domingo, 7 de junho de 2020

Eu e a flor

Oh? Flor de tão doce encanto que calada está!
Diz-me dessa tristeza, desse quase desmaiar
O que te fez oh bela flor essa tanta palidez
Tu, que todas as manhãs acorda com altivez?

Pendente no forte caule que novo ainda está
Tuas pétalas ainda novas não estão a reluzir
Causa-me dor essa tua tanta e cruel tristeza,
Bela flor, altiva, das flores a nata da realeza!

- Triste vida! Essa dor não sei como suportar
Não me alegra a brisa, nem o doce orvalhar
Meu beija-flor nunca mais veio aqui me beijar

Minha doce e triste flor, entendo teu padecer
A vida é mesmo assim, não te posso consolar
É essa a mema dor que também  me faz chorar

José João
07/06/2.020

O valsar dos poemas

Os poemas parecem uma valsa, são sublimes,
Flutuam como acordes angelicais e divinos
Voam entre corações, acalentam amantes
Se fazem encanto, sonhos, se fazem hinos

Esses poemas! Melodia escrita em versos
Contando histórias, saudades e ... amores
Contam lágrimas, contam sorrisos tristes
Mas são belos mesmo quando cantam dores

Poemas! Onde a alma flutua e nele se perde
Num valsar leve, num flutuar cheio de encanto
Onde até a mudez do tempo se faz de canto

Os versos se fazem acordes no tom das rimas
As letras são notas musicais que beijam a alma
Aí os anjos poetas, referenciam e batem palma

José João
07/06/2.020

E a saudade se foi...

Deixa-me, saudade, ficar entre os sonhos,
Os sonhos de sempre que me fazes sonhar,
Ou preferes que vás e aqui me dixes
A tentar novos sonhos que nem sei buscar?

Se fores, os sonhos antigos contigo se vão
Aí fico sentado no tempo num lento passar
Vazio, sem ter nenhum qualquer pensamento
Será saudade, que queres minha alma limpar?

Será, por acaso, que não sei o que sabes? 
E baixinho ela diz: Tenho razões pra te dixar
Vou te fazer que viver seja melhor que sonhar

E lá se foi ela, a saudade, gritando sorridente:
-Viva, não há mais motivos para que eu fique
fiquei apenas um tempo... enquanto eras carente.

José João
07/06/2.020

segunda-feira, 4 de maio de 2020

A verdade de viver um sonho

Hoje não me preocupo mais com lágrimas,
As que já chorei ficaram distantes, 
Como saudades antigas de momentos
Que vivi, que ficaram marcando minha alma
Mas não doem mais, são só mesmo lembranças.
Hoje não choro, minhas lágrimas se perderam
Dentro de mim, talvez estejam como crianças,
Escondidas nos cantos do tempo ou brincando
De sonhar em se fazerem sorrisos nos meus olhos.
O tempo brinca comigo, traz sonhos vivos...
Desses que não se quer acordar, só viver,
Estar dentro deles, vivê-los com a certeza
De que é uma história viva, pulsante e pura.
Hoje, se chorasse, com certeza, minhas lágrimas
Seriam coloridas, impulsivamente risonhas,
Marotas, traquinas, enchendo os olhos
 De risos numa alegria contagiante...
Dessas que só chorando alegremente
Mostram a verdade de viver um sonho.

José João
04/05/2.020

terça-feira, 24 de março de 2020

Basta que sejam versos

Se em mim tiver que ser triste meu canto
Em canções chorosas de saudades vivas
Que então me seja dado, na beleza dos prantos,
Fazer versos chorados mesmo sem ter encantos

Que angustias ou solidão sejam ditas sem temor
Em sussurros chorados em poesias sem rimas
E que a alma, por elas, entre lágrimas confesse,
Entre silêcio e gritos de ais a dor de que padece

Talvez, quem sabe, me console uma saudade
Que de há tanto tempo ainda em mim existe
Me fazendo fingir que meu sorriso não é triste?

Ou talvez me fazendo um pedeço de mim mesmo
Que perdido, se faz sombras indo sem querer ir,
Como fosse uma alegria triste brincando de fingir

José João
24/03/2.020


sábado, 21 de março de 2020

Vamos brincar de fazer poesia!!


- Mas... onde estão as lágrimas? Só vejo sorrisos!!
- Que sorrisos vês, se brinco de fazer poesia... sou poeta...
   Se sou poeta não preciso de lágrimas, 
   Choro as lágrimas de qualquer um, até saudades eu busco
   Em outras histórias tristes, momentos que choraram, 
   Sonhos que me contaram... não preciso chorar para ser poeta.
- Mas... também roubas dos outros os sorrisos?
- Claro, principamente se são sorrisos tristes, adoro esses...
  Faço-os mais tristes ainda, invento soluços, suspiros...
  Invento até gritos de ais, como disse... sou poeta
- Como inventas e enganas tantos? Como podes?
- Já disse, sou poeta, o poeta pode mentir, fingir, iludir...rsrsrs
- Não tens consciência? Há quem acredite que seja verdade...
  Há quem acredite nas tuas lágrimas, na tristeza que dizes sentir,
  Na saudade que contas com tanta dor que se pensa ser tua.
- rsrsrs é isso, é assim que se faz poesia, mas o bom do poeta
  é que ele aprende a sentir a dor dos outros e fazer ser sua,
  pode fingir tão verdadeiramente uma mentira...
  que juram ser mentira a verdade que ele sente.
- Isso quer dizer que as vezes a dor que ele chora é dele mesmo?
- Isso quer dizer que são verdades as mentiras que ele mente.

José João
21/03/2.020