada para os que se disseram adeus)
Ou no teu pensamento, as vezes ele volta no tempo...
Aí me dá um sorriso...um beijo que minha alma vai sentir.

José João
03/09/2.025