segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Mastigando o tempo... como passatempo

Ando por aí sem fazer nada, gastando o tempo
Ruminando palavras soltas, mastigando o vento.
Só sei fazer assim quando não tenho nada para fazer
Mas há quem mastigue o tempo como passatempo

Nunca tentei, mas ...qual seria o gosto do tempo?
Seria salgado, assim como é o gosto do pranto?
Mas se mastigam o tempo  como um passatempo 
Então, deve ter o gosto suave e doce de um encanto

Não sei, mas um dia vou sentar na beira da tarde
Naquele dia santificado e um nada querer fazer
E mastigar o tempo como se fosse um passatempo
Esperar, sentir o gosto, nem que seja no pensamento

Alguém aí já mastigou o tempo como passatempo?
Acho que mastigar o tempo é coisa que se faz sozinho
É dar à vida um sentido, como se sonhar fosse viver,
É ir sem pressa de chegar, e chegar. Passinho a Passinho

José João
10/11/2.025

domingo, 9 de novembro de 2025

Eu? Sou gente... assim como você.

            
         Eu?! Sou gente. Sou como qualquer um              
Feito de lembranças, de esquecimentos
Feito de ontens, esperando os amanhãs  
Vivendo o hoje entre risos e lamentos

Sou aquele você que chora, ri, sonha
Que busca coisas no tempo, que pergunta
E as vezes a resposta é apenas um talvez
Ao como seria se tivesse feito o que não fez?

Sou como todos, as vezes sombrio, calado,
Pensando coisas que me arrependi de ter feito
Em outras o arrependimento é pelo que não fiz
Aí vem a duvida e uma resposta toda sem jeito

Sou um desses que se encontra andando na rua
As vezes apressado como fosse buscar o tempo
Outras, lento, como se o tempo pudesse esperar
Que fala sozinho como se mastigasse o vento

Sou assim, como você, sim como você mesmo
Que lembra, chama um nome que nunca esqueceu
Mas fala alto que agora tem seu próprio caminho
Mas na noite, sentado no vazio... chora sozinho

José João
                09/11/2.025                

A liberdade do grito e do pranto

 Quantas vezes calei a voz quando precisava gritar?
Quantas vezes o silêncio foi maior e me fiz mudo?
Com a voz presa em um nada dizer...maior que eu
Que até o tempo se fazia lento para comigo chorar

Quantas vezes ouvi calado o que não queria ouvir!!
E por tanta dor apenas chorava no silêncio de mim
O pranto não se sentia tanto para chorar tamanha dor
Então murmurava orações vazias sem nenhum pudor

Rezei heresias em ladainhas que a tristeza inventava
Cantei hinos que se faziam preces que nada diziam
As palavras soltas, sem melodia no vazio se perdiam

Mas um dia, deixei que a voz se fizesse dona de mim
Deixei que um grito rasgasse o peito num gritar insano
Assim, dei a liberdade que o grito e pranto queriam tanto

José João
10/11/2.025

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Poeta! É quem ...

 Poeta! É viver num cativo e desafiante cativeiro.
É viver com sede de beber, de um gole, o infinito
De mastigar palavras sentindo o gosto de um beijo,
De fazer poesias e delas esconder os seus desejos

Poeta é fazer do ontem um pedaço do eternamente
É esquecer que amanhã existe e ainda vai chegar
É fazer que seja hoje uma nova história para sempre
É fazer, de qualquer sentir, uma história pra contar

Poeta é morder os lábios no prazer de um beijar
É se fazer palavras soltas para falar o que é amar
É se fazer de algodão se nele alguém quiser sonhar

É querer falar e as palavras serem poucas para dizer
É sentir fome do que lhe possa a alma alimentar
É quem chora contigo a dor que, sozinho, ias chorar

José João
06/11/2.025

O amor não é inocente... como dizem

O amor não é tão inocente assim com dizem
Quem disse  nunca deve, um dia, ter amado
O amor é como espinho, fere quem beija a flor
Para se mostrar um amante que fere por amor.

Minhas cicatrizes, ainda abertas na alma, dizem
O que foi um dia ter amado, cicatrizes profundas
Por vasto e doloroso pranto agora são banhadas
Ainda assim, eu sei, nunca serão  cicatrizadas

Nos olhos úmidos, imagens nunca esquecidas
Se desenham em doloridas esculturas tristes
Como se cada lágrima fosse uma dor acontecida

O amor não é tão inocente assim como dizem
Se vai, as vezes até mesmo sem adeus, sem razão
E deixa apenas o vazio triste de tão doída solidão.

José João
06/11/2.025

Será que os poetas mentem?

- Você é poeta? Um dia me perguntaram isso na rua
- Eu?! Por ainda não me sentir tanto, tive que perguntar:
Porque pergunta, alguma coisa em mim me diz poeta?
- Você tem cara de quem inventa dores só para chorar

- Os poetas inventam dores?! E o que mais inventam?
- Inventam dores novas, é muito comum fazerem isso
Se não inventam, então fingem. O poeta finge realmente?
- Não sei, acho que o poeta chora apenas a dor que sente

- Poeta mente sim. As vezes, rindo, escreve poesias tristes
Na noite mais escura diz ver brilhar o sol do meio dia
Em plena madrugada chuvosa para o sol escreve poesia 

E ainda dizem, o poeta tem a magia de ver o invisível,
Diz guardar estrelas, diz ver tudo mais bonito, diferente
Pra mim, desculpem, mas acho que todo poeta mente.



José João
06/11/2.025