quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

A magia da poesia, do poeta e do tempo...

 Ah! A poesia! Tão jovem na sua eternidade!!
Passam-se séculos e ela ali, jovem, suave e bela
A entregar-se toda ao falar de amor... de saudade
Minha alma, juro, tem dela quase a mesma idade

Só o corpo se prende ao peso dos setenta tempos
Mãos que insistem em ter o lápis como amigo
Uma folha de papel pintada em branco... virgem
A atiçar-me a ideia de trazer a poesia comigo

Aí, a juventude de meus tantos anos se alvoroça
E a poesia meiga, doce e virgem me toma todo
Vai dentro da alma, busca todos os meus sonhos 
Como, se da vida, me fosse todo o meu soldo

Algumas vezes as palavras se escondem de mim
No começo, ou no fim do verso, até no pensar
Paro, a jovem eterna poesia, desde muito ensinou
Que ela, a poesia, também se faz bela sem rimar

Rio-me quando riem dos meus cabelos brancos,
Lembro da poesia, tão jovem na sua eternidade!
E desde muito brincamos de contar coisas da vida
Minha alma, tem mais ou menos a sua mesma idade

José João
27/02/2.025




terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

O passarinho triste

 Pobre pássaro emudecido, calado pela dor da saudade
Perdido sob um céu que, coitado, nem conhece mais
Busca no silêncio de um canto mudo, sem melodia
A lembrança de um gorjear quando amanhecia o dia

Qual dor tão forte chora esse pobre pássaro sem voz?
Porque parar, triste no tempo, se é seu o espaço inteiro?
Que sentimento lhe toma todo de maneira tão atroz?
- Perdi a companheira no laço de malvado passarinheiro

Desde aí que importa o canto, mesmo no doce entardecer?
Se todos me ouvissem, que me importa? São apenas eles
Não ouviriam como ela me ouvia, alegre já no amanhecer

Perdi, disse o passarinho em lágrimas, a alegria de gorjear
A angustia me faz que o canto seja apenas um murmúrio,
Dói tanto essa dor que, acredite, perdi até o prazer de voar

José João
25/02/2.025

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

As flores do meu jardim

 As flores do meu jardim sempre me pedem poesia
Como sei? Pelo brilho de sua pétalas, elas se lustram
Quando querem um poesia... ficam mais belas, soltas
Se põem a valsar como se o vento fosse uma melodia

Me olham carinhosamente dizendo: estamos todas aqui
Eu as entendo, afinal, são as flores do meu jardim
Conversamos, falam em silêncio: se escuta com a alma
E tão doce a voz que parece a voz de um anjo querubim

Quando querem uma poesia, se fazem mais perfumadas
Se entregam à brisa para mais longe ir o gentil perfume
Mas algumas vezes parece uma saudade um queixume

As flores do meu jardim bordam versos: a beleza ensina
Criam fantasias, contam de histórias de contos de fadas
Ficam tão eufóricas que até dizem como deve ser a rima

José João
21/02/2.025


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Quem vive sem uma saudade?

 Até a vida pergunta: quem nunca ouviu um adeus?
E o que resta depois dele? Lágrimas a cântaros?
Lembranças doloridas? A alma em silencioso chorar
Faz que tudo fosse muito e lágrimas se fizeram prantos

Como se os olhos, portais da alma, fossem nascentes,
O rosto se faz rio sem margens, espelhando a dor
Que fica marcado até onde o pranto salga os lábios
E esses balbuciam o sentir em heresias, sem pudor

Não fossem apenas soluços o grito iria ao tempo
Voando entre tristezas e o eco, gritando como louco,
Queria apenas ser ouvido, mesmo num grito rouco

Mas a alma, tão sofrida, apenas soluçou no adeus
E, cabisbaixa, sem reação contra tão atroz verdade
Consolava-se dizendo: quem vive sem uma saudade?

José João
10/02/2.025

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Se as flores cantassem...

 Como eu gostaria de ouvir a voz das flores!!
Como seria a voz do Lírio? Seria ele um tenor?
Se sua voz fosse como seu perfume... seria...
Talvez fosse o mais perfeito e altivo cantor

A voz da misteriosa Orquídea que voz seria?
Será que seria imponente como sua rara beleza?
Um soprano lírico além da própria orquestra
Embalando o tempo com sua terna e doce leveza?

Como seria a voz do perfumado e alvo Jasmim?
Será que seria a de um barítono, entre alto e baixo?
Que dueto seria com a doce e perfumada Azaleia
Seria um divino cantar, seria uma beleza sem fim.

E a Verbena, com aroma cativante, teria bela voz?
Se veste de tantas cores, parece um quadro temático
Deslumbrante em seu vermelho, ou azul, ou lilás
Com essa efusão de cores seria ela lírico dramático?

Como gostaria de ouvir a voz das flores, que belo!
Ficar sonhando! Deixar o pensamento ir solto ao léu.
Criar quadros coloridos, pintar pássaros em volteios
E deixar que levassem meus sonhos até perto do céu

José João
02/02/2.025