quinta-feira, 27 de março de 2025

Até o vento sente ciúmes!

 Acho que perdi uma poesia, ela estava bem aqui
Na minha frente, parte dela estava deitada no papel
Haviam versos já completos, rima no fim dos versos
Haviam um que por inspiração rimei sonho com céu

Não sei para onde foi, se o vento que levou o papel
E com ele a poesia, a folha branca se deitava passiva
E o lápis lhe percorria como se escrever fosse carícias
Não sei como, até penei que a poesia estivesse cativa

O lápis caiu, quebrou a ponta, acho que por raiva
Não tive culpa, como pode o papel ter desaparecido
Só fui ali enxugar os olhos que estavam umedecidos!!

Vou procurar a poesia, ela não pode assim ter sumido!
Ah! Lá está ela, vou fazer a ponta do lápis e termina-la
Foi o vento que, por ciúme, correu com ela... o atrevido.

José João
27/03/2.025



É tua, a colheita do que plantaste

Um dia, e não longe, as palavras cairão por terra
Como se fossem lágrimas gritando por perdão
Não serão ouvidas... mas serão sacrificadas,
Serão pisadas com simples lixo rolando no chão

Gritarão como... se quisessem rezar ladainhas
Mas suas vozes serão mudas, roucas, sem som
Apenas lamúrias sussurradas sem nenhum valor
E os lábios, em frenesi, tentarão gritar ao Senhor

Esse mesmo Senhor que agora é ridicularizado
Nos indecentes carnavais, é arrastado nas avenidas
Sob os olhares extasiados de que nem sabe quem é
De quem se perdeu, de quem jogou fora a própria fé

Não serão poucos os joelho feridos em vã tentativa
De apagar os pecados, com as mão postas ao céus
Como histérico e incoerente pedido de clemência
Verdadeiras mostras de uma humanidade em falência

Aos gritos dirão: Senhor, profetizamos em teu nome.
Em teu nome expulsamos demônios e bem o sabes,
Mas ouvirão: Nunca os conheci apartai-vos de mim
Muito ouvirão, e o ranger de dentes não será o fim

O amor esfriou nos corações a verdade desapareceu
Mas o Senhor está bem aí, bem perto de te e não vês
Não permites que Ele entre, tome conta do teu coração
É tua a escolha, mas lembra, o produto da colheita é teu.

José João
27/03/2.025

segunda-feira, 24 de março de 2025

Ah! Se pudesse voltar no tempo!


Ah! Se pudesse voltar no tempo! Se pudesse!
Não perderia os recomeços que deixei passar,
Não deixaria de dar os sorrisos que não dei
Não diria, por apenas desprezo. um: não sei

Ah! Quem me dera pudesse voltar no tempo!
Não negaria sorrisos, nem um estender de mão
Não negaria palavras que eram fáceis de dizer
Que fariam pulsar alegre o mais triste coração

Diria: te amo, como maior verdade da alma
Faria que fosse belo todo e qualquer sonhar
Ensinaria meu coração a doce arte de amar

Ah! Se pudesse voltar no tempo! Se pudesse!
Deixaria saudades guardadas pelos caminhos
Com elas não estaria chorando tão sozinho

José João
24/03/2.025



quinta-feira, 20 de março de 2025

A voz de um sorriso

 Quanto mais a tristeza se fazia uma verdade
Mas me chegavam o desprazer e o pranto
Buscava sorrisos antigos há muito perdidos
Mas a voz, rouca, escondia o meu canto

Balbuciava palavras até mesmo sem sentido
Mas a razão se escondia em aparente loucura
Dessas em que o silêncio grita tão mais alto
Que o próprio tempo se perde em amargura

Aí, o pensamento se rasga em trapos soltos
Como velho tecido carcomidos pelo tempo
Em que até os remendos que se faz, são rotos

Quando, de repente, um cantar ao longe
Como se viesse de sonhos, de um paraíso
Se faz ouvir, divino, na voz de um sorriso.

José João
20/03/2.025

quarta-feira, 19 de março de 2025

... só depois aprendi viver

Ontem, eu era todo eu, completo, cheio de mim,
Os dias eram apenas dias, um depois do outro
Como a se fazerem pequenos pontos de tempo
Iam e voltavam parecidos com o voltear do vento

E eu!!? Brincava de me fazer mais, sempre mais
Quando, de repente, dei por mim, cabelos brancos,
Sem saudades pra sentir, sem histórias para contar
Tão pequeno, sem nada, foi quando aprendi chorar

Aí aprendi a me dividir, a procurar mais que buscar
Comecei a dar um pouco de mim. Tantas cobranças!!
Um pouco de mim para a tristeza, para as lembranças

Para saudade, para o terno silêncio do fim das tardes,
Depois de aprender a dar um pouco de mim, do ser
Vi que havia aprendido muito mais, aprendi viver

José João
19/03/2.025

quarta-feira, 12 de março de 2025

A poesia...

Estou cansado de ver essa tanta hipocrisia!
A poesia, já desbotada, atirada num canto
Desprezada como se nenhum valor tivesse,
Aos trapos, não lhe veem mais o encanto

Os versos, para os homens, ficaram inertes,
As palavras deixaram de ser entendidas,
Não dizem mais nada, perderam o sentido,
Coitadas, somem no nada e não são ouvidas

O doce falar da poesia mudou, se fez rude
Porque a profanaram, agora é apenas dizer
Sem a doçura, qualquer palavra agora serve
Tão pobre ficou o falar, ficaram a alma e o ser

 A poesia! Elegante na beleza de suas rimas
Nascia como flor que se desenha num papel
Agora se faz linhas contando um acontecer
Desde que confundiram felicidade com prazer

A saudade perdeu o sentido, até mesmo o adeus,
Quando este era dito a saudade logo se produzia
Chegava como um sonho... um sonho distante,
Embargava a voz e chegava com lágrimas luzidias

Hoje, o adeus é um simples e frio até, ou "fui"
Da saudade, nem o nome sabem mais, fantasia
Se a alma é o sopro vital que ao corpo anima
Parece ter se perdido e, com ela ... a poesia

José João
12/03/2.025